Demência paranoide, hebefrenia e catatonia eram os três primeiros subtipos clássicos de esquizofrenia descritos como doenças separadas. Kraepelin (1856-1926), fundador da Psiquiatria Moderna, reuniu-as sob o nome de
- A) paranoia.
- B) anedonia.
- C) ecopraxia.
- D) demência precoce.
- E) esquizofrenia simples.
Resposta:
A alternativa correta é letra D) demência precoce.
Para a compreensão do assunto que traz a questão, dividiu-se a análise em três partes:
1) Sobre o Histórico do conceito de esquizofrenia
2) Esquizofrenia e principais subtipos
3) Análise das alternativas
1) Sobre o Histórico do conceito de esquizofrenia
Sobre as origens do conceito de Esquizofrenia, acompanhe os recortes textuais a seguir com base nas contribuições de D’Agord (2005):
- O conceito de Esquizofrenia foi elaborado por Eugen Bleuler (1857-1939), e aparece no título da sua obra Dementia praecox oder Gruppe der Schizofrenien publicada em 1911. Bleuler criou este neologismo para marcar a ruptura de sua concepção com aquela até então aceita, a concepção da demência precoce de Émil Kraepelin (1856-1926). O que o nome demência precoce indicava era o surgimento de sintomas de deterioração mental em jovens recém entrando na idade adulta. O nome é de autoria de B. A. Morel (1809-1873), que em 1851 faz a primeira descrição de jovens que sofriam de estados sucessivos de decadência cerebral até chegar a uma fase terminal de dissolução psíquica.
- Em 1896, Kraepelin englobou, sob o termo de Morel, os diversos estados mórbidos caracterizados por distúrbios da vida afetiva e da vontade e com uma evolução progressiva em direção de uma desagregação completa da personalidade. Kraepelin também estabeleceu que o critério discriminativo essencial da demencia precoce era um critério evolutivo, a evolução terminal até um estado de enfraquecimento psíquico. Ele descreveu a demência precoce como uma doença única que poderia apresentar três formas clínicas: a hebefrênica, a catatônica e a paranóide..
2) Esquizofrenia e seus principais subtipos
2.1) Definição de esquizofrenia
Segundo Carpenter & Thaker (2008):
“A esquizofrenia é uma síndrome clínica que provavelmente engloba várias doenças ainda não definidas [...] A maioria dos pacientes apresenta comprometimento sutil da cognição. Em muitos casos, os comprometimentos cognitivos e os aspectos emocionais e sociais da doença surgem precocemente na vida. Os sintomas psicóticos tipicamente se manifestam no final da adolescência ou início da fase adulta nos homens e um pouco mais tarde nas mulheres.”
2.2) Principais subtipos
Complementando o assunto, acompanhe uma síntese sobre os principais subtipos da esquizofrenia com base nas contribuições de Carpenter & Thaker (2008), bem como no que encontra-se referido no Portal Educação:
- Esquizofrenia hebefrênica: A esquizofrenia hebefrênica (hoje denominada esquizofrenia desorganizada) é caracterizada por um nível de afeto superficial e incongruente e pela desorganização do pensamento e comportamento.
- Esquizofrenia paranoide: A esquizofrenia paranoide é caracterizada por predominância masculina, aparecimento mais tardio na vida, relativa preservação da cognição e afeto, além de alucinações e ilusões frequentemente persecutórias.
- Esquizofrenia catatônica: A esquizofrenia catatônica é caracterizada por manifestações psicomotoras extremas, com estupor, posicionamento prolongado ou excitação, e deve ser diferenciada da catatonia periódica, que consiste em uma síndrome à parte, não relacionada à esquizofrenia. Por motivos desconhecidos, a esquizofrenia catatônica é rara, atualmente.
- Esquizofrenia simples: A esquizofrenia simples denota uma psicose mais branda (isto é, menos alucinações, ilusões e desorganização), em que os casos tipicamente são caracterizados por um estilo de vida com níveis reduzidos de expressão e experiência emocional, bem como de empenho e impulso social.
- Esquizofrenia residual: a Esquizofrenia residual pode ser definida como o estágio crônico da esquizofrenia. Após a regressão de um quadro inicial fica uma espécie de quadro tardio onde ocorrem predominantemente sintomas negativos. Na esquizofrenia residual houve pelo menos um episódio de esquizofrenia, mas na maior parte do tempo o indivíduo não apresenta sintomas psicóticos positivos como delírios, alucinações, perturbações, comportamentos bizarros e agitações psicomotoras. Os sintomas negativos da psicose são verificamos mais facilmente como o embotamento afetivo, discurso pobre ou avolição e negligência com cuidados pessoais. Pode ocorrer também a presença de sintomas positivos atenuados como discurso levemente desorganizado e crenças infundadas.
3) Análise das alternativas
a) paranoia.
INCORRETA. Vide tópico explicativo supracitado.
b) anedonia.
INCORRETA. Sobre o assunto Dalgalarrondo (2008) menciona:
“Anedonia: É a incapacidade total ou parcial de obter e sentir prazer com determinadas atividades e experiências da vida.”
c) ecopraxia.
INCORRETA. Ecopraxia: Imitação dos movimentos de outra pessoa (DSM-5, 2014, p.822).
d) demência precoce.
CORRETA. Alternativa compatível com a literatura de D’Agord (2005), portanto, opção CERTA.
e) esquizofrenia simples.
INCORRETA. Vide tópico explicativo supracitado.
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Fonte consultada:
Dalgalarrondo, P. (2008). Psicopatologia e semiologia dos transtornos. 2. ed. Porto Alegre : Artmed.
Associação Psiquiátrica Americana (APA). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
D’Agord, M. (2005). Esquizofrenia, os limites de um conceito. Disponível em https://bit.ly/30W0mRo
Carpenter WT, Thaker GK. Schizophrenia. ACP Medicine. 2008;1-12. Tradução: Soraya Imon de Oliveira. Disponível https://bit.ly/31HCjml Acesso em 16 de fev de 2021.
Portal Educação. (s/d). Esquizofrenia residual. Disponível em https://bit.ly/3yZnev6
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