Questões Sobre Psicologia Social - Psicologia - concurso
51) M. J. Spink trata da Psicologia Social da Saúde como um campo ampliado de atuação do psicólogo nas instituições de saúde, que tem como características principais a atuação centrada em uma perspectiva
- A) social, na qual as relações interpessoais na família serão valorizadas.
- B) individual e o respeito aos valores da origem e estrutura familiar.
- C) sistêmica, na qual todas as pessoas da comunidade serão consideradas.
- D) coletiva e o comprometimento com os direitos sociais e com a cidadania.
- E) pessoal, na qual os desejos e as necessidades do atendido serão considerados.
A alternativa correta é a letra D) coletiva e o comprometimento com os direitos sociais e com a cidadania.
Explicação:
A Psicologia Social da Saúde, conforme abordada por M. J. Spink, enfatiza uma atuação que transcende a esfera individual, estendendo-se ao coletivo. Isso implica um compromisso com os direitos sociais e a promoção da cidadania, reconhecendo que a saúde é influenciada por fatores sociais, econômicos e políticos. A perspectiva coletiva considera a saúde como um direito de todos e busca a equidade no acesso aos serviços de saúde, bem como a participação da comunidade nas decisões que afetam sua saúde e bem-estar.
52) Em psicologia social, segundo Rodrigues, Assmar e Jablonski (2003), as atitudes sociais são integradas por três componentes que se influenciam mutuamente em direção a um estado de harmonia. Qualquer mudança em um dos três componentes pode resultar numa mudança de atitude. Qual das opções abaixo indica esses componentes?
- A) Cognitivo, afetivo e comportamental.
- B) Afetivo, comportamental e motivacional.
- C) Comportamental, motivacional e grupal.
- D) Motivacional, grupal e experimental.
- E) Grupal, experimental e emocional.
53) Uma pesquisa realizada em cinco empresas japonesas identificou um comportamento particular entre seus funcionários. Nelas, os empregados que faltavam ao serviço tiveram suas fotos expostas num quadro que chama a atenção para seus comportamentos. Esse tipo de punição foi aplicada pelos próprios companheiros de trabalho. Esse comportamento pode ser explicado pela Psicologia Social, especificamente pela teoria da dissonância cognitiva de Festinger.
Segundo essa perspectiva teórica, a
- A) busca de consistência nos sistemas cognitivos (autoconceito) de um indivíduo pode justificar sua aceitação de condições externas desfavoráveis a si próprio.
- B) avaliação cognitiva de uma situação externa está subordinada às idéias impostas pelas figuras investidas de autoridade pelo grupo.
- C) manutenção constante de um sistema organizado e coerente de normas para punição é necessário à manutenção da hierarquia de uma organização.
- D) incoerência entre o sistema cognitivo de um trabalhador e o sistema de normas de uma empresa determina a descarga de conteúdos agressivos no ambiente.
- E) intensificação de fantasias inconscientes de perda da aceitação do grupo aumenta a necessidade de punir funcionários que apresentam comportamento dissonante.
A alternativa correta é letra A) busca de consistência nos sistemas cognitivos (autoconceito) de um indivíduo pode justificar sua aceitação de condições externas desfavoráveis a si próprio.
Explicação:A teoria da dissonância cognitiva de Festinger sugere que há um impulso dentro dos indivíduos para manter a consistência entre suas crenças, valores e comportamentos. Quando ocorre uma inconsistência (dissonância), as pessoas tendem a se sentir psicologicamente desconfortáveis e são motivadas a reduzir essa dissonância, seja mudando suas crenças, justificando o comportamento ou mudando o comportamento em si.
No contexto da questão, os funcionários que faltaram ao serviço e tiveram suas fotos expostas podem ter experimentado dissonância cognitiva, pois a exposição pública de seu comportamento entra em conflito com a sua autoimagem ou autoconceito. Para reduzir essa dissonância, eles podem justificar a aceitação dessa punição como um meio de alinhar seu comportamento (faltar ao serviço) com as expectativas do grupo, buscando assim uma consistência interna em seus sistemas cognitivos.
54) Sílvia Lane detecta categorias de produção grupal, que define como categoria de produção, categoria de dominação e categoria grupo-sujeito. Relacione as colunas abaixo:
I. Categoria de produção.
II. Categoria de dominação.
III. Categoria grupo-sujeito.
A. A produção das satisfações de necessidades do grupo está diretamente relacionada com a produção das relações grupais. O processo grupal caracteriza-se como atividade produtiva de caráter histórico.
B. Trata-se do nível de resistência à mudança apresentada pelo grupo.
C. Os grupos tendem a reproduzir as formas sociais de dominação. Mesmo um grupo de características democráticas tende a reproduzir certas hierarquias comuns ao modo de produção dominante.
A seqüência está correta em:
- A) I – A; II – C; III – B
- B) I – C; II – B; III – A
- C) I – B; II – C; III – A
- D) I – A; II – B; III – C
- E) I – B; II – A; III – C
A alternativa correta é letra A) I – A; II – C; III – B
A resposta pode ser encontrada no capítulo "Psicologia Institucional e Processo Grupal" do livro de Silvia Lane. Como na questão basta fazermos a associação correta, vamos acrescentar alguns conteúdos a respeito das categorias propostas pela autora:
I. Categoria de produção
A autora destaca que essa categoria pode ser entendida como "influência subjetiva da dinâmica do grupo no seu produto final, na realização de seus objetivos;
II. Categoria de dominação
O exemplo que a autora cita para essa categoria é o trabalho em uma fábrica, onde o grupo tende a ser verticalizado. Esse esquema pode ser transferido para o grupo familiar do funcionário;
III. Categoria grupo-sujeito
Essa categoria tem a função de criticar as formas autoritárias de organização e procurar definir contrapontos para tais gestões.
Considerando as informações acima, podemos dizer que está correta a seguinte opção: I – A; II – C; III – B
Fonte: Lane, S. T. M. & Codo, W. Psicologia Social: o homem em movimento. São Paulo, Ed. Brasiliense,1982
55) Lane (1985) argumenta que a psicologia social passa a rever a noção de pequenos grupos, a partir da contribuição de alguns autores, na análise dos processos grupais.
Relacione autor e contribuição, assinalando a opção correta:
- A) 1a; 2d; 3b; 4c; 5e
- B) 1b; 2c; 3d; 4a; 5e
- C) 1c; 2a; 3e; 4d; 5b
- D) 1e; 2b; 3c; 4a; 5d
- E) 1d; 2e; 3a; 4b; 5c
A alternativa correta é letra E) 1d; 2e; 3a; 4b; 5c.
Explicação:Essa alternativa reflete corretamente as contribuições dos autores para a psicologia social no que diz respeito à análise dos processos grupais. Cada autor listado contribuiu de maneira significativa para a compreensão e o estudo dos pequenos grupos, o que é fundamental para a psicologia social. A alternativa E organiza essas contribuições de forma que corresponde ao que é reconhecido na literatura da área.
56) Sawaia(1996) discute o surgimento do conceito comunidade no campo da Psicologia: “Aparece como referencial analítico apenas nos anos 70, quando um ramo da psicologia social se autoqualificou de comunitária. Assim fazendo, definiu intencionalidades e destinatários para apresentar-se como ciência comprometida com a realidade estudada, especialmente com os excluídos da cidadania.”
A opção que NÃO corresponde à análise desenvolvida pelo autor a respeito é:
- A) a descoberta da comunidade fez parte de um movimento mais amplo de avaliação crítica do papel social das ciências e do questionamento do paradigma da neutralidade científica;
- B) a grande produção de pesquisas, relatórios de práticas e reflexões gestadas nos anos 70 e 80, permite uma avaliação responsável, à luz das questões éticas postas pela modernidade contemporânea e até então preferidas pelo atrelamento dos estudos de comunidade ao confronto exclusivo entre modernidade versus revolução e integração versus conflito;
- C) comunidade tornou-se referencial de análise que permite olhar a sociedade do ponto de vista do vivido, sem cair no psicologismo reducionista e pesquisar segundo procedimentos até então próprios da antropologia como a observação participante e estudos de caso;
- D) na psicologia comunitária norte-americana a concepção de mudança está acoplada à modernização dos setores atrasados epobres, visando a sua adaptação ao capitalismo avançado e na psicologia comunitária latino-americana, a mudança é concebida como transformação de uma sociedade exploradora;
- E) o corpo teórico da psicologia comunitária apresentou avanços positivos na medida em que começou a superar a cisão entre subjetividade e objetividade.
A alternativa correta é letra B. A análise de Sawaia (1996) sobre o surgimento do conceito de comunidade na Psicologia Social indica que a comunidade começou a ser vista como um referencial analítico importante nos anos 70, marcando um movimento de crítica à neutralidade científica e um compromisso com as realidades sociais, especialmente com os excluídos da cidadania. A alternativa B não corresponde à análise do autor porque sugere que a produção acadêmica dos anos 70 e 80 permitiu uma avaliação responsável à luz das questões éticas da modernidade contemporânea, o que implica uma preferência por estudos de comunidade focados exclusivamente no confronto entre modernidade versus revolução e integração versus conflito. Isso contradiz a perspectiva de Sawaia, que enfatiza um compromisso com a realidade social e os excluídos, em vez de um foco limitado a dicotomias como modernidade versus revolução.
57) Sawaia (1996) problematiza o conceito comunidade a partir da seguinte afirmativa: “O predicado comunitário contém valores específicos que permitem o amadurecimento e desenvolvimento das potencialidades humanas nos espaços particulares do cotidiano (…)” Heller,1987.
Nessa concepção é possível afirmar:
I a comunidade rompe com a dicotomia clássica entre coletividade e individualidade;
II se comunidade contém individualidade, pode ser trabalhada como unidade consensual, sujeito único;
III a expressão tão cara à prática comunitária nos anos 70 – conscientização – deve ser ampliada para abarcar não só a “tomada de consciência”, como também a “tomada de inconsciência”.
Assinale a opção correta:
- A) as afirmativas I e II estão corretas
- B) as afirmativas I e III estão corretas
- C) somente a afirmativa II está correta
- D) as afirmativas II e III estão corretas
- E) todas as afirmativas estão corretas
Resposta: A alternativa correta é letra B) as afirmativas I e III estão corretas.
Explicação:
A afirmativa I está correta porque a comunidade, como um espaço de relações interpessoais, permite a coexistência e interação entre a coletividade e a individualidade, sem que uma anule a outra. Isso contribui para o desenvolvimento das potencialidades humanas.
A afirmativa II não está correta porque, embora a comunidade contenha individualidades, ela não pode ser reduzida a uma unidade consensual ou a um sujeito único. A diversidade de indivíduos e a pluralidade de opiniões e interesses são características intrínsecas das comunidades.
A afirmativa III está correta ao sugerir que o conceito de conscientização deve ser expandido. A conscientização envolve não apenas a compreensão da realidade (tomada de consciência), mas também o reconhecimento de limitações e aspectos não conscientes (tomada de inconsciência), o que pode levar a uma compreensão mais profunda e a ações mais efetivas na prática comunitária.
58) Freitas (1996) assinala que a todo e qualquer processo de trabalho e de produção de conhecimento existem determinações históricas e políticas que os influenciam. Nessa via de pensamento estabelece considerações quanto às práticas da psicologia em comunidade, em diferentes momentos históricos no Brasil.
De acordo com a discussão desenvolvida pela autora é INCORRETO afirmar:
- A) com a instauração do regime militar em março de 1964, o governo põe fim a vários direitos civis, enquanto as contradições existentes na realidade social vão criando situações concretas na vida das pessoas, sobre as quais vários profissionais passam a atuar;
- B) as práticas da psicologia em comunidade deveriam ser discutidas e construídas de tal modo que pudessem colaborar para a construção da identidade e para o desenvolvimento de uma consciência crítica nas pessoas no seu cotidiano;
- C) as práticas da psicologia em comunidade deveriam ser discutidas e construídas de tal modo que pudessem colaborar para a construção da identidade e para o ressurgimento de uma consciência social;
- D) os instrumentos e os modelos filosóficos implícitos na atuação do psicólogo – seja na prática clínica ou educacional – foram transpostos para a prática em comunidade havendo uma ênfase do seu papel como promotor de saúde;
- E) a psicologia social crítica, fundamentada em uma concepção histórico- dialética, influenciou a construção, em alguns trabalhos, de instrumentos condizentes com essa perspectiva,
A alternativa C é considerada incorreta no contexto da questão. A psicologia em comunidade, especialmente em períodos de repressão como o regime militar no Brasil, teve um papel importante na construção da identidade e no desenvolvimento de uma consciência crítica. No entanto, o ressurgimento de uma consciência social não é algo que pode ser atribuído unicamente às práticas da psicologia em comunidade, pois envolve um processo mais amplo e complexo que inclui diversos fatores sociais, políticos e culturais.
As práticas da psicologia em comunidade são influenciadas por determinações históricas e políticas, e devem ser construídas de modo a colaborar para a conscientização crítica das pessoas. Isso envolve entender as contradições sociais e atuar sobre elas, promovendo saúde e bem-estar, mas também reconhecendo que a consciência social é parte de um movimento maior de transformação social que vai além da atuação isolada da psicologia.
59) Sawaia (1996) assinala que a sociedade assolada pelo processo de globalização, de um lado presencia a queda de todas as fronteiras tradicionais e de outro, se depara com novas/velhas formas de diferenciação e segregação, o que coloca:
- A) a informação e feedback como figuras proeminentes da vida social digna, obrigando os estudos de comunidade a retomarem a sua gênese, para recuperar seu substrato ético-simbólico, não só como categoria de identidade, mas também de alteridade.
- B) a alteridade e identidade como figuras proeminentes da vida social digna, obrigando os estudos de comunidade a retomarem a sua gênese, para recuperar seu substrato ético-simbólico, não só como categoria de integração, mas também de heteronomia.
- C) a alteridade e identidade como figuras proeminentes da vida social digna,obrigando os estudos de comunidade a retomarem a sua gênese, para recuperar seu substrato ético-simbólico, não só como categoria de conformação, mas também de autonomia.
- D) a alteridade e identidade como figuras proeminentes da vida social digna, obrigando os estudos de comunidade a retomarem a sua gênese, para recuperar seu substrato ético-simbólico, não só como categoria de integração, mas também de autonomia.
- E) a informação e feedback como figuras proeminentes da vida social digna, obrigando os estudos de comunidade a retomarem a sua gênese, para recuperar seu substrato ético-simbólico, não só como categoria de identidade, mas também de heteronomia.
Resposta: A alternativa correta é a letra D.
Explicação: Sawaia (1996) destaca que a globalização trouxe consigo uma paradoxal dinâmica de eliminação de fronteiras tradicionais, ao mesmo tempo em que novas formas de diferenciação e segregação surgem. Nesse contexto, a alteridade (o reconhecimento do outro) e a identidade (a compreensão de si mesmo em relação aos outros) emergem como elementos centrais para uma vida social digna. Isso exige que os estudos de comunidade revisitem suas origens para resgatar seu fundamento ético-simbólico. Essa revisitação é necessária não apenas para entender a integração social, mas também para promover a autonomia, permitindo que as pessoas tenham o poder de agir de acordo com seus próprios valores e princípios, em vez de serem controladas por forças externas (heteronomia).
60) Para Guattari e Rolnik (1993) O trabalhador social – atua de alguma maneira na produção de subjetividade: Ou vão fazer o jogo dessa reprodução de modelos que não nos permitem criar saídas para os processos de singularização, ou, ao contrário vão estar trabalhando para o funcionamento desses processos na medida de suas possibilidades e dos agenciamentos que consigam pôr para funcionar.
Isto quer dizer que:
- A) há implicação e liberdade de ação na relação
- B) há objetividade, mas também implicação na relação
- C) não há objetividade científica, nem uma suposta neutralidade na relação.
- D) há objetividade científica, mas não neutralidade na relação
- E) há compromisso social e neutralidade
Alternativa C: "não há objetividade científica, nem uma suposta neutralidade na relação."
Esta afirmação reflete a visão de Guattari e Rolnik sobre o papel do trabalhador social na produção de subjetividade. Eles argumentam que o trabalhador social pode tanto perpetuar modelos existentes que limitam a criação de novas formas de singularização, quanto contribuir para processos que promovam a singularização. A falta de "objetividade científica" sugere que não existe uma verdade única e imparcial na prática social, enquanto a "suposta neutralidade" indica que o trabalhador social sempre atua dentro de um contexto de valores e interesses, o que influencia a produção de subjetividade.