No campo da assistência social, podemos nos deparar com o emprego de categorias rígidas de classificação de sujeitos tipificados como criminosos, drogados, vagabundos, etc.
Em face de tais classificações, cabe lançar mão do pensamento crítico de Foucault, segundo o qual a subjetividade:
- A) está situada de forma absoluta no centro do sistema de conhecimento;
- B) se articula no intervalo da cadeia dos significantes, portanto, ligada ao campo da linguagem;
- C) possui uma substância idêntica a si mesma, independente do mundo sensível;
- D) está alienada à condição de classe, num contexto de exploração capitalista;
- E) é efeito de práticas de poder que se agenciam de forma periférica e capilar.
Resposta:
A alternativa correta é letra E) é efeito de práticas de poder que se agenciam de forma periférica e capilar.
Gabarito Letra E
No campo da assistência social, podemos nos deparar com o emprego de categorias rígidas de classificação de sujeitos tipificados como criminosos, drogados, vagabundos, etc.
Em face de tais classificações, cabe lançar mão do pensamento crítico de Foucault, segundo o qual a subjetividade:
a) está situada de forma absoluta no centro do sistema de conhecimento;
b) se articula no intervalo da cadeia dos significantes, portanto, ligada ao campo da linguagem;
c) possui uma substância idêntica a si mesma, independente do mundo sensível;
d) está alienada à condição de classe, num contexto de exploração capitalista;
e) é efeito de práticas de poder que se agenciam de forma periférica e capilar.
De acordo com Foucault, a produção dessa “subjetividade criminosa” está relacionada com o poder biopolítico, que através da sensação de perigo e insegurança que esses sujeitos “criminosos” causam, favorece o controle da população geral. É através de mecanismos de regulação sutis e capilarizados que esses indivíduos recebem essa classificação. Veja:
“Biopolítica, dispositivo de segurança e ‘sujeito-criminoso’
Foucault (2002) afirma ainda que, complementando e assim modificando os poderes de soberania e disciplina apresentados acima, surgiu, a partir do final do século XVIII, o poder sobre a vida, o poder de ‘fazer viver e deixar morrer’. A biopolítica está voltada ao homem-espécie (e não ao homem-corpo), à massa global e busca atuar sobre fenômenos aleatórios, em série, que afetam os processos típicos de todo ser vivente: nascimento, morte, doença, entre outros. Essa atuação acontece na forma de intervenções que regulam a vida, a maneira como se vive, procurando controlar seus acidentes. E os mecanismos de regulação usados são particularmente mais sutis e capilarizados. O controle passa a ser exercido sobre a população – “corpo múltiplo com inúmeras cabeças” (Foucault, 2002, p. 292) – e pela população, essa que é então tratada simultaneamente como uma questão científica, biológica e política. É ainda importante destacar que a biopolítica ocupa-se da instalação de mecanismos reguladores que visam à manutenção de um equilíbrio entre a massa global sobre a qual atua. E para que essa homeostase seja alcançada há intensa preocupação com “a segurança do conjunto em relação aos perigos internos” (Foucault, 2002, p. 297). Dessa forma é possível afirmar que a racionalidade política na qual se baseia essa modalidade de poder tem no dispositivo de segurança um dos seus mais importantes pilares de sustentação. Afinal, um dos aspectos diferenciadores da biopolítica em relação aos poderes soberano e disciplinar é a construção do desejo de ser governado que se pauta justamente na idéia (que também é uma fabricação) da existência de perigos, riscos, contra os quais a população anseia por proteção (Foucault, 2008). Nesse contexto de exercício biopolítico um importante instrumento de produção de ‘sujeitos-criminoso’ chama-se racismo de Estado. Para Foucault (2002) até o surgimento dessa modalidade de poder a sociedade ainda não havia experimentado aquilo que denominou racismo de Estado, mecanismo por meio do qual é introduzida uma separação entre os grupos da população e que tem como grande propósito disseminar a idéia da existência de um perigo social interno que deve ser combatido para que assim a população viva cada vez mais forte e saudável. Em outras palavras pode-se definir o racismo de Estado a partir de suas duas funções: executar uma distinção entre a massa populacional, elegendo assim aqueles que ‘fará viver’ e os outros que ‘deixará morrer’; e propagar a idéia que é preciso ‘deixar morrer’ uma parte da população, a parte mais fraca, os anormais, os inferiores, para que a população – como um todo – viva cada vez mais forte e saudável.”
Nosso gabarito é Letra E.
Referência
Barbosa, R.P.B., & Bicalho, P.P.G. (2013). ‘Sujeito-Criminoso': mecanismos de produção de subjetividade operantes em policiais em moradores de favelas no Rio de Janeiro, Brasil. Revista Latinoamericana de Psicología Social Ignacio Martin-Baró, 2(1), pp.83-110.
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