Questões Sobre Psicologia Social - Psicologia - concurso
231) Desde a ascensão do nazi-fascismo, no período entre as duas guerras mundiais, a psicologia social vem produzindo estudos sobre a exclusão, interrogando-se sobre os motivos pelos quais, em sociedades aparentemente democráticas e igualitárias, sejam aceitas práticas injustas e discriminatórias frente aos considerados “diferentes”. Essas pesquisas indicam que a exclusão se relaciona:
- A) à atribuição da responsabilidade pela situação à vítima;
- B) à crença em um mundo injusto, em que os sujeitos não têm o que merecem;
- C) à fragilização dos processos educacionais nas famílias;
- D) à anomia social que leva ao desinteresse da esfera pública;
- E) à imprecisão dos limites identitários que ampliam a rede de pertencimentos interindividuais.
A alternativa correta é letra A) à atribuição da responsabilidade pela situação à vítima;
De acordo com Sawaia (2001):
A propensão para prejudicar o outro encontra justificações nas concepções de senso comum, sobretudo aquelas que dizem respeito à explicação causal e à atribuição de responsabilidade das situações nas quais a pessoa se acha vitimizada.
Nos contextos sociais, onde dominam valores e crenças que favorecem o desprezo das vítimas, porque elas são vitimas maltratadas, exploradas, pode ser difícil adotar uma posição contrária por temor de nos encontrarmos em uma situação incômoda em relação ao grupo ao qual pertencemos.
Considerando o trecho acima, podemos dizer que a exclusão se relaciona à atribuição da responsabilidade pela situação à vítima;
A autora cita o tratamento reservado aos doentes de Aids, quando lhes atribuímos a responsabilidade de sua contaminação.
As outras alternativas mencionam aspectos não associados ao tema proposto. Logo, podemos descartá-las.
Fonte: SAWAIA, Bader. As artimanhas da exclusão. Análise psicossocial e ética da desigualdade social. Petrópolis: Vozes, 2001.
232) No célebre experimento da prisão simulada desenvolvido na Universidade de Stanford, em 1971, o psicólogo Philip Zimbardo buscou estudar as reações humanas na situação de cativeiro, mas o estudo foi interrompido por importantes questões éticas incidentes sobre o experimento. O mais importante resultado dessa pesquisa para o campo da psicologia social se articula:
- A) à socialização empática em ambientes hostis;
- B) à motivação intelectual subjacente aos comportamentos antissociais;
- C) à responsabilidade do líder pelos comportamentos grupais;
- D) aos traços de caráter individuais que se associam à conduta submissa;
- E) à desindividualização dos membros de um grupo coeso.
A alternativa correta é letra E) à desindividualização dos membros de um grupo coeso.
Em 1971, Philip Zimbardo realizou uma experiência, na Universidade de Stanford, que reuniu um grupo de alunos e os dividiu entre presos e guardas para estudar padrões de comportamento em presídios. Criaram-se as condições de uma prisão com jovens de classe média. Estabeleceram-se contextos específicos para provocar a desorientação, a despersonalização e a desindividualização dos jovens. Os guardas equiparam-se com uniformes. Os estudantes universitários aderiram totalmente ao elo grupal atribuído de uma forma inesperada. O experimento foi cancelado depois de apenas seis dias, quando a relação de poder e autoridade entre os dois grupos começou a se exacerbar, atingindo níveis alarmantes de violência.
No experimento, os indivíduos deixaram de atuar como pessoas individuais para o fazer como membros integrantes de um grupo social estabelecido.
Conforme o conteúdo acima, podemos dizer que o resultado do experimento de Philip Zimbardo para o campo da psicologia social se articula à desindividualização dos membros de um grupo coeso.
As demais alternativas não citam aspectos destacados pela pesquisa.
233) Sobre o desenvolvimento da Psicologia Social, é INCORRETO afirmar:
- A) No contexto científico, em uma visão cartesiana, a Psicologia Social se configurou como individualista, em que o social não passava da soma de indivíduos.
- B) Ao final da década de 50 e início da década de 60, Moscovici começou a questionar a Psicologia Social existente na Europa, indicando que a Psicologia Social deveria ser uma ciência mais do movimento, do que da ordem.
- C) Diferentemente da Psicologia Individual, o papel da Psicologia Social seria conseguir uma compreensão mais profunda das representações públicas e culturais.
- D) A Psicologia Social é uma ciência do comportamento na qual considera-se o social como a expressão de comportamentos individuais encobertos e dispersos na cultura.
A alternativa correta é letra D) A Psicologia Social é uma ciência do comportamento na qual considera-se o social como a expressão de comportamentos individuais encobertos e dispersos na cultura.
Sobre o desenvolvimento da Psicologia Social, é INCORRETO afirmar:
Segundo GERGEN (2008, p. 475)
“A psicologia é usualmente definida como ciência do comportamento humano e a psicologia social como aquele ramo dessa ciência que lida com a interação humana. Um dos maiores propósitos da ciência é o estabelecimento de leis gerais por meio da observação sistemática. Para o psicólogo social, tais leis gerais são desenvolvidas a fim de descrever e explicar a interação social.”
Com base no exposto vamos a análise das alternativas:
a) No contexto científico, em uma visão cartesiana, a Psicologia Social se configurou como individualista, em que o social não passava da soma de indivíduos.
Alternativa CORRETA. Considerando o primeiro período de desenvolvimento da Psicologia Social, aproximadamente do final do séc. XIX e início do séc. XX, Guareschi (2012, p. 35) destaca:
“No espírito da época, nas pegadas de Descartes, a Psicologia Social que se estruturou, foi uma psicologia individualista, onde o social não passava de soma de individuais.”
b) Ao final da década de 50 e início da década de 60, Moscovici começou a questionar a Psicologia Social existente na Europa, indicando que a Psicologia Social deveria ser uma ciência mais do movimento, do que da ordem.
Alternativa CORRETA. A respeito deste período de evolução da Psicologia Social e da colocação de Moscovici sobre isto, Guareschi (2012, p. 37) pontua:
“Ao final da década de 50 e inícios da década de 60, Moscovici começa a questionar a Psicologia Social existente na Europa, mostrando-se insatisfeito com o que lá existia e se fazia. Inicia fazendo uma avaliação geral da situação da Psicologia Social na Europa. [...] O que faltava à Psicologia Social, segundo ele, eram as contribuições de Marx, Freud, Piaget, Durkheim: a questão das desigualdades, o fenômeno da linguagem, a força das ideias na construção da sociedade, a realidade social. Ela deveria ser uma ciência mais do movimento, do que da ordem.”
c) Diferentemente da Psicologia Individual, o papel da Psicologia Social seria conseguir uma compreensão mais profunda das representações públicas e culturais.
Alternativa CORRETA. Concernente a esta perspectiva mais coletiva da Psicologia Social, Guareschi (2012, p. 42) citando Moscovici (2002) menciona:
“Para Moscovici (2002, p.180), essa afirmativa traça uma fronteira clara entre a psicologia individual e a Psicologia Social. O papel da Psicologia Social seria, então, conseguir uma compreensão mais profunda dessas representações públicas e culturais.”
d) A Psicologia Social é uma ciência do comportamento na qual considera-se o social como a expressão de comportamentos individuais encobertos e dispersos na cultura.
Alternativa INCORRETA. Com base no trecho destacado no início da questão, sabe-se que a Psicologia como um todo (e não somente a Psicologia Social) é que costuma ser considerada uma ciência do comportamento. Outro ponto de correção, é o interesse da Psicologia Social não voltado ao social subjacente, mas a interação humana em sociedade, a fim de descobrir relações causais que possibilitem estabelecer princípios básicos, que explicarão fenômenos relacionados ao meio social.
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Fontes consultadas:
GUARESCHI, P. O que é mesmo psicologia social? uma perspectiva crítica de sua história e seu estado hoje. In JACÓ-VILELA, AM., and SATO, L., orgs. Diálogos em psicologia social [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2012. p. 25-45. ISBN: 978-85-7982-060-1.
GERGEN, Kenneth J.. A psicologia social como história. Psicol. Soc., Florianópolis , v. 20, n. 3, p. 475-484, Dec. 2008 .
234) A subjetividade é o mundo de ideias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica. No contexto penitenciário, é importante compreender a emergência de diferentes modos de subjetivação para:
- A) facilitar o trabalho de adequação dos indivíduos ao meio.
- B) identificar as estratégias de resistência como táticas de enfrentamento às violências.
- C) avaliar os traços de personalidade que apontam umbom prognóstico.
- D) identificar a formação de grupos sociais contrários às orientações institucionais e retomar a estabilidade da dinâmica institucional.
A alternativa correta é letra B) identificar as estratégias de resistência como táticas de enfrentamento às violências.
A subjetividade é o mundo de ideias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica. No contexto penitenciário, é importante compreender a emergência de diferentes modos de subjetivação para:
Guimarães & Cols. (2006, p. 663) em um estudo abordando, a produção de subjetividade num presídio brasileiro com homens albergados, ressalta que a subjetividade nesse contexto tem por objetivo:
“...compreender os modos de subjetivação e identificar as estratégias de resistência como táticas de enfrentamento às violências.”
Com base no exposto vamos a análise das opções disponíveis:
a) facilitar o trabalho de adequação dos indivíduos ao meio.
Alternativa INCORRETA. Ao contrário do que traz a assertiva, a análise da subjetividade nesse contexto tem função crítica e não conformativa. Conforme Guimarães & Cols. (2006, p. 638):
“a função da prisão no contemporâneo, sustentando a tese de que ela possui importância fundamental na manutenção do neoliberalismo, na medida em que apresenta uma ameaça de punição e controle dos excessos e desvios, por adequar os indivíduos a um modelo de trabalho precário e desregulamentado.”
b) identificar as estratégias de resistência como táticas de enfrentamento às violências.
Alternativa CORRETA. O que preconiza a assertiva é compatível com o que trazem os autores, concernente a importância de se compreender, a emergência de diferentes modos de subjetivação no contexto penitenciário brasileiro.
c) avaliar os traços de personalidade que apontam um bom prognóstico.
Alternativa INCORRETA. A afirmativa não encontra apoio na literatura básica desta questão, aludindo na realidade a compreensões voltadas ao processo de psicodiagnóstico.
d) identificar a formação de grupos sociais contrários às orientações institucionais e retomar a estabilidade da dinâmica institucional.
Alternativa INCORRETA. Conforme ressaltado na correção da alternativa “A”, o conhecimento dos modos de subjetivação e identificação das estratégias de resistência como táticas de enfrentamento às violências, tem por objetivo uma análise crítica do sistema, e não de resignação ou de alienamento das práticas presentes.
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Fonte consultada:
Guimarães, C. F., Meneghel, S. N., & de Oliveira, C. S. (2006). Subjetividade e estratégias de resistência na prisão. Psicologia: ciência e profissão, 26(4), 632-645.
235) Segundo Foucault, a prisão é uma tecnologia de punição que foi elaborada na modernidade, quando os mecanismos de poder evoluíram das sociedades de soberania para as sociedades disciplinares. Sobre o poder disciplinar é correto afirmar que:
- A) se materializa nos corpos dos sujeitos individualizados para extrair-lhes a força útil, por meio de técnicas disciplinares.
- B) se materializa na pessoa do rei que detém o direito de vida e morte sobre seus súditos.
- C) é exercido pelo soberano que se apropria e expia os bens e riquezas dos súditos.
- D) tem como foco a população e intervém nos fenômenos coletivos que podem atingir a população e afetá-la.
A alternativa correta é letra A) se materializa nos corpos dos sujeitos individualizados para extrair-lhes a força útil, por meio de técnicas disciplinares.
Segundo Foucault, a prisão é uma tecnologia de punição que foi elaborada na modernidade, quando os mecanismos de poder evoluíram das sociedades de soberania para as sociedades disciplinares. Sobre o poder disciplinar é correto afirmar que:
Segundo Pogrebinschi (2004):
“Ao contrário do que ocorre no âmbito do poder da soberania, o poder disciplinar não se materializa na pessoa do rei, mas nos corpos dos sujeitos individualizados por suas técnicas disciplinares. Enquanto que o poder da soberania, ou poder soberano, se apropria e expia os bens e riquezas dos súditos, o poder disciplinar não se detém como uma coisa, não se transfere como uma propriedade”
a) se materializa nos corpos dos sujeitos individualizados para extrair-lhes a força útil, por meio de técnicas disciplinares.
CORRETA. Considerando a compatibilidade entre a assertiva e a literatura supracitada, ratifica-se, que esta é a alternativa CERTA.
b) se materializa na pessoa do rei que detém o direito de vida e morte sobre seus súditos.
INCORRETA. Ao contrário do que consta, o poder disciplinar NÃO se materializa na pessoa do rei.
c) é exercido pelo soberano que se apropria e expia os bens e riquezas dos súditos.
INCORRETA. O poder disciplinar não se configura como uma propriedade.
d) tem como foco a população e intervém nos fenômenos coletivos que podem atingir a população e afetá-la.
INCORRETA. Pogrebinschi (2004) menciona:
“O biopoder não intervém no indivíduo, no seu corpo, como faz o poder disciplinar; ao contrário, intervém exatamente naqueles fenômenos coletivos que podem atingir a população e afetá-la – disso decorre que precisa estar constantemente medindo, prevendo, calculando tais fenômenos e, para isso, o biopoder cria alguns mecanismos reguladores que o permitam realizar tais tarefas como, por exemplo, aumentar a natalidade e a longevidade, reduzir a mortalidade e assim por diante.”
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Fonte consultada:
Pogrebinschi, Thamy. (2004). Foucault, para além do poder disciplinar e do biopoder. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, (63), 179-201. https://doi.org/10.1590/S0102-64452004000300008
236) No Brasil, é amplamente aceito como marco histórico do nascimento da psicologia social:
- A) os estudos Judith Butler, no início do século XX.
- B) os trabalhos de Judith Beck, nos anos 60.
- C) os trabalhos de Kurt Lewin, nos anos 30/40.
- D) a publicação de “o normal e o patológico” de Georges Canguilhemem1943.
A alternativa correta é letra C) os trabalhos de Kurt Lewin, nos anos 30/40.
No Brasil, é amplamente aceito como marco histórico do nascimento da psicologia social:
Segundo Paulino & Palmieri (2009, p. 170):
“Dentre muitas figuras de destaque na ancestralidade e na fundação de campos da ciência, Farr (1999) expõe algumas que, apesar de suas ambivalências em relação à própria disciplina que fundaram (ou à teoria que elaboraram), apresentaram contribuições importantes na História da Psicologia como Wilhelm Wundt “fundador da psicologia como uma ciência experimental e social” [...], ao organizar o Laboratório de Psicologia Experimental de Leipzig; Kurt Lewin, “amplamente reconhecido como fundador da psicologia social experimental nos Estados Unidos”
Com base no exposto vamos a análise das alternativas:
a) os estudos Judith Butler, no início do século XX.
(Alternativa INCORRETA. Judith Butler é uma teórica norte-americana de origem russo-judaica. Dedica-se principalmente a temas concernentes a relações de gênero.)
b) os trabalhos de Judith Beck, nos anos 60.
(Alternativa INCORRETA. Na realidade, seu pai Aaron Beck, nos anos 60, foi quem criou e comandou o Centro de Terapia Cognitiva da Universidade da Pensilvânia. Na década de 1990, Aaron Beck afastou-se do Centro de Terapia, fundando com sua filha Judith Beck o Beck Institute. São considerados dois grandes contribuidores em termos de Abordagem Cognitivo Comportamental. Aaron Beck é o idealizador das Escalas Beck, como a Escala de Ansiedade de Beck (BAI) e a Escala de Depressão de Beck (BDI).
c) os trabalhos de Kurt Lewin, nos anos 30/40.
(Alternativa CORRETA. Os trabalhos de Kurt Lewin destacaram-se, principalmente, após o final da Segunda Guerra, sendo considerado por vários autores como o fundador da Psicologia Social. Em seus estudos Lewin identificou três estilos de liderança: 1) Autoritário (o líder que centraliza o comando); 2) Democrático (o líder que estimula a participação dos seus liderados); e o 3) Laissez-faire (o líder que deixa as coisas acontecerem.)
d) a publicação de “o normal e o patológico” de Georges Canguilhemem1943.
(Alternativa INCORRETA. Segundo Silva & Cols., (2010, p. 195):
“... o livro "O Normal e o Patológico" de Georges Canguilhem, publicado pela primeira vez em 1943, ainda é referido como bastante atual por contribuir com uma forte argumentação explorando diferentes visões acerca do que pode ser concebido como saúde ou doença e as políticas terapêuticas implicadas nessas visões”
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Fonte consultada:
Paulino, L. R. P., & Palmieri, M. W. A. R. (2009). A história da psicologia social contada da perspectiva do aluno que não fez a “tarefa de sempre”. Athenea digital, (17), 163-178.
Silva, Thiago Loreto Garcia da, Brunnet, Einloft, Lindern, Daniele, & Pizzinato, Adolfo. (2010). O normal e o patológico: contribuições para a discussão sobre o estudo da psicopatologia. Aletheia, (32), 195-197.
237) Philippe Ariès, em sua obra História social da infância e da família, ocupou-se de diferentes concepções sobre a infância em diferentes tempos e lugares. O autor identifica várias “descobertas” da infância. Sobre a aprendizagem social é correto afirmar que, no bojo das transformações que acompanharam a criação dos Estados Nacionais e a construção da democracia moderna, a partir do século XVII, as famílias passaram a dividir a responsabilidade e o trabalho de formação das novas gerações com a(o):
- A) Igreja, através do ensino religioso.
- B) Estado, através das escolas.
- C) comunidade, através das indústrias.
- D) medicina, através da imposição moral.
A alternativa correta é letra B) Estado, através das escolas.
Philippe Ariès, em sua obra História social da infância e da família, ocupou-se de diferentes concepções sobre a infância em diferentes tempos e lugares. O autor identifica várias “descobertas” da infância. Sobre a aprendizagem social é correto afirmar que, no bojo das transformações que acompanharam a criação dos Estados Nacionais e a construção da democracia moderna, a partir do século XVII, as famílias passaram a dividir a responsabilidade e o trabalho de formação das novas gerações com a(o):
a) Igreja, através do ensino religioso.
INCORRETA. Conde & Costa (2019, p.892) mencionam:
“O novo modo de vida da sociedade industrial demandava uma educação desvinculada da Igreja”
b) Estado, através das escolas.
CORRETA. Segundo Conde & Costa (2019, p. 891):
“Em termos educacionais, a família deixaria de ser a grande responsável pela formação da criança e passaria a dividir esta responsabilidade com o Estado, que, por sua vez, assumiu a incumbência de preparar os sujeitos para o novo modo de produção e a escola para dar conta dessas mudanças.”
c) comunidade, através das indústrias.
INCORRETA. Sobre o papel da comunidade em relação a infância Kramer (1982, p. 18) citado por Conde & Costa (2019) destaca:
“A ideia de infância não existiu sempre e da mesma maneira. Ao contrário, ela aparece com a sociedade capitalista, urbano-industrial, à medida que mudam a inserção e o papel social da criança na comunidade.”
d) medicina, através da imposição moral.
INCORRETA. Conforme mencionado, as famílias, a partir do século XVII, passaram a dividir a responsabilidade e o trabalho de formação das novas gerações com o Estado.
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Fonte consultada:
Conde, S. F., & Costa, M. J. (2019). Contribuições da pedagogia socialista para a educação da infância no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Perspectiva, 37(4), 887-903.
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Tradução: Dora Flaksman. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
238) O conceito de interação social enfatiza a dialética entre o indivíduo e a sociedade, o intenso efeito da interação social, da linguagem e da cultura sobre o processo de aprendizagem. Este processo é fundamental para a interiorização do conhecimento – ou transformação do conceitos espontâneos em científicos – através do processo de tornar intrapsíquico o que antes era interpsíquico. A respeito da interação social, assinale a alternativa correta:
- A) Um simples contato físico é suficiente para que haja interação social.
- B) Os contatos sociais e a interação, apesar de importantes, não constituem condições indispensáveis
à associação humana.
- C) Ela provoca uma modificação de comportamento nos indivíduos envolvidos, como resultado do contato e da comunicação que se estabelece entre eles.
- D) Apesar de um mesmo indivíduo estar inserido em diferentes grupos, existe apenas uma forma em que ele pode se relacionar.
- E) As interações sociais não são relativas e, portanto, não precisam ser contextualizadas.
Alternativa C: Ela provoca uma modificação de comportamento nos indivíduos envolvidos, como resultado do contato e da comunicação que se estabelece entre eles.
A interação social é um processo dinâmico que envolve a comunicação entre indivíduos e influencia o comportamento, as emoções e os pensamentos. Esse processo é essencial para o desenvolvimento humano, pois é por meio das interações sociais que os indivíduos aprendem, compartilham experiências e internalizam normas e valores culturais. A alternativa C está correta porque destaca a importância da interação na modificação do comportamento, refletindo a ideia de que o ser humano é moldado pelas suas relações sociais e pela cultura em que está inserido.
239) Pesquisas apontam que, quando se tratam dos aspectos de morbidade por violência contra crianças, o âmbito familiar é o locus privilegiado destes atos sociais infligidos no contexto doméstico e exercidos de formas variadas, isto é, através de violência física, violência sexual, violência psicológica, abandono intencional e negligência. Neste contexto, é correto afirmar que:
- A) a violência sexual ocorre quando alguém causa ou tenta causar dano por meio de força física, de algum tipo de arma ou instrumento que possa causar lesões internas, externas ou ambas.
- B) a negligência caracteriza-se pela omissão de responsabilidade de um ou mais membros da família em relação a outro, sobretudo àqueles que precisam de ajuda e cuidados por questão de idade ou alguma condição física, permanente ou temporária.
- C) no âmbito da violência doméstica, o termo doméstico diz respeito somente às pessoas que residem na mesma casa, excluindo visitantes e empregados.
- D) a violência psicológica é a forma mais subjetiva, nunca está associada a agressões corporais, deixa profundas marcas no desenvolvimento, podendo comprometer toda a vida mental.
- E) a família que vivencia a violência doméstica deve ser vista dicotomicamente, como dividida entre vítima e abusador e a atenção e cuidados devem ser direcionados apenas para a vítima.
A alternativa correta é letra B) a negligência caracteriza-se pela omissão de responsabilidade de um ou mais membros da família em relação a outro, sobretudo àqueles que precisam de ajuda e cuidados por questão de idade ou alguma condição física, permanente ou temporária.
Pesquisas apontam que, quando se tratam dos aspectos de morbidade por violência contra crianças, o âmbito familiar é o locus privilegiado destes atos sociais infligidos no contexto doméstico e exercidos de formas variadas, isto é, através de violência física, violência sexual, violência psicológica, abandono intencional e negligência. Neste contexto, é correto afirmar que:
a) a violência sexual ocorre quando alguém causa ou tenta causar dano por meio de força física, de algum tipo de arma ou instrumento que possa causar lesões internas, externas ou ambas.
Essa é a definição de violência física. De acordo com Day e colab. violência sexual é
"toda ação na qual uma pessoa, em situação de poder, obriga uma outra à realização de práticas sexuais, utilizando força física, influência psicológica ou uso de armas ou drogas".
Assertiva Falsa.
b) a negligência caracteriza-se pela omissão de responsabilidade de um ou mais membros da família em relação a outro, sobretudo àqueles que precisam de ajuda e cuidados por questão de idade ou alguma condição física, permanente ou temporária.
A alternativa está literalmente de acordo com o texto de Day e colab.:
"A negligência é a omissão de responsabilidade de um ou mais membros da família em relação a outro, sobretudo àqueles que precisam de ajuda por questões de idade ou alguma condição física, permanente ou temporária"
Assertiva Correta.
c) no âmbito da violência doméstica, o termo doméstico diz respeito somente às pessoas que residem na mesma casa, excluindo visitantes e empregados.
Segundo Day e colab. o termo doméstico inclui visitantes e empregados. Veja:
"O termo doméstico incluiria pessoas que convivem no ambiente familiar, como empregados, agregados e visitantes esporádicos"
Assertiva Falsa.
d) a violência psicológica é a forma mais subjetiva, nunca está associada a agressões corporais, deixa profundas marcas no desenvolvimento, podendo comprometer toda a vida mental.
Day e colab. falam que a violência psicológica está com frequência associada com agressões corporais. Observe:
"É a forma mais subjetiva, embora seja muito freqüente a associação com agressões corporais. Deixa profundas marcas no desenvolvimento, podendo comprometer toda a vida mental".
Assertiva Falsa.
e) a família que vivencia a violência doméstica deve ser vista dicotomicamente, como dividida entre vítima e abusador e a atenção e cuidados devem ser direcionados apenas para a vítima.
Segundo Deslandes:
"A primeira é que as famílias que vivenciam a violência doméstica não devem ser vistas como dicotomicamente divididas entre vítimas e abusadores. O agente agressor também deve ser envolvido na atuação, assim como os demais familiares. Conclui-se que a atenção deve ser integral à família, e não somente à criança e ao adolescente abusados."
Assertiva Falsa.
A alternativa correta é, portanto, a Letra B.
240) Pichon-Rivière desenvolveu uma abordagem de trabalho em grupo chamada “Grupo Operativo”, que conta com o aporte teórico de Lewin e com os conhecimentos psicanalíticos. Para o renomado psicólogo Saidon (1982), estudioso desta abordagem, o grupo operativo se caracteriza quando:
- A) está centrado, de forma explícita, em uma tarefa que pode ser o aprendizado, a cura, o diagnóstico de dificuldades, entre outras. Sob esta tarefa, existe outra implícita subjacente à primeira, que aponta para a ruptura das estereotipias que dificultam o aprendizado e a comunicação.
- B) não se configura uma intervenção e se limita a avaliar as fantasias e os simbolismos inconscientes dos participantes, auxiliando no psicodiagnóstico individual e grupal.
- C) é estruturado buscando-se uma dinâmica de debates e informações técnicas por parte do psicólogo, objetivando socializar os conhecimentos da psicologia com os integrantes.
- D) o grupo alcança a principal tarefa operativa de manter a organização das normas e códigos, além de socializar seus conhecimentos.
- E) o grupo-sujeitado participante é mantido, garantindo as relações grupais de operatividade para as novas tarefas, sem ferir as normas organizacionais já estabelecidas.
A alternativa correta é letra A) está centrado, de forma explícita, em uma tarefa que pode ser o aprendizado, a cura, o diagnóstico de dificuldades, entre outras. Sob esta tarefa, existe outra implícita subjacente à primeira, que aponta para a ruptura das estereotipias que dificultam o aprendizado e a comunicação.
Pichon-Rivière desenvolveu uma abordagem de trabalho em grupo chamada “Grupo Operativo”, que conta com o aporte teórico de Lewin e com os conhecimentos psicanalíticos. Para o renomado psicólogo Saidon (1982), estudioso desta abordagem, o grupo operativo se caracteriza quando:
a) está centrado, de forma explícita, em uma tarefa que pode ser o aprendizado, a cura, o diagnóstico de dificuldades, entre outras. Sob esta tarefa, existe outra implícita subjacente à primeira, que aponta para a ruptura das estereotipias que dificultam o aprendizado e a comunicação.
O enunciado e a alternativa estão de acordo com o texto do livro Psicologias de Ana Bock:
"Mais recentemente, o francês Pichon-Rivière, radicado na Argentina, desenvolveu uma abordagem de trabalho em grupo (a qual denominou 'Grupos Operativos') baseado tanto na tradição legada por Lewin quanto nos conhecimentos psicanalíticos. De acordo com o psicólogo Saidon, estudioso da obra de Pichon-Rivière,
'o grupo operativo se caracteriza por estar centrado, de forma explícita, em uma tarefa que pode ser o aprendizado, a cura (no caso da psicoterapia), o diagnóstico de dificuldades etc. Sob essa tarefa, existe outra implícita subjacente à primeira, que aponta para a ruptura das estereotipias que dificultam o aprendizado e a comunicação.' [pg. 223]".
Assertiva Correta.
b) não se configura uma intervenção e se limita a avaliar as fantasias e os simbolismos inconscientes dos participantes, auxiliando no psicodiagnóstico individual e grupal.
Segundo Bock, o Grupo Operativo configura-se, sim, em uma forma de intervenção. Veja:
"O grupo operativo configura-se como um modo de intervenção, organização e resolução de problemas grupais, baseado em uma teoria consistente, desenvolvida por Pichon-Rivière e conhecida como Teoria do Vínculo."
Assertiva Falsa.
c) é estruturado buscando-se uma dinâmica de debates e informações técnicas por parte do psicólogo, objetivando socializar os conhecimentos da psicologia com os integrantes.
Não é estruturado apenas com debates e informações técnicas. Segundo Bock, trabalha-se com o campo de fantasias e simbolismos. Veja:
"Através de sua aplicação, é possível acompanhar determinado grupo durante a realização de tarefas concretas e avaliar o campo de fantasias e simbolismos encobertos nas relações pessoais e organizacionais dos seus diferentes membros. "
Assertiva Falsa.
d) o grupo alcança a principal tarefa operativa de manter a organização das normas e códigos, além de socializar seus conhecimentos.
De acordo com Izique Bastos, a tarefa principal é analisar as contradições. Veja:
"Para Pichon-Rivière (1998), o processo grupal se caracteriza por uma dialética na medida em que é permeado por contradições, sendo que sua tarefa principal é justamente analisar essas contradições. O autor utiliza uma representação para mostrar o movimento de estruturação, desestruturação e reestruturação de um grupo, que é o cone invertido".
Assertiva Falsa.
e) o grupo-sujeitado participante é mantido, garantindo as relações grupais de operatividade para as novas tarefas, sem ferir as normas organizacionais já estabelecidas.
Não há referência na teoria pichoniana sobre o conceito de "grupo-sujeitado participante".
Assertiva Falsa.
A alternativa correta é, portanto, a Letra A.