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Com relação à problematização e conceituação de Canguilhem (2015) acerca dos processos de saúde e doença, dos estados normais e patológicos, marque (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas.

( ) A saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social.

( ) A fronteira entre o normal e o patológico é imprecisa para diversos indivíduos considerados simultaneamente, mas é precisa para um único indivíduo considerado sucessivamente, sendo que este indivíduo é quem deve avaliá-la.

( ) Patológico remete a um sentimento direto e concreto de sofrimento, impotência e vida contrariada.

( ) A cura refere-se à recuperação de um estado de normas individuais saudáveis anteriores ao processo patológico.

( ) A vida é uma atividade normativa, caracterizada, assim, pela capacidade de instituir normas ante as condições do meio.

Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA de cima para baixo:

Resposta:

A alternativa correta é letra A) F, V, V, F, V

Gabarito: Letra A

 

(F) A saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social.

Falso. Essa é a concepção de saúde para a OMS, não para Canguilhem. O autor fala em um contínuo entre o normal e o patológico.

 

(V) A fronteira entre o normal e o patológico é imprecisa para diversos indivíduos considerados simultaneamente, mas é precisa para um único indivíduo considerado sucessivamente, sendo que este indivíduo é quem deve avaliá-la.

Verdadeiro! Veja:

 “A fronteira entre o normal e o patológico é imprecisa para diversos indivíduos considerados simultaneamente, mas é perfeitamente precisa para um único e mesmo indivíduo considerado sucessivamente. Aquilo que é normal, apesar de ser normativo em determinadas condições, pode se tornar patológico em outra situação, se permanecer inalterado. O indivíduo é que avalia essa transformação porque é ele que sofre suas conseqüências, no próprio momento em que se sente incapaz de realizar as tarefas que a nova situação lhe impõe. Certa ama, que cumpria perfeitamente os deveres inerentes a seu cargo, só veio a saber de sua hipotensão pelos distúrbios neurove-getativos que sentiu, no dia em que a levaram para passar férias na montanha. Sem dúvida, ninguém é obrigado a viver em elevadas altitudes.”

 

(V) Patológico remete a um sentimento direto e concreto de sofrimento, impotência e vida contrariada.

Verdadeiro! Veja:

 “O anormal não é o patológico. Patológico implica pathos, sentimento direto e concreto de sofrimento e de impotência, sentimento de vida contrariada. Mas o patológico é realmente o anormal. Rabaud distingue anormal de doente, porque, segundo o uso recente e incorreto, faz de anormal o adjetivo de anomalia, e, nesse sentido, fala em anormais doentes [97, 481]; no entanto, como, por outro lado, ele distingue muito nitidamente, segundo o critério fornecido pela adaptação e pela viabilidade, a doença da anomalia [97, 477], não vemos nenhuma razão para modificarmos nossas distinções de vocábulos e de sentido.”

 

(F) A cura refere-se à recuperação de um estado de normas individuais saudáveis anteriores ao processo patológico.

Falso. Essa não é a definição de cura para o autor.

“A cura é a reconquista de um estado de estabilidade das normas fisiológicas. Ela estará mais próxima da doença ou da saúde na medida em que essa estabilidade estiver mais ou menos aberta a eventuais modificações. De qualquer modo, nenhuma cura é uma volta à inocência biológica. Curar é criar para si novas normas de vida, às vezes superiores às antigas. Há uma irreversibilidade da normatividade biológica.” 

 

(V) A vida é uma atividade normativa, caracterizada, assim, pela capacidade de instituir normas ante as condições do meio.

Verdadeiro! Veja:

“A atribuição de um valor de "normal" às constantes cujo conteúdo é determinado cientificamente pela fisiologia reflete a relação da ciência da vida com a atividade normativa da vida e, no que se refere à ciência da vida humana, com as técnicas biológicas de produção e de instauração do normal, mais especificamente com a medicina.”

 

Nosso gabarito é Letra A.

Fonte: 6.ed.O normal e o patológico / Georges Canguilhem; tradução de Mana Thereza Redig de Carvalho Barrocas; revisão técnica Manoel Barros da Motta; tradução do posfácio de Piare Macherey e da apresentação de Louis Althusser, Luiz Otávio Ferreira Barreto Leite. - 6.ed. rev. - Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009.

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