Questões Sobre Psicopatologia - Psicologia - concurso
1421) Alguns movimentos corporais se encontram no âmbito da psicologia e da psicopatologia. Assim, as ações psicomotoras possuem um conteúdo psicológico e são uma expressão do psiquismo, representando uma etapa do processo volitivo.
- A) Maneirismos, Perseveração motora e Apraxia.
- B) Hipocinesia, Interceptação cinética e Perseveração motora.
- C) Flexibilidade cerácea, Maneirismos e Estereotipias.
- D) Hipocinesia, Esteriotipais e maneirismos.
- E) Apraxia, Acinesia e Hipercinesia.
A alternativa correta é letra E) Apraxia, Acinesia e Hipercinesia.
Gabarito: Letra E
Alguns movimentos corporais se encontram no âmbito da psicologia e da psicopatologia. Assim, as ações psicomotoras possuem um conteúdo psicológico e são uma expressão do psiquismo, representando uma etapa do processo volitivo.
Considerando isso, são alterações quantitativas psicomotoras:
a) Maneirismos, Perseveração motora e Apraxia.
Errado. Os maneirismos e a perseveração motora são alterações qualitativas da psicomotricidade.
b) Hipocinesia, Interceptação cinética e Perseveração motora.
Errado. Interceptação cinética e Perseveração motora também são alterações qualitativas da psicomotricidade.
c) Flexibilidade cerácea, Maneirismos e Estereotipias.
Errado. Essas também são alterações qualitativas da psicomotricidade.
d) Hipocinesia, Esteriotipais e maneirismos.
Errado. Estereotipias e maneirismos também são alterações qualitativas da psicomotricidade
e) Apraxia, Acinesia e Hipercinesia.
Certo!
A apraxia consiste na dificuldade ou impossibilidade de realizar atos motores intencionais, voluntários, na ausência de paresia ou paralisia, de déficit sensorial e de incoordenação motora. A apraxia representa a perda do movimento aprendido. As apraxias estão relacionadas a lesões corticais, geralmente no hemisfério dominante, envolvendo doenças vasculares cerebrais, processos demenciais e neoplasias.
A hipocinesia (ou inibição psicomotora) caracteriza-se pela diminuição acentuada e generalizada dos movimentos voluntários. Os movimentos tornam-se lentos e são realizados com grande dificuldade. Em geral, há inibição do pensamento e da fala, empobrecimento da mímica (hipomimia), e diminuição da vontade (hipobulia).
A hipercinesia (ou exaltação psicomotora) caracteriza-se por um aumento patológico da atividade motora voluntária. Essa exaltação da psicomotricidade pode se dar em três níveis de gravidade: inquietação, agitação e furor (do menos para o mais intenso).
Nosso gabarito é Letra E
Referência
CHENIAUX JR, ELIE, Manual de Psicopatologia. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara. Koogan, 2008
1422) Sociopata e Psicopata são nomes atribuídos a indivíduos portadores do Transtorno de Personalidade antissocial, cujas características demonstram destrutividade interpessoal e prejuízos sociais.
- A) V • V • F • V • F
- B) F • V • V • F • F
- C) V • V • V • F • V
- D) F • V • F • V • F
- E) V • F • F • F • V
A alternativa correta é letra C) V • V • V • F • V
Gabarito: Letra C
“A. Um padrão difuso de desconsideração e violação dos direitos das outras pessoas que ocorre desde os 15 anos de idade, conforme indicado por três (ou mais) dos seguintes:
1. Fracasso em ajustar-se às normas sociais relativas a comportamentos legais, conforme indicado pela repetição de atos que constituem motivos de detenção.
2. Tendência à falsidade, conforme indicado por mentiras repetidas, uso de nomes falsos ou de trapaça para ganho ou prazer pessoal.
3. Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro.
4. Irritabilidade e agressividade, conforme indicado por repetidas lutas corporais ou agressões físicas.
5. Descaso pela segurança de si ou de outros.
6. Irresponsabilidade reiterada, conforme indicado por falha repetida em manter uma conduta consistente no trabalho ou honrar obrigações financeiras.
7. Ausência de remorso, conforme indicado pela indiferença ou racionalização em relação a ter ferido, maltratado ou roubado outras pessoas.
B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade.
C. Há evidências de transtorno da conduta com surgimento anterior aos 15 anos de idade.
D. A ocorrência de comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou transtorno bipolar”
(V) A maioria dos problemas é sofrida pelas pessoas que vivem em torno do indivíduo perturbado.
Verdadeiro. As características associadas desse transtorno, como a falta de empatia e de consideração pelos sentimentos dos outros, faz com que o sofrimento maior gerado por ele seja em terceiros, e não no próprio portador do transtorno.
(V) Os portadores não apresentam sinais tradicionais de comportamento anormal, como ansiedade, alucinação ou delírio, o que torna o diagnóstico difícil.
Verdadeiro. Não há, de fato, nos critérios diagnósticos da personalidade antissocial sintomas como esses.
(V) Alguns sintomas importantes são verificados no humor, como ausência de culpa, e na motricidade, como a impulsividade.
Verdadeiro. A impulsividade e a ausência de culpa são centrais nesse transtorno.
(F) Já pode ser verificado e diagnosticado na pré-adolescência, antes do dezoito anos de idade.
Falso. Esse diagnóstico só pode ser feito após os 18 anos, sendo que os sintomas devem estar presentes desde os 15.
(V) Comumente é associado à delinquência e ao crime; contudo, muitas pessoas com esse transtorno não são criminosas.
Verdadeiro. O transtorno é marcado pela irresponsabilidade e o descaso pelas normas, o que pode levar à delinquência. Entretanto, diversas pessoas tem o transtorno e levam uma vida dentro das leis.
Assim, a sequência correta é V V V F V
Gabarito Letra C
Referência
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
1423) Um fenômeno psicológico* cuja característica é a sua capacidade de envolver todo o indivíduo, comprometendo-o organicamente na sua experiência, leva à perda de controle do eu, sendo agudo e pouco duradouro, pode ser definido como:
- A) afeto.
- B) sentimento.
- C) sensação.
- D) emoção.
A alternativa correta é letra D) emoção.
Um fenômeno psicológico* cuja característica é a sua capacidade de envolver todo o indivíduo, comprometendo-o organicamente na sua experiência, leva à perda de controle do eu, sendo agudo e pouco duradouro, pode ser definido como:
Jaime Guillermo Rojas-Bermúdez é um psiquiatra e psicanalista cuja abordagem está fundamentada no psicodrama.
A respeito do autor mencionado, Romaña (2004, p. 86) comenta:
“Neste caso, o estaremos focando de acordo com Rojas Bermudez. Ele esclarece que com o termo sensação deseja significar uma reação desencadeada por um estímulo vindo do exterior. Cada sensação tem seu equivalente psicológico. Já a emoção é para este autor um fenômeno inteiramente psicológico, que envolve o indivíduo na sua totalidade, comprometendo-o organicamente com essa experiência”
a) afeto.
INCORRETA. Na obra de Rojas-Bermúdez não detectou-se uma delimitação para “afeto”, porém, Dalgalarrondo, autor cuja literatura é bastante citada no ramo da psicopatologia, descreve “afeto” da seguinte forma (2008, p.157):
“Define-se afeto como a qualidade e o tônus emocional que acompanha uma idéia ou representação mental. Os afetos acoplam-se a idéias, anexando a elas um colorido afetivo. Seriam, assim, o componente emocional de uma idéia.”
b) sentimento.
INCORRETA. Segundo Dalgalarrondo (2008, p.156):
“Os sentimentos são estados e configurações afetivas estáveis; em relação às emoções, são mais atenuados em sua intensidade e menos reativos a estímulos passageiros. Os sentimentos estão comumente associados a conteúdos intelectuais, valores, representações e, em geral, não implicam concomitantes somáticos. Constituem fenômeno muito mais mental que somático.”
c) sensação.
INCORRETA. Note que para Rojas Bermudez. o termo sensação corresponde a uma reação desencadeada por um estímulo vindo do exterior, nesse caso, observa-se uma interação mediada entre ambiente e organismo e que resulta na emissão de um comportamento.
d) emoção.
CORRETA. Considerando a compatibilidade entre a literatura de Romaña (2004) e o que traz a alternativa, ratifica-se que esta corresponde a opção CERTA.
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Fonte consultada:
Dalgalarrondo, P. (2008). Psicopatologia e semiologia dos transtornos. 2. ed. Porto Alegre : Artmed.
Romaña, M. A. Pedagogia do Drama. 8 perguntas e 3 relatos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004
1424) Uma alegria contagiante pode se transformar em tristeza profunda em um piscar de olhos porque alguém “pisou na bola”. O amor intenso vira ódio profundo, porque a atitude foi interpretada como traição; o sentimento sai de controle e se traduz em gritos, palavrões e até socos, e, então, bate uma culpa enorme e o medo de ser abandonado, como sempre. Dá vontade de se cortar, de beber e até de morrer, porque a dor, o vazio e a raiva de si mesmo são insuportáveis.
- A) transtorno de ansiedade social.
- B) transtorno de estresse pós-traumático.
- C) transtorno de personalidade borderline.
- D) transtorno bipolar de personalidade.
A alternativa correta é letra C) transtorno de personalidade borderline.
Gabarito: Letra C
Estamos diante de um paciente manifestando sintomas característicos de um:
a) transtorno de ansiedade social.
b) transtorno de estresse pós-traumático.
c) transtorno de personalidade borderline.
d) transtorno bipolar de personalidade.
Não há referencia a medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais situações sociais em que o indivíduo é exposto a possível avaliação por outras pessoas para caracterizar transtorno de ansiedade social, nem sintomas intrusivos associados a um evento traumático para caracterizar TEPT. Transtorno bipolar de personalidade não é um transtorno existente.
O texto se refere ao transtorno de personalidade borderline, vamos ver as descrições e compara-las com os critérios diagnósticos do DSM para esse transtorno:
“1. Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado.
2. Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização.
3. Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si mesmo.
4. Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (p. ex., gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão alimentar).
5. Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante.
6. Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade de humor (p. ex., disforia episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa com duração geralmente de poucas horas e apenas raramente de mais de alguns dias).
7. Sentimentos crônicos de vazio.
8. Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la (p. ex., mostras frequentes de irritação, raiva constante, brigas físicas recorrentes).
9. Ideação paranoide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos.”
Uma alegria contagiante pode se transformar em tristeza profunda em um piscar de olhos porque alguém “pisou na bola”. – Aqui temos o critério 6, instabilidade afetiva.
O amor intenso vira ódio profundo, porque a atitude foi interpretada como traição; - O critério 2, em que há alternância entre extremos de idealização e desvalorização
o sentimento sai de controle e se traduz em gritos, palavrões e até socos, e, então, - essa é uma representação do critério 8, de raiva intensa
bate uma culpa enorme e o medo de ser abandonado, como sempre. – o medo de ser abandonado é uma característica central desse transtorno
Dá vontade de se cortar, de beber e até de morrer, - aqui temos o critério 5, de comportamentos auto-lesivos
porque a dor, o vazio e a raiva de si mesmo são insuportáveis. – sentimento de vazio, critério 7.
Nosso gabarito é Letra C
Referência
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
1425) “…numa regressão a vidas passadas, a missionária Luz do Sol descobriu que foi uma cigana na Idade Média. Finalmente encontrou a explicação para sua facilidade em ler mãos, enxergar a cor da aura e ter premonições… desde a infância, seu jeito pouco convencional chamava a atenção: vestia-se de princesa, usava trança só de um lado e calçava um sapato de cada cor. Nos finais de semana, despencava-se para lugares remotos em busca de contato com extraterrestres. Dois colegas foram abduzidos, ela não teve a mesma sorte… Aos 45 anos, seu sexto sentido lhe diz que muitas pessoas torcem o nariz para sua presença e não têm boas intenções… Toda vez que encontra um bichinho abandonado, ela o leva para casa. Chegou a ter vinte gatos. Seus três irmãos pouco aparecem e já sugeriram que ela procurasse ajuda. Ela reagiu muito mal à ideia. Depois disso, isolou-se de vez. Diz que não há mal algum em viver no seu mundinho e que os outros não têm conexão espiritual para entendê-la”.
- A) um transtorno de personalidade esquizoide.
- B) um transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva.
- C) um transtorno de personalidade emocionalmente instável.
- D) um transtorno de personalidade histriônica.
A alternativa correta é letra A) um transtorno de personalidade esquizoide.
Segundo DSM V:
- “Os transtornos da personalidade estão reunidos em três grupos, com base em semelhanças descritivas. O Grupo A inclui os transtornos da personalidade paranoide, esquizoide e esquizotípica. Indivíduos com esses transtornos frequentemente parecem esquisitos ou excêntricos. O Grupo B inclui os transtornos da personalidade antissocial, borderline, histriônica e narcisista. Indivíduos com esses transtornos costumam parecem dramáticos, emotivos ou erráticos. O Grupo C inclui os transtornos da personalidade evitativa, dependente e obsessivo-compulsiva. Indivíduos com esses transtornos com frequência parecem ansiosos ou medrosos.” (DSM-V, 2014, p. 246)”
- “A característica essencial do transtorno da personalidade esquizoide é um padrão difuso de distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão de emoções em contextos interpessoais” (p. 653)
a) um transtorno de personalidade esquizoide.
CORRETA. Em comparação com as outras alternativas, a descrição apresentada encontra maior aproximação com um transtorno de personalidade esquizoide. Apesar disso, o quadro preconizado traz maior relação com o Transtorno Esquizotípica pela presença de várias distorções cognitivas. O Transtorno Esquizotípica se diferencia do Transtorno Esquizoide, pela presença de distorções cognitivas ou perceptivas.
b) um transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva.
INCORRETA. Segundo o DSM V:
“A característica essencial do transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva é uma preocupação com ordem, perfeccionismo e controle mental e interpessoal à custa de flexibilidade, abertura e eficiência” (p. 678)
c) um transtorno de personalidade emocionalmente instável.
INCORRETA. De acordo com o DSM V:
“Transtorno da personalidade borderline é um padrão de instabilidade nas relações interpessoais, na autoimagem e nos afetos, com impulsividade acentuada.” (p. 645)
d) um transtorno de personalidade histriônica.
INCORRETA. Conforme o DSM V:
“Transtorno da personalidade histriônica é um padrão de emocionalidade e busca de atenção em excesso.” (p. 645)
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Fonte consultada:
Associação Psiquiátrica Americana (APA). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
1426) Na classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10, encontramos, no capítulo dos transtornos de personalidade e comportamento em adultos (F60 – F69), especificamente no item F62-1 – alteração permanente de personalidade após doença psiquiátrica, que deve ser permanente e manifestar-se como um padrão inflexível e mal-adaptativo de vivenciar e de funcionar, levando a problemas duradouros no funcionamento interpessoal, social ou ocupacional e angústia subjetiva. Não deve haver nenhuma evidência de um transtorno de personalidade pré-existente que possa explicar a alteração de personalidade e o transtorno mental, precedente. São evidências diagnósticas para esse tipo de alteração de personalidade:
- A) apenas I e II estão corretos.
- B) apenas I e III estão corretos.
- C) apenas III, V e VI estão corretos.
- D) todas as seis evidências estão corretas.
A alternativa correta é letra D) todas as seis evidências estão corretas.
Gabarito: Letra D
Não deve haver nenhuma evidência de um transtorno de personalidade pré-existente que possa explicar a alteração de personalidade e o transtorno mental, precedente. São evidências diagnósticas para esse tipo de alteração de personalidade:
Antes, vamos ver como o CID apresenta essas evidências:
“Evidências diagnósticas para esse tipo de alteração de personalidade devem incluir tais aspectos clínicos como os seguintes:
(a) dependência excessiva e atitude exigente perante os outros;
(b) convicção de ter sido alterado ou estigmatizado pela doença precedente, levando a uma incapacidade de estabelecer ou manter relacionamentos pessoais próximos e confidentes e a isolamento social;
(c) passividade, interesses reduzidos e envolvimento diminuído em atividades de lazer;
(d) queixas persistentes de estar doente, as quais podem estar associadas a reclamações hipocondríacas e comportamento doentio;
(e) humor lábil ou disfórico, não decorrente da presença de um transtorno mental atual ou transtorno mental precedente com sintomas afetivos re siduais;
(f) comprometimento significativo no funcionamento social e ocupacional comparado com a situação pré-mórbida.”
I - dependência excessiva e atitude exigente perante os outros.
Certo! Essa é a letra A.
II- convicção de ter sido estigmatizado pela doença precedente.
Certo! Essa é a letra B.
III- passividade, interesses reduzidos e ausência de atividades de lazer.
Certo! Essa é a letra C.
IV- queixas persistentes de estar doente.
Certo! Essa é a letra D
V - humor lábil.
Certo! Essa é a letra E
VI- comprometimento significativo no funcionamento social e ocupacional comparado com a situação pré-mórbida.
Certo! Essa é a letra F
Assim, todas as seis evidências estão corretas.
Gabarito Letra D
Fonte: Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID - 10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artmed, 1993
1427) O código F84-5 configura um transtorno de validade nosológica incerta, caracterizado pelo mesmo tipo de anormalidades qualitativas de interação social recíproca que tipifica o autismo, junto com o repertório de interesses e de atividades restrito, estereotipado e repetitivo. O transtorno difere do autismo primariamente por não haver nenhum atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou de linguagem. (CID 10 – transtornos mentais e de comportamento – transtornos do desenvolvimento psicológico F80 a F89).
- A) Heller.
- B) Kanner.
- C) Hett.
- D) Asperger.
A alternativa correta é letra D) Asperger.
Gabarito: Letra D
O código F84-5 configura um transtorno de validade nosológica incerta, caracterizado pelo mesmo tipo de anormalidades qualitativas de interação social recíproca que tipifica o autismo, junto com o repertório de interesses e de atividades restrito, estereotipado e repetitivo. O transtorno difere do autismo primariamente por não haver nenhum atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou de linguagem. (CID 10 – transtornos mentais e de comportamento – transtornos do desenvolvimento psicológico F80 a F89).
Esta é a definição da síndrome de:
a) Heller.
b) Kanner.
c) Hett.
d) Asperger.
O transtorno semelhante ao autismo mas que se difere dele pela ausência de atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo e de linguagem é a síndrome de Asperger. Importante ressaltar que o DSM-V não diferencia esse transtorno, incluindo-o nos transtornos do espectro autista.
“Apesar da concepção de superdotação estar intimamente relacionada aos pontos fortes que uma pessoa possa apresentar, é possível encontrar casos em que é também diagnosticado algum transtorno, como a Síndrome de Asperger. Devido este estudo ter iniciado antes do lançamento do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5a Edição (DSM-5, American Psychiatric Association – APA, 2014), em que a Síndrome de Asperger não existe mais como diagnóstico distinto, o termo e sua descrição serão utilizados nesse estudo. Ressalta-se que a Síndrome de Asperger ainda aparece na Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10 (World Health Organization Geneva – WHO, 1993), sendo descrita como:
Um transtorno de validade nosológica incerta, caracterizada pelo mesmo tipo de anormalidades qualitativa de interação social recíproca que tipifica o autismo, junto com um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. O transtorno difere do autismo primariamente por não haver nenhum atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou de linguagem. A maioria dos indivíduos é de inteligência global normal, mas é comum que seja marcadamente desajeitada; a condição ocorre predominantemente em meninos (em uma proporção de cerca de oito garotos para uma menina) (p. 252).”
Nosso gabarito é Letra D
Fonte: Vilarinho-Rezende, Daniela, de Souza Fleith, Denise, & Lima Soriano Alencar, Eunice Maria. (2016). Desafios no diagnóstico de dupla excepcionalidade: um estudo de casoChallenges in dual exceptionality’s diagnosis: a case studyDesafíos en el diagnóstico de doble excepcionalidad: un estudio de caso. Revista de Psicología (PUCP), 34(1), 61-84.
1428) Afecção mental caracterizada por um relaxamento das formas habituais de associação de ideias, uma diminuição da afetividade, fechamento sobre si mesmo com perda de contato vital com a realidade, englobando a demência precoce, parafrenia, grande parte dos delírios crônicos e mesmo certos delírios senis, sem comprometimento inicial da inteligência. (Piéron, Henri – Dicionário de Psicologia, 9ª edição. São Paulo, Globo, 1995, p. 194).
- A) esquizofrenia.
- B) catatonia.
- C) oligofrenia.
- D) catalepsia.
A alternativa correta é letra A) esquizofrenia.
Gabarito: Letra A
Afecção mental caracterizada por um relaxamento das formas habituais de associação de ideias, uma diminuição da afetividade, fechamento sobre si mesmo com perda de contato vital com a realidade, englobando a demência precoce, parafrenia, grande parte dos delírios crônicos e mesmo certos delírios senis, sem comprometimento inicial da inteligência. (Piéron, Henri – Dicionário de Psicologia, 9ª edição. São Paulo, Globo, 1995, p. 194).
Esta é a definição de:
a) esquizofrenia.
Certo! O termo esquizofrenia aqui é usado em sentido amplo, não no sentido estrito de um diagnóstico do DSM, e sim uma designação de transtornos que envolvem a perda de contato com a realidade, o relaxamento das formas tradicionais de associação de ideias e a diminuição da afetividade.
“Por uma simples questão de comodidade, diz-se esquizofrenia, no singular, porque, enquanto não conseguida uma classificação natural, esta designação não se refere a uma entidade mórbida, no sentido restrito do termo, mas a um agrupamento patológico, que lembra o das psicoses orgânicas: "wahrscheinlich auch einige seltenere Krankheitsbilder Symptome hervorbringen - gewisse leichte organische Störungen, irgendwelche intoxicationen wie die alcoolische, verschiedene Arten von Autointoxicationen oder von Infektionen -, die für unser jetziges Wissen der Schizophrenie nicht abzugrenzen seien". Por isso, diz Bleuler, mais justo é falar de esquizofrenias, no plural.
A esquizofrenia, de modo geral, abrange um grupo de estados psicopáticos, que evoluem cronicamente ou por meio de surtos, neste último caso, depois dos mesmos, podendo ocorrer ora estacionamento, ora regressão dos sintomas, porém nunca um completo restitutio ad integrum.
Duas ordens de sintomas caracterizam a esquizofrenia: os fundamentais e os acessórios, aparentes ou clínicos.
Os sintomas fundamentais - unmittelbare seelische Aüsserungen eines organischen Prozesses - consistem num distúrbio particular do pensamento, em certas alterações da afetividade em relação ao mundo exterior, e numa tendência à fantasia que termina pela exclusão do real (autismo).
O distúrbio do pensamento, encontrado até nos casos leves, é caracterizado pelo relaxamento das associações habituais: - o pensamento não se encaminha para um determinado fim, não obedece a uma ideia diretriz e, nessa condição, foge ao seu papel em face da realidade.
Para dar uma noção aproximada do relaxamento das associações, Bleuler recorre a numerosos exemplos, tais como o seguinte: "Onde está o Egito?" - o esquizofrênico responderá - "entre a Assíria e o Congo", associando uma das mais antigas civilizações a uma das nações mais moder-nas, e fazendo com isto abstração da noção de tempo; em vez de simplesmente responder - "nordeste da África", ele se desloca para o continente asiático e suprime o Sudão que está de permeio.
Tanto mais pronunciado o distúrbio associativo, tanto menos adaptado ao ambiente é o pensamento, até que, nos casos extremos, privado da ação reguladora que resulta da sua ligação ao real, acaba se fragmentando. A consequência imediata deste fato é a alteração da lógica e dos conceitos, que origina a insuficiência de julgamento ou a imprecisão, o deslocamento ou a condensação de muitos conceitos num único. As associações tornam-se esquisitas, incom-preensíveis, e o doente, em tais condições, diz-se dissociado. A personalidade perde a unidade, influenciada ora por este, ora por aquele complexo, pois os diversos complexos psíquicos já não se reúnem, como normalmente, para os mesmos conjuntos de aplicações.
O relaxamento das associações reveste, às vezes, aspectos curiosos, como: a interceptação ou privação de pensamentos, que pode ser mais ou menos duradoura; a irrupção de pensamentos, em que o doente se sente obrigado a pensar em alguma coisa ou sente que pensam dentro de seu cérebro e contra a sua vontade; a perseveração de pensamentos, em que o paciente não pode destacar-se de um assunto, ou, mesmo, de algumas ou de uma palavra.
O estado distímico dominante pode dar ao distúrbio associativo uma forma de fuga ou de inibição ideativa.
As perturbações afetivas lembram as do pensamento: - não há abolição das reações afetivas, apenas desvio do seu alcance pragmático.
Nos doentes graves, ocorre o que se poderia chamar de demência afetiva, em que podem passar anos inteiros sem uma demonstração afetiva, parecendo possuir apenas vida vegetativa, pois, não raro, até o instinto de conservação deixa de manifestar-se em situações de grande e iminente perigo. Não se queixam de fome, de sede, nem tampouco dos maus-tratos a que, porventura, estejam submetidos. Não se incomodam com o que lhes possa acontecer, nem aos seus próximos.
Nos doentes leves, os distúrbios afetivos são da mesma natureza, embora menos intensos. Há, sobretudo, acentuada irregularidade das reações afetivas: - normais, em relação a certos fatos; diminuídas ou ausentes em relação a outros, muitas vezes dos mais importantes.
A afetividade, nestas circunstâncias, parece rígida, acompanha mal as modificações que se passam no meio ou na própria pessoa, não tem a mobilidade necessária, havendo, segundo a expressão de Bleuler, como que uma adiadococinesia afetiva, que a distingue das distimias maníaco-depressivas. Outras vezes, notam-se reações paradoxais (paratimia, paramimia).
Em nenhum caso de esquizofrenia, porém, ocorrerá perda da afetividade: - até nos velhos esquizofrênicos, sujeitos a um longo internamento, na aparência completamente indiferentes, descobrem-se pontos sensíveis, formados por antigos complexos, que atingidos, desencadeiam reações imprevistas, violentas e adequadas. A afetividade pode reaparecer integralmente, além disso, quando, por exemplo, uma afecção orgânica vem complicar a esquizofrenia, o que faz supor que, nesta doença, os sentimentos não se alteram, porém ficam funcionalmente impossibilitados de uma exteriorização.”
b) catatonia.
Errado. A característica central da catatonia é a incapacidade de se mover normalmente.
c) oligofrenia.
Errado. Na oligofrenia há comprometimento da inteligência.
d) catalepsia.
Errado. A catalepsia é um distúrbio em que a pessoa não consegue se movimentar, podendo até afetar a respiração.
Nosso gabarito é Letra A
Fonte: Campos, Murillo deO grupo das esquizofrenias ou demência precoce: relatório apresentado ao III Congresso Brasileiro de Neurologia, Psiquiátrica e Medicina Legal. Rio de Janeiro. Julho de 1929. História, Ciências, Saúde-Manguinhos [online]. 2010, v. 17, suppl 2 [Acessado 12 Setembro 2021] , pp. 709-732.
1429) Com relação à Psicopatologia, analise as assertivas e identifique com V as verdadeiras e com F as falsas.
- A) V F V F.
- B) V V F V.
- C) V F F V.
- D) F V F V.
A alternativa correta é letra B) V V F V.
Gabarito: Letra B
(V) na Psicopatologia Psicanalítica, os sintomas mentais são apreciados como formas de desejos que não podem ser realizados, de temores aos quais o indivíduo não tem acesso, de expressão de conflitos, predominantemente, inconscientes.
Verdadeiro. Veja um pouco mais sobre a psicopatologia psicanalítica:
“Em contraposição, na visão psicanalítica, o homem é visto como ser “determinado”, dominado, por forças, desejos e conflitos inconscientes. A psicanálise dá grande importância aos afetos, que, segundo ela, dominam o psiquismo; o homem racional, autocontrolado, senhor de si e de seus desejos, é, para ela, uma enorme ilusão. Na visão psicanalítica, os sintomas e síndromes mentais são considerados formas de expressão de conflitos, predominantemente inconscientes, de desejos que não podem ser realizados, de temores aos quais o indivíduo não tem acesso. O sintoma é encarado, nesse caso, como uma “formação de compromisso”, um certo arranjo entre o desejo inconsciente, as normas e as permissões culturais e as possibilidades reais de satisfação desse desejo. A resultante desse emaranhado de forças, dessa “trama conflitiva” inconsciente, é o que se identifica como sintoma psicopatológico.”
(V) a Psicopatologia Fundamental visa centralizar a atenção da pesquisa psicopatológica sobre os fundamentos de cada conceito psicopatológico, dando ênfase à noção de doença mental como pathos, que significa sofrimento, paixão e passividade.
Verdadeiro.
“Por sua vez, o projeto de psicopatologia fundamental, proposto pelo psicanalista francês Pierre Fedida, visa centrar a atenção da pesquisa psicopatológica sobre os fundamentos de cada conceito psicopatológico. Além disso, tal psicopatologia dá ênfase à noção de doença mental como pathos, que significa sofrimento, paixão e passividade. O pathos, diz Berlinck (1977), é um sofrimento-paixão que, ao ser narrado a um interlocutor, em certas condições, pode ser transformado em experiência e enriquecimento.”
(F) na Psicopatologia Existencial, o enfermo é percebido principalmente como uma “essência a priori”, como um ser lançado em um mundo que é apenas cultural e social na sua dimensão elementar, mas que é necessariamente biológico e instintivo.
Falso. Na verdade, nessa perspectiva, o enfermo é percebido principalmente como “existência singular”, como ser lançado a um mundo que é apenas natural e biológico na sua dimensão elementar, mas que é fundamentalmente histórico e humano.
“Já na perspectiva existencial, o doente é visto principalmente como “existência singular”, como ser lançado a um mundo que é apenas natural e biológico na sua dimensão elementar, mas que é fundamentalmente histórico e humano. O ser é construído por meio da experiência particular de cada sujeito, na sua relação com outros sujeitos, na abertura para a construção de cada destino pessoal. A doença mental, nessa perspectiva, não é vista tanto como disfunção biológica ou psicológica, mas, sobretudo, como um modo particular de existência, uma forma trágica de ser no mundo, de construir um destino, um modo particularmente doloroso de ser com os outros.”
(V) para a Psicopatologia Biológica, a base de todo transtorno mental são alterações de determinadas áreas, circuitos cerebrais e mecanismos neurais, enfatizando assim os aspectos cerebrais, neuroquímicos ou neurofisiológicos das enfermidades e dos sintomas mentais.
Verdadeiro.
“A psicopatologia biológica enfatiza os aspectos cerebrais, neuroquímicos ou neurofisiológicos das doenças e dos sintomas mentais. A base de todo transtorno mental são alterações de mecanismos neurais e de determinadas áreas e circuitos cerebrais. Nesse sentido, o aforismo do psiquiatra alemão Griesinger (1845) resume bem essa perspectiva: “doenças mentais são (de fato) doenças cerebrais”.”
Assim, a sequência correta é V V F V
Gabarito: Letra B
Referência
Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais – 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
1430) Sobre o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), analisar os itens abaixo:
- A) Somente os itens I e II.
- B) Somente os itens I e III.
- C) Somente os itens I, III e IV.
- D) Somente os itens II, III e IV.
A alternativa correta é letra D) Somente os itens II, III e IV.
Sobre o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), analisar os itens abaixo:
Sobre o TEPT, o DSM-5 (2014) esclarece:
“A característica essencial do transtorno de estresse pós-traumático é o desenvolvimento de sintomas característicos após a exposição a um ou mais eventos traumáticos.”
I - Indivíduos que sofrem de TEPT não apresentam aumento em processos inflamatórios.
INCORRETA. A assertiva não encontrou respaldo na consulta ao DSM-5, porém, contrariando isto, Oliveira (2018) ressalta:
“Estudos recentes têm sugerido que no TEPT há a ativação do sistema imune com o aumento de mediadores inflamatórios, podendo influenciar no comportamento afetivo e desenvolvimento de comorbidades.”
II - Transtorno psicológico desencadeado pela exposição a um estressor traumático externo.
CORRETA. Na realidade, em relação ao TEPT, o DSM-5 (2014) destaca:
“Sofrimento psicológico intenso ou prolongado ante a exposição a sinais internos ou externos que simbolizem ou se assemelhem a algum aspecto do evento traumático.”
III - Os sintomas do TEPT incluem memórias assombrosas e pesadelos sobre o fato traumático.
CORRETA. Considerando o TEPT, o DSM-5 (2014) menciona:
“Lembranças intrusivas angustiantes, recorrentes e involuntárias do evento traumático. [...] Nota: Em crianças, pode haver pesadelos sem conteúdo identificável.”
IV - Perturbação mental extrema e flashbacks indesejados.
CORRETA. Discorrendo sobre o TEPT, o DSM-5 (2014) cita:
“Reações dissociativas (p. ex., flashbacks) nas quais o indivíduo sente ou age como se o evento traumático estivesse ocorrendo novamente”
Considerando a análise das proposições apresentadas, ratifica-se que estão corretos apenas os itens II, III e IV, portanto, LETRA “D”.
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Fonte consultada:
OLIVEIRA, Jacqueline Flores de. Níveis séricos de interleucinas IL-6 e IL-10 em indivíduos com transtorno de estresse pós-traumático em uma amostra de base populacional. 2018.50 f. Dissertação( Programa de Pós-Graduação em Saúde Comportamento) - Universidade Católica de Pelotas, Pelotas.
Associação Psiquiátrica Americana (APA). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.