Estudo de Caso
A cliente T no início da Terapia tinha a idade de 44 anos, apresentava o estado civil separada, tinha três filhos e a formação acadêmica de nível superior, exercendo o cargo de técnico administrativo. Procurou atendimento devido a dificuldades para dormir, sentir-se muito triste, chorosa, não ter ânimo para trabalhar, para sair ou ligar para os amigos. Sentia-se culpada, decepcionada consigo mesma, considerava-se sem atrativos, não conseguia tomar decisões facilmente, apresentava alterações no apetite, sentia-se bastante indisposta.
Estava muito insatisfeita com o trabalho e não via nele pontos positivos. A cliente relatou que sua “tristeza” se iniciou quando entrou para este emprego, por volta de dois anos antes do início da terapia. Entretanto, há mais de seis meses isso se intensificou. Principalmente enquanto trabalhava, cometia muitos erros por desatenção, achava o trabalho monótono, rotineiro e acreditava ser incapaz. Desqualificava sua função, dizia sentir-se inútil.
Desde criança, T se considera “desatenta e desorganizada”, não prestando atenção às aulas, o que exigia a reposição em casa. Ademais, ela relata que não consegue prestar atenção por muito tempo no que as pessoas dizem, distrai-se com outras atividades, perde objetos com frequência e tem dificuldade para lembrar-se de compromissos.
Inicialmente, a cliente foi avaliada por meio de anamnese. Houve administração de instrumentos de avaliação acerca de seu problema, assim como verificando se havia comorbidades. A cliente não aderiu ao tratamento farmacológico, acreditando que por não ser “natural”, a medicação poderia trazer prejuízos ao seu organismo. Houve psicoeducação a este respeito, uma vez que o tratamento de primeira escolha para seu problema é o medicamentoso, embora a cliente preferisse não fazer uso deste.
A não adesão ao tratamento medicamento dificultou o processo psicoterápico de T, considerando que os pensamentos disfuncionais reforçavam um comportamento advindo da infância. Exercícios foram desenvolvidos, a fim de que T pudesse enfrentar as dificuldades e agisse de forma proativa frente a vida. No entanto, percebia que suas crenças centrais impediam o seu crescimento pessoal, pois isso a deixava triste e chorosa.
Responda a questão de acordo com o Estudo de Caso.
Qual a hipótese diagnóstica para o problema de T?
- A) TDAH e Depressão
- B) TEA e Depressão
- C) TDAH e Transtorno distímico
- D) Dislexia e Depressão
- E) TDAH e Transtorno de pânico
Resposta:
A alternativa correta é letra A) TDAH e Depressão
Responda a questão de acordo com o Estudo de Caso.
O caso citado apresenta os seguintes sinais e sintomas:
- "dificuldades para dormir, sentir-se muito triste, chorosa, não ter ânimo para trabalhar, para sair ou ligar para os amigos. Sentia-se culpada, decepcionada consigo mesma, considerava-se sem atrativos, não conseguia tomar decisões facilmente, apresentava alterações no apetite, sentia-se bastante indisposta."
- "cometia muitos erros por desatenção, achava o trabalho monótono, rotineiro e acreditava ser incapaz. Desqualificava sua função, dizia sentir-se inútil. (...)Desde criança, T se considera 'desatenta e desorganizada', não prestando atenção às aulas, o que exigia a reposição em casa. Ademais, ela relata que não consegue prestar atenção por muito tempo no que as pessoas dizem, distrai-se com outras atividades, perde objetos com frequência e tem dificuldade para lembrar-se de compromissos."
O primeiro conjunto de sinais e sintomas aproxima-se do Transtorno Depressivo. Veja o texto do DSM-V:
Transtorno Depressivo Maior
Critérios Diagnósticos
A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer.1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (p. ex., sente-se triste, vazio, sem esperança) ou por observação feita por outras pessoas (p. ex., parece choroso). (Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.)
2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicada por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas).
3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., uma alteração de mais de 5% do peso corporal em um mês), ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias. (Nota: Em crianças, considerar o insucesso em obter o ganho de peso esperado.)
4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias.
5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outras pessoas, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento).
6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.
7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente).
8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas).
9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.
B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.C. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica.
O segundo conjunto de sinais e sintomas aproxima-se do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Observe o DSM-V:
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade
Critérios Diagnósticos
A. Um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento e no desenvolvimento, conforme caracterizado por (1) e/ou (2):
1. Desatenção: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses
a. Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades (p. ex., negligencia ou deixa passar detalhes, o trabalho é impreciso).
b. Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas (p. ex., dificuldade de manter o foco durante aulas, conversas ou leituras prolongadas).
c. Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente (p. ex., parece estar com a cabeça longe, mesmo na ausência de qualquer distração óbvia).
d. Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho (p. ex., começa as tarefas, mas rapidamente perde o foco e facilmente perde o rumo).
e. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades (p. ex., dificuldade em gerenciar tarefas seqüenciais; dificuldade em manter materiais e objetos pessoais em ordem; trabalho desorganizado e desleixado; mau gerenciamento do tempo; dificuldade em cumprir prazos).f. Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado (p. ex., trabalhos escolares ou lições de casa; para adolescentes mais velhos e adultos, preparo de relatórios, preenchimento de formulários, revisão de trabalhos longos).
g. Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (p. ex., materiais escolares, lápis, livros, instrumentos, carteiras, chaves, documentos, óculos, celular).h. Com frequência é facilmente distraído por estímulos externos (para adolescentes mais velhos e adultos, pode incluir pensamentos não relacionados).
i. Com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas (p. ex., realizar tarefas, obrigações; para adolescentes mais velhos e adultos, retornar ligações, pagar contas, manter horários agendados) em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais2. Hiperatividade e impulsividade: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento é tem impacto negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais:
a. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira.
b. Frequentemente levanta da cadeira em situações em que se espera que permaneça sentado (p. ex., sai do seu lugar em sala de aula, no escritório ou em outro local de trabalho ou em outras situações que exijam que se permaneça em um mesmo lugar).
c. Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é inapropriado. (Nota: Em adolescentes ou adultos, pode se limitar a sensações de inquietude.)
d. Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente.
e. Com frequência 'não para', agindo como se estivesse 'com o motor ligado' (p. ex., não consegue ou se sente desconfortável em ficar parado por muito tempo, como em restaurantes, reuniões; outros podem ver o indivíduo como inquieto ou difícil de acompanhar).
f. Frequentemente fala demais.
g. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluída (p. ex., termina frases dos outros, não consegue aguardar a vez de falar).
h. Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez (p.ex., aguardar em uma fila).
i. Frequentemente interrompe ou se intromete (p. ex., mete-se nas conversas, jogos ou atividades; pode começar a usar as coisas de outras pessoas sem pedir ou receber permissão; para adolescentes e adultos, pode intrometer-se em ou assumir o controle sobre o que outros estão fazendo).
B. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estavam presentes antes dos 12 anos de idade.
C. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estão presentes em dois ou mais ambientes (p. ex., em casa, na escola, no trabalho; com amigos ou parentes; em outras atividades).
D. Há evidências claras de que os sintomas interferem no funcionamento social, acadêmico ou profissional ou de que reduzem sua qualidade.
E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou outro transtorno psicótico e não são mais bem explicados por outro transtorno mental (p. ex., transtorno do humor, transtorno de ansiedade, transtorno dissociativo, transtorno da personalidade, intoxicação ou abstinência de substância).
Com base nisso, encontramos a resposta na Letra A.
Qual a hipótese diagnóstica para o problema de T?
a) TDAH e Depressão
b) TEA e Depressão
c) TDAH e Transtorno distímico
d) Dislexia e Depressão
e) TDAH e Transtorno de pânico
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