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Em uma sessão de ludoterapia, conjunto de atividades lúdicas e terapêuticas que permeia o mundo simbólico e real da criança, possibilitando a expressão dos sentimentos, a terapeuta observou que a Pedro apresentava os seguintes comportamentos: limiar muito baixo de frustração, predomínio do principio do prazer, os personagens criados por ele eram cruéis e terroristas com grande carga de onipotência, mudanças bruscas durante a brincadeira sem relação com o contexto, movimentos e gestos bizarros e grande dificuldade de adaptação à realidade.

Com base nessas informações, a terapeuta pode supor que Pedro pode ser uma criança?

Resposta:

A alternativa correta é letra D) Psicótica.

   

  

Com base nessas informações, a terapeuta pode supor que Pedro pode ser uma criança?

 

A questão pode ser respondida com o seguinte texto:

 

"O brincar da criança psicótica

 

A dificuldade para brincar é o índice mais evidente das características psicóticas presentes numa criança seriamente perturbada.

 

É importante destacar que, em termos estritos, não se trataria de uma brincadeira no sentido de atividade lúdica, já que brincar implica a possibilidade de simbolizar. No psicótico, significante e significado são a mesma coisa (equação simbólica). Não obstante, devemos levar em conta que a criança pode ter partes de sua personalidade mais preservadas ou que conseguiram uma organização não psicótica, e a possibilidade de expressar seu conflito dependerá da quantidade, da qualidade e da inter-relação destas partes.

 

Esta dificuldade vai desde a inibição total ou parcial do brincar até a desorganização da conduta. É importante distinguir, num diagnóstico diferencial, situações em que se estrutura uma "pseudobrincadeira", condutas ou séries de condutas em que a criança aparenta brincar, mas onde há uma ausência total ou parcial de simbolização. Nestes casos a criança só descarrega uma fantasia.

 

Tal é o caso de Juan, que durante uma hora de jogo começa a girar no solo usando sua cabeça como eixo e repetindo em voz alta: toc, toc, toc, identificando-se com um relógio. Poderíamos pensar que o menino está brincando, mas na realidade não é assim. É uma pseudobrincadeira na qual atua, corporalmente, uma fantasia; não brinca de ser relógio, mas sim "é" relógio. Perdeu a distância e a possibilidade de simbolizar, desaparecendo o "como se" próprio das brincadeiras de crianças normais e neuróticas.

 

A estrutura psicótica evidencia-se nos diversos indicadores. Assim, a criança psicótica não pode se adequar à realidade, na medida em que ela se manipula com predomínio do processo primário, distorcendo a percepção do mundo externo e, na situação diagnóstica, a relação ou 0 vínculo com o psicólogo.

 

A capacidade simbólica fica relegada pela predominância de equações simbólicas, como vimos no exemplo descrito anteriormente. Os personagens extremamente cruéis atuados pela criança psicótica estão em correspondência com um superego primitivo de características terrorificas e sádicas, o qual, segundo Melanie Klein, é um dos fatores básicos do transtorno psicótico. Concomitantemente, encontramo-nos diante de um ego desorganizado, cujos mecanismos de defesa primitivos são a identificação projetiva maciça e o spliting.

 

Outros elementos significativos costumam ser a perseverança ou estereotipia na conduta verbal e pré-verbal, ainda que não sejam características exclusivas do brincar de quadros psicóticos, mas que se apresentem também em orgânicos ou em neuroses graves. São freqüentes as organizações originais, os neologismos, as atitudes bizarras as dificuldades de adequação à realidade, tolerância à frustração e aprendizagem.

 

Com relação ao prognóstico, é importante considerar no desenvolvimento da hora de jogo diagnóstica os elementos que impliquem uma possibilidade de conexão com o psicólogo e/ou com o objeto intermediário.

 

O brincar da criança neurótica


Observamos, em geral, a possibilidade de expressão lúdica com reconhecimento parcial da realidade, áreas livres de conflito coexistentes com escotomas que encobrem situações conflitivas. A gama e a variação dos conflitos em nivel neurótico são muito amplas; portanto, descreveremos um perfil comum que nos permita caracterizar o brincar da criança neurótica.

 

Encontramos, diferentemente do que acontece com a criança psicótica, a capacidade simbólica desenvolvida, o que lhe possibilita a expressão de seus conflitos no "como se" da situação lúdica, sendo capaz de discriminar e de evidenciar um melhor interjogo entre fantasia e realidade, assim como as alterações significativas em áreas específicas. É importante, portanto, levar em conta o grau e a qualidade da comunicação com o psicólogo e com os brinquedos, manifestados através do deslocamento de seu mundo interno.

 

A dinâmica do conflito neurótico se dá entre os impulsos e sua relação com a realidade. Utiliza, então, uma série de condutas defensivas que resultam num empobrecimento egóico, cujas características dependerão das áreas afetadas. 0 quadro nosográfico é determinado, por seu lado, pela predominância de certos tipos de defesas.
Nestas crianças há, pois, uma adequação relativa à realidade, cujo grau depende dos termos do conflito; há uma tentativa de satisfazer princípio de prazer que, por seu lado, gera culpa não tolerada pelo ego, que desloca o impulso para objetos substitutivos afastados do original.

 

Este deslocamento, a serviço da repressão, provoca um círculo vicioso pelo qual não se consegue a satisfação e deve-se recorrer a novos deslocamentos que, mais uma vez, evidenciam o conflito. Deste modo, vêem-se limitadas a capacidade de aprendizagem e as possibilidades criativas que dependem de uma síntese egóica adequada.

 

Outra característica diagnóstica é o baixo limiar de tolerância à frustração ou a superadaptação em certas áreas, que são, ambas. manifestações da fraqueza egóica do neurótico que está em intima relação com as características severas de seu superego e os termos do conflito. Estas crianças dramatizam personagens mais próximos aos modelos reais, com menos carga de onipotência e maldade.

 

O brincar da criança normal

 

Devemos levar em conta que a hora de jogo diagnostico está incluída dentro do processo psicodiagnóstico total, e é muito importante detectar as diferentes respostas da criança diante de situações que vão desde a grande desestruturação dada pelas instruções da hora de jogo, até situações mais dirigidas do resto do processo. A comparação dos diferentes momentos nos permitirá estabelecer diferenças diagnósticas e prognósticas.

 

Procuramos, nos diferentes indicadores, fundamentar parâmetros aproximados de uma conduta adaptativa. É fundamental ter em mente que o conflito não é sinônimo de doença; em cada período evolutivo, a criança atravessa situações conflitivas inerentes a seu desenvolvimento. 0 equilíbrio estrutural permite à criança normal a superação destes conflitos e permite que ela saia enriquecida, isto é, situação conflitiva opera como motor e não como inibidor do desenvolvimento.

 

A confiança em suas possibilidades egóicas e um superego benévolo tornam possivel atravessar estas situações de crise que supõem a elaboração das perdas e novas aquisições próprias do crescimento. A liberdade interna oferecida pelo equilíbrio ótimo entre fantasia e realidade, suas possibilidades criativas e, portanto, reparatórias, enriquecem-na permanentemente, permitindo-lhe aprender da experiência. Quanto à personificação no brincar, os modelos atuais aproximam-se dos objetos reais representados, a criança dá livre curso à fantasia, atribuindo e assumindo diferentes papéis na situação de vínculo com o psicólogo, ampliando as possibilidades comunicativas.

 

A hora de jogo diagnóstica de uma criança pode apresentar momentos alternantes com diferentes qualidades ou características. Da normalidade à psicose, passando pela neurose, estabelece-se um continuum, dentro do qual estes matizes determinam as diferenças quantitativas e qualitativas."

 

Fonte: "O processo psicodiagnóstico e as técnicas projetivas" (Ocampo)

 

Com isso, nota-se que a questão explicitou o caso de uma criança psicótica. Encontramos a resposta na Letra D.


a)  Histérica.
b)  Neurótica.
c)  Normal.
d)  Psicótica.
e)  Limítrofe.

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