Questões Sobre Psicologia Social - Psicologia - concurso
261) A profissão de psicólogo foi reconhecida no Brasil, dois anos antes do golpe militar que impôs ao país um regime ditatorial. A prática psicológica nesse período baseava-se em intervenções desenvolvimentistas oriundas de uma repressão política, o que resultou em um modelo individualista de atuação. O pensamento desenvolvimentista causava na população brasileira, mais especificamente na classe média, um comportamento consumista e posicionamento conformista frente ao sistema político, o que afetava as praticas psicológicas. Segundo Guareschi (2007 p. 8), essa repressão ditatorial impedia os avanços dos movimentos sociais e fazia com que os cidadãos não:
- A) refletisse sobre as possibilidades frente aos desafios encontrados.
- B) participasse do trabalho da psicologia social comunitária.
- C) tomassem um posicionamento crítico em relação à realidade vivida.
- D) a defesa dos direitos humanos foram criadas a partir deste movimento social.
Alternativa C: "tomasse um posicionamento crítico em relação à realidade vivida."
Esta alternativa é a correta porque, segundo Guareschi (2007), a repressão política e o desenvolvimentismo do regime ditatorial no Brasil impunham um modelo de psicologia que não incentivava a reflexão crítica. Isso levava a uma aceitação conformista do sistema político e impedia que os cidadãos questionassem ou criticassem as estruturas sociais e políticas vigentes, limitando assim o avanço dos movimentos sociais e a prática de uma psicologia social engajada e transformadora.
262) A Psicologia Social possui relações com outros setores do conhecimento como:
- A) política e comunidade.
- B) mudanças de atitudes e comunicação.
- C) sociologia, antropologia e filosofia.
- D) propaganda, preconceitos e opinião pública.
A alternativa correta é letra C) sociologia, antropologia e filosofia.
A Psicologia Social é um ramo da psicologia que estuda como os pensamentos, sentimentos e comportamentos das pessoas são influenciados pela presença real, imaginada ou implícita de outras pessoas. Ela se relaciona intimamente com a sociologia, que estuda a estrutura e o funcionamento das sociedades humanas; a antropologia, que investiga a diversidade cultural e o desenvolvimento humano; e a filosofia, que contempla questões fundamentais sobre a existência, o conhecimento, a moralidade, entre outros aspectos. Essas disciplinas se sobrepõem na análise de como os indivíduos interagem entre si e com a sociedade, formando a base teórica e metodológica da Psicologia Social.
263) Segundo Sawaia (1996) a Comunidade é diferente da Sociedade por três aspectos:
- A) o sangue, o espírito, vínculo.
- B) o sangue, o lugar, o espírito.
- C) a crença, o vínculo, o espírito.
- D) o espírito, o dinheiro, o lugar.
A alternativa correta é letra B) o sangue, o lugar, o espírito.
Segundo Sawaia (1996), a comunidade difere da sociedade em três aspectos principais que são fundamentais para a compreensão da Psicologia Social. Esses aspectos são:
- O sangue: refere-se aos laços de parentesco e às relações biológicas que frequentemente definem as relações dentro de uma comunidade.
- O lugar: indica a importância do espaço físico e geográfico onde a comunidade está situada, reforçando o sentido de pertencimento e identidade compartilhada entre seus membros.
- O espírito: relaciona-se com os valores compartilhados, a cultura, as tradições e a solidariedade que unem os membros da comunidade em um sentido coletivo de identidade e propósito.
Esses elementos são distintos dos que caracterizam uma sociedade, que é geralmente mais ampla e governada por sistemas formais de leis e instituições.
264) Analise as afirmativas sobre família, segundo L.C. Osório, colocando entre parênteses a letra V, quando se tratar de afirmativa verdadeira, ou a letra F, quando se tratar de afirmativa falsa. A seguir, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
( ) Tem como função garantir a proteção e o cuidado das novas gerações.
( ) Tem como função transmitir padrões e normas da cultura.
( ) Vem se deteriorando e enfraquecendo ao longo do tempo.
- A) V – V – V
- B) V – F – V
- C) F – V – V
- D) V – V – F
- E) F – F – F
A alternativa correta é letra D) V – V – F
Gabarito Letra D
Analise as afirmativas sobre família, segundo L.C. Osório, colocando entre parênteses a letra V, quando se tratar de afirmativa verdadeira, ou a letra F, quando se tratar de afirmativa falsa. A seguir, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
Antes de ver as afirmativas, vamos ver o que o autor mencionado diz sobre a família:
“Na última década, assistimos a uma grande revolução em termos de comunicação motivada pela internet, a mudanças profundas no padrão de comportamento sexual e de escolha de parceiros entre jovens e adultos jovens, à inserção da mulher em funções e cargos antes ocupados apenas por homens, à ampliação das exigências de formação profissional para ingresso no mercado de trabalho e à reorganização da forma como a família se autodefine e como é vista pelo Estado. Ao contrário de previsões alarmistas e pessimistas de alguns cientistas sociais ao final do século XX, em vez de se deteriorar ou de se enfraquecer, a família, com sua imensa capacidade de adaptação, vem se transformando sem deixar de cumprir as funções consideradas estruturadas e definidoras da própria instituição família: sua função biológica de garantir a proteção e o cuidado das novas gerações e sua função social de transmissão de padrões e normas da cultura. Ou seja, não há e nunca haverá uma “nova versão da família brasileira”, já que certamente teremos sempre uma família brasileira “mutante”, aquela que se reorganiza e se reinventa, produzindo e reproduzindo valores, modelos de comportamento e formas de organização. “
(V) Tem como função garantir a proteção e o cuidado das novas gerações.
Verdadeiro!
(V) Tem como função transmitir padrões e normas da cultura.
Verdadeiro!
(F) Vem se deteriorando e enfraquecendo ao longo do tempo.
Falso! A família, na verdade, vem se transformando.
Assim, a sequência correta é V V F
Gabarito Letra D.
Referência
OSÓRIO, L. C; VALLE, M. E. P. e cols. Manual de terapia familiar. Porto Alegre: Artmed, 2009
265) A pesquisa em Psicologia Social nos anos 90 assume algumas peculiaridades. Segundo Tittoni e Jacques (2010), alguns fenômenos explicam estas alterações. Analise as afirmativas abaixo e, em seguida, assinale a alternativa correta.
I. Os pressupostos de complexificação da ciência contribuíram para transformação de paradigmas nas pesquisas em psicologia social.
II. A preocupação ética em relação aos compromissos sociais e políticos emergem como preocupações na pesquisa em psicologia social.
III. A separação entre indivíduo e coletivo foi reforçada com os avanços dos estudos em psicologia social.
IV. A evocação de um objeto e a unicidade são marcas das novas tendências em pesquisa em psicologia social.
V. A adoção de uma pluralidade teórico-metodológica foi imprescindível aos novos rumos da pesquisa em psicologia social.
- A) Somente I, II e V estão corretas.
- B) Somente I, II e III estão corretas.
- C) Somente II, IV e V estão corretas.
- D) Somente IV e V estão corretas.
- E) Somente V está correta.
A alternativa correta é letra A) Somente I, II e V estão corretas.
Gabarito Letra A
I. Os pressupostos de complexificação da ciência contribuíram para transformação de paradigmas nas pesquisas em psicologia social.
Certo! Veja:
“Além de incorporar a problematização quanto à objetividade científica a partir do questionamento do critério de verdade enquanto “Verdade-Absoluta”, qualificada criticamente por Morin (1986, p. 79) como “Ciência-Solução”, “CiênciaFarol” ou “Ciência-Guia” e à neutralidade do cientista e consequente separação entre teoria e prática social, a pesquisa em Psicologia Social, nos anos 1990, assume outras peculiaridades. Adota como suporte uma concepção de ciência que propõe a complexificação, a pluralidade teórico-metodológica (rompendo o falso dilema de evocar UM objeto, de almejar UMA unicidade para dar conta da complexidade do real), a intersecção de diferentes áreas do conhecimento e a prática interdisciplinar e, ainda, uma preocupação ética em relação aos seus compromissos sociais e políticos. Desta forma, relativiza o tensionamento entre o científico e o político, a teoria e a prática. Do mesmo modo, relativiza a importância da separação entre o indivíduo e o coletivo através da redefinição da noção de subjetividade e de uma concepção de homem em que as dimensões individual e social se interpenetram.”
II. A preocupação ética em relação aos compromissos sociais e políticos emergem como preocupações na pesquisa em psicologia social.
Certo! Essa informação também está presente no trecho apresentado na afirmativa anterior.
III. A separação entre indivíduo e coletivo foi reforçada com os avanços dos estudos em psicologia social.
Errado. Essa separação é relativizada pela psicologia social.
IV. A evocação de um objeto e a unicidade são marcas das novas tendências em pesquisa em psicologia social.
Errado. Pelo contrário, as novas tendências em psicologia social rompem com essa visão.
V. A adoção de uma pluralidade teórico-metodológica foi imprescindível aos novos rumos da pesquisa em psicologia social.
Certo! Essa informação também está presente no trecho apresentado na afirmativa I.
Assim, apenas I, II e V estão corretas.
Nosso gabarito é Letra A
Referência
Maria da Graça Corrêa, et.al. Psicologia social contemporânea, livro texto. Petrópolis: Rio de Janeiro, 1998
266) Analise as alternativas abaixo referentes à pesquisa em Psicologia Social, abordada por Jacques et all (2010), colocando entre parênteses a letra V, quando se tratar de afirmativa verdadeira, ou a letra F, quando se tratar de afirmativa falsa. A seguir, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
( ) O método da análise de conteúdo tem sido amplamente empregado na pesquisa em psicologia social.
( ) A neutralidade do pesquisador permanece como pressuposto básico da pesquisa em psicologia social
( ) A pesquisa quantitativa foi abandonada em razão da predominância dos estudos qualitativos.
( ) Os procedimentos metodológicos são estratégias para integrar o empírico e o teórico.
( ) O pressuposto da complexidade afirma que uma teoria é incapaz de dar conta do conhecimento do real.
- A) V – V – V – F – F
- B) V – F – V – V – F
- C) V – F – F – V – V
- D) V – V – F – F – V
- E) F – F – V – V – V
A alternativa correta é letra C) V – F – F – V – V
Gabarito Letra C
(V) O método da análise de conteúdo tem sido amplamente empregado na pesquisa em psicologia social.
Verdadeiro!
“o método de análise de conteúdo proposto por Bardin (1977) tem sido largamente empregado na pesquisa em psicologia social, em seu modelo original, com ênfase nos indicadores quantitativos, ou através de adaptações mais ou menos fiéis à proposição original. Outros modelos como a análise de discurso (BRANDÃO, 1994), a hermenêutica de profundidade (THOMPSON, 1995) ou, ainda, o método dialético de análise de conteúdo (PAGÈS, 1990) por exemplo, também são empregados”
(F) A neutralidade do pesquisador permanece como pressuposto básico da pesquisa em psicologia social
Falso. A psicologia social num primeiro momento questiona a neutralidade do pesquisador, para depois ter como pressuposto a não-neutralidade do pesquisador.
“Além de incorporar a problematização quanto à objetividade científica a partir do questionamento do critério de verdade enquanto “Verdade-Absoluta”, qualificada criticamente por Morin (1986, p. 79) como “Ciência-Solução”, “CiênciaFarol” ou “Ciência-Guia” e à neutralidade do cientista e consequente separação entre teoria e prática social, a pesquisa em Psicologia Social, nos anos 1990, assume outras peculiaridades.”
(F) A pesquisa quantitativa foi abandonada em razão da predominância dos estudos qualitativos.
Falso. A psicologia social ainda utiliza a pesquisa quantitativa, dependendo do que está sendo pesquisado.
“Cabe ressaltar, no entanto, que a pesquisa quantitativa pode constituir-se em importante recurso para a pesquisa em psicologia social, dependendo da temática a ser pesquisada. Estudos populacionais na área da saúde (os estudos em epidemiologia, por exemplo) são fontes fundamentais para o conhecimento das condições de vida social. A metáfora utilizada por Montero (1996) para explicitar a discussão entre a pesquisa qualitativa e quantitativa é bastante esclarecedora. Refere a autora que se quisermos conhecer uma floresta no seu aspecto geral, recobrindo ao máximo possível a totalidade de sua extensão, devemos pegar um helicóptero e sobrevoá-la.”
(V) Os procedimentos metodológicos são estratégias para integrar o empírico e o teórico.
Verdadeiro! Veja:
“Com base no pressuposto de complexidade, onde uma teoria é incapaz de dar conta do conhecimento do real como um todo e muito menos fornecer todas as respostas passíveis de serem levantadas, há sempre uma opção teórica pelo pesquisador que vai determinar suas escolhas metodológicas. Nessa concepção, os procedimentos metodológicos não são vistos como técnicas desvinculadas dos pressupostos derivados da teoria, mas como estratégias utilizadas para integrar o empírico e o teórico.”
(V) O pressuposto da complexidade afirma que uma teoria é incapaz de dar conta do conhecimento do real.
Verdadeiro! Essa informação está presente no trecho apresentado na alternativa anterior.
Assim, a sequência correta é V F F V V
Gabarito Letra C
Referência
Maria da Graça Corrêa, et.al. Psicologia social contemporânea, livro texto. Petrópolis: Rio de Janeiro, 1998
267) Analise as alternativas abaixo considerando as discussões empreendidas por Guareschi apud Jaques et all (2001) acerca da ética, colocando entre parênteses a letra V, quando se tratar de afirmativa verdadeira, ou a letra F, quando se tratar de afirmativa falsa. A seguir, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
( ) A dimensão crítica e a dimensão das relações são fundamentais para compreensão mais profunda da ética.
( ) A dimensão crítica da ética deve ser ao mesmo tempo propositiva, pois se atualiza e é passível de contradições.
( ) A defesa da neutralidade das ações humanas é um dos principais pressupostos da Escola de Frankfurt.
( ) O conceito de “dominação” iguala-se ao de “poder”, uma vez que ambos se dão no âmbito de uma relação. Assim, toda relação de poder, é uma relação de dominação.
( ) A ética se ancora nas relações e ela mesma é sempre uma relação.
- A) F – V– V – F – F
- B) V – V – F – F – V
- C) F – V – F – V – V
- D) V – F – F – V – F
- E) F – V – F – F – V
A alternativa correta é letra B) V – V – F – F – V
Gabarito Letra B
Analise as alternativas abaixo considerando as discussões empreendidas por Guareschi apud Jaques et all (2001) acerca da ética, colocando entre parênteses a letra V, quando se tratar de afirmativa verdadeira, ou a letra F, quando se tratar de afirmativa falsa. A seguir, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
(V) A dimensão crítica e a dimensão das relações são fundamentais para compreensão mais profunda da ética.
Verdadeiro!
“Enquanto permanecermos dentro do humanamente instituído, sem apelarmos para o eterno e o transcendente, temos de reconhecer nossa limitude histórica. E, ao reconhecermos essa limitude, temos de deixar sempre uma porta aberta, a porta de possibilidade de alternativas, de crescimento, de transformações, de aperfeiçoamento. Nesse contexto, creio que nos seria muito útil uma noção de ética como sendo uma “instância crítica propositiva sobre o dever ser das relações humanas em vista de nossa plena realização como seres humanos” (DOS ANJOS, 1996, p. 12). Perscrutando a fundo essa colocação, podemos extrair dela duas dimensões fundantes: a dimensão crítica e propositiva, e a dimensão das relações. Elas são centrais para a compreensão mais profunda da ética.”
(V) A dimensão crítica da ética deve ser ao mesmo tempo propositiva, pois se atualiza e é passível de contradições.
Verdadeiro!
“A dimensão crítica da ética significa que ela pode ser considerada como algo pronto, algo acabado. Ao contrário, ela está sempre por se fazer. E ao mesmo tempo ela está presente nas relações humanas existentes. À medida em que ela se atualiza, ela passa a sofrer suas contradições, e por isso deve ser questionada e criticada. Ao mesmo tempo ela tem que ser propositiva. Não pode se furtar a colocar exigências e desafios. Mas esses desafios e exigências podem ser reelaborados, redimensionados, refeitos e retomados. E a ética é sempre do “dever ser das relações humanas em vista de nossa plena realização”. É uma busca infinita, interminável; é uma consciência nítida de nossa incompletude; é um impulso permanente em busca de crescimento e transformação.”
(F) A defesa da neutralidade das ações humanas é um dos principais pressupostos da Escola de Frankfurt.
Falso. Pelo contrário, a escola de Frunkfurt acredita na impossibilidade de neutralidade das ações humanas.
“É minha convicção que é fundamental enfatizar a dimensão da crítica ao se discutir a questão da ética. Num trabalho anterior (GUARESCHI, 1992) tentei mostrar como o uso cuidadoso e sério da crítica, mesmo ao se discutir as diferentes teorias científicas, leva a própria evidência da impossibilidade de uma ciência, ou de uma prática científica neutra, isto é, sem uma dimensão ética. A crítica resgata a dimensão ética de toda ação humana. Mas ao mesmo tempo não fecha a questão sobre a presença de uma dimensão ética específica. Aliás, a própria Teoria Crítica (também chamada de Escola de Frankfurt ou Crítica da Ideologia) tem como pressuposto a impossibilidade de neutralidade das ações humanas. Toda ação humana, segundo essa escola de pensamento, deve ter como finalidade iluminar e emancipar; a ação que se diz “neutra”, se não estiver direcionada a tais fins, possivelmente estará servindo a propósitos contrários de ocultação da realidade e de manipulação das consciências (GEUSS, 1988).”
(F) O conceito de “dominação” iguala-se ao de “poder”, uma vez que ambos se dão no âmbito de uma relação. Assim, toda relação de poder, é uma relação de dominação.
Falso. Poder e dominação não são sinônimos, nem toda relação de poder é uma relação de dominação.
“Uma forma simbólica só é ideológica quando se puder mostrar que ela serve aos propósitos de criar ou manter relações que sejam de dominação, isto é, relações assimétricas, desiguais, injustas. Dominação é aqui um conceito diferente de “poder”. “Poder” é uma capacidade, uma qualidade individual de pessoas, algo singular, particular. Nesse sentido, todos os que “podem” fazer algo (trabalhar, falar, escrever etc.) têm um “poder”. Já “dominação” é uma “relação”, isto é, sempre se dá entre dois ou mais sujeitos, e acontece quando há uma expropriação de poder, isto é, quando um retira, de maneira assimétrica ou injusta, um poder de outro parceiro. Para essa concepção de ideologia, então, a dimensão “ética”, isto é, a dimensão do “dever (ou não dever) fazer”, está presente”
(V) A ética se ancora nas relações e ela mesma é sempre uma relação.
Verdadeiro!
“Uma segunda dimensão que gostaríamos de discutir a partir da definição acima é a questão das “relações”, ou da ética como ética das relações. Essa é uma discussão extremamente provocante. Dentro de uma cosmovisão individualista, onde o ser humano é considerado como indivíduo (“indivisum in se et divisum a quolibet alio”), sob o império do liberalismo, fica difícil de se perceber que a ética só pode ser dita das relações, e onde ela mesma é sempre uma relação. Entendemos por relação a “ordenação intrínseca de alguma coisa em direção a outra”, que a filosofia define como “ordo ad aliquid”. Em outras palavras, relação é algo que não pode ser sem outro”
Assim, a sequência correta é V V F F V
Gabarito Letra D
Referência
Maria da Graça Corrêa, et.al. Psicologia social contemporânea, livro texto. Petrópolis: Rio de Janeiro, 1998
268) Analise as alternativas abaixo sobre a Teoria das Representações Sociais (RS), de acordo com Oliveira e Werba apud Jaques et all (2001), colocando entre parênteses a letra V, quando se tratar de afirmativa verdadeira, ou a letra F quando se tratar de afirmativa falsa. A seguir, assinale a alternativa que apresenta a seqüência correta.
( ) Para Serge Moscovici, as Representações Sociais podem ser vistas como a versão contemporânea do senso comum.
( ) Afeto e ação não são elementos que se articulam na teoria das RS
( ) A Teoria das RS tem como vantagem demonstrar o conjunto dos códigos culturais que definem, em um dado momento histórico, as regras de uma comunidade.
( ) A Teoria das RS pode ser considerada como uma forma sociológica de Psicologia Social e conceituada de maneira definitiva por Moscovici, embora muitos autores tenham produzido explicações para compreendê-la mais profundamente.
( ) A metodologia em RS vai variar de acordo com o objeto de estudo.
- A) F – F – V – V – F
- B) V – V – F – F – F
- C) V – F – F – V – V
- D) V – F – V – F – V
- E) F – V – F – F – V
A alternativa correta é letra D) V – F – V – F – V
Gabarito Letra D
(V) Para Serge Moscovici, as Representações Sociais podem ser vistas como a versão contemporânea do senso comum.
Verdadeiro! Veja:
“Moscovici (1981, p. 181) refere que “por Representações Sociais entendemos um conjunto de conceitos, proposições e explicações originado na vida cotidiana no curso de comunicações interpessoais. Elas são o equivalente, em nossa sociedade, aos mitos e sistemas de crença das sociedades tradicionais: podem também ser vistas como a versão contemporânea do senso comum”.”
(F) Afeto e ação não são elementos que se articulam na teoria das RS
Falso! Afeto e ação se articulam sim na teoria das RS.
“Um dos elementos fundamentais da teoria das RS é a interligação possível entre cognição, afeto e ação no processo de representação. Tanto Jovchelovitch (1996), como Guareschi, mostram a importância desta interligação no processo cognitivo.”
(V) A Teoria das RS tem como vantagem demonstrar o conjunto dos códigos culturais que definem, em um dado momento histórico, as regras de uma comunidade.
Verdadeiro! Veja:
“Estudar RS é buscar conhecer o modo de como um grupo humano constrói um conjunto de saberes que expressam a identidade de um grupo social, as representações que ele forma sobre uma diversidade de objetos, tanto próximos como remotos, e principalmente o conjunto dos códigos culturais que definem, em cada momento histórico, as regras de uma comunidade. Uma das principais vantagens desta teoria é sua capacidade de descrever, mostrar uma realidade, um fenômeno que existe, do qual muitas vezes não nos damos conta, mas que possui grande poder mobilizador e explicativo. Torna-se necessário, por isso, estudá-lo para que se possa compreender e identificar como ela atua na motivação das pessoas ao fazer determinado tipo de escolha (comprar, votar, agir, etc.).”
(F) A Teoria das RS pode ser considerada como uma forma sociológica de Psicologia Social e conceituada de maneira definitiva por Moscovici, embora muitos autores tenham produzido explicações para compreendê-la mais profundamente.
Falso! Moscovici foi quem primeiro mencionou o termo, mas isso não significa que ele tenha o conceituado de forma definitiva.
“A teoria das RS pode ser considerada como uma forma sociológica de Psicologia Social (FARR, 1994). O conceito é mencionado pela primeira vez por Moscovici, em seu estudo sobre a representação social da psicanálise, intitulado Psychanalyse: Son image et son public. Nesta obra, Moscovici conduz um estudo tentando compreender mais profundamente de que forma a psicanálise, ao sair dos grupos fechados e especializados, é ressignificada pelos grupos populares. O que motivou Moscovici a desenvolver o estudo das RS dentro de um trabalho científico foi, principalmente, sua crítica aos pressupostos positivistas e funcionalistas das demais teorias que não davam conta de explicar a realidade em outras dimensões, principalmente na dimensão histórico-crítica.”
(V) A metodologia em RS vai variar de acordo com o objeto de estudo.
Verdadeiro! Veja:
“De Rosa (1994) distingue entre três níveis de discussão e análise das RS:
• Nível fenomenológico – as RS são um objeto de investigação. Esses objetos são elementos da realidade social, são modos de conhecimento, saberes do senso comum que surgem e se legitimam na conversação interpessoal cotidiana e têm como objetivo compreender e controlar a realidade social.
• Nível teórico – é o conjunto de definições conceituais e metodológicas, construtos, generalizações e proposições referentes às RS.
• Nível metateórico – é o nível das discussões sobre a teoria. Neste colocam-se os debates e as refutações críticas com respeito aos postulados e pressupostos da teoria, juntamente a uma comparação com modelos teóricos de outras teorias. Para evitar confusões é fundamental distinguir entre estes três níveis, bem como assinalar sobre qual deles se está falando. Quanto à metodologia, nas RS, ela vai variar de acordo com o objeto de estudo, acompanhando paralelamente estes três níveis de discussão.”
Assim, a sequência correta é V F V F V
Gabarito Letra D
Referência
Maria da Graça Corrêa, et.al. Psicologia social contemporânea, livro texto. Petrópolis: Rio de Janeiro, 1998
269) Analise as afirmativas abaixo considerando a abordagem de Jaques et all (2001) acerca da pesquisa em Psicologia Social e, em seguida, assinale a alternativa correta.
I. Os questionamentos acerca dos critérios de verdade que se iniciaram no século XX, marca uma crítica importante ao modelo de ciência tradicional. É neste contexto que a pesquisa em Psicologia Social está vinculada à diferentes formas de produção do conhecimento.
II. A pesquisa em Psicologia Social, ao contrário do que se pensa, não relativiza a importância de separação entre indivíduo e o coletivo, pois o conceito de subjetividade diz respeito apenas ao indivíduo e seu psiquismo.
III. A pesquisa quantitativa não se constitui em recurso da psicologia social.
IV. Na pesquisa em psicologia social, o problema de pesquisa se constitui como um ponto de chegada.
V. A relação pesquisador-pesquisado é inerente ao processo investigatório em psicologia social.
- A) Somente I, II e V estão corretas.
- B) Somente I, III e IV estão corretas.
- C) Somente I, III e V estão corretas.
- D) Somente II, III e V estão corretas.
- E) Somente I e V estão corretas.
A alternativa correta é letra E) Somente I e V estão corretas.
Gabarito Letra E
Certo! Veja:
“a pesquisa não pode ser compreendida, exclusivamente, como um conjunto de técnicas utilizadas para o conhecimento da vida, mas como um recurso ligado a diferentes modos de produzir conhecimento e a história de suas legitimações. Vinculando a pesquisa às diferentes formas de produção do conhecimento, associamos a atividade de pesquisar, não exclusivamente, ao trabalho do cientista, mas a esta infindável atividade humana de tentar recobrir, com alguma racionalidade, o “desconhecido”. Atividade esta que é um imperativo de sobrevivência e, portanto, fala da vida e das suas múltiplas formas de expressão, inscrevendo-se no nosso cotidiano e não se restringindo às regradas e controladas situações de laboratório.”
II. A pesquisa em Psicologia Social, ao contrário do que se pensa, não relativiza a importância de separação entre indivíduo e o coletivo, pois o conceito de subjetividade diz respeito apenas ao indivíduo e seu psiquismo.
Errado. A pesquisa em psicologia social faz, sim, essa relativização.
“Além de incorporar a problematização quanto à objetividade científica a partir do questionamento do critério de verdade enquanto “Verdade-Absoluta”, qualificada criticamente por Morin (1986, p. 79) como “Ciência-Solução”, “CiênciaFarol” ou “Ciência-Guia” e à neutralidade do cientista e consequente separação entre teoria e prática social, a pesquisa em Psicologia Social, nos anos 1990, assume outras peculiaridades. Adota como suporte uma concepção de ciência que propõe a complexificação, a pluralidade teórico-metodológica (rompendo o falso dilema de evocar UM objeto, de almejar UMA unicidade para dar conta da complexidade do real), a intersecção de diferentes áreas do conhecimento e a prática interdisciplinar e, ainda, uma preocupação ética em relação aos seus compromissos sociais e políticos. Desta forma, relativiza o tensionamento entre o científico e o político, a teoria e a prática. Do mesmo modo, relativiza a importância da separação entre o indivíduo e o coletivo através da redefinição da noção de subjetividade e de uma concepção de homem em que as dimensões individual e social se interpenetram.”
III. A pesquisa quantitativa não se constitui em recurso da psicologia social.
Errado. A pesquisa quantitativa pode, sim, ser um recurso.
“Cabe ressaltar, no entanto, que a pesquisa quantitativa pode constituir-se em importante recurso para a pesquisa em psicologia social, dependendo da temática a ser pesquisada. Estudos populacionais na área da saúde (os estudos em epidemiologia, por exemplo) são fontes fundamentais para o conhecimento das condições de vida social. A metáfora utilizada por Montero (1996) para explicitar a discussão entre a pesquisa qualitativa e quantitativa é bastante esclarecedora. Refere a autora que se quisermos conhecer uma floresta no seu aspecto geral, recobrindo ao máximo possível a totalidade de sua extensão, devemos pegar um helicóptero e sobrevoá-la. Se quisermos conhecer os caminhos “internos” da floresta, aprofundar nosso conhecimento sobre as árvores e sobre as particularidades do local, deveremos abandonar o helicóptero e andar pela floresta. Não teremos, possivelmente, uma visão do conjunto, mas seremos capazes de descrever e interpretar de modo mais aprofundado os caminhos que percorremos.”
IV. Na pesquisa em psicologia social, o problema de pesquisa se constitui como um ponto de chegada.
Errado. O problema de pesquisa é mais um ponto de partida que de chegada.
“A necessidade mútua de teoria e prática, na maior profundidade possível, como um princípio da pesquisa em psicologia social enseja que o problema de pesquisa se constitua muito mais como um ponto de partida do que de chegada, possível de ser reformulado, recolocado, substituído, na trajetória da pesquisa. A formulação, em geral, de questões norteadoras, visto sua maior flexibilidade e abrangência, encontra apoio na afirmativa de Morin (1986) de que as interações entre os diversos fenômenos sociais são tantos que não é possível isolá-los, e que, portanto, não se encontra um meio verdadeiramente seguro de verificação de uma hipótese em ciências humanas.”
V. A relação pesquisador-pesquisado é inerente ao processo investigatório em psicologia social.
Certo!
“Outro aspecto de vital importância na pesquisa em psicologia social é a relação pesquisador-pesquisado enquanto inerente ao processo investigatório. A recusa de aceitação do postulado de distanciamento entre sujeito e objeto de pesquisa e o princípio ético de que a ciência não pode ser apropriada tão somente por grupos dominantes, propõem a participação efetiva da população pesquisada no processo e a socialização do conhecimento produzido. Atendendo a estes propósitos é que a pesquisa-ação e a pesquisa participante se constituíram em importantes estratégias de pesquisa em psicologia social, ainda que não sejam as únicas estratégias neste campo.”
Assim, apenas I e V estão corretas.
Gabarito Letra E.
Referência
Maria da Graça Corrêa, et.al. Psicologia social contemporânea, livro texto. Petrópolis: Rio de Janeiro, 1998
270) Não se constitui em um pressuposto de pesquisa em psicologia social:
- A) compromisso ético-político.
- B) relativização da verdade.
- C) complexidade.
- D) neutralidade do pesquisador.
- E) necessidade mútua de teoria e prática.
A alternativa correta é letra D) neutralidade do pesquisador.
Gabarito Letra D
Não se constitui em um pressuposto de pesquisa em psicologia social:
a) compromisso ético-político.
b) relativização da verdade.
c) complexidade.
d) neutralidade do pesquisador.
e) necessidade mútua de teoria e prática.
A pesquisa em psicologia social tem como pressuposto a não neutralidade do pesquisador, além de todos os outros apresentados nas outras alternativas.
“A discussão sobre o “científico” tem várias consequências, sendo importante ressaltar seus efeitos na concepção sobre a pesquisa científica e, em especial, sobre metodologia. Neste caso, ressalta-se a subordinação das estratégias metodológicas às teorias explicativas escolhidas pelo pesquisador. Como apontam-nos alguns autores, “[...] o método está vinculado a uma concepção de realidade e de vida em seu conjunto” (FRIGOTTO, 1989, p. 77) e “[...] método é instrumento, caminho, procedimento e por isso nunca vem antes da concepção de realidade. Para se colocar como captar, é mister ter-se ideia do que captar (DEMO, 1990, p. 24). No caso de psicologia social tais teorias explicativas geralmente estão fundadas em uma concepção de natureza humana, de relação indivíduo-sociedade e de necessidade e (im)possibilidade de transformação social. Com base no pressuposto de complexidade, onde uma teoria é incapaz de dar conta do conhecimento do real como um todo e muito menos fornecer todas as respostas passíveis de serem levantadas, há sempre uma opção teórica pelo pesquisador que vai determinar suas escolhas metodológicas. Nessa concepção, os procedimentos metodológicos não são vistos como técnicas desvinculadas dos pressupostos derivados da teoria, mas como estratégias utilizadas para integrar o empírico e o teórico. Essas ideias trazem efeitos importantes para a pesquisa em psicologia social, alterando a forma de conceber e realizar a pesquisa nesta área. Ao tomar como pressupostos a complexidade, a relativização da verdade, a não neutralidade do pesquisador, entre outros, pressionam para transformações importantes no desenho da pesquisa, coleta, análise e interpretação, em geral mais identificadas com as abordagens qualitativas da pesquisa.”
Nosso gabarito é Letra D.
Referência
Maria da Graça Corrêa, et.al. Psicologia social contemporânea, livro texto. Petrópolis: Rio de Janeiro, 1998