Em interessante análise sobre o consumo no momento atual, Jurandir Freire Costa considera: “a questão do comprismo não é saber se os objetos distorcem ou não a vida emocional, mas como participam na gestão, manutenção e reprodução de nossos ideais de eu.”
(COSTA, Jurandir Freire. Declínio do comprador, ascensão do consumidor. In COSTA, Jurandir Freire. O vestígio e a aura. Rio de Janeiro: Garamond, 2004).
Nesse contexto, para o autor, a apropriação emocional dos objetos vem sendo condicionada por três eventos socioculturais:
- A) a mudança na natureza do trabalho, as novas percepções das imagens do corpo e o enfraquecimento moral da autoridade;
- B) a transnacionalização do capital, a radical reconfiguração dos ideais do eu e o declínio abissal da figura paterna;
- C) a multiplicação dos comportamentos compulsivos, a derrocada da autoridade paterna e o aumento da delinquência;
- D) o aumento do uso de drogas lícitas e ilícitas, o retraimento da consciência moral e o enfraquecimento da representação paterna;
- E) a fragilização dos Estados Nacionais, a globalização econômica e a exacerbação do individualismo e do narcisismo hedonista.
Resposta:
A alternativa correta é letra A) a mudança na natureza do trabalho, as novas percepções das imagens do corpo e o enfraquecimento moral da autoridade;
Para o psicanalista Jurandir Freire Costa (2004), alguns eventos socioculturais condicionaram nossa apropriação emocional dos objetos:
1) Mudança na natureza do trabalho: no mundo dos negócios, a competição econômica alterou profundamente a identidade do trabalhador, fragilizando os laços ainda existentes com os colegas trabalhadores;
2) Novas percepções das imagens do corpo: apresentação cultural do corpo passa a ser central nas definições de si. A definição do sujeito, na modernidade tardia, suplanta as duas formas básicas que excluíam as definições identitárias corporais: uma baseada no que o indivíduo fazia; outra, na sua interioridade emocional e moral protegida do mundo;
3) Enfraquecimento moral da autoridade: transição entre a moral dos sentimentos para a moral das sensações. Aquela com muitas figuras de autoridade que tinham em comum a lealdade ao valor da família, do trabalho e do civismo. Esta, baseada em figuras célebres.
Considerando as informações acima, podemos afirmar que, para Costa, a apropriação emocional dos objetos vem sendo condicionada por três eventos socioculturais: a mudança na natureza do trabalho, as novas percepções das imagens do corpo e o enfraquecimento moral da autoridade;
As outras alternativas não dizem respeito à eventos socioculturais que condicionaram a apropriação emocional.
Fonte: GOMES, Itania; JUNIOR, Jeder. Comunicação e estudos culturais. Salvador: EDUFBA, 2011.
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