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Durante um semestre de atividades no serviço psicológico de uma universidade, João percebe que vários alunos relatam dificuldades e as relacionam ao Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH). João compreende que o processo de ensino implica construção de um conhecimento previamente inexistente. A construção e a aquisição de um novo conhecimento implicam revisão e modificação de esquemas de conhecimento já adquiridos. Acredita que para que isto ocorra, não basta que a(o) aluna(o) se encontre frente a conteúdos para aprender. Faz-se necessário que este possa atualizar seus esquemas de conhecimento, compará-los com o que é novo, identificar semelhanças e diferenças e integrá-las em seus esquemas anteriormente incorporados. Quando todo este processo ocorre, pode-se dizer que está se produzindo uma aprendizagem efetiva. Nesse cenário, João encontra as seguintes reflexões:

1. A persistência deste quadro ao longo da vida adulta ocorre em torno de 50% daqueles indivíduos que preenchiam os critérios para o TDAH na sua infância. Entretanto, muitas pessoas apresentam sintomas isolados de desatenção na vida adulta, o que pode causar diferentes impactos em suas vidas. Sendo que as que mais se depara são relações interpessoais instáveis e tumultuadas, baixo desempenho acadêmico e profissional, prejuízos no funcionamento familiar e social, o que pode aparecer amplificado por comorbidades.

2. Questões ligadas à atenção podem trazer prejuízos psicossociais. Geralmente, os esquemas psicológicos são aprendidos a partir das vivências ao longo da vida do paciente. Modificações nas suas cognições e comportamentos muitas vezes passam pelo aprendizado de novas cognições e novos comportamentos mais adaptativos. Para que isso ocorra, é necessário que o paciente construa com seu terapeuta condições de mudanças. Contudo, a visão biomedicalizada ressalta que os tratamentos psicoterápicos não são considerados de primeira linha para o tratamento do TDAH. E, apesar disso, indicam sua importância no sentido de que podem informar ao paciente sobre sua condição, podendo, também, melhorar seu desempenho cognitivo e comportamental nas situações e contextos onde os sintomas são mais prejudiciais.

3. As abordagens psicoeducacionais podem ajudar o estudante a reconhecer sintomas, a lidar com prejuízos e a planejar estratégias de convívio com suas dificuldades – pode ser reconfortante ter entendimentos sobre seus problemas. Essa intervenção pode ser realizada individualmente ou em grupo. O usuário pode ser ajudado a lidar com a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade, assim como a ter um controle melhor de efeitos colaterais de possíveis medicações. Contudo, um problema importante neste tipo de abordagem é a falta de guias técnicos que orientem a abordagem do ponto de vista pedagógico.

4. Quando o diagnóstico de TDAH ocorre na vida adulta raramente requer tratamento específico. Em geral, encontra-se em remissão.

5. Para estruturação de uma abordagem psicoeducacional João poderia utilizar os seguintes parâmetros para organizar as aulas/sessões: sequência das atividades; papel dos professores/terapeutas e dos alunos/pacientes; organização social do grupo/aula; utilização dos espaços e do tempo das sessões; organização dos conteúdos; materiais didáticos; avaliação.

Analise as informações encontradas por João e as avalie como verdadeiras (V) ou falsas (F):

Resposta:

A alternativa correta é letra B) 1(V), 2(V), 3(V), 4(F), 5(V).

Gabarito Letra B

Verdadeiro! Mais ou menos metade das crianças diagnosticadas com TDAH permanecerão com os sintomas na vida adulta.

“A prevalência deste transtorno na população infantil é estimada em 4,5 a 9,0% para o subtipo desatento, 1,7 a 3,9% para o subtipo hiperativo e impulsivo, e de 1,9 a 4,8% para o subtipo combinado. A persistência deste quadro ao longo da vida adulta ocorre em torno de 50% daqueles indivíduos que preenchiam os critérios para o TDAH na sua infância. Entretanto, chama a atenção que até 90% das pessoas que apresentavam este transtorno na infância podem permanecer com sintomas isolados de desatenção sem preencher na totalidade os critérios formalmente necessários pelo DSM para este transtorno na vida adulta. O TDAH causa grande impacto na vida de seus portadores. Estes apresentam relações inter-pessoais instáveis e tumultuadas, baixo desempenho acadêmico e profissional, o que acaba por acarretar enormes prejuízos no funcionamento familiar e social. Este impacto é ainda amplificado pelas altas taxas de comorbidades com outras doenças psiquiátricas, pois sabe-se que 77% dos adultos com TDAH apresentam outro transtorno psiquiátrico concomitante.” 

 

Verdadeiro! Apesar dos tratamentos psicoterápicos não serem considerados de primeira linha para o tratamento do TDAH, sua importância informativa é reconhecida.

“Os processos psicoterapêuticos não deixam de ser um processo pedagógico, no qual os pacientes aprendem novas alternativas para seus esquemas psicológicos anteriormente adquiridos. Geralmente, os esquemas psicológicos são aprendidos a partir das vivências ao longo da vida do paciente. Modificações nas suas cognições e comportamentos muitas vezes passam pelo aprendizado de novas cognições e novos comportamentos mais adaptativos. Para que isso ocorra, é necessário que o paciente construa com seu terapeuta as condições ideais desta mudança. (...) Os tratamentos psicoterápicos não são considerados de primeira linha para o TDAH. Entretanto, possuem importância fundamental no sentido de que podem informar ao paciente sobre sua condição, podendo, também ,melhorar seu desempenho cognitivo e comportamental nas situações e contextos onde os sintomas são mais prejudiciais.


3. As abordagens psicoeducacionais podem ajudar o estudante a reconhecer sintomas, a lidar com prejuízos e a planejar estratégias de convívio com suas dificuldades – pode ser reconfortante ter entendimentos sobre seus problemas. Essa intervenção pode ser realizada individualmente ou em grupo. O usuário pode ser ajudado a lidar com a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade, assim como a ter um controle melhor de efeitos colaterais de possíveis medicações. Contudo, um problema importante neste tipo de abordagem é a falta de guias técnicos que orientem a abordagem do ponto de vista pedagógico.

Verdadeiro! A afirmativa resume corretamente as vantagens e desvantagens dessas abordagens.

“2 Abordagens Psicoeducacionais

Este tipo de abordagem geralmente visa a ajudar o paciente a reconhecer os sintomas de sua doença, interpretar os danos causados pela mesma e planejar estratégias de convívio com a doença. Nesta etapa, os pacientes sentem-se reconfortados por terem, pela primeira vez, uma explicação para seus problemas. O paciente também pode se beneficiar tendo acesso a materiais impressos contendo informações detalhadas sobre a doença, assim como hoje em dia pela internet. Existem no mercado livros para o público leigo que oferecem uma boa gama de informações, assim como muitos sites sobre o tema. (...) Um problema importante neste tipo de abordagem é a falta de guias técnicos que orientem a abordagem do ponto de vista pedagógico. Existem na literatura referências a técnicas psicoeducacionais que simplesmente apresentam aulas expositivas a respeito de conhecimentos técnicos da doença. São raros os trabalhos que pormenorizam as técnicas pedagógicas empregadas, o tipo de aula, a duração, a freqüência, a avaliação da efetividade e a comparação com medidas controle.(...) O tratamento psicoeducacional pode ser realizado individualmente ou em grupo. No tratamento individual, o paciente pode ser ajudado a lidar com a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade, assim como a ter um controle melhor dos efeitos colaterais das medicações que está utilizando. O atendimento em grupo facilita o paciente a descobrir que ele faz parte de um grupo de indivíduos com problemas específicos e que, com estes, compartilha suas dificuldades, sintomas e problemas familiares.” 

 

Falso. Como já vimos, o TDAH em adultos pode causar uma série de prejuízos, e exige tratamento específico.

 

Verdadeiro! Esses são os parâmetros propostos pelo modelo de estrutura e planejamento didático.

“A partir do Modelo de Estrutura e Planejamento Didático proposto por Antoni Zabala20, os autores do presente trabalho formulam uma proposta de estrutura pedagógica para grupos psicoeducacionais em TDAH. Pretende-se, em um futuro próximo, a utilização desta técnica no Ambulatório de adultos com TDAH do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Quando da sua implementação, os resultados serão objeto de publicação. A proposta inicial é de que sejam utilizados os seguintes parâmetros para organizar as aulas/sessões:

1. Seqüência das atividades;

2. Papel dos professores/terapeutas e dos alunos/pacientes;

3. Organização social do grupo/aula;

4. Utilização dos espaços e do tempo das sessões;

5. Organização dos conteúdos;

6. Materiais didáticos;

 7. Avaliação.”

 

Assim, a sequência correta é 1(V), 2(V), 3(V), 4(F), 5(V).

Gabarito Letra B

 

Fonte: Grevet, Eugenio Horácio, Abreu, Paulo Belmonte de e Shansis, FlávioProposta de uma abordagem psicoeducacional em grupos para pacientes adultos com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul [online]. 2003, v. 25, n. 3 [Acessado 26 Janeiro 2022] , pp. 446-452

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