Questões Sobre Psicopatologia - Psicologia - concurso
1551) Analise as afirmativas abaixo sobre a afetividade e suas alterações e marque V, para as verdadeiras e F, para as falsas.
- A) F, V, V, F.
- B) V, F, V, F.
- C) F, V, F, V .
- D) V, V, F, F.
- E) V, V, V, V.
ESTA QUESTÃO FOI ANULADA, NÃO POSSUI ALTERNATIVA CORRETA
Questão anulada
(V) Afetividade é um termo genérico que compreende várias modalidades de vivências afetivas, como o humor, as emoções e os sentimentos.
Verdadeiro! Veja o que diz Dalgalarrondo:
“A vida afetiva é a dimensão psíquica que dá cor, brilho e calor a todas as vivências humanas. Sem afetividade, a vida mental tornase vazia, sem sabor. Afetividade é um termo genérico, que compreende várias modalidades de vivências afetivas, como o humor, as emoções e os sentimentos.”
(V) O humor, ou estado de ânimo, é definido como o tônus afetivo do indivíduo, o estado emocional basal e difuso em que se encontra a pessoa em determinado momento.
Verdadeiro! Essa também é uma definição de Dalgalarrondo:
“O humor, ou estado de ânimo, é definido como o tônus afetivo do indivíduo, o estado emocional basal e difuso em que se encontra a pessoa em determinado momento. É a disposição afetiva de fundo que penetra toda a experiência psíquica, a lente afetiva que dá às vivências do sujeito, a cada momento, uma cor particular, ampliando ou reduzindo o impacto das experiências reais e, muitas vezes, modificando a natureza e o sentido das experiências vivenciadas.”
(F) A emoção é um sentimento afetivo intenso, de longa duração, originada geralmente como a reação do indivíduo a certas excitações internas ou externas, conscientes ou inconscientes.
Falso. A emoção é de curta duração.
“As emoções podem ser definidas como reações afetivas agudas, momentâneas, desencadeadas por estímulos significativos. Assim, a emoção é um estado afetivo intenso, de curta duração, originado geralmente como a reação do indivíduo a certas excitações internas ou externas, conscientes ou inconscientes. Assim como o humor, as emoções são freqüentemente acompanhadas de reações somáticas (neurovegetativas, motoras, hormonais, viscerais e vasomotoras), mais ou menos específicas. O humor e as emoções são, ao mesmo tempo, experiências psíquicas e somáticas, e revelam sempre a unidade psicossomática básica do ser humano.”
(V) Os sentimentos estão comumente associados a conteúdos intelectuais, valores, representações e, em geral, não implicam concomitantes somáticos.
Verdadeiro! Ainda em Dalgalarrondo:
“Os sentimentos são estados e configurações afetivas estáveis; em relação às emoções, são mais atenuados em sua intensidade e menos reativos a estímulos passageiros. Os sentimentos estão comumente associados a conteúdos intelectuais, valores, representações e, em geral, não implicam concomitantes somáticos. Constituem fenômeno muito mais mental que somático”
Assim, a sequência correta é V V F V
Como não há uma afirmativa com essa sequência, a questão foi anulada.
Referência
Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais – 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
1552) Analise os sintomas abaixo e seus respectivos conceitos, relacionando a primeira coluna à segunda.
- A) IV, I, II, III.
- B) I, II, III, IV.
- C) IV, III, II, I.
- D) II, IV, III, I.
- E) III, IV, I, II.
A alternativa correta é letra A) IV, I, II, III.
Gabarito: Letra A
O dicionário de psicologia da APA caracteriza dessa forma a ansiedade, definição que é corroborada pelo DSM:
“Medo é a resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida, enquanto ansiedade é a antecipação de ameaça futura. Obviamente, esses dois estados se sobrepõem, mas também se diferenciam, com o medo sendo com mais frequência associado a períodos de excitabilidade autonômica aumentada, necessária para luta ou fuga, pensamentos de perigo imediato e comportamentos de fuga, e a ansiedade sendo mais frequentemente associada a tensão muscular e vigilância em preparação para perigo futuro e comportamentos de cautela ou esquiva”
Como vimos, quando há ameaça iminente, a resposta é o medo.
Essa é a agitação.
Essa inadequação é expressa na insegurança.
Assim, a sequência correta é IV, I, II, III.
Gabarito Letra A
Fonte: VandeBos, G. R. (Org.) Dicionário de Psicologia da APA. Porto Alegre: Artmed, 2010.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
1553) Os estudos sobre delírios e alucinações constituem um tema clássico em psicopatologia. Sobre a temática, analise as seguintes afirmativas:
- A) As afirmações I, II e III estão corretas.
- B) As afirmações I, III e IV estão corretas.
- C) As afirmações II, III e IV estão corretas.
- D) As afirmações I, II, III, IV e V estão corretas.
- E) As afirmações II, IV e V estão corretas.
A alternativa correta é letra E) As afirmações II, IV e V estão corretas.
Gabarito: Letra E
I - Alucinações são sintomas típicos das neuroses.
Errado. Alucinações são típicas das psicoses.
II - Delírios são sintomas típicos dos estados psicóticos/psicoses.
Certo! Os sintomas típicos dos estados psicóticos são as alucinações, os delírios, pensamento desorganizado e comportamento claramente bizarro.
III - Delírios e alucinações ocorrem sempre separadamente.
Errado. Delirios e alucinações podem acontecer simultaneamente, e também podem ser confundidos entre si.
“Algumas experiências, tais como vivências corporais bizarras (“Sinto que não tenho mais fígado”; “Sinto que uma cobra anda dentro do meu corpo”; ou “É como se toda noite o demônio tocasse meus órgãos genitais”), não têm qualquer referência em percepções normais (o homem normal não sente seu fígado para poder perceber que ele não mais está lá) ou, nelas, a experiência sensorial é amplamente interpretativa, com caráter ideativo. Assim, em certos casos, tornase difícil afirmar que se trata de uma alucinação ou de uma idéia delirante sobre algo aparentemente sensorial. Nessas situações, sugere-se que se opte por classificar o fenômeno por meio do caráter predominante da experiência: quando sensorial, considera-se como alucinação, quando ideativa ou de caráter mais interpretativo, como delírio.”
IV - No delírio há um comprometimento do pensamento/alterações do juízo da realidade.
Certo! O delírio é uma alteração do juízo da realidade.
“O ajuizar, isto é, produzir juízos, é uma atividade humana por excelência. Segundo Nobre de Melo (1979), por meio dos juízos o ser humano afirma a sua relação com o mundo, discerne a verdade do erro, assegura-se da existência ou não de um objeto perceptível (juízo de existência), assim como distingue uma qualidade de outra (juízo de valor). Ajuizar quer dizer julgar. Todo juízo implica, certamente, um julgamento, que, por um lado, é subjetivo, individual e, por outro, social, produzido historicamente, em consonância com os determinantes socioculturais. É preciso lembrar que as alterações do juízo de realidade são alterações do pensamento. Tais alterações são destacadas em capítulo próprio devido à importância e à extensão que o tema apresenta em psicopatologia. Juízos falsos podem ser produzidos de inúmeras for mas, sendo ou não patológicos. Em psicopatologia, a primeira distinção essencial a se fazer é entre o erro não determinado por processo mórbido (por transtornos mentais) e as diversas formas de juízos falsos determinados por transtornos mentais, sendo a principal delas o delírio.”
V - Na alucinação há uma perturbação senso-perceptiva.
Certo!
“As alterações qualitativas da sensopercepção são as mais importantes em psicopatologia. Compreendem as ilusões, as alucinações, a alucinose e a pseudo-alucinação.”
Assim, estão corretos II, IV e V
Gabarito: Letra E
Referência
Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais – 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008
1554) Os transtornos depressivos têm como característica comum a presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo (DSM-V, 2014). O que difere entre eles são os aspectos de duração, momento ou etiologia presumida. Em relação aos sintomas do transtorno depressivo maior analise as afirmativas a seguir.
- A) I, II e III.
- B) I, III e IV.
- C) II, III e V.
- D) I, III e V.
- E) I, III, IV e V.
A alternativa correta é letra D) I, III e V.
Gabarito: Letra D
Em relação aos sintomas do transtorno depressivo maior analise as afirmativas a seguir.
Vamos, primeiro, relembrar todos os critérios do transtorno depressivo maior:
“A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer.
1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (p. ex., sente-se triste, vazio, sem esperança) ou por observação feita por outras pessoas (p. ex., parece choroso). (Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.)
2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicada por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas).
3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., uma alteração de mais de 5% do peso corporal em um mês), ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias. (Nota: Em crianças, considerar o insucesso em obter o ganho de peso esperado.)
4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias.
5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outras pessoas, não
meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento).
6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.
7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente).
8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas).
9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.”
Certo!
Errado. Esse é um sintoma da mania.
Certo!
Errado. Esse é um sintoma do transtorno de ansiedade generalizada.
Certo!
Assim, apenas I, III e V estão corretas.
Nosso gabarito é Letra D.
Referência
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2014
1555) A respeito do retardo mental, é correto afirmar:
- A) É correta apenas a afirmativa 1.
- B) É correta apenas a afirmativa 4.
- C) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
- D) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
- E) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.
A alternativa correta é letra D) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
Gabarito: Letra D
A respeito do retardo mental, é correto afirmar:
1. O nível de inteligência abaixo do normal se expressa por meio de reduzida capacidade de abstração, raciocínio, julgamento e planejamento.
Certo! Veja como Cheniaux define o retardo mental:
“O que caracteriza o retardo mental é um funcionamento intelectivo significativamente inferior à média das outras pessoas. Houve na infância um desenvolvimento mental incompleto ou interrompido, o que impediu uma aquisição normal das habilidades cognitivas, linguísticas, motoras ou sociais. O nível de inteligência abaixo do normal se expressa por meio de uma reduzida capacidade de abstração, raciocínio, julgamento e planejamento, e por meio de uma maior dificuldade na realização de tarefas que exijam habilidades visuoespaciais, como montar um quebra-cabeça, por exemplo”
2. Podem ser observados embotamento afetivo, hipocinesia, hipobulia e labilidade de atenção.
Certo! Ainda em Cheniaux, veja:
“Além da inteligência, outras funções psíquicas costumam estar afetadas em indivíduos que apresentam retardo mental. Podem ser observados: atitude pueril; um pensamento pobre, concreto, perseverante e prolixo; exaltação e labilidade ou incontinência afetiva (episódios coléricos), ou então embotamento afetivo; hipocinesia ou hipercinesia, ecopraxia, maneirismos e perseveração motora (alterações da psicomotricidade); hipobulia ou hiperbulia, impulsividade, automutilação e alotriofagia (conação); hipoprosexia ou labilidade da atenção; desorientação alopsíquica, desorientação autopsíquica parcial; hipomnésia de fixação ou, mais raramente, hipermnésia de fixação (memória); diminuição da capacidade imaginativa; e eventualmente delírios de grandeza (pensamento).”
3. A diminuição da capacidade imaginativa nunca está presente.
Errado. Como vimos no trecho apresentado no item anterior, a diminuição da capacidade imaginativa pode, sim, estar presente.
4. Entre as causas pré-natais podem ser incluídas infecções como rubéola, complicações obstétricas e aberrações cromossômicas.
Certo! Essa informação também está presente no texto de Cheniaux, veja:
“São inúmeras as causas possíveis para um quadro de retardo mental. Elas são classificadas em: pré-natais, perinatais e pós-natais. Entre as pré-natais, podem ser citadas infecções (como rubéola), complicações obstétricas (como descolamento prematuro de placenta), aberrações cromossômicas (como a síndrome de Down) e doenças hereditárias (como fenilcetonúria). Entre as causas perinatais, incluem-se prematuridade, tocotraumatismos, infecções e asfixia. Por fim, entre as causas pós-natais estão desnutrição, cretinismo endêmico, encefalites, traumatismo craniano e falta de estimulação ambiental.”
É importante lembrar, entretanto, que retardo mental não é um termo que se usa atualmente, que foi substituído por deficiência mental.
Assim, apenas 1, 2 e 4 estão corretas.
Nosso gabarito é Letra D.
Referência
CHENIAUX JR, ELIE, Manual de Psicopatologia. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara. Koogan, 2008
1556) “A consciência alterada por drogas não é algo novo. Em quase todas as culturas conhecidas ao longo da história, as pessoas buscaram maneiras de alterar a consciência desperta. O uso de drogas psicoativas – substancias que alteram o humor, a percepção e o funcionamento mental ou o comportamento – é quase universal. Muitas das drogas disponíveis hoje, legal ou ilegalmente, vêm sendo usadas há milhares de anos”
- A) Álcool, LSD e cocaína;
- B) Opiáceos, cocaína e maconha;
- C) Álcool, opiáceos e cocaína;
- D) Maconha, cocaína e LSD;
- E) Álcool, cafeína e anfetaminas.
A alternativa correta é letra B) Opiáceos, cocaína e maconha;
Gabarito Letra B
Sobre as drogas psicoativas, são consideradas depressivas, estimulantes e alucinógenas, respectivamente:
a) Álcool, LSD e cocaína;
Errado. O álcool é, de fato, depressor, mas o LSD é uma droga alucinógena e a cocaína uma droga estimulante, então a ordem das duas está trocada.
b) Opiáceos, cocaína e maconha;
Certo! Opiáceos são depressores, a cocaína é estimulante e a maconha alucinógena (também chamadas de perturbadoras do SNC).
c) Álcool, opiáceos e cocaína;
Errado. Os opiáceos são depressores e não estimulantes, a cocaína é estimulante e não alucinógena.
d) Maconha, cocaína e LSD;
Errado. A maconha é alucinógena, e não depressora.
e) Álcool, cafeína e anfetaminas.
Errado. As anfetaminas são estimulantes e não alucinógenas. Alcool é de fato depressor e cafeína de fato estimulante.
Nosso gabarito é Letra B
1557) Segundo Dalgarrondo (2000), distingue-se classicamente quatro subtipos de esquizofrenia:
- A) I, II e III.
- B) I, II e IV.
- C) II, III e IV.
- D) Todas estão corretas.
- E) Todas estão incorretas.
A alternativa correta é letra C) II, III e IV.
Para o entendimento do que traz a questão dividimos a análise em duas partes:
1) Esquizofrenia e seus principais subtipos
2) Análise das alternativas
1) Esquizofrenia e seus principais subtipos
1.1) Definição de esquizofrenia
Segundo Carpenter & Thaker (2008):
“A esquizofrenia é uma síndrome clínica que provavelmente engloba várias doenças ainda não definidas [...] A maioria dos pacientes apresenta comprometimento sutil da cognição. Em muitos casos, os comprometimentos cognitivos e os aspectos emocionais e sociais da doença surgem precocemente na vida. Os sintomas psicóticos tipicamente se manifestam no final da adolescência ou início da fase adulta nos homens e um pouco mais tarde nas mulheres.”
1.2) Principais subtipos
Complementando o assunto, acompanhe uma síntese sobre os principais subtipos da esquizofrenia com base nas contribuições de Carpenter & Thaker (2008), bem como no que encontra-se referido no Portal Educação:
- Esquizofrenia hebefrênica: A esquizofrenia hebefrênica (hoje denominada esquizofrenia desorganizada) é caracterizada por um nível de afeto superficial e incongruente e pela desorganização do pensamento e comportamento.
- Esquizofrenia paranoide: A esquizofrenia paranoide é caracterizada por predominância masculina, aparecimento mais tardio na vida, relativa preservação da cognição e afeto, além de alucinações e ilusões frequentemente persecutórias.
- Esquizofrenia catatônica: A esquizofrenia catatônica é caracterizada por manifestações psicomotoras extremas, com estupor, posicionamento prolongado ou excitação, e deve ser diferenciada da catatonia periódica, que consiste em uma síndrome à parte, não relacionada à esquizofrenia. Por motivos desconhecidos, a esquizofrenia catatônica é rara, atualmente.
- Esquizofrenia simples: A esquizofrenia simples denota uma psicose mais branda (isto é, menos alucinações, ilusões e desorganização), em que os casos tipicamente são caracterizados por um estilo de vida com níveis reduzidos de expressão e experiência emocional, bem como de empenho e impulso social.
- Esquizofrenia residual: a Esquizofrenia residual pode ser definida como o estágio crônico da esquizofrenia. Após a regressão de um quadro inicial fica uma espécie de quadro tardio onde ocorrem predominantemente sintomas negativos. Na esquizofrenia residual houve pelo menos um episódio de esquizofrenia, mas na maior parte do tempo o indivíduo não apresenta sintomas psicóticos positivos como delírios, alucinações, perturbações, comportamentos bizarros e agitações psicomotoras. Os sintomas negativos da psicose são verificamos mais facilmente como o embotamento afetivo, discurso pobre ou avolição e negligência com cuidados pessoais. Pode ocorrer também a presença de sintomas positivos atenuados como discurso levemente desorganizado e crenças infundadas.
2) Análise das alternativas
Conforme o enunciado as alternativas apresentadas devem ser analisadas com base na literatura de Dalgalarrondo (2008), portanto, mediante a obra referida, produz-se os seguintes destaques:
I- Paranóide, caracterizada por alucinações e ideias delirantes, sem conteúdo persecutório.
INCORRETA. Segundo Dalgalarrondo (2008):
“A forma paranóide, caracterizada por alucinações e idéias delirantes, principalmente de conteúdo persecutório.”
II- Catatônica, marcada por alterações motoras, hipertonia, flexibilidade cerácea e alterações da vontade, como negativismo, mutismo e impulsividade.
CORRETA. Conforme Dalgalarrondo (2008):
“A forma catatônica, marcada por alterações motoras, hipertonia, flexibilidade cerácea e alterações da vontade, como negativismo, mutismo e impulsividade.”
III- Hebefrênica, caracterizada por um pensamento desorganizado, comportamento bizarro e afeto pueril.
CORRETA. De acordo com Dalgalarrondo (2008):
“A forma hebefrênica, caracterizada por pensamento desorganizado, comportamento bizarro e afeto pueril.”
IV- Simples, onde, apesar de faltarem sintomas característicos, observa-se um lento e progressivo empobrecimento psíquico e comportamental, com autonegligência, embotamento afetivo e distanciamento social.
CORRETA. Dalgalarrondo (2008) menciona:
“E, finalmente, definiu-se um subtipo simples, no qual, apesar de faltarem sintomas característicos, observa-se um lento e progressivo empobrecimento psíquico e comportamental, com negligência quanto aos cuidados de si (higiene, roupas, saúde), embotamento afetivo e distanciamento social.”
Considerando a análise das proposições apresentadas, ratifica-se que estão corretas apenas II, III e IV, portanto, LETRA “C”.
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Fonte consultada:
Dalgalarrondo, P. (2008). Psicopatologia e semiologia dos transtornos. 2. ed. Porto Alegre : Artmed.
Carpenter WT, Thaker GK. Schizophrenia. ACP Medicine. 2008;1-12. Tradução: Soraya Imon de Oliveira. Disponível https://bit.ly/31HCjml Acesso em 16 de fev de 2021.
Portal Educação. (s/d). Esquizofrenia residual. Disponível em https://bit.ly/3yZnev6
1558) Sobre os temas psicopatologia e transtornos psiquiátricos, identifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas:
- A) V – V – V – V.
- B) F – V – F – V.
- C) V – F – F – V.
- D) V – F – V – F.
- E) F – V – F – F.
A alternativa correta é letra A) V – V – V – V.
Gabarito Letra A
(V) Para realizar um exame psíquico, é preciso conhecer as funções psíquicas e identificar o normal e o patológico, avaliando-os em relação ao contexto e ao momento de vida de um indivíduo.
Verdadeiro! Um bom diagnóstico é sempre contextual.
“Para realizar um exame psíquico e um diagnóstico psiquiátrico, é fundamental conhecer as funções psíquicas, identificar o normal e o patológico e analisá-los dentro do contexto e momento próprio de cada indivíduo. Numa dimensão transversal, observa-se o paciente no momento do exame e, através da perspectiva longitudinal, compreende-se o significado dentro de uma dimensão temporal e própria de cada um. Se há uma motivação para a alteração psíquica encontrada, podemos dizer que a alteração é compreensível, ou seja, é normal e espera-se que outra pessoa que esteja vivendo uma situação semelhante tenha as mesmas reações. Quando não encontramos uma situação externa que a justifique, podemos, então, ir em busca de uma causa orgânica, conhecida ou pressuposta, que possa explicar o quadro clínico.”
(V) No estudo dos sintomas psicopatológicos, enfocam-se dois aspectos básicos: a forma e o conteúdo dos sintomas.
Verdadeiro!
“No estudo dos sintomas psicopatológicos costuma-se enfocar dois aspectos básicos: 1) a forma dos sintomas, ou seja, sua estrutura básica, relativamente semelhante nos diversos pacientes (alucinação, ideia obsessiva, embotamento afetivo etc.); e 2) o conteúdo, isto é, aquilo que preenche a alteração estrutural (conteúdo de perseguição, culpa etc.), que é geralmente mais pessoal, depende da história de vida do paciente, de seu universo cultural e personalidade prévia ao adoecimento (Dalgalarrondo, 2000).”
(V) São critérios de normalidade do funcionamento psíquico: ausência de doença, normalidade estatística, normalidade ideal, normalidade como bem-estar e normalidade funcional.
Verdadeiro! Esses são os principais critérios de normalidade utilizados.
“A psicopatologia baseia-se no conhecimento do funcionamento normal para elaborar, descrever e analisar os comportamentos patológicos (Doron & Parot, 2001). Há vários critérios de normalidade. Os principais, utilizados em psicopatologia, são: normalidade como ausência de doença; normalidade ideal; normalidade estatística; normalidade como bem-estar; normalidade funcional; normalidade como processo; normalidade subjetiva; normalidade como liberdade; normalidade operacional (Dalgalarrondo, 2000). E, de acordo com cada critério e teoria, existe um modelo de psicopatologia: psicanalítico, piagetiano, behaviorista, da psiquiatria, entre outros.”
(V) Na psiquiatria contemporânea, os sintomas psíquicos são listados e quantificados, sendo classificados em transtornos mentais e do comportamento, auxiliando a terapêutica medicamentosa e a eliminação dos sintomas.
Verdadeiro! Esses sintomas são catalogados nos manuais diagnósticos.
Assim, a sequência correta é V V V V
Gabarito Letra A
Fonte: Psicologia para concursos e graduação / Leticia Becker. – [2. ed.] – Rio de Janeiro : Elsevier, 2014.
1559) Acerca das psicopatologias, considere as seguintes frases:
- A) I é verdadeira e II é falsa.
- B) I é falsa e II é verdadeira.
- C) I e II são verdadeiras.
- D) I e II são falsas.
A alternativa correta é letra C) I e II são verdadeiras.
Gabarito Letra C
Certo! É fundamental que o indivíduo seja considerado como um todo, em seu contexto social, político, econômico e cultural, uma vez que alguns comportamentos podem ser considerados psicopatológicos em determinado contexto e não em outros.
Certo! Esse é um tipo de diagnóstico que pode ser estabelecido, o diagnóstico nosológico, que usa manuais como o DSM e o CID.
“Noso, do grego, significa doença. O diagnóstico nosológico baseia-se na anamnese e nos exames psíquico, físico e complementares. O diagnóstico de uma doença pode seguir o modelo categorial ou o dimensional. De acordo com o primeiro, adotado pela CID-10 e pelo DSM-5, as doenças se distinguem da saúde e entre si: a categoria esquizofrenia é qualitativamente diferente da categoria transtornos do humor e da normalidade. Já segundo o modelo dimensional, haveria um continuum entre a saúde e a doença, a diferença entre ambas seria quantitativa. Uma classificação nosográfica é baseada ou nos sintomas, ou então na etiologia. Esta segunda opção é considerada a ideal, já que, de acordo com o conceito clássico, uma doença possui causas, alterações estruturais e funcionais, e história natural conhecidas. Causa é qualquer coisa que aumente a probabilidade de uma doença; pode ser necessária e suficiente, necessária mas não suficiente, ou nem necessária nem suficiente. Como o conhecimento a respeito da etiologia das doenças mentais é bastante limitado, o diagnóstico psiquiátrico é baseado na sintomatologia, o que o torna pouco válido e pouco fidedigno. O termo transtorno, encontrado na CID-10 e no DSM-5 para designar as entidades nosológicas, é bastante impreciso: é mais específico que síndrome, mas não representa doença. O DSM-5 caracteriza-se por uma abordagem descritiva, não baseada em inferências teóricas, e por critérios operacionais para o diagnóstico. Até o DSM-IV, incluía-se uma avaliação multiaxial, que tentava contemplar as abordagens sintomatológica e etiológica: eixo I – transtornos mentais; eixo II – transtornos da personalidade e do desenvolvimento; eixo III – distúrbios físicos; eixo IV – estressores psicossociais; eixo V – o mais alto nível de funcionamento adaptativo no ano anterior”
Assim, I e II são verdadeiras.
Nosso gabarito é Letra C
Fonte: Cheniaux Junior, Elie, 1965 Manual de psicopatologia / Elie Cheniaux. - 5. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.
1560) Acerca das fobias, considere as seguintes frases:
- A) I é verdadeira e II é falsa.
- B) I é falsa e II é verdadeira.
- C) I e II são verdadeiras.
- D) I e II são falsas
A alternativa correta é letra B) I é falsa e II é verdadeira.
Gabarito Letra C
Errado. A fobia é um medo irracional, desproporcional ao perigo apresentado. O objeto que desencadeia a fobia pode nem sequer apresentar ameaça.
“Fobias São medos determinados psicopatologicamente, desproporcionais e incompatíveis com as possibilidades de perigo real oferecidas pelos desencadeantes, chamados de objetos ou situações fobígenas. Assim, o indivíduo tem um medo terrível e desproporcional de entrar em um elevador, de gatos ou de contato com pessoas desconhecidas. No indivíduo fóbico, o contato com os objetos ou situações fobígenas desencadeia, muito frequentemente, intensa crise de ansiedade. A fobia simples é o medo intenso e desproporcional de determinados objetos, geralmente pequenos animais (barata, sapo, cachorro, etc.). Já a fobia social é o medo de contato e interação social, principalmente com pessoas pouco familiares ao indivíduo e em situações nas quais o paciente possa se sentir examinado ou criticado por tais pessoas (proferir aulas ou conferências, ir a festas, encontros, etc.).”
Certo! A psicoterapia comportamental apresenta bons indicativos de efetividade no tratamento das fobias.
“Diversos estudos têm comprovado a eficácia da terapia comportamental, mais especificamente da terapia de exposição, no tratamento das fobias. O desafio consiste em persuadir o paciente de que vale a pena tentar, de que ele tem grandes chances de obter sucesso, livrando-se de sintomas que interferem no seu dia-a-dia, sendo, não raro, incapacitantes. O pressuposto básico do tratamento é que o medo, da mesma forma que é aprendido, pode ser desaprendido, e que é possível tratar um transtorno sem identificar suas causas, apenas removendo os fatores que o perpetuam (como a esquiva), permitindo que ocorra a habituação. A habituação é um fenômeno natural de perda de medos e de desconfortos relacionados a estímulos desagradáveis que não representam perigo, desde que se permaneça em contato com eles o tempo suficiente. Na verdade, ela se constitui em uma forma de aprendizagem (não-associativa) utilizada no contexto do tratamento das fobias a fim de reduzir o desconforto provocado pelo contato com o objeto ou com a situação fóbica, até o seu completo desaparecimento.”
Assim, a II é verdadeira e a I é falsa.
Gabarito Letra B.
Fonte: Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais – 3. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2019.
Psicoterapias : abordagens atuais [recurso eletrônico] / Aristides Volpato Cordioli (organizador) – 3. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2008.