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É correto afirmar que as representações recalcadas se revelam nas diversas diferenças de cada uma das: 12

Resposta:

A alternativa correta é letra C) Neuroses.

  

É correto afirmar que as representações recalcadas se revelam nas diversas diferenças de cada uma das:


 

Aluno, que tal conhecermos um pouco sobre o assunto, para então analisarmos as alternativas?! Para isso, considere a correção desta questão dividida em duas partes:

1) Conhecimento das Estruturas Psíquicas

2) Análise das alternativas

 
 

1) Conhecimento das Estruturas Psíquicas

 

Em uma antiga perspectiva da psicopatologia (de base psicanalítica), a definição de qual estrutura (Psicose, Neurose ou Perversão) iria compor a personalidade do sujeito (em termos patológicos e não no estado hígido), dependeria, principalmente, da resolução advinda a partir da passagem pelo processo do Complexo de Édipo. A fim de compreender como tal Complexo influenciaria na composição da personalidade, peço ao aluno, gentilmente, que acompanhe o raciocínio desenvolvido nas linhas sequentes.

Sem adentrar em discussões mais aprofundadas sobre afeto/hostilidade da criança em relação às figuras parentais, de forma simples, entenda aqui o Complexo de Édipo, como nada mais, que, o espaço que o sujeito vem a ocupar no sistema de relações sociais adultas. Grosso modo, seria a maneira como o indivíduo irá se localizar (ou “deslocalizar”), principalmente, após ser “apresentado ao universo simbólico da sociedade atrelado à linguagem”. Clarificando o assunto, confira o que menciona Lepine (1974, p. 24):

“O Complexo de Édipo é uma estrutura triádica que introduz a criança na ordem simbólica da linguagem objetivante, o que lhe permite dizer eu, ele ou ela, tu e a situa como criança humana num mundo de terceiros adultos.

 

Do processo atrelado ao Complexo de Édipo, os indivíduos acabam por manifestar uma ou outra estrutura, porém, o que distinguiria o estado hígido (“normal”) do estado patológico (“doença”) seria o grau de sintomas ligados a estrutura, sendo que, quanto maior o grau, maior o sofrimento do indivíduo. Dessa forma, o sofrimento proveniente de tais sintomas psíquicos, originados a partir da resolução do Complexo de Édipo, seria o que levaria à necessidade de tratamento psicológico.

Nesse sentido, o estudo dos sintomas psicológicos, na antiga perspectiva da psicopatologia (de base psicanalítica) poderia ser compreendido através de três divisões básicas da estrutura psíquica: 1) Psicose, 2) Neurose e 3) Perversão. Cada uma das três estruturas possuiria seu próprio mecanismo de defesa. A seguir, acompanhe uma síntese correspondente a cada uma delas.

 

PSICOSE

 

Na Psicose, basicamente, ao rejeitar a realidade o sujeito passa a criar versões distorcidas da mesma. A psicose divide-se em três subestruturas: 1.1) paranoia (é o outro que persegue); 1.2) autismo (é o outro que “quase” não existe);  e 1.3) esquizofrenia (o outro é visto de forma distorcida, por exemplo: como um monstro). A psicose possui como mecanismo de defesa a foraclusão ou forclusão. No caso, o indivíduo “fora/inclui”, ou seja, a pessoa rejeita (exclui) a realidade, criando (incluindo) versões delirantes, fantasiosas ou alucinatórias.

OBS: a inclusão do autismo na estrutura psicose atualmente é contestada por diversas correntes epistemológicas, principalmente, após as reformulações advindas sobre o assunto a partir do DSM-V.

 

NEUROSE

 

Na Neurose, basicamente, a pessoa retém ou ignora para si mesma o problema. A neurose divide-se em três subestruturas: 2.1) histeria (reclamações extenuantes, caracterizando angústia permanente); 2.2) neurose obsessiva (também há reclamações, mas nesse caso existem tentativas de organização do ambiente a fim de fugir do problema, havendo angústia de mudança) e; 3.2) fobia (nesse caso, a angústia se relaciona a uma situação específica, provocando tensão contínua). O mecanismo de defesa da neurose é o recalque ou repressão, ou seja, o neurótico ao procurar reter ou manter ignorado o problema, acaba mantendo o conteúdo problemático reprimido ou recalcado.

 

PERVERSÃO

 

Na Perversão, a estrutura não é dividida, apesar disso inclui manifestações como sadismo, masoquismo e fetichismo, etc. A pessoa busca o prazer de forma contínua, praticamente de maneira desenfreada. A perversão possui como mecanismo de defesa a denegação (a pessoa nega que suas perversões sejam anômalas ou causem sofrimento).

 

OBSERVAÇÕES: conforme site especializado*¹:

 
  • Na infância, os quadros clínicos por excelência seriam, do lado da psicose (ausência do terceiro), o autismo e a esquizofrenia, e do lado da neurose (presença do terceiro), a fobia.
 
  • As demais psicoses (paranoia /mania-depressão) e as demais neuroses (histeria de conversão, neurose obsessiva) bem como os quadros perversos (sado-masoquismo, fetichismo, travestismo, voyeurismo-exibicionismo), registrar-se-iam na fase adulta. Mas a divisão infância/fase adulta não é totalmente estanque, visto que na última também podem estar presentes as síndromes características da infância (esquizofrenia, autismo, fobia).
 

   

2) Análise das alternativas

   

a)  Obsessões.

INCORRETA. Segundo o DSM-5 (2014):

Obsessões são pensamentos repetitivos e persistentes (p. ex., de contaminação), imagens (p. ex., de cenas violentas ou horrorizantes) ou impulsos (p. ex., apunhalar alguém). É importante observar que as obsessões não são prazerosas ou experimentadas como voluntárias: são intrusivas e indesejadas e causam acentuado sofrimento ou ansiedade na maioria das pessoas”

   

b)  Paranoias.

INCORRETA. Vide tópico explicativo supracitado no que tange a estrutura “Psicose”.

 

c)  Neuroses.

CORRETA. As representações recalcadas se revelam nas diversas diferenças de cada uma das neuroses, considerando suas específicas subestruturas, conforme apresentado no tópico explicativo supracitado, portanto, opção CERTA.

 

d)  Perversidades.

INCORRETA. Vide tópico explicativo supracitado no que tange a estrutura “Perversão”.

   

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Fonte consultada:

*¹BOLETIM CLÍNICO - NÚMERO 7 - OUTUBRO/1999. Disponível em https://bit.ly/3sCKfCE

LEPINE, Claude (1974). O Inconsciente na Antropologia de Levi-Strauss. São Paulo: Editora Ática.

Oliveira, A.  (2015). Psicose, Neurose e Perversão. Disponível em https://abre.ai/co1E . Acesso em 18 de set de 2018.

Associação Psiquiátrica Americana (APA). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

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