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Caso clínico 5A2-I

Maria procurou o serviço público de saúde de sua região por estar preocupada com seu filho Josué, de 4 anos de idade. De acordo com o relato materno, ele sempre foi “uma criança difícil”: “No início, pensei que ele era mais caladão e quieto. Eu tinha que me lembrar de que tinha um bebê em casa. Para chamar a atenção dele, só com um objeto em movimento, a roda de um carrinho ou algo que girasse. Nunca gostou de brinquedo com som. Aliás, desde bebê, parece se incomodar muito com barulho. Hoje tenho certeza de que ele não gosta: qualquer som mais alto, ele coloca logo as mãos na orelha. Até seu jeito de brincar é diferente. Lembro de comprar um monte de brinquedo pra ele e ele nunca parecer se interessar. Gostava mesmo era de pedaços de coisas que encontrava pela casa: tampas, rodas soltas de carrinho, pedaços de barbante, lascas de parede. Eu ficava muito incomodada, porque parecia que ele não se interessava por mim ou por qualquer brincadeira que eu fizesse com ele. Nem quando tinha outras crianças ele gostava de brincar junto. Me dei conta de que algo poderia estar errado quando o filho de minha irmã nasceu, há um ano. Demorei pra procurar ajuda porque não quero acreditar que tenha algo errado com meu filho. Como somos só nós dois, tenho medo de não suportar a dor de saber que meu filho tem algum problema” (sic).

A respeito do caso clínico 5A2-I, julgue o item subsequente, com base nas contribuições da psicopatologia, no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) e na Classificação Internacional de Doenças (CID-10).

De acordo com as contribuições psicanalíticas, Josué apresenta uma neurose grave.

Resposta:

A alternativa correta é letra B) Errado

 

A respeito do caso clínico 5A2-I, julgue o item subsequente, com base nas contribuições da psicopatologia, no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) e na Classificação Internacional de Doenças (CID-10).

  

A questão apresenta um caso que evidencia os seguintes sintomas: hiper-reatividade sensorial (sons); déficit na comunicação e interação social; e interesses restritos a alguns objetos. Esses sintomas são típicos do Transtorno do Espectro Autista.

 

Em termos diagnósticos, a psicanálise define três estruturas clínicas: neurose, psicose e perversão. Alguns psicanalistas consideram que o autismo esteja no campo das psicoses, mas esse é um tema controverso. Veja:

 

"Em relação ao lugar que ocupam o espectro dos autismos e a psicose infantil na psicanálise, se por um lado há princípios éticos que embasam a prática psicanalítica, por outro existe homogeneidade teórica nesse universo (Kupfer, 2000). Como Catão e Vivès (2011) elucidam, até entre psicanalistas lacanianos o autismo é palco de divergências teóricas, onde não há consenso. Segundo essa leitura, alguns situam o autismo em uma “clínica diferencial das psicoses”, onde também se encontram a paranoia e a esquizofrenia, e onde a linha divisória metapsicológica é a foraclusão do Nome-do-Pai.

 

Os autores citam a perspectiva de Sauvagnat (2005) de que autismo e psicose não são diferentes, afirmando que a ecolalia tardia dos autistas têm a mesma estrutura linguística que a alucinação auditiva dos psicóticos. Por outro lado, ao citarem Lefort e Lefort (1984), afirmam que para estes o autismo é uma outra estrutura, além das três enunciadas por Freud e sistematizadas por Lacan: neurose, perversão e psicose. E, ainda, Catão e Vivès (2011) afirmam que há autores que pensam o autismo como a expressão clínica de um impasse precoce na estruturação subjetiva.

 

Apesar das divergências, Kupfer (2000) salienta que os esforços dos psicanalistas vêm se concentrando na delimitação da psicose infantil e do autismo como duas posições subjetivas distintas. É o que sustenta Laurent (2012), ao afirmar que por mais que existam pontos de encontro entre esses campos, a especificidade de cada um deve ser marcada. Uma forma proposta para pensar essa questão é que na psicose predomina certa precariedade da função paterna, enquanto no autismo essa precariedade seria da função materna (Jerusalinsky, 1993), e é desse recorte, entre tantos, que o presente trabalho parte. Essas funções, e a forma como são exercidas, são fundamentais para a constituição subjetiva do bebê, e são assim um ponto de partida importante para pensar o lugar da psicose e do autismo na teoria psicanalítica."

 

Fonte: "O espectro dos autismos e a psicose infantil: uma questão diagnóstica para a psicanálise" (Santos et al.)

 

Apesar de não haver consenso se o autismo faz parte das psicoses ou tem uma estrutura própria, está incorreto afirmar que o autismo é uma neurose.

 

Afirmativa Falsa.

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