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Estudo de caso (Brito & Duarte, 2004):

 

O nome adotado no Estudo de caso é fictício. Helena, uma mulher de 53 anos de idade, era casada com um administrador de empresa desempregado e tinha três filhos, sendo duas mulheres e um homem. Era a filha mais velha de cinco irmãos. Descreveu o pai como uma pessoa rígida, verbalmente abusiva, perfeccionista. Já a mãe, descreveu como sendo uma pessoa dócil, dependente, passiva, prestativa e sem ambições.

 

Relatou que se casou aos dezesseis anos para sair de casa, pois até então, não tivera liberdade. Só quando colocou uma aliança no dedo” pôde sair só com o noivo, e, mesmo assim, com longas admoestações do pai que temia que ela se perdesse na vida. Depois que concluiu o primeiro grau, empregou-se numa empresa pública que estava para ser privatizada. Esta questão deixou Helena indecisa se deveria aposentar proporcionalmente ou não. Adiou a decisão, pois gostava do trabalho e dos colegas.

 

Helena e a família estavam passando por dificuldades financeiras devido à demissão do marido. Esta situação a incomodava bastante, pois o filho queria se casar e na sua avaliação o momento não era propício. Recentemente Helena experimentara uma ligeira tontura. Com o passar do tempo sua tontura piorou e ela começou a sentir o aumento de sua freqüência cardíaca, juntamente com tremores e transpiração excessiva. Sua respiração estava cada vez mais ofegante, sentia a boca seca e dores e pressão no peito.

 

Com o agravamento dessas manifestações, ela deixara de sair de casa. Não ia a bancos e supermercados, não fazia compras e não ia à casa das filhas visitar os netos. Quando um deles se machucou, ela correu, tirou o carro da garagem, mas quando se viu na rua, teve a sensação de que ia morrer. Voltou com o carro para a garagem e solicitou ao esposo que a levasse até o neto. Ainda assim, experimentou um intenso pavor durante o trajeto, pavor esse que se repetia a cada dia quando saía de casa para o trabalho na companhia do marido. Helena deixou de dirigir.

 

Após realizar exames médicos de rotina, foi diagnosticada como sofrendo de distúrbio neurovegetativo. A qual foi orientada a tomar a medicação prescrita e não levar as coisas da vida tão sério. Não satisfeita com o diagnóstico, procurou um cardiologista e a seguir um psiquiatra com o qual se tratou farmacologicamente por seis meses sem sucesso.

 

Procurou uma psicóloga, onde na ocasião nas duas primeiras sessões do processo terapêutico foram usadas para reunir informações. A queixa inicial incluía descrições de taquicardia, sudorese, tonturas, tremores, perda de controle, sensações de morte iminente, pavor e sufoco. Também relatou problemas no sono, dificuldades de concentração, receio de ficar só, e comportamentos de evitação que incluíam a recusa em dirigir. Como parte da avaliação, Helena respondeu ao Questionário de História Vital (Lazarus, 1980) que confirmou os eventos relatados na entrevista inicial.

 

Em seguida, Helena foi orientada a praticar o relaxamento em casa pelo menos três vezes ao dia. A hiperventilação foi usada na presença da terapeuta para evocar os sinais característicos dos respondentes fisiológicos, tais como palpitações, tremores, tonteiras, sensações de falta de ar, vertigens e sudorese. A aplicação desta técnica pode ser compreendida através do fragmento de sessão abaixo:

 

T = Helena, gostaria de fazer uma demonstração para ajudá-la a compreender os sinais de ansiedade que tanto te incomodam.

 

C = Ah, não! Só de pensar nisso tudo, tenho medo.

 

T =Isso poderia ajudá-la a controlar aquelas sensações desagradáveis…

 

C = Ah, meu Deus! Eu não vou conseguir…(começa a chorar)

 

Após várias considerações e hesitações, Helena concordou.

 

Antes de realizar a técnica de hiperventilação, a terapeuta aproximou-se de Helena, tomou-lhe a mão e perguntou: Vamos começar?”.

 

T = Agora, gostaria que você respirasse muito rápido, inalando o ar através da boca como se estivesse realmente sem fôlego. Observe como eu estou fazendo (a terapeuta começa, então, a respirar pela boca demonstrando a Helena como ela deveria proceder).

 

T = Está pronta?

 

C = Sim.

 

T = Então comece a respirar da maneira que lhe demonstrei. Vamos iniciar juntas. Está bem?

 

A terapeuta acompanhou Helena no princípio do exercício de hiperventilação e a encorajou a concluí-lo sozinha por um minuto e meio a dois minutos. Ao final do exercício, soltou sua mão e retornou ao seu lugar.

 

T = Muito bem. Agora, levante-se.

 

C = Oh, meu Deus? Estou ofegante. Parece que vou desmaiar.

 

C = Meu coração bate muito forte, estou tonta… Acho que se não estivesse sentada, iria desmaiar aqui mesmo.

 

T = Penso que realmente é muito desagradável para você sentir-se assim. Agora, feche os olhos e comece a respirar lentamente, suavemente… Isso… Muito bem! Continue assim, respirando lenta e suavemente da maneira que você aprendeu no relaxamento. Pausa… Você se sentirá bem melhor. Pausa… Continue a respirar assim: inalando o ar pelo nariz e exalando-o pela boca… Pausa…

 

T = E, então? Como está se sentindo agora?

 

C = Acho que se você não estivesse aqui comigo, eu teria desmaiado.

 

T = Você não desmaiou. Isso já ocorreu durante estes momentos em que experimentou tais sensações?

 

C = Não, nunca desmaiei.

 

As sessões prosseguiram e Helena começou a obter resultados verificando que os pensamentos disfuncionais acerca do medo de sair de caso estavam diminuindo e já conseguia ir na padaria e em outros locais.

 

Diante do Estudo de caso responda a questão.

 

Qual a hipótese diagnóstica para o problema de Helena?

Resposta:

A alternativa correta é letra E) Transtorno de Pânico

Gabarito: Letra B

 

A questão quer saber qual a hipótese diagnóstica do caso apresentado. Como é um caso longo, vamos ver só as partes relevantes para pensar no diagnóstico:

 

Com o agravamento dessas manifestações, ela deixara de sair de casa. Não ia a bancos e supermercados, não fazia compras e não ia à casa das filhas visitar os netos. Quando um deles se machucou, ela correu, tirou o carro da garagem, mas quando se viu na rua, teve a sensação de que ia morrer. Voltou com o carro para a garagem e solicitou ao esposo que a levasse até o neto. Ainda assim, experimentou um intenso pavor durante o trajeto, pavor esse que se repetia a cada dia quando saía de casa para o trabalho na companhia do marido. Helena deixou de dirigir.

 

A queixa inicial incluía descrições de taquicardia, sudorese, tonturas, tremores, perda de controle, sensações de morte iminente, pavor e sufoco. Também relatou problemas no sono, dificuldades de concentração, receio de ficar só, e comportamentos de evitação que incluíam a recusa em dirigir. Como parte da avaliação, Helena respondeu ao Questionário de História Vital (Lazarus, 1980) que confirmou os eventos relatados na entrevista inicial.

 

Claramente, os sintomas de Helena indicam um transtorno de ansiedade. O primeiro parágrafo que trouxemos aqui para o comentário indica uma agorafobia, uma vez que a paciente tem medo e ansiedade acentuada sobre sair de casa.

Já o segundo parágrafo traz sintomas bem característicos de um ataque de pânico, como a taquicardia, sudorese, sensação de morte iminente, entre outros. Vamos relembrar os critérios diagnósticos do transtorno de pânico:

 

“A. Ataques de pânico recorrentes e inesperados. Um ataque de pânico é um surto abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas:

Nota: O surto abrupto pode ocorrer a partir de um estado calmo ou de um estado ansioso.

 1. Palpitações, coração acelerado, taquicardia.

 2. Sudorese.

 3. Tremores ou abalos.

 4. Sensações de falta de ar ou sufocamento.

 5. Sensações de asfixia.

 6. Dor ou desconforto torácico.

 7. Náusea ou desconforto abdominal.

 8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio.

 9. Calafrios ou ondas de calor.

 10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento).

 11. Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo).

 12. Medo de perder o controle ou “enlouquecer”.

 13. Medo de morrer.”

  

Essas evidências são confirmadas pelo artigo de que o estudo de caso foi retirado.

Como não há opção que indique o diagnóstico de agorafobia, nossa resposta é Letra E, transtorno de pânico.

 

Referência

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

Britto, Ilma A. Goulart de Souza, & Duarte, Ângela Maria Menezes. (2004). Transtorno de pânico e agorafobia: um estudo de caso. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva6(2), 165-172. Recuperado em 12 de maro de 2021, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452004000200003&lng=pt&tlng=pt.

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