Eduardo Kalina e colaboradores afirmam, na obra Drogadição Hoje − indivíduo, família e sociedade, que, independentemente de padecer de uma psicose processual ou de um quadro de psicose tóxica, todo drogadito
- A) consegue também estabelecer limites, não sendo primordial que os especialistas se ocupem integralmente desta questão, em todas as circunstâncias.
- B) não está alienado e que, mesmo se não estiver desintoxicado, poder-se-á contar com uma parte sua capaz de colaborar com os profissionais em seu próprio tratamento.
- C) precisa ser colocado em uma situação na qual não tenha acesso aos tóxicos que utiliza, pois acreditam que nem sempre a internação (em geral, em âmbitos institucionais a cargo de equipes especializadas) garante que se possa lhe oferecer esta possibilidade.
- D) está funcionando psicoticamente e, por isso, não é consciente de suas atitudes autodestrutivas, carecendo da capacidade de agir pelo livre-arbítrio, sendo necessária sua internação para que se lhe estabeleça um limite.
- E) tem direito ao seu livre-arbítrio e que a problemática dos limites precisa ser focalizada, desde que o drogadito voluntariamente decida por colaborar neste foco terapêutico.
Resposta:
A alternativa correta é letra D) está funcionando psicoticamente e, por isso, não é consciente de suas atitudes autodestrutivas, carecendo da capacidade de agir pelo livre-arbítrio, sendo necessária sua internação para que se lhe estabeleça um limite.
Oliveira (2009) esclarece que:
A dependência é vista por Kalina como um estado psicótico, no qual o lado doentio da personalidade do indivíduo se evidencia numa tentativa de resolução patológica, por meio do uso do tóxico, de uma simbiose patológica.
O dependente e o fumante, em particular, é visto por Kalina como um suicida que desenvolve um projeto de morte dentro de um processo de auto-destruição, a partir da ativação da parte psicótica de sua personalidade.
Considerando o trecho acima, podemos afirmar que, na visão de Kalina, todo drogadito está funcionando psicoticamente e, por isso, não é consciente de suas atitudes autodestrutivas, carecendo da capacidade de agir pelo livre-arbítrio, sendo necessária sua internação para que se lhe estabeleça um limite.
Essa questão pode colocar o candidato em uma situação delicada, visto que, considerando-se os apontamentos da reforma psiquiátrica, de que a internação deve ocorrer somente quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes, corre-se o risco de pensar na alternativa como radical ou muito fora do que, atualmente, é preconizado.
Portanto, para essa questão, exige-se conhecimento específico da obra do autor mencionado.
Fonte: OLIVEIRA, Silvério Da Costa. Conversando sobre as drogas. Clube de Autores, 2009.
Conferir: KALINA, Eduardo. Drogadição hoje: indivíduo, família e sociedade. Editora Artes Medicas Sul, 1999.
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