Questões Sobre Psicologia Social - Psicologia - concurso
121) Considere a citação:
“ Como já foi exposto por outros autores, o balanço dos diversos significados atribuídos ao termo demonstra uma ampla difusão de usos, abrangendo desde o sentimento das minorias (negros, homossexuais, deficientes físicos), como desempregados, pobres, sem-habitação, sem-teto etc… Tradicionalmente, o termo se aplicou a favelados, meninos de rua, catadores de lixo, periferias, um lúmpen, ou a um certo tipo de privação, discriminação ou banimento.”
(Verás, Maura Pardini Bicudo, 2004)
Tal citação diz respeito ao conceito de:
- A) Privação.
- B) Mediação.
- C) Culpabilização.
- D) Transformação.
- E) Exclusão.
A alternativa correta é letra E) Exclusão.
Análise das alternativas:
a) Privação.
INCORRETA. Privação diz respeito à falta ou ausência de algo. O enunciado menciona o sentimento das minorias, não citando a ausência de algo. Além disso, na última frase, mencionou que a expressão se aproxima de um certo tipo de privação. Assim, concluímos que não é a palavra exata para a descrição.
b) Mediação.
INCORRETA. Mediação é uma expressão de sentido positivo. Pela descrição do enunciado, conseguimos supor que a questão se refere a uma expressão de sentido negativo. Assim, podemos descartá-la.
c) Culpabilização.
INCORRETA. O enunciado menciona certos estereótipos. Culpabilização não é um termo que se encaixa na descrição.
d) Transformação.
INCORRETA. Assim como mediação, transformação é um termo de sentido positivo. Pela descrição do enunciado, conseguimos supor que o termo pedido possui um sentido negativo, que se refere ao sentimento das minorias, que é combustível para o surgimento de estereótipos na sociedade.
e) Exclusão.
CORRETA. O enunciado apresenta uma visão estigmatizante com relação aos grupos mencionados (favelados, meninos de rua, catadores de lixo, periferias) e cita o termo como relacionado ao sentimento das minorias, o que nos leva a supor que se refere ao termo exclusão.
122) A exclusão social tem uma variável gama de definidores de seu crescimento entre nós. A citação a seguir exemplifica:
“Se a visibilidade e a exposição são signos da cidade, seu habitante não se pode furtar ao entendimento das contradições. O prazer estético do teatro e da música está um pouco misturado ao desprazer da mendicância que circunda os locais de espetáculo. A guarda do carro precisa ser negociada com sujeitos, aos nossos olhos, de aparência estranha. Transitam pelos mesmos caminhos os ônibus lotados e os carros luxuosos com seu único ocupante. Não é preciso possuir renda para frequentar todos os lugares da cidade, mas o modo de frequentação é especializado segundo a renda e o status.”
(Mello. S. L. 2004)
Diante das exposições do texto, é correto afirmar que:
- A) A consciência das diferenças, embutida no cotidiano de nossa experiência da cidade, marca profundamente a subjetividade.
- B) Há uma troca constante de olhares, cuja reciprocidade deles está carregada dos mesmos significados.
- C) A especialização dos espaços na cidade impõe uma ordenação à vida social que atinge, também, os habitantes, formando uma população humana altamente igualitária.
- D) No caso das classes subalternas, a aquisição da identidade deixa de ser problematizada, já que não há discriminação.
- E) Vive-se diariamente, para grande parte da população sob a forma de aceitação que situa seus integrantes, em relação ao poder, como cidadãos de categorias iguais.
A alternativa correta é letra A) A consciência das diferenças, embutida no cotidiano de nossa experiência da cidade, marca profundamente a subjetividade.
Questão tranquila, pois exige apenas interpretação de texto.
Se errou, leia novamente (e atentamente) o texto fornecido:
“Se a visibilidade e a exposição são signos da cidade, seu habitante não se pode furtar ao entendimento das contradições. O prazer estético do teatro e da música está um pouco misturado ao desprazer da mendicância que circunda os locais de espetáculo. A guarda do carro precisa ser negociada com sujeitos, aos nossos olhos, de aparência estranha. Transitam pelos mesmos caminhos os ônibus lotados e os carros luxuosos com seu único ocupante. Não é preciso possuir renda para frequentar todos os lugares da cidade, mas o modo de frequentação é especializado segundo a renda e o status.”
Os grifos estão demonstrando as contradições mencionadas na primeira linha. Contradições nos remetem às diferenças. A banca facilitou a vida do candidato e redigiu somente uma alternativa apontando essa ideia central:
A consciência das diferenças, embutida no cotidiano de nossa experiência da cidade, marca profundamente a subjetividade.
Vejamos os erros das demais alternativas:
b) Há uma troca constante de olhares, cuja reciprocidade deles está carregada dos mesmos significados.
Não há reciprocidade na troca constante de olhares. O que vale pra um não vale pra outro.
c) A especialização dos espaços na cidade impõe uma ordenação à vida social que atinge, também, os habitantes, formando uma população humana altamente igualitária.
O texto fala de ônibus lotado e carro luxuoso de um motorista só. Isso nos mostra a desigualdade.
d) No caso das classes subalternas, a aquisição da identidade deixa de ser problematizada, já que não há discriminação.
Há discriminação. O texto demonstra isso quando fala do desprazer da mendicância que circunda os locais do espetáculo, por exemplo.
e) Vive-se diariamente, para grande parte da população sob a forma de aceitação que situa seus integrantes, em relação ao poder, como cidadãos de categorias iguais.
O texto menciona cidadãos de categorias desiguais.
123) A questão esta baseada na reportagem transcrita a seguir.
Mães solteiras da região enfrentam o preconceito
Crianças são chamadas de “filhos do Rodoanel”; assunto atrai desconfiança e ironia na periferia de São Bernardo do Campo, o tema é tabu; moradores relatam aumento de brigas e prostituição DE SÃO PAULO. CRISTINA MORENO DE CASTRO “Filha do Rodoanel!” – da janela da manicure de 35 anos dava para ouvir uma vizinha gritando, em referência à criança de um ano e nove meses que ela teve com um mestre de obras da via. “Preconceito existe. Fazem piadinha falando que somos ‘mães do Rodoanel’, mas tenho que focar na vida daqui pra frente”, diz. O tema é tabu no Parque Los Angeles, periferia de São Bernardo do Campo, onde mora a manicure. Falar sobre grávidas e Rodoanel ali geralmente resulta em silêncio, desconfiança, evasivas, negativas ou risadinhas. “O povo não gosta de falar sobre a gente porque é coisa íntima, eles têm medo de que a gente ache ruim”, diz a empregada doméstica Gizele Cerqueira, 30, que afirma não sofrer preconceito. Ela sabe que o pai de sua filha, de dois anos e meio, é de Alagoas, mas ignora seu paradeiro. A criança não foi registrada e ele sumiu quando ela tinha 15 dias de vida. A autônoma Alcione Amaro, 30, do Parque Los Angeles, teve mais sorte. Seu namorado da época, topógrafo mineiro, foi embora quando ela estava grávida de dois meses, deixando apenas um telefone. “Eu ligava todo dia, fiquei desesperada porque não conseguia contato.” Oito meses depois, já com o bebê nascido, ela conseguiu. Desde então, ele paga a pensão do menino.
Os moradores também falam da presença de meninas, de 12 a 17 anos, que iam para os alojamentos, de mochila e tudo, direto da aula.
(Folha de São Paulo, caderno Cotidiano, São Paulo, domingo, 24 de julho de 2011)
A reportagem apresenta situação que cabe a presença da Psicologia Social Sócio-Histórica como possibilidade de estudo e intervenção nas relações vividas e, consequentemente, na transformação dos sujeitos e das histórias. Pode-se afirmar que, a perspectiva da Psicologia Social Sócio-Histórica concebe o sujeito,
- A) como naturalizado nas relações que estabelece para sua sobrevivência em sociedade, esta, já determinada considerando a forma de governo adotada.
- B) como fenômeno subjetivo em que as relações sociais são consequência de um modo de ser já determinado em sua constituição filogenética.
- C) como objeto de estudo que garante a previsibilidade de seus atos independente das condições sociais nas quais se insere para se produzir e reproduzir.
- D) como sujeito individual, portador de uma experiência subjetiva particular que definirá as relações sociais estabelecidas.
- E) como constituído nas relações sociais e atividades que desenvolve, coletivamente, para produzir sua sobrevivência e de seu grupo social.
A alternativa correta é letra E) como constituído nas relações sociais e atividades que desenvolve, coletivamente, para produzir sua sobrevivência e de seu grupo social.
Nos anais do XIV encontro nacional da ABRAPSO, Gonçalves esclarece:
Na perspectiva da psicologia sócio-histórica, parte-se da compreensão da dialética subjetividade-objetividade para falar do homem como sujeito histórico, constituído nas relações sociais, nas quais se insere por meio da atividade. Nesse processo devem ser consideradas as mediações que configuram as relações e experiências do indivíduo e que resultam em processos contraditórios de consciência e identidade.
Considerando o trecho acima, podemos dizer que está correto a afirmação de que a perspectiva da Psicologia Social Sócio-Histórica concebe o sujeito, como constituído nas relações sociais e atividades que desenvolve, coletivamente, para produzir sua sobrevivência e de seu grupo social.
Erros das demais alternativas:
a) como naturalizado nas relações que estabelece para sua sobrevivência em sociedade, esta, já determinada considerando a forma de governo adotada.
b) como fenômeno subjetivo em que as relações sociais são consequência de um modo de ser já determinado em sua constituição filogenética.
c) como objeto de estudo que garante a previsibilidade de seus atos independente das condições sociais nas quais se insere para se produzir e reproduzir.
d) como sujeito individual, portador de uma experiência subjetiva particular que definirá as relações sociais estabelecidas.
Fonte: http://www.abrapso.org.br/siteprincipal/anexos/AnaisXIVENA/conteudo/html/mesa/1324_mesa_resumo.htm
124) A questão esta baseada na reportagem transcrita a seguir.
Mães solteiras da região enfrentam o preconceito
Crianças são chamadas de “filhos do Rodoanel”; assunto atrai desconfiança e ironia na periferia de São Bernardo do Campo, o tema é tabu; moradores relatam aumento de brigas e prostituição DE SÃO PAULO. CRISTINA MORENO DE CASTRO “Filha do Rodoanel!” – da janela da manicure de 35 anos dava para ouvir uma vizinha gritando, em referência à criança de um ano e nove meses que ela teve com um mestre de obras da via. “Preconceito existe. Fazem piadinha falando que somos ‘mães do Rodoanel’, mas tenho que focar na vida daqui pra frente”, diz. O tema é tabu no Parque Los Angeles, periferia de São Bernardo do Campo, onde mora a manicure. Falar sobre grávidas e Rodoanel ali geralmente resulta em silêncio, desconfiança, evasivas, negativas ou risadinhas. “O povo não gosta de falar sobre a gente porque é coisa íntima, eles têm medo de que a gente ache ruim”, diz a empregada doméstica Gizele Cerqueira, 30, que afirma não sofrer preconceito. Ela sabe que o pai de sua filha, de dois anos e meio, é de Alagoas, mas ignora seu paradeiro. A criança não foi registrada e ele sumiu quando ela tinha 15 dias de vida. A autônoma Alcione Amaro, 30, do Parque Los Angeles, teve mais sorte. Seu namorado da época, topógrafo mineiro, foi embora quando ela estava grávida de dois meses, deixando apenas um telefone. “Eu ligava todo dia, fiquei desesperada porque não conseguia contato.” Oito meses depois, já com o bebê nascido, ela conseguiu. Desde então, ele paga a pensão do menino.
Os moradores também falam da presença de meninas, de 12 a 17 anos, que iam para os alojamentos, de mochila e tudo, direto da aula.
(Folha de São Paulo, caderno Cotidiano, São Paulo, domingo, 24 de julho de 2011)
A reportagem trata de um modo de violência urbana e exclusão de jovens. Em um de seus estudos, a psicóloga Sílvia Leser de Mello trabalha o tema da violência e exclusão de jovens na cidade de São Paulo. Na expressão da violência a partir da relação cidadãos e metrópoles, pode-se encontrar, as seguintes características, EXCETO:
- A) Na verdade, a metrópole não é apenas um enorme e disforme aglomerado físico, mas é imensa também na quantidade e variedade de sua experiência simbólica.
- B) Mas a multidão da metrópole contemporânea é um signo ambivalente. Ela facilita a mais perfeita liberdade, mas acoberta o perigo potencial de transformar-se em massa informe e virtualmente anônima.
- C) No caso das classes subalternas, a aquisição da identidade é problematizada pelo forte sentido de discriminação, vivido diariamente sob a forma da humilhação que situa seus integrantes em relação ao poder, como cidadãos de segunda categoria.
- D) No que diz respeito a violência, em especial a violência urbana, a mídia é imparcial. Os meios de comunicação se limitam a informar. Ao assim fazerem, evitam o temor e a ignorância do público.
- E) A cidade reúne renda e trabalho, miséria e opulência. Imprime visibilidade às condições extremas: a riqueza e a pobreza convivendo face a face não se podem mutuamente ignorar.
A alternativa correta é letra D) No que diz respeito a violência, em especial a violência urbana, a mídia é imparcial. Os meios de comunicação se limitam a informar. Ao assim fazerem, evitam o temor e a ignorância do público.
Análise das alternativas:
a) Correta. A autora destaca que para conhecer uma metrópole, como São Paulo, precisamos ampliar nossos sentidos e nosso entendimento. Temos necessidade de mediadores que tornem nossa visão mais abrangente, como a televisão, o rádio e o jornal.
b) Correta. A alternativa transcreve uma ideia defendida pela autora. Ela ainda acrescenta: "o anonimato, identificado por muitos como uma forma de liberdade individual, tanto o é para o bem como para o mal. Nas formas cambiantes da multidão, os contatos são breves e superficiais, cada pessoa é sua máscara momentânea."
c) Correta. A fragmentação geográfica, e também a das ocupações e das funções, acaba por corresponder a uma fragmentação das experiências e à formação de identidades psicossociais complexas.
d) Incorreta. Em seu estudo, ao contrário do que a alternativa afirma, Sílvia Leser de Mello conclui que os meios de comunicação são deliberadamente voltados para a manipulação e controle das massas, não se limitando a informar. Tomam partido, julgam e condenam. Portanto, esta é a única alternativa incorreta e, portanto, será nossa resposta.
e) Correta. A autora explica melhor tal ideia: "se a riqueza é aparatosa e gosta de exibir seu luxo, a pobreza não pode esconder-se, atravessa os limites dos bairros pobres e chegas às ruas bem comportadas, às avenidas, às pontes e viadutos."
Fonte: DE MELLO, Sílvia Leser. A violência urbana e a exclusão dos jovens. In. SAWAIA, Bader. As artimanhas da exclusão. Petrópolis: Vozes, 1999.
125) Os trabalhos com grupos é uma das técnicas da Psicologia Social. Dentre as teorias de grupo tem-se a do Grupo Operativo. Sobre o funcionamento do Grupo Operativo, escreve Pichon-Rivière:
“Para Freud, aquilo que se denomina transferência, em 1895 (Psicoterapia da Histeria) é um fenômeno frequente e regular, que supõe o comprometimento de duas instâncias temporais: passado e presente. No passado, está implicada a rejeição de um desejo. Acrescentamos a isso que a rejeição se situa no âmbito de uma estrutura vincular e é provocada por um sentimento em relação ao objeto. Então se produz um estancamento da aprendizagem, uma inibição no processo de apropriação da realidade.”
(Pichon-Rivière, Enrique. O processo Grupal)
A transferência e a contra-transferência, ou transferência recíproca como quer Pichon, se manifestam nas atividades de Grupo Operativo, considerando, EXCETO que
- A) a abordagem dos processos transfernciais contidos na interação grupal deverá levar em conta esta relação básica: grupo – tarefa.
- B) constituem um elemento de trabalho de valor inestimável, visto que alimentará no operador a capacidade de fantasia para estabelecer hipóteses sobre o acontecer implícito do grupo.
- C) as fantasias transferenciais emergem tanto em relação aos integrantes do grupo, quanto em relação à tarefa e ao contexto em que se desenvolve a operação grupal.
- D) a negação do tempo e do espaço que se dá na transferência aparece como técnica defensiva diante da situação de mudança.
- E) a estrutura interacional do grupo não só impede, como também reprime toda emergência de fantasias inconscientes dos membros do grupo.
A alternativa correta é letra E) a estrutura interacional do grupo não só impede, como também reprime toda emergência de fantasias inconscientes dos membros do grupo.
Análise das alternativas:
a) Correta. A técnica de grupo operativo leva em consideração os processos de interação grupal em função da relação dos integrantes do grupo com a tarefa.
b) Correta. Esta é a descrição feita por Pichon Riviere a respeito da transferência recíproca.
c) Correta. O autor ainda acrescenta: as fantasias expressam-se por meio de um ou vários porta-vozes que dão indícios que permitem ao coordenador a decodificação da adjudicação de papéis, a confrontação do grupo com a realidade concreta.
d) Correta. Pichon Riviere explica que a transferência deve ser entendida como a manifestação de sentimentos inconscientes que apontam para a reprodução estereotipada de situações, característica da adaptação passiva. Argumenta que essa reprodução está serviço da resistência à mudança e, nesse contexto, aparece a negação.
e) Incorreta. Na realidade, é o contrário do que se afirma: a estrutura interacional do grupo não só permite, como também estimula, a emergência de fantasias inconscientes. Esta é a única incorreta e, portanto, será nossa resposta.
Fonte: PICHON-RIVIERE, Enrique. O processo grupal. Martins Fontes, 1988.
126) De acordo com Maria da Glória Gohn, em “Movimentos sociais e redes de mobilizações civis no Brasil contemporâneo”, grandes lacunas permanecem na produção acadêmica a respeitos dos movimentos sociais, a saber:
I. O que ocorre de fato quando uma ação coletiva, expressa num movimento social, se institucionaliza.
II. O que os distingue de outras ações coletivas ou de algumas organizações sociais como as ONGs.
III. Qual o papel dos movimentos sociais neste novo século.
IV. Quais teorias realmente têm sido construídas para explicá-los.
V. O impacto a médio e a longo prazo das ações criadas a partir da sociedade civil.
Está(ão) CORRETA(S):
- A) Somente as afirmativas II, III e V.
- B) Somente as afirmativas III e V.
- C) Somente as afirmativas I, II e IV.
- D) Somente as afirmativas I, II, III e IV.
- E) Somente as afirmativas II e III.
A alternativa correta é letra D) Somente as afirmativas I, II, III e IV.
Explicação:I. Quando uma ação coletiva se institucionaliza, ela passa de um movimento espontâneo para uma organização com estrutura e regras definidas, o que pode alterar sua dinâmica e objetivos originais.
II. Movimentos sociais são distintos de outras ações coletivas ou organizações como ONGs por sua natureza espontânea e mobilização em torno de causas comuns, enquanto ONGs são entidades organizadas com objetivos específicos e estruturas formais.
III. No novo século, os movimentos sociais têm um papel crucial na promoção de mudanças sociais, políticas e culturais, agindo como vozes para grupos marginalizados e influenciando políticas públicas.
IV. Diversas teorias têm sido desenvolvidas para explicar os movimentos sociais, incluindo teorias de mobilização de recursos, estrutura de oportunidades políticas e processos de framing.
127) As “teorias” sobre saberes populares e do senso comum, elaboradas e partilhadas coletivamente, com a finalidade de construir e interpretar o real, são dinâmicas e levam os indivíduos a produzir comportamentos e interações com o meio.
Como Serge Moscovi denominou essa teoria?
- A) Teoria das representações sociais.
- B) Teoria da ancoragem.
- C) Discurso do sujeito coletivo.
- D) Teoria da ação comunicativa.
- E) Teoria das habilidades sociais.
A alternativa correta é letra A) Teoria das representações sociais.
A Teoria das Representações Sociais, proposta por Serge Moscovici, refere-se a um conjunto de conceitos, afirmações e explicações originadas na comunicação diária e nas interações interpessoais. Elas são formas de conhecimento compartilhado que têm a função prática de orientar comportamentos e comunicações entre membros de uma comunidade. Essas representações são um corpo de conhecimento que todos os membros da sociedade têm acesso e contribuem para a construção da realidade social, influenciando a forma como as pessoas entendem o mundo e interagem com ele.
128) De acordo com Regina Freitas Campos, em relação à Psicologia Social Comunitária, afirma-se:
I. Procura-se trabalhar com os grupos populares para que eles assumam progressivamente seu papel de sujeitos de sua própria história.
II. Em termos metodológicos, utiliza-se sobretudo a metodologia da pesquisa participante.
III. Em termos de valores, enfatiza a ética da solidariedade, os direitos humanos fundamentais e a busca da melhoria da qualidade de vida.
IV. Visa ao desenvolvimento da consciência dos moradores como sujeitos históricos e comunitários, através de um esforço interdisciplinar que perpassa o desenvolvimento dos grupos e da comunidade.
V. Em termos de estratégias de ações, podemos destacar reuniões com moradores da comunidade e incentivo à formação de grupos de autogestão.
Está(ão) CORRETA(S):
- A) Apenas a afirmativa I.
- B) Todas as afirmativas.
- C) Apenas a afirmativa II.
- D) Apenas a afirmativa III.
- E) Apenas a afirmativa IV.
Resposta: A alternativa correta é letra B) Todas as afirmativas.
Explicação:
- I. Esta afirmativa está correta porque a Psicologia Social Comunitária busca empoderar os grupos populares, incentivando-os a se tornarem agentes ativos em suas narrativas sociais e históricas.
- II. A metodologia da pesquisa participante é uma abordagem central na Psicologia Social Comunitária, pois envolve a comunidade no processo de pesquisa, garantindo que o trabalho seja relevante e benéfico para os participantes.
- III. A ética da solidariedade e os direitos humanos são fundamentais na Psicologia Social Comunitária, pois orientam as ações em direção ao respeito mútuo e à busca por uma qualidade de vida melhor para todos.
- IV. O desenvolvimento da consciência dos indivíduos como sujeitos históricos e comunitários é um objetivo da Psicologia Social Comunitária, que utiliza uma abordagem interdisciplinar para promover o crescimento pessoal e coletivo.
- V. As estratégias de ação incluem reuniões comunitárias e o incentivo à formação de grupos de autogestão, que são práticas comuns na Psicologia Social Comunitária para fomentar a participação e o engajamento comunitário.
129) A Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici tem forte impacto sobre as pesquisas em psicologia.
Em relação a essa teoria é correto afirmar que:
- A) tem origem nos estudos piagetianos;
- B) privilegia o discurso científico;
- C) não valoriza o senso comum como instrumento de observação da realidade;
- D) afirma a competência do conhecimento de diferentes sujeitos.
A alternativa correta é letra D) afirma a competência do conhecimento de diferentes sujeitos.
Gabarito: Letra D
A Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici tem forte impacto sobre as pesquisas em psicologia.
Em relação a essa teoria é correto afirmar que:
a) tem origem nos estudos piagetianos;
Errado. Na verdade, poderíamos dizer que essa afirmação está “meio certa”. A teoria de Piaget influenciou os estudos de Serge Moscovici, mas outras teorias também.
“Pode -se dizer que a teoria das representações sociais, centrada nos modos de funcionamento do pensamento cotidiano, tem suas raízes tanto na sociologia e na antropologia (Durkheim e Lévy -Bruhl) quanto na psicologia construtivista, sócio -histórica e cultural (Piaget e Vygotsky). Podemos mesmo ir além e afirmar com Arruda (2009, p. 740) que “ela implica – por entender o social e o individual como fios entrelaçados num mesmo tecido – considerar esse tecido de forma aberta e múltipla, sem barreiras disciplinares”. (...) Quanto a Piaget, Moscovici (1989) afirma que este, ao defender que as diferenças entre as crianças e os adultos não eram uma questão de competência, mas sim de lógicas diferenciadas, transfere para o nível individual o princípio adotado por Lévy Bruhl para explicar os diferentes tipos de sociedade, baseando -se nas diferenciações lógicas características das formas de pensá-las. A apropriação que Moscovici faz do conceito de representação não segue, porém, exatamente esse caminho. Quando ele se concentra na questão da essência da psicologia social e “descobre” que tal essência constitui -se no próprio senso comum, passa a buscar um conceito ou uma ideia que fosse mais do que uma mera etiqueta e que pudesse dar conta da transformação do conhecimento científico em conhecimento do senso comum.”
b) privilegia o discurso científico;
Errado. O foco da teoria é o conhecimento de senso comum.
“Moscovici acreditava que estaria introduzindo um terceiro elemento, o senso comum, que ao lado da ideologia e da ciência representaria as raízes da consciência social, e que também estaria estabelecendo uma relação entre consciência e cultura, levando -se em conta as práticas e os costumes presentes na vida cotidiana. É nessa perspectiva que o senso comum vai adquirir valor como objeto de estudo, na medida em que deixa de ser considerado meramente como folclore ou como um pensamento tradicional ou primitivo para ser tomado como algo moderno, originado, em parte, da própria ciência e que assume formas particulares quando é tomado como parte da cultura. Ao se recusar a reduzir o senso comum à ideologia, como muitos tendem a fazê-lo, Moscovici acredita que está necessariamente tomando -o como um elemento que liga a sociedade ou o indivíduo à sua cultura, à sua linguagem, enfim, a um mundo que lhe é familiar.”
c) não valoriza o senso comum como instrumento de observação da realidade;
Errado. Pelo contrário, essa valorização do senso comum está no centro da teoria.
“Pensar as representações sociais do conhecimento científico pressupõe, antes de tudo, considerar as próprias representações sociais como uma forma de conhecimento, as quais podem ser entendidas, de acordo com Denise Jodelet (1991, p. 668), como uma forma de conhecimento corrente, dito “senso comum”, caracterizado pelas seguintes propriedades: 1. socialmente elaborado e partilhado; 2. tem uma orientação prática de organização, de domínio do meio (material, social, ideal) e de orientação das condutas e da comunicação; 3. participa do estabelecimento de uma visão de realidade comum a um dado conjunto social (grupo, classe, etc.) ou cultural.”
d) afirma a competência do conhecimento de diferentes sujeitos.
Certo!
“Na teoria das representações sociais, essa forma de conceber o conhecimento, como um saber do senso comum que tem funções primordiais para a existência humana e para o funcionamento da sociedade, pressupõe a afiliação a uma perspectiva psicossociológica, a qual permite explicar o processo de construção e gênese das representações sociais e, sobretudo, implica um comprometimento com pressupostos teóricos e epistemológicos claramente definidos no bojo da teoria. Esses pressupostos rompem com os critérios de verdade difundidos pelos cânones científicos que desconsideram as relações entre o sujeito e um objeto que faz parte de seu universo pessoal e social, passando a situá -los na funcionalidade que os conhecimentos inerentes a essa realidade assumem na vida cotidiana. Podemos deduzir que o estudo de uma representação social pressupõe investigar o que pensam os indivíduos acerca de determinado objeto (a natureza ou o próprio conteúdo da representação), por que pensam (a que serve o conteúdo de uma representação no universo cognitivo dos indivíduos) e, ainda, a maneira como pensam os indivíduos (quais são os processos ou mecanismos psicológicos e sociais que possibilitam a construção ou a gênese desse conteúdo). Vemos, então, que é característico das representações sociais o fato de elas serem ao mesmo tempo produto e processo da atividade humana. Seus conteúdos são capturados dos discursos coletivos e individuais, das opiniões e atitudes, das práticas, e circulam na sociedade por meio de diversos canais, como nas conversações e nas mídias. Trata -se da face diretamente observável das representações sociais. Quando se diz que uma representação social é também um processo, supõe -se a existência de um mecanismo psicossociológico de pensamento que, por um lado, rege a gênese, a organização e a transformação de um conteúdo e, por outro, torna possível sua funcionalidade social.”
Nosso gabarito é Letra D
Referência
TORRES, Cláudio Vaz; NEIVA, Rabelo Elaine (org.) (Orgs.). Psicologia Social: Principais Temas e Vertentes. Porto Alegre: Artmed Editora LTDA, 2011. .
130) Mudanças no contexto cultural de um indivíduo trazem como consequência o fenômeno da aculturação psicológica que implica a utilização, por parte desse indivíduo, de diferentes estratégias para enfrentamento da situação. Quando esse indivíduo não tem interesse em manter contato com a sociedade local e também rejeita sua cultura de origem, a estratégia identificada é a
- A) separação.
- B) marginalização.
- C) assimilação.
- D) integração.
- E) dramatização.
A alternativa correta é letra B) marginalização.
Gabarito: Letra B
Mudanças no contexto cultural de um indivíduo trazem como consequência o fenômeno da aculturação psicológica que implica a utilização, por parte desse indivíduo, de diferentes estratégias para enfrentamento da situação. Quando esse indivíduo não tem interesse em manter contato com a sociedade local e também rejeita sua cultura de origem, a estratégia identificada é a
a) separação.
Errado. Na separação não há rejeição da cultura de origem.
“Separação: o indivíduo valoriza apenas os aspectos de sua cultura originária, negando a inserção no país de recepção, desvalorizando as relações com os autóctones”
b) marginalização.
Certo!
“Marginalização: as duas respostas são negativas. O indivíduo não mantém traços da cultura originária, e também não se identifica com os valores da cultura de inserção. Mantém-se à margem. Pode caracterizar-se por um alto nível de ansiedade, uma sensação de alienação, uma perda de contato com os dois grupos.”
c) assimilação.
Errado. Na assimilação o indivíduo tem, sim, interesse em manter contato com a sociedade local.
“Assimilação: o indivíduo não deseja manter a cultura de origem e adquire totalmente os traços da cultura de inserção. A valorização recai no relacionamento com a nova realidade.”
d) integração.
Errado. A integração é positiva tanto a cultura de origem quanto a cultura local.
“Integração: indivíduo responde positivamente às duas questões. Mantém aspectos da cultura de origem e também adquire traços da cultura atual. Esta estratégia só é possível em sociedades explicitamente multiculturais, as quais são baseadas sobre valores de aceitação da diversidade cultural e baixo nível de preconceitos, isto é, um nível mínimo de racismo, etnocentrismo e discriminação.”
e) dramatização.
Errado.
Nosso gabarito é Letra B
Fonte: Imigrantes Muçulmanas Em São Paulo: Um Estudo A Partir Da Psicologia Intercultural Marcia Cristina Zaia. Disponível em: https://remhu.csem.org.br/index.php/remhu/article/download/16/8