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Questões Sobre Psicopatologia - Psicologia - concurso

1621) Associe os transtornos mentais, na Coluna 1, às respectivas características citadas no DSM-5 (2014), na Coluna 2.  

  • A) 1 – 2 – 3.
  • B) 2 – 3 – 1.
  • C) 3 – 1 – 2.
  • D) 1 – 3 – 2.
  • E) 2 – 1 – 3.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra C) 3 – 1 – 2.

Gabarito: Letra C

(3) Negligencia detalhes, o trabalho é impreciso; dificuldade de manter a atenção em atividades lúdicas; não segue instruções até o fim; dificuldade em gerenciar tarefas sequenciais; dificuldade em manter materiais e objetos pessoais em ordem; perde coisas necessárias para tarefas ou atividades; é esquecido em relação a atividades cotidianas.

Essa dificuldade de manter a atenção indica um transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Veja todos os critérios:

“A. Um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento e no desenvolvimento, conforme caracterizado por (1) e/ou (2):

1. Desatenção: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais: Nota: Os sintomas não são apenas uma manifestação de comportamento opositor, desafio, hostilidade ou dificuldade para compreender tarefas ou instruções. Para adolescentes mais velhos e adultos (17 anos ou mais), pelo menos cinco sintomas são necessários.

a. Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades (p. ex., negligencia ou deixa passar detalhes, o trabalho é impreciso).

b. Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas (p. ex., dificuldade de manter o foco durante aulas, conversas ou leituras prolongadas).

c. Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente (p. ex., parece estar com a cabeça longe, mesmo na ausência de qualquer distração óbvia).

d. Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho (p. ex., começa as tarefas, mas rapidamente perde o foco e facilmente perde o rumo).

e. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades (p. ex., dificuldade em gerenciar tarefas sequenciais; dificuldade em manter materiais e objetos pessoais em ordem; trabalho desorganizado e desleixado; mau gerenciamento do tempo; dificuldade em cumprir prazos).

f. Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado (p. ex., trabalhos escolares ou lições de casa; para adolescentes mais velhos e adultos, preparo de relatórios, preenchimento de formulários, revisão de trabalhos longos).

g. Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (p. ex., materiais escolares, lápis, livros, instrumentos, carteiras, chaves, documentos, óculos, celular).

h. Com frequência é facilmente distraído por estímulos externos (para adolescentes mais velhos e adultos, pode incluir pensamentos não relacionados).

i. Com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas (p. ex., realizar tarefas, obrigações; para adolescentes mais velhos e adultos, retornar ligações, pagar contas, manter horários agendados)

2. Hiperatividade e impulsividade: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais: Nota: Os sintomas não são apenas uma manifestação de comportamento opositor, desafio, hostilidade ou dificuldade para compreender tarefas ou instruções. Para adolescentes mais velhos e adultos (17 anos ou mais), pelo menos cinco sintomas são necessários.

a. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira.

b. Frequentemente levanta da cadeira em situações em que se espera que permaneça sentado (p. ex., sai do seu lugar em sala de aula, no escritório ou em outro local de trabalho ou em outras situações que exijam que se permaneça em um mesmo lugar).

c. Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é inapropriado. (Nota: Em adolescentes ou adultos, pode se limitar a sensações de inquietude.)

d. Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente.

e. Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor ligado” (p. ex., não consegue ou se sente desconfortável em ficar parado por muito tempo, como em restaurantes, reuniões; outros podem ver o indivíduo como inquieto ou difícil de acompanhar).

f. Frequentemente fala demais. g. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluída (p. ex., termina frases dos outros, não consegue aguardar a vez de falar).

h. Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez (p. ex., aguardar em uma fila).

i. Frequentemente interrompe ou se intromete (p. ex., mete-se nas conversas, jogos ou atividades; pode começar a usar as coisas de outras pessoas sem pedir ou receber permissão; para adolescentes e adultos, pode intrometer-se em ou assumir o controle sobre o que outros estão fazendo).”

(1) Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas as atividades; insônia ou hipersonia diária; agitação ou retardo psicomotor; fadiga diária ou perda de energia quase todos os dias; sentimentos de inutilidade inapropriada; capacidade diminuída para pensar ou se concentrar; pensamentos recorrentes de morte.

Essa perda de interesse ou prazem em todas as atividades é uma característica central do transtorno depressivo maior.

“1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (p. ex., sente-se triste, vazio, sem esperança) ou por observação feita por outras pessoas (p. ex., parece choroso). (Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.)

2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicada por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas).

3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., uma alteração de mais de 5% do peso corporal em um mês), ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias. (Nota: Em crianças, considerar o insucesso em obter o ganho de peso esperado.)

4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias.

5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outras pessoas, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento).

6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.

7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente).

8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas).

9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.” 

(2) Autoestima inflamada ou grandiosidade; aumento de atividade dirigida a objetos ou agitação psicomotora; redução da necessidade de sono; mais loquaz que o habitual; pressão para continuar falando; fuga de ideias ou pensamento acelerado; distratibilidade.

Todas essas são características de um episódio maníaco, que compõe o transtorno bipolar tipo I.

“Para diagnosticar transtorno bipolar tipo I, é necessário o preenchimento dos critérios a seguir para um episódio maníaco. O episódio maníaco pode ter sido antecedido ou seguido por episódios hipomaníacos ou depressivos maiores.

A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade dirigi da a objetivos ou da energia, com duração mínima de uma semana e presente na maior parte do dia, quase todos os dias (ou qualquer duração, se a hospitalização se fizer necessária).

B. Durante o período de perturbação do humor e aumento da energia ou atividade, três (ou mais) dos seguintes sintomas (quatro se o humor é apenas irritável) estão presentes em grau significativo e representam uma mudança notável do comportamento habitual:

1. Autoestima inflada ou grandiosidade.

2. Redução da necessidade de sono (p. ex., sente-se descansado com apenas três horas de sono).

3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando.

4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados.

5. Distratibilidade (i.e., a atenção é desviada muito facilmente por estímulos externos insignificantes ou irrelevantes), conforme relatado ou observado.

6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja sexualmente) ou agitação psicomotora (i.e., atividade sem propósito não dirigida a objetivos).

7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas (p. ex., envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros insensatos).

C. A perturbação do humor é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização a fim de prevenir dano a si mesmo ou a outras pessoas, ou existem características psicóticas.”

Assim, a ordem correta é  3 – 1 – 2.

Nosso gabarito é Letra C

Referência

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

1622) Mais de 70% dos programas de transplante no mundo, influenciados por pesquisas no campo da psiquiatria, reconhecem critérios psiquiátricos de exclusão absoluta para transplante cardíaco (PEREIRA, 2010), quais sejam:

  • A) Apenas I.
  • B) Apenas II.
  • C) Apenas III.
  • D) Apenas I e II.
  • E) Apenas I e III.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra E) Apenas I e III.

Gabarito: Letra E

Antes de ver as afirmativas, vamos ver o que o autor mencionado fala sobre o assunto:

“Um levantamento constata que mais de 70% dos programas de transplante no mundo reconhecem, como critérios de exclusão absoluta, para este procedimento, as seguintes condições mentais: esquizofrenia com sintomas psicóticos agudos, ideação suicida, histórico de múltiplas tentativas de suicídio, demência, retardo mental severo (coeficiente de inteligência menor que 50), abuso alcoólico e outras dependências químicas, ainda em curso no momento da avaliação (Levenson & Olbrisch, 1993; Olbrisch & Levenson, 1991).

Estas recomendações são levadas em conta em nosso país, conforme recomendações das Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia para Transplante Cardíaco. Todavia, conforme já constatamos em trabalhos anteriores, com exceção do abuso e/ou dependência alcoólica, são condições mentais raras neste tipo de amostra (Pereira, 1998, 2000 a, 2000 b, 2002 a, 2002b).

Outras categorias diagnósticas, tais como: desordens de personalidade, especificamente as do tipo anti-social e borderline são tratadas como de risco para a situação. Pressupomos aqui, que isto se deva ao comportamento irresponsável, impulsivo e autodestrutivo, implícito nestas duas categorias, incompatível com a disciplina imposta pelo tratamento e o alto grau de adesão aos procedimentos da equipe (Stilley et al, 2005).

Incluem-se, ainda, entre os fatores de contra-indicação para transplante cardíaco: obesidade e tabagismo e outras categorias não classificadas no DSM tais como: a presença de expectativas irreais em relação ao procedimento, história de não adesão ao tratamento médico, falta de suporte social e familiar.” 

Certo! Todos esses são critérios psiquiátricos de exclusão absoluta para transplante cardíaco.

Errado. História pregressa de diversas perdas e distúrbio de conduta não são critérios psiquiátricos de exclusão absoluta para transplante cardíaco.

Certo! Todos esses também são critérios psiquiátricos de exclusão absoluta para transplante cardíaco.

Assim, apenas I e III estão corretas

Gabarito Letra E

Fonte: Transplante cardíaco: o ninho da Fênix. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-28112006-180300/publico/Pereira_Ana_Augusta_Doutorado.pdf

1623) Relacione a Coluna 1 à Coluna 2, conforme o DSM-5 (APA, 2014), em relação aos transtornos de personalidade e suas respectivas descrições mais características.  

  • A) 1 – 2 – 3 – 4.
  • B) 2 – 3 – 4 – 1.
  • C) 3 – 1 – 4 – 2.
  • D) 4 – 3 – 2 – 1.
  • E) 3 – 2 – 4 – 1.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra D) 4 – 3 – 2 – 1.

Gabarito: Letra D

(4) Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade de humor.

É a personalidade borderline que tem a instabilidade afetiva como uma característica.

“Um padrão difuso de instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem e dos afetos e de impulsividade acentuada que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:

1. Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado. (Nota: Não incluir comportamento suicida ou de automutilação coberto pelo Critério 5.)

2. Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização.

3. Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si mesmo.

4. Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (p. ex., gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão alimentar). (Nota: Não incluir comportamento suicida ou de automutilação coberto pelo Critério 5.)

5. Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante.

6. Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade de humor (p. ex., disforia episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa com duração geralmente de poucas horas e apenas raramente de mais de alguns dias).

7. Sentimentos crônicos de vazio.

8. Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la (p. ex., mostras frequentes de irritação, raiva constante, brigas físicas recorrentes).

9. Ideação paranoide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos.”

(3) Quase sempre opta por atividades solitárias.

É a personalidade esquizóide que tem esse como um critério diagnóstico.

“A. Um padrão difuso de distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão de emoções em contextos interpessoais que surgem no início da vida adulta e estão presentes em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes:

1. Não deseja nem desfruta de relações íntimas, inclusive ser parte de uma família.

 2. Quase sempre opta por atividades solitárias.

 3. Manifesta pouco ou nenhum interesse em ter experiências sexuais com outra pessoa.

 4. Tem prazer em poucas atividades, por vezes em nenhuma.

 5. Não tem amigos próximos ou confidentes que não sejam os familiares de primeiro grau.

 6. Mostra-se indiferente ao elogio ou à crítica de outros.

 7. Demonstra frieza emocional, distanciamento ou embotamento afetivo.”

(2) Fracasso em ajustar-se às normas sociais relativas a comportamentos legais.

Esse fracasso faz parte da personalidade antissocial.

“A. Um padrão difuso de desconsideração e violação dos direitos das outras pessoas que ocorre desde os 15 anos de idade, conforme indicado por três (ou mais) dos seguintes:

 1. Fracasso em ajustar-se às normas sociais relativas a comportamentos legais, conforme indicado pela repetição de atos que constituem motivos de detenção.

 2. Tendência à falsidade, conforme indicado por mentiras repetidas, uso de nomes falsos ou de trapaça para ganho ou prazer pessoal.

 3. Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro.

 4. Irritabilidade e agressividade, conforme indicado por repetidas lutas corporais ou agressões físicas.

 5. Descaso pela segurança de si ou de outros.

 6. Irresponsabilidade reiterada, conforme indicado por falha repetida em manter uma conduta consistente no trabalho ou honrar obrigações financeiras.

 7. Ausência de remorso, conforme indicado pela indiferença ou racionalização em relação a ter ferido, maltratado ou roubado outras pessoas.” 

(1) Demonstra comportamentos ou atitudes arrogantes e insolentes.

Esse comportamento faz parte da personalidade narcisista.

“Um padrão difuso de grandiosidade (em fantasia ou comportamento), necessidade de admiração e falta de empatia que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:

1. Tem uma sensação grandiosa da própria importância (p. ex., exagera conquistas e talentos, espera ser reconhecido como superior sem que tenha as conquistas correspondentes).

2. É preocupado com fantasias de sucesso ilimitado, poder, brilho, beleza ou amor ideal.

3. Acredita ser “especial” e único e que pode ser somente compreendido por, ou associado a, outras pessoas (ou instituições) especiais ou com condição elevada.

 4. Demanda admiração excessiva.

 5. Apresenta um sentimento de possuir direitos (i.e., expectativas irracionais de tratamento especialmente favorável ou que estejam automaticamente de acordo com as próprias expectativas).

 6. É explorador em relações interpessoais (i.e., tira vantagem de outros para atingir os próprios fins).

 7. Carece de empatia: reluta em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e as necessidades dos outros.

 8. É frequentemente invejoso em relação aos outros ou acredita que os outros o invejam.

 9. Demonstra comportamentos ou atitudes arrogantes e insolentes.

Assim, a sequência correta é 4-3-2-1.

Nosso gabarito é Letra D

Referência

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

1624) A respeito do diagnóstico psicopatológico, considere as afirmativas e julgue se verdadeiro (V) ou falso (F).

  • A) I-V, II-F, III-V, IV-F
  • B) I- F, II-,V, III-F, IV-V
  • C) I-F, II-F, III-V, IV-V
  • D) I-V, II-V, III-F, IV-F

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra D) I-V, II-V, III-F, IV-F

A respeito do diagnóstico psicopatológico, considere as afirmativas e julgue se verdadeiro (V) ou falso (F).

Essa questão está baseada no seguinte trecho do livro "Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais" de Dalgalarrondo:

"Discute-se muito sobre o valor e os limites do diagnóstico psiquiátrico. Pode-se identificar, inclusive, duas posições extremas. A primeira afirma que o diagnóstico em psiquiatria não tem valor algum, pois cada pessoa é uma realidade única e inclassificável. O diagnóstico psiquiátrico apenas serviria para rotular as pessoas diferentes, excêntricas, permitindo e legitimando o poder médico, o controle social sobre o indivíduo desadaptado ou questionador. Essa crítica é particularmente válida nos regimes políticos totalitários, quando se utilizou o diagnóstico psiquiátrico para punir e excluir pessoas dissidentes ou opositoras ao regime. A segunda, em defesa do diagnóstico psiquiátrico, sustenta que o valor e o lugar do diagnóstico em psiquiatria são absolutamente semelhantes ao valor e ao lugar do diagnóstico nas outras especialidades médicas. O diagnóstico, nessa visão, é o elemento principal e mais importante da prática psiquiátrica.


A posição deste autor é a de que, apesar de ser absolutamente imprescindível considerar os aspectos pessoais, singulares de cada indivíduo, sem um diagnóstico psicopatológico aprofundado não se pode nem compreender adequadamente o paciente e seu sofrimento, nem escolher o tipo de estratégia terapêutica mais apropriado.

(...)

Assim, há, no processo diagnóstico, uma relação dialética permanente entre o particular, individual (aquele paciente específico, aquela pessoa em especial), e o geral, universal (categoria diagnóstica à qual essa pessoa pertence). Portanto, não se deve esquecer: os diagnósticos são idéias (constructos), fundamentais para o trabalho científico, para o conhecimento do mundo, mas não objetos reais e concretos."

"Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais" (Dalgalarrondo)

Com base nisso, as afirmativas que estão de acordo com o posicionamento de Dalgalarrondo são I e II.


I- Envolve uma relação dialética permanente entre o individual (aquele paciente específico), e o universal (categoria diagnóstica à qual essa pessoa pertence).

Portanto, encontramos a resposta na Letra D.

assinale a alternativa CORRETA:


a)  I-V, II-F, III-V, IV-F
b)  I- F, II-,V, III-F, IV-V
c)  I-F, II-F, III-V, IV-V
d)  I-V, II-V, III-F, IV-F

1625) Transtorno Bipolar (TB) é caracterizado por graves alterações do humor e atinge cerca de 30 milhões de pessoas no mundo. Sobre as suas principais características, considere as afirmativas a seguir.

  • A) I, apenas.
  • B) III, apenas.
  • C) I e II, apenas.
  • D) I, II e III.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra C) I e II, apenas.

Essa questão pode ser respondida com o seguinte trecho do artigo "Transtorno bipolar: uma revisão dos aspectos conceituais e clínicos" de Bosaipo et al.:

"O Transtorno Bipolar (TB), também conhecido como 'transtorno afetivo bipolar' e originalmente chamado de 'insanidade maníaco-depressiva', é uma condição psiquiátrica caracterizada por alterações graves de humor, que envolvem períodos de humor elevado e de depressão (polos opostos da experiência afetiva) intercalados por períodos de remissão, e estão associados a sintomas cognitivos, físicos e comportamentais específicos.

De acordo com a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM 5), o transtorno se diferencia em dois tipos principais: o Tipo I, em que a elevação do humor é grave e persiste (mania), e o Tipo II, em que a elevação do humor é mais branda (hipomania). A utilização do especificador “com características mistas” se aplica aos estados em que há a ocorrência concomitante de sintomas maníacos e depressivos, embora estes sejam vistos como polos opostos do humor. Já o quadro de Transtorno Ciclotímico se caracteriza pela alternância entre períodos hipomaníacos e depressivos ao longo de pelo menos dois anos em adultos (ou um ano em crianças) sem, entretanto, atender os critérios para um episódio de mania, hipomania ou depressão maior.

(...)

O humor elevado ou irritável pode ser classificado como mania ou hipomania, dependendo de sua gravidade e da presença de sintomas psicóticos. Classifica-se como mania o estado severo de humor elevado ou irritabilidade, associado ou não a sintomas psicóticos, que provocam alterações no comportamento e na funcionalidade do indivíduo."

"Transtorno bipolar: uma revisão dos aspectos conceituais e clínicos" (Bosaipo et al.)

Com base nisso, nota-se que estão corretas as afirmativas I e II.

I. Alterações graves de humor, que envolvem períodos de humor elevado e de depressão que são considerados polos opostos da experiência afetiva.

II. Classifica-se como mania o estado severo de humor elevado ou irritabilidade, associado ou não a sintomas psicóticos, que provocam alterações no comportamento e na funcionalidade do indivíduo.

Encontramos a resposta na Letra C.

É CORRETO o que se afirma em:


a)  I, apenas.
b)  III, apenas.
c)  I e II, apenas.
d)  I, II e III.

1626) Sobre as características essenciais que definem os Transtornos Psicóticos, considere as afirmativas a seguir:

  • A) II, apenas.
  • B) I e II, apenas.
  • C) I e III, apenas.
  • D) I, II e III.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra C) I e III, apenas.

Essa afirmativa está de acordo com o seguinte trecho do texto "Espectro da Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos" de Lopes:

"Delírios

Os delírios são crenças fixas, não passíveis de mudança à luz de evidências conflitantes ou de argumentação lógica. Seu conteúdo pode incluir uma variedade de temas (p. ex., persecutório, de referência, somático, religioso, de grandeza).

Delírios persecutórios (i.e., crença de que o indivíduo irá ser prejudicado, assediado, e assim por diante, por outra pessoa, organização ou grupo) são mais comuns.

Delírios de referência (i.e., crença de que alguns gestos, comentários, estímulos ambientais, e assim por diante, à são direcionados à própria pessoa) também são comuns.

Delírios de grandeza (i.e., quando uma pessoa crê que tem habilidades excepcionais, riqueza ou fama) e delírios erotomaníacos (i.e., quando o indivíduo crê falsamente que outra pessoa está apaixonada por ele) são também encontrados.

Delírios niilistas envolvem a convicção de que ocorrerá uma grande catástrofe, e delírios somáticos concentram-se em preocupações referentes à saúde e à função alterada dos órgãos.

Delírios são considerados bizarros se claramente implausíveis e incompreensíveis por e outros indivíduos da mesma cultura, não se originando de experiências comuns da vida."

"Espectro da Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos" (Lopes)

Assertiva Correta.

Essa afirmativa distorce o seguinte trecho do texto de Lopes:

"Alucinações

Alucinações são experiências sentidas pelo indivíduo como reais, através de algum dos cinco sentidos fundamentais (audição, visão, olfato, paladar ou tato) mas sem nenhum estímulo externo. São vívidas e claras, com toda a força e o impacto das percepções normais, não estando sob controle voluntário."

"Espectro da Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos" (Lopes)

Assertiva Falsa.

III. O comportamento catatônico é uma redução acentuada na reatividade ao ambiente, que pode chegar até à falta total de respostas verbais e motoras.

Afirmativa de acordo com Lopes:

"Comportamento catatônico é uma redução acentuada na reatividade ao ambiente. Varia da resistência a instruções (negativismo), passando por manutenção de postura rígida, inapropriada ou bizarra, até a falta total a de respostas verbais e motoras (mutismo estupor)."

"Espectro da Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos" (Lopes)

Assertiva Correta.

Portanto, estão corretas as afirmativas I e III. Encontramos a resposta na Letra C.

É CORRETO o que se afirma em:


a)  II, apenas.
b)  I e II, apenas.
c)  I e III, apenas.
d)  I, II e III.

1627) Ao se tratar de psicopatologia, marque (V) para verdadeiro ou (F) falso:

  • A) F-V-V-V,
  • B) V-V-V-F.
  • C) V-V-V-V.
  • D) V-F-V-V.

  • E) V-V-F-V

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra C) V-V-V-V.

   

Ao se tratar de psicopatologia, marque (V) para verdadeiro ou (F) falso: 

 

A questão está baseada no seguinte texto:

 

"Considerando ainda que, a Psicopatologia perpassa e dialoga com diferentes campos do conhecimento (principalmente entre a Psicologia, Psicanálise, Neurologia e Psiquiatria) faz-se imprescindível também, uma melhor definição sobre os limites inerentes a essas áreas dentro das práticas e/ou atuações psicopatológicas; tanto diante dos estados mentais patológicos, quanto frente as suas manifestações comportamentais. Inserida nesse contexto, a Psicanálise é um procedimento investigativo dos processos mentais que são quase inacessíveis por qualquer outro modo, um método (baseado nessa investigação) para o tratamento de distúrbios neuróticos, e uma coleção de informações psicológicas obtidas ao longo dessas linhas, e que gradualmente se acumulou numa "nova" disciplina científica. A Psicologia, entretanto é a ciência que se preocupa com o comportamento humano em seus aspectos e condutas observáveis, que possam ser medidos, testados, compreendidos, controlados, descritos e preditos objetivamente. (FREUD, 1923 apud HAAR, 2008).

(...)

Barlow & Durand (2008) também salientam que a Psicopatologia é um termo ambíguo: refere-se tanto ao estudo dos estados mentais patológicos, quanto à manifestação de comportamentos e experiências que podem indicar um estado mental ou psicológico anormal. Os transtornos psiquiátricos são descritos por suas características patológicas, ou Psicopatologia, que é um ramo descritivo destes fenômenos.

(...)

Conclui-se, portanto, que a Psicopatologia refere-se tanto ao estudo dos estados mentais patológicos, quanto às manifestações comportamentais, ou experiências que possam indicar um estado mental patológico (ou psicologicamente anormal). Percebe-se, entretanto, que a sua principal preocupação está direcionada com a doença da mente."

 

Fonte: "Psicopatologia: Definições, Conceitos, Teorias & Práticas" (Deminco)

 

Com isso, nota-se que todas as afirmativas abaixo estão corretas.

 

V ) Psicopatologia refere-se ao estudo dos estados mentais patológicos.

  

( V ) Psicopatologia refere-se ao estudo das manifestações comportamentais.

  

( V ) Sua principal preocupação está direcionada com a doença da mente.

  

( V ) Está diretamente ligada com diferentes áreas do conhecimento, sobretudo, com a Psicologia, Psicanálise, Neurologia e Psiquiatria.

 

Portanto, a sequência ficou V V V V. Encontramos a resposta na Letra C.

 

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

 

a) F-V-V-V, b) V-V-V-F. c) V-V-V-V. d) V-F-V-V.

e) V-V-F-V

1628) Temos indivíduos idosos que envelhecem e apresentam o que nós chamaríamos de um envelhecimento normal, isto é, aquele idoso que apresenta as alterações na memória que já são esperadas, que nós sabemos que ocorrem mesmo na ausência de patologia. Por exemplo, as alterações que são notórias na memória episódica, que é a capacidade do idoso de fazer novas gravações. Ele grava, porém, tem mais dificuldade para fazer essas gravações, ele precisa de mais pistas do contexto, ele precisa se esforçar mais, precisa de várias exposições.

  • A) Senescência cognitiva.
  • B) Doença de Alzheimer.
  • C) Demências por corpúsculos de Lewy.
  • D) Degeneração lobar-frontotemporal.
  • E) Comprometimento cognitivo leve (CCL).

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra A) Senescência cognitiva.

   

  

Assinale a alternativa CORRETA quanto ao que chamamos de envelhecimento normal:

 

A questão está baseada no seguinte texto:

 

"Vou falar sobre esse contínuo cognitivo. Na verdade, quando pensamos em cognição, estamos falando das nossas funções mentais superiores, das nossas funções mentais mais complexas, como linguagem, memória, funções executivas, atenção, habilidades visoperceptivas, visoconstrutivas. E esse fenômeno, o envelhecimento cognitivo, é muito heterogêneo. O perfil cognitivo do idoso realmente se apresenta de diversas maneiras.

 

Assim, temos indivíduos idosos que envelhecem, e apresentam o que nós chamaríamos de um envelhecimento normal, ou então de senessência cognitiva, isto é, aquele idoso que apresenta as alterações na memória que são já esperadas, que nós sabemos que ocorrem mesmo, mesmo na ausência de patologia. Por exemplo, as alterações que são notórias na memória episódica, que é a capacidade do idoso de fazer novas gravações. Sim, ele grava, mas ele tem mais dificuldade para fazer essas gravações, ele precisa de mais pistas do contexto, ele precisa se esforçar mais, precisa de várias exposições. Temos também a tradicional, já muito divulgada e documentada, dificuldade que os idosos têm em memória operacional.

 

Depois nós temos os idosos que desenvolvem quadros patológicos, neurodegenerativos, como é o caso da doença de Alzheimer, ou as demências de origem vascular, que explicam a vasta maioria das demências entre os idosos. Temos também as demências menos frequentes, como as demências por corpúsculos de Lewy, a degeneração lobar-fronto- temporal, etc.

 

E temos o que vem recebendo muita atenção dos pesquisadores e dos profissionais da saúde, o que é chamado, hoje, de comprometimento cognitivo leve (CCL), isto é, as alterações cognitivas que estão além daquelas que já são conhecidas para o envelhecimento dito normal ou saudável, mas esses indivíduos idosos não apresentam prejuízo significativo na sua vida ocupacional, na sua vida social. Continuam cuidando das suas medicações, dos seus afazeres financeiros, mas quando é realizada uma testagem objetiva, esses idosos estão muito abaixo, ou pelo menos, 1,5 desvios-padrão abaixo da média. Este critério é muito problemático na realidade brasileira, porque nós não sabemos exatamente o que é normal em termos de desempenho cognitivo para muitas provas, mas, enfim, essa zona de transição tem recebido atenção, porque idosos que são diagnosticados como portadores de comprometimento cognitivo leve têm mais risco de desenvolver quadros demenciais."

 

Fonte: "Envelhecimento e Subjetividade: desafios para uma cultura de compromisso social" (CFP)

 

Com isso, encontramos a resposta na Letra A.


a)  Senescência cognitiva.
b)  Doença de Alzheimer.
c)  Demências por corpúsculos de Lewy.
d)  Degeneração lobar-frontotemporal.
e)  Comprometimento cognitivo leve (CCL).

1629) “Uma norma de vida é superior a outra quando comporta o que esta última permite e também o que ela não permite. No entanto, em situações diferentes, há normas diferentes e que, mesmo enquanto diferentes, se equivalem. Desse ponto de vista, todas as normas são normais”. (CAMGUILHEM, Georges. O normal e o patológico. 6ª edição. Rio de Janeiro. Editora forense universitária, 2009. P.71)

  • A) A definição do que é normal, apesar de ser normativo em determinadas condições, pode se tornar patológico em outra situação, se permanecer inalterado.
  • B) O ser vivo doente está normalizado em condições bem definidas, mas perdeu a capacidade de instituir normas diferentes em condições diferentes.
  • C) A fronteira entre o normal e o patológico é precisa para indivíduos considerados simultaneamente, mas imprecisa para um indivíduo considerado sucessivamente.
  • D) O estado patológico ou anormal não é consequência da ausência de norma. A doença é uma norma de vida que não tolera desvio das condições em que é válida.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra C) A fronteira entre o normal e o patológico é precisa para indivíduos considerados simultaneamente, mas imprecisa para um indivíduo considerado sucessivamente.

Gabarito: Letra C

Sobre os conceitos de normal e patológico, assinale a alternativa ERRADA:
a)  A definição do que é normal, apesar de ser normativo em determinadas condições, pode se tornar patológico em outra situação, se permanecer inalterado.

Certo. Veja:

“A fronteira entre o normal e o patológico é imprecisa para diversos indivíduos considerados simultaneamente, mas é perfeitamente precisa para um único e mesmo indivíduo considerado sucessivamente. Aquilo que é normal, apesar de ser normativo em determinadas condições, pode se tornar patológico em outra situação, se permanecer inalterado. O indivíduo é que avalia essa transformação porque é ele que sofre suas conseqüências, no próprio momento em que se sente incapaz de realizar as tarefas que a nova situação lhe impõe.”


b)  O ser vivo doente está normalizado em condições bem definidas, mas perdeu a capacidade de instituir normas diferentes em condições diferentes.

Certo. Veja:

“Portanto, devemos dizer que o estado patológico ou anormal não é conseqüência da ausência de qualquer norma. A doença é ainda uma norma de vida, mas uma norma inferior, no sentido que não tolera nenhum desvio das condições em que é válida, por ser incapaz de se transformar em outra norma. O ser vivo doente está normalizado em condições bem definidas, e perdeu a capacidade normativa, a capacidade de instituir normas diferentes em condições diferentes. Há muito tempo já se observou que, na osteartrite tuberculosa do joelho, a articulação se imobiliza em posição defeituosa (chamada posição de Bonnet). Foi Nélaton quem primeiro deu uma explicação ainda hoje clássica: "É raro que o membro se conserve normalmente em posição reta. Com efeito, para acalmar suas dores, os doentes se colocam instintivamente em uma posição intermediária entre a flexão e a extensão, que faz com que os músculos exerçam menos pressão sobre as superfícies articulares" [88, H, 209].


c)  A fronteira entre o normal e o patológico é precisa para indivíduos considerados simultaneamente, mas imprecisa para um indivíduo considerado sucessivamente.

Errado. Pelo contrário.


d)  O estado patológico ou anormal não é consequência da ausência de norma. A doença é uma norma de vida que não tolera desvio das condições em que é válida.

Certo. Veja:

“Nenhum fato dito normal, por ter se tornado normal, pode usurpar o prestígio da norma da qual ele é a expressão, a partir do momento em que mudarem as condições dentro das quais ele tomou a norma como referência. Não existe fato que seja normal ou patológico em si. A anomalia e a mutação não são, em si mesmas, patológicas. Elas exprimem outras normas de vida possíveis. Se essas normas forem inferiores — quanto à estabilidade, à fecundidade e à variabilidade da vida — às normas específicas anteriores, serão chamadas patológicas. Se, eventualmente, se revelarem equivalentes — no mesmo meio — ou superiores — em outro meio —, serão chamadas normais. Sua normalidade advirá de sua normatividade. O patológico não é a ausência de norma biológica, é uma norma diferente, mas comparativamente repelida pela vida.”

 

Nosso gabarito é Letra C

Fonte: O normal e o patológico / Georges Canguilhem; tradução de Mana Thereza Redig de Carvalho Barrocas; revisão técnica Manoel Barros da Motta; tradução do posfácio de Piare Macherey e da apresentação de Louis Althusser, Luiz Otávio Ferreira Barreto Leite. - 6.ed. rev. - Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009.

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1630) Dentro do tema Psicopatologias, sobre as alterações qualitativas da consciência, relacione as colunas e assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

  • A) 1 – 2 – 3 – 4.
  • B) 1 – 4 – 3 – 2.
  • C) 4 – 2 – 1 – 3.
  • D) 3 – 4 – 2 – 1.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra D) 3 – 4 – 2 – 1.

Essa questão está baseada no texto do livro "Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais" de Dalgalarrondo.

Veja o trecho:

"1. Estados crepusculares (état crepusculaire, twilight state, Dämmerzustand).

É um estado patológico transitório no qual uma obnubilação da consciência (mais ou menos perceptível) é acompanhada de relativa conservação da atividade motora coordenada (Porot, 1967). Nos estados crepusculares, há, portanto, estreitamento transitório do campo da consciência, afunilamento da consciência (que se restringe a um círculo de idéias, sentimentos ou representações de importância particular para o sujeito acometido), com a conservação de uma atividade psicomotora global mais ou menos coordenada, permitindo a ocorrência dos chamados atos automáticos (Peters, 1984).

O estado crepuscular caracteriza-se por surgir e desaparecer de forma abrupta e ter duração variável, de poucos minutos ou horas a algumas semanas (Sims, 1995). Durante esse estado, ocorrem, com certa freqüência, atos explosivos violentos e episódios de descontrole emocional (podendo haver implicações legais de interesse à psicologia e à psiquiatria forense). Geralmente ocorre amnésia lacunar para o episódio inteiro, podendo o indivíduo se lembrar de alguns fragmentos isolados. 

Os estados crepusculares foram descritos classicamente co- mo associados à epilepsia (relacionados à turvação da consciência após uma crise ou a alterações pré-ictais ou ictais), mas também podem ocorrer em intoxicações por álcool ou outras substâncias, após traumatismo craniano, em quadros dissociativos histéricos agudos e, eventualmente, após choques emocionais intensos (Peters, 1984).

(...)

3. Dissociação da consciência.

Tal expressão designa a fragmentação ou a divisão do campo da consciência, ocorrendo perda da uni- dade psíquica comum do ser humano. Ocorre com certa freqüência nos quadros histéricos (crises histéricas de tipo dissociativo). Nessas situações, observa-se uma dissociação da consciência, um estado semelhante ao sonho (ganhando o caráter de estado onírico), geralmente desencadeada por acontecimentos psicologicamente significativos (conscientes ou inconscientes) que geram grande ansiedade para o paciente.

Essas crises duram de minutos a horas, raramente permanecendo por dias. Alguns pacientes têm crises ou estados dissociativos agudos que se iniciam devido a quedas, abalos musculares e movimentação do corpo semelhante à crise convulsiva (da epilepsia). Nesses casos, designa-se tal crise como crise pseudo-epiléptica (em re- lação à crise epiléptica verdadei- ra).

A dissociação da consciência pode ocorrer também em quadros de ansiedade intensa, independentemente de se tratar de paciente com personalidade ou traços histéricos, sendo a dissociação, então, vista como uma estratégia defensiva inconsciente (i.e., sem a deliberação voluntária plena) para lidar com a ansiedade muito intensa; o indivíduo desliga da realidade para parar de sofrer.
 

4. Transe.

Estado de dissociação da consciência que se assemelha a sonhar acordado, diferindo disso, porém, pela presença de atividade motora automática e estereotipada acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntários. O estado de transe ocorre em contextos religiosos e culturais (espiritismo kardecista, religiões afro-brasileiras e religiões evangélicas pentecostais e neopentecostais).

O transe dito extático pode ser induzido por treinamento místico-religioso, ocorrendo geralmente a sensação de fusão do eu com o universo. Não se deve confundir o transe religioso, culturalmente contextualizado e sancionado, com o transe histérico, que é um estado dissociativo da consciência relacionado freqüentemente a conflitos interpessoais e alterações psicopatológicas.

Os estados de transe e possessão culturalmente contextualizados e sancionados são fenômenos muito difundidos nas várias culturas em todo o mundo, vistos, na atualidade, como um recurso religioso e sociocultural que permite às pessoas, sobretudo às mulheres, lidar com as dificuldades da vida por meio de estratégias religiosas socialmente legitimadas.


5. Estado hipnótico.

É um estado de consciência reduzida e estreitada e de atenção concentrada, que pode ser induzido por outra pessoa (hipnotizador). Trata-se de um estado de consciência semelhante ao transe, no qual a sugestionabilidade do indivíduo está aumentada, e a sua atenção, concentrada no hipnotizador. Nesse estado, podem ser lembradas cenas e fatos esquecidos e podem ser induzidos fenômenos como anestesia, paralisias, rigidez muscular, alterações vasomotoras. Não há nada de místico ou paranormal na hipnose. É apenas uma técnica refinada de concentração da atenção e de alteração induzida do estado da consciência.
 

(...)."

Com base nisso, podemos relacionar as colunas abaixo.

1. Estados crepusculares.

2. Dissociação da consciência.

3. Estado hipnótico.

4. Transe.

( 3 ) É um estado de consciência reduzida e estreitada e de atenção concentrada, que pode ser induzido por outra pessoa. Nesse estado, podem ser lembradas cenas e fatos esquecidos e podem ser induzidos fenômenos como anestesia, paralisias, rigidez muscular, alterações vasomotoras.

( 4 ) Estado de dissociação da consciência que se assemelha a sonhar acordado, diferindo disso, porém, pela presença de atividade motora automática e estereotipada acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntários.

( 2 ) Tal expressão designa a fragmentação ou a divisão do campo da consciência, ocorrendo perda da unidade psíquica comum do ser humano. Ocorre com certa frequência nos quadros histéricos.

( 1 ) Há um estreitamento transitório do campo da consciência, um afunilamento (que se restringe a um círculo de ideias, sentimentos ou representações de importância particular para o sujeito acometido), com a conservação de uma atividade psicomotora global mais ou menos coordenada, permitindo a ocorrência dos chamados atos automáticos.

Portanto, a sequência ficou 3 4 2 1. Encontramos a resposta na Letra D.


a)  1 – 2 – 3 – 4.
b)  1 – 4 – 3 – 2.
c)  4 – 2 – 1 – 3.
d)  3 – 4 – 2 – 1.

1 161 162 163 164 165 257