(…) Independentemente de o quadro psiquiátrico ser primário ou secundário à doença orgânica, os casos mais comumente presentes em ambulatórios de clínica médica são os denominados transtornos somatoformes. Esses transtornos perpetuam a dualidade corpo-mente, desenvolvendo uma nosologia que tem sido extensiva e constantemente rediscutida.
(Citero, 2013, p. 88-89. Adaptado.)
Na tentativa de reduzir as controvérsias referentes aos transtornos somatoformes, o DSM-5 considera que o paciente deverá apresentar:
- A) Estado de angústia e perturbação emocional que interferem no funcionamento e desempenho social.
- B) Irritação, fadiga, cansaço e alteração do sono concomitantes à tensão motora e hiperatividade autonômica.
- C) Sintomas físicos recorrentes seguidos de preocupação e desencadeadores de antecipações ansiogênicas por doenças sem gênese orgânica.
- D) Multiplicidade de sintomas físicos, recorrentes e frequentemente mutáveis por, pelo menos, dois anos sem validação por uma explicação médica.
- E) Ao menos um sintoma somático que gere preocupação ou que interfira em sua vida diária, levando a uma alteração de pensamento, afeto ou comportamento, persistindo por mais de seis meses.
Resposta:
A alternativa correta é letra E) Ao menos um sintoma somático que gere preocupação ou que interfira em sua vida diária, levando a uma alteração de pensamento, afeto ou comportamento, persistindo por mais de seis meses.
Gabarito: Letra E
Na tentativa de reduzir as controvérsias referentes aos transtornos somatoformes, o DSM-5 considera que o paciente deverá apresentar:
A questão pode ser respondida com o seguinte texto:
"3. Transtornos Somatoformes
Os sintomas somáticos que não podem ser explicados por doenças orgânicas são chamados de sintomas medicamente inexplicáveis (SMI). Eles são frequentes e têm sido associados a sofrimento mental em vários contextos médicos, especialmente na atenção primária. Os diversos sistemas de classificação de doenças mentais empregam diferentes termos para se referirem aos SMI, somatização, conversão e síndromes funcionais, o que configura um tópico controverso para os profissionais de saúde (Fortes et al., 2019, Tofoli, Andrade & Fortes, 2011).
Em 1992 a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), da Organização Mundial de Saúde (OMS), passou a nomeá-los como transtorno somatoforme, devido às solicitações persistentes de investigações médicas. Tal condição é ainda subdividida em transtornos de somatização, somatoforme indiferenciado, hipocondríaco, neurovegetativo somatoforme, doloroso somatoforme persistente, outros transtornos somatoformes e somatoforme não especificado. A CID-10 caracteriza o transtorno somatoforme pela presença de sintomas físicos que persistem por meses ou anos, que sugerem a presença de doenças clínicas ou cirúrgicas, mas que não são explicados por nenhuma patologia orgânica, nem por outro transtorno mental ou por uso de substâncias (Organização Mundial da Saúde, 2014).
Com a publicação da 5a edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), pela Associação Americana de Psiquiatria (APA), em 2013, houve uma reformulação do conceito de transtorno somatoforme; e a divisão das doenças na CID-10 foi unificada na concepção de transtorno de sintomas somáticos e transtornos relacionados (Hüsing, Löwe & Toussaint, 2018). Os critérios diagnósticos do DSM-V não levam mais em consideração os SMI; no entanto, o paciente deve apresentar ao menos um sintoma somático que gere preocupação ou que interfira em sua vida diária. É necessário também que o sintoma somático esteja acompanhado de uma alteração de pensamento, afeto ou comportamento; e que o quadro persista por mais de 6 meses (American Psychiatric Association, 2014). Os parâmetros diagnósticos considerados no novo DSM são mais diretivos e privilegiam o modo como o paciente lida com o sintoma, possibilitando a inclusão de casos de cunho orgânico que sofrem influência de questões psíquicas, tais como condições psicossomáticas (Catani, 2014)."
Fonte: "Transtornos somatoformes durante a pandemia de COVID-19" (Gracino et al.)
Com isso, vamos analisar as alternativas.
a) Estado de angústia e perturbação emocional que interferem no funcionamento e desempenho social.
Falso. O texto não fala sobre estado de angústia e perturbação emocional como elementos característicos do diagnóstico.
b) Irritação, fadiga, cansaço e alteração do sono concomitantes à tensão motora e hiperatividade autonômica.
Falso. Esses sintomas também não estão presentes no texto acima.
c) Sintomas físicos recorrentes seguidos de preocupação e desencadeadores de antecipações ansiogênicas por doenças sem gênese orgânica.
Falso. Com base no texto acima, basta ao menos um sintoma somático.
d) Multiplicidade de sintomas físicos, recorrentes e frequentemente mutáveis por, pelo menos, dois anos sem validação por uma explicação médica.
Falso. Não precisa ter multiplicidade de sintomas e o prazo está errado.
e) Ao menos um sintoma somático que gere preocupação ou que interfira em sua vida diária, levando a uma alteração de pensamento, afeto ou comportamento, persistindo por mais de seis meses.
Correto. Essa é a alternativa que está de acordo com o texto supracitado.
Portanto, a alternativa correta é a Letra E.
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