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“A depressão, embora descrita fenomenologicamente de forma muito clara nas classificações atuais, apresenta-se nos mais variados contextos psicológicos, biológicos e sociais. Existem milhares de situações nas quais a depressão pode ser de difícil tratamento. Exemplos seriam quadros que preenchem critérios para depressão resistente, quadros de         não-resposta ao tratamento inicial, casos onde a aderência é complicada, onde a comorbidade ou grupos sindrômicos em eixo I ou II atrapalham o tratamento ou, ainda, situações de risco de suicídio. Além disso, variadas circunstâncias atípicas de vida e uma infinidade de situações que, em geral, tentamos incluir no modelo biopsicossocial de abordagem podem também interferir no tratamento.” 

(Trevisan, 2004.) 

 

Os autores de orientação analítica, baseando-se na referida concepção e nos escritos de Freud, vêm propondo dois entendimentos a respeito da depressão: a anaclítica e a introjetiva. A respeito da depressão introjetiva, é correto afirmar que

Resposta:

A alternativa correta é letra D) caracteriza-se por sentimentos de desvalia, inferioridade, fracasso e culpa; com autoavaliação constante de forma cruel e medo crônico da crítica ou não aprovação alheios. 

Gabarito Letra D


Aqui, a pergunta é sobre qual alternativa é correta sobre depressão introjetiva.

 

Como o texto motivador indica, a questão foi retirada do artigo Psicoterapia psicanalítica e depressão de difícil tratamento: à procura de um modelo integrador, de Júlia Trevisan.

 

Essa autora traz a seguinte definição de depressão introjetiva e anaclítica:

 

“Mais recentemente, outros autores vêm tentando diferenciar dois tipos de depressão, baseando-se, em parte, nos escritos de Freud sobre os processos de incorporação oral e formação do superego, considerando não ser interessante integrar esses dois mecanismos de fases tão distintas do desenvolvimento psíquico. Postula-se que exista uma depressão anaclítica, focada em questões interpessoais como dependência, desamparo, sensação de perda e abandono, e outra chamada introjetiva, derivada de um superego punitivo e cruel, focada em questões de autocrítica, preocupações com valor pessoal e sensação de culpa e fracasso.

 

A depressão anaclítica ou dependente é caracterizada por sentimentos de solidão e desamparo e pela busca de alguém que venha preencher o vazio da mãe original. Para esse sujeito, que deseja profundamente cuidado e amor, a separação ou a perda objetal traz medo, apreensão e mecanismos primitivos de defesa. A depressão introjetiva ou autocrítica é caracterizada por sentimentos de desvalia, inferioridade, fracasso e culpa. O indivíduo se auto-avalia constantemente de forma cruel e tem um medo crônico da crítica ou não-aprovação alheia. É exigente, competitivo, busca aprovação e reconhecimento e, em geral, consegue boas realizações, obtendo, contudo, pouca satisfação.

 

É interessante observar que a resposta ao tratamento muda nos dois grupos. O grupo dos autocríticos responde melhor às abordagens psicodinamicamente orientadas do que às intervenções breves. Esses indivíduos têm mais risco para sérias tentativas de suicídio, seu sentimento de culpa se satisfaz na enfermidade, podem negar-se o direito de melhora e apresentar a chamada reação terapêutica negativa.”

 

Vamos agora às alternativas:

 

a)  é focada em questões interpessoais como dependência, desamparo, sensação de perda e abandono.

Errado. Essa é a depressão anaclítica.

 

b)  é derivada de um superego flexível e focada em preocupações com valor interpessoal, sensação de culpa e fracasso.

Errado. Ela é, na verdade, derivada de um superego punitivo e cruel.

 

c)  caracteriza-se por sentimentos de solidão e desamparo e pela busca de alguém que venha preencher o vazio da mãe original.

Errado. Essa informação também é referente a depressão anaclítica.

 

d)  caracteriza-se por sentimentos de desvalia, inferioridade, fracasso e culpa; com autoavaliação constante de forma cruel e medo crônico da crítica ou não aprovação alheios. 

Certo! É isso que a autora apresenta como características da depressão introjetiva.

 

Dessa forma, nosso gabarito é Letra D.

 

Referência

TREVISAN, Júlia. Psicoterapia psicanalítica e depressão de difícil tratamento: à procura de um modelo integrador. Porto Alegre: Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, vol. 26 n°3, 2004.

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