Questões Sobre Psicologia Social - Psicologia - concurso
271) O estudo da relação entre saúde mental e trabalho tem sido desenvolvido a partir de várias perspectivas teórico-metodológicas. É pertinente, ao estudo dessa relação na perspectiva da psicologia social crítica, considerar que
- A) o estudo de processos intrapsíquicos, dentre eles, as defesas construídas pelos trabalhadores, possibilita conhecer o sofrimento mental decorrente da organização social do trabalho e desenvolver intervenções relativas a essas formas de sofrimento.
- B) a prática psicológica aplicada criticamente ao contexto laboral pode produzir equilíbrio, harmonia e cooperação a partir do emprego de estratégias de identificação dos conflitos psicológicos e sua canalização para a eficiência da organização.
- C) as transformações contemporâneas no mundo do trabalho exigem uma prática psicológica especializada, voltada para a avaliação de efeitos neuropsicológicos consequentes à exposição a processos mecânicos e/ou químicos no ambiente de trabalho.
- D) as transformações contemporâneas no mundo do trabalho e suas implicações nas subjetividades dos trabalhadores precisam ser compreendidas como processos históricos e sociais, e essa compreensão rompe com a tendência de a psicologia trabalhar a serviço da adaptação dos trabalhadores à empresa e do aumento na produtividade.
A alternativa correta é letra D) as transformações contemporâneas no mundo do trabalho e suas implicações nas subjetividades dos trabalhadores precisam ser compreendidas como processos históricos e sociais. Essa perspectiva é central na psicologia social crítica, que busca entender como as estruturas sociais e as relações de poder influenciam a experiência individual e coletiva dos trabalhadores.
Essa abordagem contrasta com a visão tradicional que tende a focar na adaptação dos trabalhadores às demandas da empresa, muitas vezes ignorando as condições mais amplas que afetam a saúde mental e o bem-estar. Ao invés de se concentrar apenas na produtividade e na adaptação, a psicologia social crítica enfatiza a necessidade de uma análise mais profunda das condições de trabalho e de como elas se relacionam com a saúde mental, considerando os aspectos históricos e sociais que moldam essas condições.
272) As origens da exclusão social da loucura estão na ascensão da burguesia européia, em meados do século XVII. Ao combater a ociosidade, numa bem sucedida empreitada, a burguesia isolou todos aqueles que não tomavam parte na produção, na circulação e no acúmulo de riquezas em casas de internação. Considerando histórica e criticamente as relações entre saúde mental e trabalho, é correto afirmar:
- A) No capitalismo contemporâneo, a exacerbação da competitividade, do consumo e do individualismo cria novas estratégias as quais, apesar de produzirem adoecimento mental nos trabalhadores, são mais inclusivas em relação às pessoas que não ingressam no mundo do trabalho por serem portadoras de graves transtornos mentais.
- B) As pessoas portadoras de transtornos mentais graves são excluídas do mundo do trabalho e, atualmente, no campo da atenção psicossocial, as formas de tratamento a elas dirigidas são baseadas no isolamento social e em práticas terapêuticas que envolvem habilidades laborais, conhecida como “praxiterapia”.
- C) As pessoas portadoras de transtornos mentais graves são excluídas do mundo do trabalho, e, atualmente, no campo da atenção psicossocial, são desenvolvidas novas estratégias de reinserção social para atender a lógica de mercado, tornando-as produtivas.
- D) Atualmente, a produção do cuidado em liberdade e a reinserção social por meio de iniciativas de trabalho e geração de renda que possibilitem novas contratualidades sociais, considerando os limites e as possibilidades de cada sujeito, são desafios para o campo da saúde mental e o da atenção psicossocial.
A alternativa correta é letra D) Atualmente, a produção do cuidado em liberdade e a reinserção social por meio de iniciativas de trabalho e geração de renda que possibilitem novas contratualidades sociais, considerando os limites e as possibilidades de cada sujeito, são desafios para o campo da saúde mental e o da atenção psicossocial.
Esta alternativa é correta porque reflete a evolução das práticas de saúde mental, que se afastam do isolamento e buscam a integração social e econômica das pessoas com transtornos mentais graves. A ênfase está na criação de oportunidades que respeitem a individualidade e promovam a autonomia, em contraste com práticas anteriores que muitas vezes marginalizavam esses indivíduos. As iniciativas de trabalho e geração de renda são vistas como meios de reinserção social que contribuem para a recuperação e o bem-estar, alinhando-se com os princípios contemporâneos de cuidado em saúde mental que priorizam a liberdade e a dignidade do indivíduo.
273) Em relação à Teoria da Representação Social, que mudou significativamente os estudos na área da Psicologia Social, avalie as afirmativas abaixo:
I – O trabalho do sociólogo Emile Durkeim influenciou a Teoria das Representações Sociais.
II– De acordo com a Teoria das Representações Sociais, os julgamentos dos indivíduos são influenciados pelos valores de seu meio cultural.
III– De acordo com Serge Moscovici, as representações sociais são influenciadas apenas pelos grupos majoritários.
Assinale a alternativa correta:
- A) apenas a afirmativa I está correta.
- B) apenas a afirmativa II está correta.
- C) apenas as afirmativas I e II estão corretas.
- D) apenas as afirmativas II e III estão corretas.
- E) todas as afirmativas estão corretas.
A alternativa correta é letra C) apenas as afirmativas I e II estão corretas.
A Teoria da Representação Social, desenvolvida por Serge Moscovici, é uma teoria fundamental na Psicologia Social que busca entender como o conhecimento e a comunicação influenciam a formação de conceitos comuns dentro de uma sociedade. Vamos analisar as afirmativas:
- I – Correta. Emile Durkheim, um sociólogo renomado, teve uma influência significativa na Teoria das Representações Sociais. Ele introduziu a ideia de que as crenças e os comportamentos coletivos da sociedade podem se cristalizar em representações que exercem poder sobre os indivíduos.
- II – Correta. A Teoria das Representações Sociais afirma que os julgamentos e as atitudes dos indivíduos são moldados pelos valores, ideias e práticas do seu contexto cultural. Isso significa que as representações sociais são construídas coletivamente e influenciam a maneira como as pessoas percebem e reagem ao mundo ao seu redor.
- III – Incorreta. Serge Moscovici argumentou que as representações sociais são formadas tanto por grupos majoritários quanto minoritários dentro de uma sociedade. Portanto, não são influenciadas apenas pelos grupos majoritários, como sugere a afirmativa III.
Portanto, as afirmativas I e II estão corretas, fazendo da opção C a resposta correta para a questão.
274) A proposta de Martín-Baró (1989) de uma teoria dialética sobre o grupo humano se constrói a partir de uma análise crítica sobre as teorias grupais. O autor compreende que na sociedade atual, o grupo na sua singularidade expressa múltiplas determinações e as contradições presentes no capitalismo; ele aponta três grandes problemas da maioria dos modelos utilizados pela psicologia social tradicional:
- A) a perspectiva generalista, a ideia de neutralidade científica e o a-historicismo.
- B) a perspectiva universalista, a ideia de neutralidade científica e o a-historicismo.
- C) o a-historicismo, a pseudoneutralidade científica e política e a perspectiva universalista.
- D) a parcialidade dos paradigmas predominantes, a perspectiva individualista e o a-historicismo.
- E) a parcialidade dos paradigmas predominantes, a perspectiva generalista e a ideia de neutralidade científica.
Resposta: A alternativa correta é letra D) a parcialidade dos paradigmas predominantes, a perspectiva individualista e o a-historicismo.
Explicação: Martín-Baró criticava a tendência da psicologia social tradicional de adotar uma visão que não considera as condições históricas e sociais que influenciam os grupos humanos. Ele argumentava que muitos modelos psicológicos eram parciais porque favoreciam paradigmas dominantes que não representavam a diversidade de experiências humanas. Além disso, a perspectiva individualista ignorava a importância das relações sociais e das estruturas coletivas. O a-historicismo, por sua vez, se refere à negligência das dimensões temporais e históricas que moldam os comportamentos e as interações sociais.
275) Por vezes, a juventude é definida por sua característica revolucionária, de potência positiva e transformadora . Em outras circunstâncias, a juventude é identificada como geradora de problemas para a sociedade e como um modo de vida que exige cuidados específicos. Nos últimos anos, em nosso país, tem havido maior investimento em programas de políticas públicas de juventude que visam instituir projetos que têm como um de seus objetivos:
- A) julgar situações dos jovens em conflito com a lei.
- B) focar a parcela da juventude que não está em situação de vulnerabilidade social.
- C) atuar de forma desarticulada, evitando a formação de galeras, turmas, grupos e gangues de jovens que são prejudiciais para a sociedade como um todo.
- D) divulgar as informações relevantes ao direito à qualidade e segurança dos alimentos, de modo a facilitar o acesso de todos os jovens a mecanismos destinados a garantir esse direito.
- E) resolver problemas enfrentados por parcelas da população jovem e relacionados ao acesso à educação, à saúde e ao trabalho.
A alternativa correta é letra E) resolver problemas enfrentados por parcelas da população jovem e relacionados ao acesso à educação, à saúde e ao trabalho.
Gabarito proposto: Letra E
Por vezes, a juventude é definida por sua característica revolucionária, de potência positiva e transformadora . Em outras circunstâncias, a
juventude é identificada como geradora de problemas para a sociedade e como um modo de vida que exige cuidados específicos. Nos últimos anos, em nosso país, tem havido maior investimento em programas de políticas públicas de juventude que visam instituir projetos que têm como um de seus objetivos:
a) julgar situações dos jovens em conflito com a lei.
Errado. As políticas públicas nunca tem como objetivo julgar determinado grupo.
b) focar a parcela da juventude que não está em situação de vulnerabilidade social.
Errado. As políticas públicas focam a parcela da população em situação de maior vulnerabilidade.
c) atuar de forma desarticulada, evitando a formação de galeras, turmas, grupos e gangues de jovens que são prejudiciais para a sociedade como um todo.
Errado. Políticas que favoreçam a socialização em atividades saudáveis são benéficas para os jovens e para a população.
d) divulgar as informações relevantes ao direito à qualidade e segurança dos alimentos, de modo a facilitar o acesso de todos os jovens a mecanismos destinados a garantir esse direito.
Errado. Qualidade e segurança dos alimentos não é um objetivo específico de políticas públicas da juventude.
e) resolver problemas enfrentados por parcelas da população jovem e relacionados ao acesso à educação, à saúde e ao trabalho.
Certo!
“Para o início da análise do material mencionado, cabe fazermos uma breve pontuação de algumas questões em relação aos programas de políticas públicas de juventude implementados no Brasil. Nos últimos anos, em nosso país, tem havido maior investimento em programas de políticas públicas de juventude (Lima & Minayo-Gomez, 2003; Sposito & Carrano, 2003; Sposito & Corrochano, 2005; Sposito, Silva, & Souza, 2006; Tommasi, 2004; UNESCO, 2004). Esses programas visam instituir projetos que, de forma geral, objetivam resolver problemas enfrentados por parcelas da população jovem em sua inserção na ordem social vigente como aqueles relacionados ao acesso à educação, à saúde e ao trabalho; ou referentes a situações caracterizadas como em conflito com a lei. São programas variados em seus enfoques, estratégias, objetivos e modelos. Mas, de modo geral, podemos perceber uma concentração em seu direcionamento: tomam como foco a parcela da juventude qualificada como estando em situação de maior vulnerabilidade social.”
Fonte:
Frezza, Marcia, Maraschin, Cleci e Santos, Nair Silveira dos. Juventude como problema de políticas públicas. Psicologia & Sociedade [online]. 2009, v. 21, n. 3 [Acessado 7 Julho 2021] , pp. 313-323.
276) Sexo e gênero são muitas vezes utilizados como sinônimos, em especial, quando evocados pelo senso comum, todavia, trata-se de conceitos que abarcam aspectos distintos da vida humana. As diferenças sexuais estão atreladas às características anátomo-fisiológicas, enquanto que o gênero associa-se à capacidade humana de simbolização, e construção sócio-histórica. Na charge abaixo, percebemos a construção de um estereótipo que subjulga o gênero feminino a um lugar doméstico próprio da cultura machista.
(Fonte: http://blogdoparrini.blogspot.com.br/2013/10/so-para-homens-mulheres-nao-sao-bem.html – visualizado em 21/03/2014).
Tendo por base as concepções da Psicologia Social sobre o tema do gênero, escolha a resposta mais adequada ao entendimento contemporâneo sobre o tema.
- A) Os estudos transculturais nos mostram dois aspectos universais sobre o gênero: gênero não é idêntico a sexo, e as questões de gênero não estão associadas à divisão sexual do trabalho, uma vez que as divisões do trabalho são sociais.
- B) As variantes culturais no gênero adulto impedem que as preferências sexuais de um determinado sujeito criem outros papéis de gênero, a troca de gênero, ou mesmo que se adotem os papéis procriativos de outro gênero.
- C) As teorias sociobiológicas consideram que a subordinação aumenta a adaptação, atribuindo a dominação masculina à seleção natural e aos aspectos culturais presentes na sociedade.
- D) As teorias estruturalistas de gênero apresentam a subordinação feminina como um fenômeno cultural, ora porque as mulheres foram associadas ao domínio doméstico, ora graças à divisão do trabalho por gênero.
- E) A Psicologia compreende que a formação dos estereótipos femininos está associada à fragilidade biológica da mulher frente à tirania masculina. Este aspecto incontestável da natureza, filogenética e ontogenética, acaba por conceder ao homem o lugar da força.
A alternativa correta é letra D) As teorias estruturalistas de gênero apresentam a subordinação feminina como um fenômeno cultural, ora porque as mulheres foram associadas ao domínio doméstico, ora graças à divisão do trabalho por gênero.
Esta resposta é a mais adequada pois reflete o entendimento contemporâneo de que as diferenças de gênero não são meramente biológicas, mas também construções sociais e culturais. A subordinação feminina é vista como resultado de estruturas sociais que historicamente colocaram as mulheres em posições de menor poder, frequentemente limitadas ao espaço doméstico. Essa divisão de trabalho por gênero é uma construção social que perpetua estereótipos e desigualdades, e não uma consequência inevitável de diferenças biológicas entre homens e mulheres.
277) Raul Seixas escreveu uma das canções brasileiras mais interessantes para a associação com o tema da Identidade pela ótica psicossociológica, nestes versos:
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou
Se hoje sou estrela, amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio, amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator
Prefiro ser esta metamorfose ambulante.
(Raul Seixas)
Sobre o tema da Identidade para a Psicologia Sócio-histórica, marque a opção que está mais adequada do ponto de vista teórico:
- A) Mesmo diante da pluralidade de teorias sobre a identidade, presente na Psicologia, o conceito de "self" ou "self-concept", como entendido por neurocientistas norte-americanos e psicólogos humanistas de origem europeia, é predominante também entre psicólogos sociais.
- B) A interpenetração de personagens que estruturam a identidade no contexto das relações sociais garante o processo de metamorfose da identidade, que não é cristalizado, mas movimento dialético entre estabilidade/transformação.
- C) O conceito de "identidade psicossocial" compreende os processos identitários como sociais e históricos, eliminando-se, assim, as instâncias individuais, impossíveis de depuração científica.
- D) A concepção de metamorfose, apresentada por teóricos como Antônio Ciampa, supera a concepção de estabilidade nos processos de gestão da identidade, onde o devir é a máxima que suspende o lapso estanque da estabilidade.
- E) O conceito de identidade para a Psicologia Sócio-histórica pode ser definido pelas concepções de autoconsciência ou autoimagem, dada a aproximação da teoria das identidades sociais com a construção das representações sociais.
A alternativa correta é letra B) A interpenetração de personagens que estruturam a identidade no contexto das relações sociais garante o processo de metamorfose da identidade, que não é cristalizado, mas movimento dialético entre estabilidade/transformação.
A questão está baseada no livro "Psicologia Social Contemporânea" de Jacques et al..
Vejamos os trechos utilizados como referência:
"Quando se referem ao conceito de identidade, os autores empregam expressões distintas como imagem, representação e conceito de si; em geral, referem-se a conteúdos como conjunto de traços, de imagens, de sentimentos que o indivíduo reconhece como fazendo parte dele próprio. Na literatura norte-americana, o termo consagrado é "self" ou "self-concept", correspondendo a conceito de si; a tradição europeia privilegia a noção de representação de si. A identidade pode ser representada pelo nome, pelo pronome eu ou por outras predicações como àquelas referentes ao papel social. No entanto, a representação de si através da qual é possível apreender a identidade é sempre a representação de um objeto ausente (o si mesmo). Sob este ponto de vista, a identidade se refere a um conjunto de representações que responde a pergunta "quem és".
(...)
Em parte por esta dificuldade conceptual, os sistemas identificatórios são subdivididos e a identidade passa a ser qualificada como identidade pessoal (atributos específicos do indivíduo) e/ou identidade social (atributos que assinalam a pertença a grupos ou categorias); esta última ainda recebe predicativos mais específicos como identidade étnica, religiosa, profissional, etc. Jurandir Freire Costa a (1989) emprega a qualificação "identidade psicológica" para se referir a um predicado universal e genérico definidor por excelência do humano em contraposição a apenas um atributo do eu ou de algum eu como é a identidade social, étnica ou religiosa, por exemplo.
Habermas (1990) refere-se a "identidade do eu" que se constitui com base na "identidade natural" e na "identidade de papel" a partir da integração dessas através da igualdade com os outros e da diferença em relação aos outros. Com base no pressuposto interrelacional entre as instâncias individual e social, a expressão "identidade psicossocial" vem sendo empregada (NETO, 1985), buscando dar conta desta articulação. Constata-se, portanto, o uso de predicativos diversos para qualificar os diferentes sistemas identificatórios que constituem a identidade.
(...)
Antônio Ciampa (1987), psicólogo social brasileiro que de longa data vem se dedicando ao estudo da identidade, refere-se à presença de múltiplos personagens (embora a aparência de totalidade que a identidade evoca) que ora se conservam, ora se sucedem, ora coexistem, ora se alternam. A interpenetração entre os vários personagens que, por sua vez, interpenetram-se com outros personagens no contexto das relações sociais, garantem a processualidade da identidade enquanto repetição diferenciada, emergindo um outro que também é parte da identidade. O autor emprega o termo “metamorfose” para expressar este movimento.
Se necessário se fez superar a dicotomia individual/social para compreender o processo de constituição da identidade, a noção de metamorfose implica articular estabilidade/transformação. A estabilidade é marcante no contexto da identidade, cuja etimologia remete a idem, no latim, o mesmo. Esta noção conferida ao conceito tem suscitado inúmeras críticas por não dar conta da processualidade que lhe é própria.
(...)
É importante, também, não limitar o conceito de identidade de ao autoconsciência ou autoimagem. A identidade é o ponto de referência a partir do qual surge o conceito de si e a imagem de si, de caráter mais restrito."
Fonte: "Psicologia Social Contemporânea" (Jacques et al.)
Com isso, encontramos a resposta na Letra B.
a) Mesmo diante da pluralidade de teorias sobre a identidade, presente na Psicologia, o conceito de "self" ou "self-concept", como entendido por neurocientistas norte-americanos e psicólogos humanistas de origem europeia, é predominante também entre psicólogos sociais.
b) A interpenetração de personagens que estruturam a identidade no contexto das relações sociais garante o processo de metamorfose da identidade, que não é cristalizado, mas movimento dialético entre estabilidade/transformação.
c) O conceito de "identidade psicossocial" compreende os processos identitários como sociais e históricos, eliminando-se, assim, as instâncias individuais, impossíveis de depuração científica.
d) A concepção de metamorfose, apresentada por teóricos como Antônio Ciampa, supera a concepção de estabilidade nos processos de gestão da identidade, onde o devir é a máxima que suspende o lapso estanque da estabilidade.
e) O conceito de identidade para a Psicologia Sócio-histórica pode ser definido pelas concepções de autoconsciência ou autoimagem, dada a aproximação da teoria das identidades sociais com a construção das representações sociais.
278) A Psicologia Social é definida como a área da psicologia que atua fundamentada na compreensão da dimensão subjetiva dos fenômenos sociais e coletivos, sob diferentes enfoques teóricos e metodológicos, com o objetivo de problematizar e propor ações no âmbito social (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2003).
Analise as seguintes afirmativas:
I. O psicólogo nesse campo desenvolve atividades em diferentes espaços institucionais e comunitários.
II. Seu trabalho envolve proposições de políticas e ações relacionadas à comunidade em geral e aos movimentos sociais de grupos
III. Realiza estudo, pesquisa e supervisão sobre temas pertinentes à relação do indivíduo com a sociedade, com o intuito de promover a problematização e a construção de proposições que qualifiquem o trabalho e a formação no campo da Psicologia Social.
IV. Fomenta a visão assistencialista e descaracteriza a autonomia dos indivíduos para que se mantenham em seu papel de sujeitos da sua história, condicionados aos determinantes sócio-políticos, dependentes de ajuda para os problemas enfrentados.
Sobre a atuação do Psicólogo nesse campo, está CORRETO o que se afirma
- A) nas alternativas I, II e III.
- B) nas alternativas II, III e IV.
- C) nas alternativas I e II.
- D) na alternativa IV.
- E) nas alternativas I, III, IV.
Explicação:
- I. Correta. O psicólogo social atua em diversos espaços, tanto institucionais quanto comunitários, aplicando seus conhecimentos para entender e intervir nos fenômenos sociais.
- II. Correta. Parte do trabalho do psicólogo social envolve a criação de políticas e ações que impactam a comunidade e grupos sociais, visando a melhoria das condições sociais e a promoção da justiça social.
- III. Correta. A pesquisa e a supervisão em temas que exploram a relação entre o indivíduo e a sociedade são fundamentais para a Psicologia Social, pois contribuem para a problematização e a construção de novas propostas que aprimoram tanto a prática quanto a formação na área.
- IV. Incorreta. A Psicologia Social não promove uma visão assistencialista que subtrai a autonomia dos indivíduos. Pelo contrário, ela busca empoderar os indivíduos como agentes ativos de suas próprias histórias e conscientes dos fatores sociopolíticos que os influenciam.
279) O conceito de gênero inclui diversos componentes, como identidade, valores, prestígio, regras, normas, comportamentos, sentimentos, dentre outros. As relações de gênero são, portanto, construídas pelas sociedades. Para a psicologia social a questão de gênero
- A) não é considerada objeto de estudo.
- B) discute a construção do papel de homem e de mulher na sociedade que se relacionam com determinadas normas, regras e papéis sociais.
- C) promove o enquadramento de homens e mulheres aos comportamentos vistos pela sociedade como naturais e o tratamento dos indivíduos que não estão dentro deste padrão.
- D) é um tema importante discutido especificamente nas relações de trabalho.
- E) refere-se ao biológico e por isso não tem relação com a psicologia social.
Alternativa B: A psicologia social considera o gênero como uma construção social que envolve a definição dos papéis de homens e mulheres na sociedade. Esses papéis estão associados a normas, regras e expectativas sociais que orientam o comportamento, os sentimentos e as interações entre os indivíduos. A identidade de gênero, portanto, não é algo inato ou puramente biológico, mas sim um conjunto de características e comportamentos que são aprendidos e reforçados culturalmente. Isso significa que as diferenças de gênero são influenciadas por fatores sociais e culturais, e não apenas por aspectos biológicos.
280) A Psicologia Social Crítica não busca leis universais como a Psicologia Social Tradicional, mas conhecimentos particulares. Entretanto, se estruturam em categorias universais, tais como: atividade, representação social, consciência social, identidade social e outras. Sobre o objeto de estudo da Psicologia Social Critica, é CORRETO afirmar.
- A) A Psicologia Social Crítica tem como objeto de estudo o comportamento do Homem.
- B) A Psicologia Social Crítica tem como objeto de estudo a linguagem, e o desenvolvimento cognitivo.
- C) A Psicologia Social Crítica tem como objeto de estudo o comportamento do Homem em interação com o social.
- D) A Psicologia Social Crítica tem como objeto de estudo a sexualidade humana e a sua reprodução.
- E) Todas as alternativas estão corretas.