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Questões Sobre Psicopatologia - Psicologia - concurso

2321) Na avaliação em saúde mental, os aspectos observáveis das funções psíquicas constituem informação importante para o diagnóstico.

  • A) o estado de obnubilação é característico do coma alcoólico.

  • B) a atenção do paciente com déficit de atenção é hipovigil e hipertenaz.

  • C) a orientação alopsíquica é a capacidade de se orientar no tempo e no espaço.

  • D) o delírio persecutório é uma alteração psicótica da sensopercepção.
  • E) o paciente hipomaníaco é abúlico, taquipsíquico e melancólico.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra C) a orientação alopsíquica é a capacidade de se orientar no tempo e no espaço.

Gabarito: Letra C.

       

  

   

a)  o estado de obnubilação é característico do coma alcoólico.

 

Incorreto. Segundo Dalgalarrondo, há três graus de rebaixamento de consciência: obnubilação, sopor e coma. Obnubilação é de grau leve a moderado. O coma é profundo.

   

b)  a atenção do paciente com déficit de atenção é hipovigil e hipertenaz.

 

Incorreto. Na verdade, isso acontece nos quadros depressivos. Veja:

 

"Nos quadros depressivos, geralmente há diminuição geral da atenção, ou seja, hipoprosexia. Em alguns casos graves, ocorre a fixação da atenção em certos temas depressivos (hipertenacidade), com rigidez e alguma diminuição da capacidade de mudar o foco da atenção (hipovigilância)."

 

Fonte: "Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais" (Dalgalarrondo)

   

c)  a orientação alopsíquica é a capacidade de se orientar no tempo e no espaço.

 

Correto. Essa afirmativa está de acordo com Dalgalarrondo. Observe:

 

"A capacidade de orientar-se é classificada em orientação autopsíquica e alopsíquica. A orientação autopsíquica é a orientação do indivíduo em relação a si mesmo. Revela se 0 sujeito sabe quem é: nome, idade, data de nascimento, profissão, estado civil, etc. Já a orientação alopsíquica diz respeito à capacidade de orientar-se em relação ao mundo, isto é, quanto ao espaço (orientação espacial) e quanto ao tempo (orientação temporal)."

 

Fonte: "Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais" (Dalgalarrondo)

   

d)  o delírio persecutório é uma alteração psicótica da sensopercepção.

 

Incorreto. Segundo Dalgalarrondo, o delírio é uma alteração patológica do juízo.

 

Como exemplo de uma alteração qualitativa da sensopercepção, temos a alucinação. 

 

e)  o paciente hipomaníaco é abúlico, taquipsíquico e melancólico.

 

Incorreto. A abulia (diminuição da vontade) e a melancolia ocorrem nos quadros depressivos. Apenas o taquipsiquismo (aceleração das funções psíquicas) tem relação com a mania.

 

Portanto, a alternativa correta é a Letra C.

2322) O DSM 5 traz a classificação do Transtorno do Espectro Autista (TEA) como um transtorno do neurodesenvolvimento que abrange diferentes condições do funcionamento do indivíduo. Entre as características que definem o TEA encontramos:

  • A) as habilidades sociais e de comunicação.

  • B) a inteligência acima da média.

  • C) os distúrbios da senso percepção na forma de depressão.

  • D) os padrões restritos e repetitivos de comportamento.

  • E) a dificuldade de aderir a rotinas.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra D) os padrões restritos e repetitivos de comportamento.

     

Observe os critérios diagnósticos do TEA, segundo o DSM-V:

 

"Transtorno do Espectro Autista

Critérios Diagnósticos 

 

A. Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou por história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos; ver o texto):

 

1. Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de abordagem social anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal a compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, a dificuldade para iniciar ou responder a interações sociais.

 

2. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para interação social, variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal pouco integrada a anormalidade no contato visual e linguagem corporal ou déficits na compreensão e uso gestos, a ausência total de expressões faciais e comunicação não verbal.

 

3. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando, por exemplo, de dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a contextos sociais diversos a dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas ou em fazer amigos, a ausência de interesse por pares.

 

B. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, conforme manifestado por pelo menos dois dos seguintes, atualmente ou por história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos; vér o texto):

 

1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (p. ex., estereotipias motoras simples, alinhar brinquedos ou girar objetos, ecolalia, frases idiossincráticas).

 

2. Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal (p. ex., sofrimento extremo em relação a pequenas mudanças, dificuldades com transições, padrões rígidos de pensamento, rituais de saudação, necessidade de fazer o mesmo caminho ou ingerir os mesmos alimentos diariamente).

 

3. Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco (p. ex., forte apego a ou preocupação com objetos incomuns, interesses excessivamente circunscritos ou perseverativos).

 

4. Hiper ou hiporreatividade estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente (p. ex., indiferença aparente a dor/temperatura, reação contrária a sons ou texturas específicas, cheirar ou tocar objetos de forma excessiva, fascinação visual por luzes ou movimento)."

 

Fonte: DSM-V

 

Com isso, encontramos um dos critérios diagnósticos na Letra D.

 

a)  as habilidades sociais e de comunicação.

 

b)  a inteligência acima da média.

 

c)  os distúrbios da senso percepção na forma de depressão.

 

d)  os padrões restritos e repetitivos de comportamento.

 

e)  a dificuldade de aderir a rotinas.

2323) Ana Maria sofreu um grave acidente de carro quando voltava de viagem com o marido, que não resistiu aos ferimentos provocados pelo acidente. Desde então, Ana não conseguiu mais andar de carro, tendo repetidos pesadelos e flashbacks do acidente.

  • A) do luto persistente.

  • B) ciclotímico.

  • C) depressivo persistente.

  • D) de estresse pós-traumático.

  • E) bipolar.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra D) de estresse pós-traumático.

   

Ana Maria sofreu um grave acidente de carro quando voltava de viagem com o marido, que não resistiu aos ferimentos provocados pelo acidente. Desde então, Ana não conseguiu mais andar de carro, tendo repetidos pesadelos e flashbacks do acidente.

   

a)  do luto persistente.

 

Incorreto. Esse é um transtorno que está na parte do DSM-V reservada para estudos posteriores. Ainda assim, a questão cita um caso em que houve a morte de alguém próximo, mas Ana Maria não apresentou os sintomas desse transtorno.

 

"Transtorno do Luto Complexo Persistente

(...)

A. O indivíduo experimentou a morte de alguém com quem tinha um relacionamento próximo.

 

B. Desde a morte, ao menos um dos seguintes sintomas é experimentado em um grau clinicamente significativo na maioria dos dias e persistiu por pelo menos 12 meses após a morte no caso de adultos enlutados e seis meses no caso de crianças enlutadas:

 

1. Saudade persistente do falecido. Em crianças pequenas, a saudade pode ser expressa em brincadeiras e no comportamento, incluindo comportamentos que refletem ser separado de e também voltar a unir-se a um cuidador ou outra figura de apego.

 

2. Intenso pesar e dor emocional em resposta à morte.

 

3. Preocupação com o falecido.

 

4. Preocupação com as circunstâncias da morte. Em crianças, essa preocupação com o falecido pode ser expressa por meio dos temas de brincadeiras e comportamento e pode se estender à preocupação com a possível morte de outras pessoas próximas a elas."

 

Fonte: DSM-V

  

b)  ciclotímico.

 

Incorreto. A questão não cita sintomas hipomaníacos e depressivos.

  

c)  depressivo persistente.

 

Incorreto. A questão não cita sintomas depressivos.

  

d)  de estresse pós-traumático.

 

Correto. Essa é a alternativa que mais se aproxima dos sintomas citados. Veja os critérios diagnósticos abaixo:

 

"Transtorno de Estresse Pós-traumático

 

A. Exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violência sexual em uma (ou mais) das seguintes formas:

 

1. Vivenciar diretamente o evento traumático.

 

2. Testemunhar pessoalmente o evento traumático ocorrido com outras pessoas.

 

3. Saber que o evento traumático ocorreu com familiar ou amigo próximo. Nos casos de episódio concreto ou ameaça de morte envolvendo um familiar ou amigo, é preciso que o evento tenha sido violento ou acidental.

 

4. Ser exposto de forma repetida ou extrema a detalhes aversivos do evento traumático (p. ex., socorristas que recolhem restos de corpos humanos; policiais repetidamente expostos a detalhes de abuso infantil).

 

B. Presença de um (ou mais) dos seguintes sintomas intrusivos associados ao evento traumático, começando depois de sua ocorrência:

 

1. Lembranças intrusivas angustiantes, recorrentes e involuntárias do evento traumático.  

2. Sonhos angustiantes recorrentes nos quais 0 conteúdo e/ou o sentimento do sonho estão relacionados ao evento traumático.

 

3. Reações dissociativas (p. ex., flashbacks) nas quais o indivíduo sente ou age como se o evento traumático estivesse ocorrendo novamente. (Essas reações podem ocorrer em um continuum, com a expressão mais extrema na forma de uma perda completa de percepção do ambiente ao redor.) 

 

4. Sofrimento psicológico intenso ou prolongado ante a exposição a sinais internos ou externos que simbolizem ou se assemelhem a algum aspecto do evento traumático.

 

5. Reações fisiológicas intensas sinais internos ou externos que simbolizem ou se assemelhem a algum aspecto do evento traumático.

 

C. Evitação persistente de estímulos associados ao evento traumático, começando após a ocorrência do evento, conforme evidenciado por um ou ambos dos seguintes aspectos:

 

1. Evitação ou esforços para evitar recordações, pensamentos ou sentimentos angustiantes acerca de ou associados de perto ao evento traumático.

 

2. Evitação ou esforços para evitar lembranças externas (pessoas, lugares, conversas, atividades, objetos, situações) que despertem recordações, pensamentos ou sentimentos angustiantes acerca de ou associados de perto ao evento traumático.

 

D. Alterações negativas em cognições e no humor associadas ao evento traumático começando ou piorando depois da ocorrência de tal evento, conforme evidenciado por dois (ou mais) dos seguintes aspectos:

 

1. Incapacidade de recordar algum aspecto importante do evento traumático (geralmente devido a amnésia dissociativa, e não a outros fatores, como traumatismo craniano, álcool ou drogas).

 

2. Crenças ou expectativas negativas persistentes e exageradas a respeito de si mesmo, dos outros e do mundo (p. ex., "Sou mau", "Não se deve confiar em ninguém", "O mundo é perigoso", "Todo o meu sistema nervoso está arruinado para sempre").

 

3. Cognições distorcidas persistentes a respeito da causa ou das conseqüências do evento traumático que levam o indivíduo a culpar a si mesmo ou os outros.

 

4. Estado emocional negativo persistente (p. ex., medo, pavor, raiva, culpa ou vergonha).

 

5. Interesse ou participação bastante diminuída em atividades significativas.

 

6. Sentimentos de distanciamento e alienação em relação aos outros.

 

7. Incapacidade persistente de sentir emoções positivas (p. ex., incapacidade de vivenciar sentimentos de felicidade, satisfação ou amor).

 

E. Alterações marcantes na excitação e na reatividade associadas ao evento traumático, começando ou piorando após o evento, conforme evidenciado por dois (ou mais) dos seguintes aspectos:

 

1. Comportamento irritadiço e surtos de raiva (com pouca ou nenhuma provocação) geralmente expressos sob a forma de agressão verbal ou física em relação a pessoas e objetos.

 

2. Comportamento imprudente ou autodestrutivo.

 

3. Hipervigilância.

 

4. Resposta de sobressalto exagerada.

 

5. Problemas de concentração.

 

6. Perturbação do sono (p. ex., dificuldade para iniciar ou manter 0 sono, ou sono agitado).

 

F. A perturbação (Critérios B, C, D e E) dura mais de um mês.

 

G. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo e prejuízo social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

 

H. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., medicamento, álcool) ou a outra condição médica."

 

Fonte: DSM-V

  

e)  bipolar.

 

Incorreto. Como falamos acima, a questão não apresenta sintomas de hipomania, mania ou depressão.

 

Portanto, a alternativa correta é a Letra D.

 

2324) Fabrício foi aprovado na faculdade de administração, mas está tendo dificuldades em participar das atividades exigidas pois vem desenvolvendo ansiedade excessiva e desproporcional ao ter que falar com os colegas e professores, além de não conseguir participar de nenhuma apresentação de trabalho, pois não consegue falar em público. Diante desses sintomas, o rapaz buscou ajuda psicoterápica.

  • A) bulímico.

  • B) maníaco.

  • C) vigoréxico.

  • D) dismórfico corporal.

  • E) de ansiedade social.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra E) de ansiedade social.

      

a)  bulímico.

 

Incorreto. A questão não apresenta nenhum sintoma alimentar.

  

b)  maníaco.

 

Incorreto. A questão não apresenta sintomas maníacos como humor expansivo, pensamento acelerado, auto-estima inflada, etc.

  

c)  vigoréxico.

 

Incorreto. Esse termo não está presente no DSM-V e nem no CID-10. Contudo, a vigorexia tem relação com distorção da auto-imagem e a práticas excessivas de exercício físico.

  

d)  dismórfico corporal.

 

Incorreto. A questão não cita preocupação com a aparência física.

  

e)  de ansiedade social.

 

Correto. Essa é a afirmativa que está de acordo com os sintomas apresentados. Veja os critérios diagnósticos:

 

"Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social) Critérios Diagnósticos 

 

A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais situações sociais em que o indivíduo é exposto a possível avaliação por outras pessoas. Exemplos incluem interações sociais (p. ex., manter uma conversa, encontrar pessoas que não são familiares), ser observado (p. ex., comendo ou bebendo) e situações de desempenho diante de outros (p. ex., proferir palestras).

 

B. O indivíduo teme agir de forma a demonstrar sintomas de ansiedade que serão avaliados negativamente (i.e., será humilhante ou constrangedor; provocará a rejeição ou ofenderá a outros).

 

C. As situações sociais quase sempre provocam medo ou ansiedade.

 

D. As situações sociais são evitadas ou suportadas com intenso medo ou ansiedade.

 

E. O medo ou ansiedade é desproporcional à ameaça real apresentada pela situação social e contexto sociocultural.

 

F. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente durando mais de seis meses.

 

G. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

 

H. O medo, ansiedade ou esquiva não é conseqüência dos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou de outra condição médica.

 

I. O medo, ansiedade ou esquiva não é mais bem explicado pelos sintomas de outro transtorno mental, como transtorno de pânico, transtorno dismórfico corporal ou transtorno do espectro autista.

 

J. Se outra condição médica (p. ex., doença de Parkinson, obesidade, desfiguração por queimaduras ou ferimentos) está presente, 0 medo, ansiedade ou esquiva é claramente não relacionado ou é excessivo."

 

Fonte: DSM-V

 

Portanto, a alternativa correta é a Letra E.

 

2325) Gustavo tem 30 anos e começou um novo emprego, no qual passou a assumir muitas responsabilidades. Em meio ao estresse do ambiente laborativo, ele começou a se descuidar de sua higiene e de demais cuidados pessoais, evidenciando-se ainda que seu comportamento mudou, tendo ele ficado muito mais irritadiço. Além disso, Gustavo passou a se sentir perseguido, tendo desenvolvido alucinações auditivas persecutórias e de comando. Em sua família, um tio paterno também é acometido por sintomas semelhantes.

  • A) transtorno psicótico catatônico.

  • B) transtorno bipolar.

  • C) transtorno de ansiedade generalizada.

  • D) esquizofrenia hebefrênica.

  • E) esquizofrenia paranóide.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra E) esquizofrenia paranóide.

   

  

  

A questão pode ser respondida com o seguinte texto:

 

"Os psicopatólogos do fim do século XIX e início do XX distinguiram quatro subtipos de esquizofrenia: a forma paranoide, caracterizada por alucinações e ideias delirantes, principalmente de conteúdo persecutório;

 

a forma catatônica, marcada por alterações motoras, hipertonia, flexibilidade cerácea e alterações da vontade, como negativismo, mutismo e impulsividade;

 

a forma hebefrênica, caracterizada por pensamento desorganizado, comportamento bizarro e afeto marcadamente pueril, infantilizado;

 

e um subtipo dito "simples", no qual, apesar de faltarem sintomas característicos, seria observado um lento e progressivo empobrecimento psíquico comportamental, com negligência quanto aos cuidados de si (higiene, roupas, saúde), embotamento afetivo e distanciamento social.

 

Entretanto, os subtipos clínicos da esquizofrenia foram abandonados pelos sistemas de classificação atuais (CID-11 e DSM-5), pois não se revelaram suficientemente úteis, (...)"

 

Fonte: "Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais" (Dalgalarrondo)

 

Com isso, encontramos a resposta na Letra E.

 

Observação: não foram apresentados sintomas típicos de mania ou hipomania, como humor expansivo, pensamento acelerado ou autoestima inflada. Com isso, descarta-se o diagnóstico de transtorno bipolar. Também não foram apresentados sintomas típicos de ansiedade, o que exclui o diagnóstico de transtorno de ansiedade generalizada.

 

a)  transtorno psicótico catatônico.

b)  transtorno bipolar.

c)  transtorno de ansiedade generalizada.

d)  esquizofrenia hebefrênica.

e)  esquizofrenia paranóide.

2326) A abordagem dimensional às patologias é defendida por profissionais de saúde em oposição à descrição dos transtornos mentais como categorias nosológicas.

  • A) um transtorno mental só poderá ser adequadamente compreendido e tratado se forem levadas em conta as dimensões biológicas, psicológicas e socioculturais dos processos psíquicos manifestados por um paciente.
  • B) para a compreensão adequada de um transtorno mental é importante considerar as dimensões bioquímica, fisiológica e anatômica do sistema nervoso do indivíduo avaliado, em particular as diferentes conexões cerebrais.
  • C) no diagnóstico de um transtorno mental devem ser identificados sintomas psicopatológicos específicos que permitem uma clara demarcação entre a dimensão normal e a dimensão patológica do funcionamento psíquico de um indivíduo.
  • D) a avaliação das diferentes dimensões do funcionamento de um indivíduo acometido de transtorno mental deve levar em conta o grau em que os vários processos cognitivos, emocionais e sociais estão comprometidos ou íntegros.
  • E) a psicopatologia deve ser compreendida como diferentes dimensões de funcionamento que ocorrem em um contínuo de intensidade e frequência de experiências e processos cognitivos, das normais às mais patológicas.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra E) a psicopatologia deve ser compreendida como diferentes dimensões de funcionamento que ocorrem em um contínuo de intensidade e frequência de experiências e processos cognitivos, das normais às mais patológicas.

   

  

De acordo com essa perspectiva,

  

A questão está baseada no seguinte texto:

 

"Trabalhar com psicoses sempre foi e continua sendo um desafio para os profissionais da área da saúde devido à complexidade dos sintomas, sua sobreposição com sintomas de outras condições clínicas, sua falta de lógica formal, além de certa resistência em nos aproximarmos do funcionamento psicológico primitivo que as psicoses denunciam e que fazem parte de todos nós, pelo menos em alguns momentos, como no devaneio diurno, no sonho, no estado febril ou em vivências de trauma intenso.


Embora as psicoses sejam descritas como entidades nosológicas definidas nos manuais classificatórios, como a esquizofrenia ou o transtorno esquizoafetivo, estudos recentes em populações sadias e em grupos clínicos distintos evidenciaram a presença desses quadros em diferentes diagnósticos, variando em intensidade, duração e efeito e levando os profissionais da saúde mental a reconsiderar a perspectiva dimensional não só na descrição das psicoses, como também na compreensão dos transtornos mentais.

 

Essa perspectiva considera que tanto indivíduos sadios quanto doentes têm dimensões de funcionamento que permitem a compreensão da psicopatologia em um contínuo de intensidade e frequência de experiências e processos cognitivos (De Rosses & Karlsgodt, 2015), em oposição à visão idealista de que saúde e doença têm fronteiras claras e bem definidas, conforme a perspectiva de Kraepelin sobre categorias distintas, como na doença maníaco-depressiva e na demência precoce (Gaebel & Zielasek, 2015). A observação de que não existem sintomas psicopatológicos específicos e restritos a determinados transtornos, como no caso da psicose, mas um compartilhamento desses, foi evidenciada em estudos epidemiológicos (Calkins et al., 2014), neurofisiológicos e de neuroimagem (Wolf et al., 2015), sendo reforçada por pesquisas em bioquímica e em biologia molecular (Maschietto et al., 2015)."

 

Fonte: "Psicodiagnóstico" (Hutz)

 

Com isso, encontramos a resposta na Letra E.

 

As outras alternativas são criações da banca que não estão de acordo com a definição específica supracitada.

 

a)  um transtorno mental só poderá ser adequadamente compreendido e tratado se forem levadas em conta as dimensões biológicas, psicológicas e socioculturais dos processos psíquicos manifestados por um paciente.


b)  para a compreensão adequada de um transtorno mental é importante considerar as dimensões bioquímica, fisiológica e anatômica do sistema nervoso do indivíduo avaliado, em particular as diferentes conexões cerebrais.


c)  no diagnóstico de um transtorno mental devem ser identificados sintomas psicopatológicos específicos que permitem uma clara demarcação entre a dimensão normal e a dimensão patológica do funcionamento psíquico de um indivíduo.


d)  a avaliação das diferentes dimensões do funcionamento de um indivíduo acometido de transtorno mental deve levar em conta o grau em que os vários processos cognitivos, emocionais e sociais estão comprometidos ou íntegros.


e)  a psicopatologia deve ser compreendida como diferentes dimensões de funcionamento que ocorrem em um contínuo de intensidade e frequência de experiências e processos cognitivos, das normais às mais patológicas.

2327) Ao examinar as funções psíquicas de um indivíduo esquizofrênico, um psicólogo observa que o paciente acredita que seus pensamentos lhe são impostos por uma força estranha, à qual ele é incapaz de resistir.

  • A) paralisia do eu.
  • B) ipseidade.
  • C) anomia.
  • D) avolia.
  • E) possessão.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra A) paralisia do eu.

   

  

Sob a perspectiva da psicopatologia, o fenômeno observado é denominado

 

A questão está baseada no seguinte texto:

 

"Paralisia do Eu - Refere-se aos sentimentos de influência e imposição dos pensamentos presentes na esquizofrenia, em que a personalidade sente-se inteiramente imobilizada, impotente para resistir a forças que lhe são estranhas. Segundo o relato em carta de uma paciente: “Não sou eu quem escreve tudo isso. Pessoas vêm dentro de mim para escrever. Minha cabeça está vazia, parece que não tenho cérebro. Outros pensam por mim.” Um outro paciente dizia, tentando explicar seus atos impulsivos: “Fui tomado pelo demônio. Forças estranhas me ‘puxam’ e não posso fazer nada.”

 

Possessão - Corresponde aos estados em que o indivíduo se permite ser possuído por uma outra pessoa ou entidade sobrenatural que passa a dominar as suas ações."

 

Fonte: "Manual do exame psíquico: uma introdução prática à psicopatologia" (Bastos)

 

Com isso, encontramos a resposta na Letra A.

 

As outras alternativas citam conceitos que não estão no livro supracitado. Anomia, na sociologia, tem relação com a ausência de regras ou normas sociais; avolia é a diminuição da vontade; e a ipseidade tem relação com o aspecto mais singular da identidade do sujeito.


a)  paralisia do eu.
b)  ipseidade.
c)  anomia.
d)  avolia.
e)  possessão.

2328) Sintomas positivos dos transtornos dissociativos são:

  • A) amnésia e falhas da memória evocativa.
  • B) apatia e anedonia.
  • C) despersonalização e descontinuidade da experiência subjetiva.
  • D) negligência ou ausência de cuidados pessoais.
  • E) dificuldade em estabelecer metas, planejar e seguir rotinas diárias.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra C) despersonalização e descontinuidade da experiência subjetiva.

 

Sintomas positivos dos transtornos dissociativos são:

 

A questão pode ser respondida com o seguinte texto:

 

"Os transtornos dissociativos são caracterizados por perturbação e/ou descontinuidade da integração normal de consciência, memória, identidade, emoção, percepção, representação corporal, controle motor e comportamento. Os sintomas dissociativos podem potencialmente perturbar todas as áreas do funcionamento psicológico. Este capítulo inclui transtorno dissociativo de identidade, amnésia dissociativa, transtorno de despersonalização/desrealização, outro transtorno dissociativo especificado e transtorno dissociativo não especificado.

 

Sintomas dissociativos são vivenciados como a) intrusões espontâneas na consciência e no comportamento, acompanhadas por perdas de continuidade na experiência subjetiva (i.e., sintomas dissociativos "positivos", como fragmentação da identidade, despersonalização e desrealização) e/ou b) incapacidade de acessar informações e de controlar funções mentais que normalmente são de fácil acesso ou controle (i.e., sintomas dissociativos "negativos", como amnésia)."

 

Fonte: DSM-V

 

Com isso, encontramos os sintomas na Letra C.


a)  amnésia e falhas da memória evocativa.


b)  apatia e anedonia.


c)  despersonalização e descontinuidade da experiência subjetiva.


d)  negligência ou ausência de cuidados pessoais.


e)  dificuldade em estabelecer metas, planejar e seguir rotinas diárias.

2329) Lucas é um jovem que apresenta extrema dificuldade para enfrentar situações que envolvam interações sociais. Ele teme evidenciar seu nervosismo e, por isso, se sentir embaraçado ou julgado negativamente pelas outras pessoas. A dúvida e a incerteza o deixam inseguro e temeroso antes de tais situações e enquanto se desenrolam. Como consequência, passou a evitar eventos sociais e outros diante dos quais antecipa que poderá passar mal ou se sentir humilhado, o que tem restringido sua vida.

  • A) de personalidade esquizotípica.
  • B) de personalidade evitativa.
  • C) de ansiedade social.
  • D) de personalidade antissocial.
  • E) de pânico sem agorafobia.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra C) de ansiedade social.

(passível de recurso)

   

  

O diagnóstico mais provável para tal condição, segundo o DSM-V, é transtorno


a)  de personalidade esquizotípica.

 

Incorreto. Veja os sintomas desse transtorno de personalidade:

 

"Transtorno da Personalidade Esquizotípica


Critérios Diagnósticos

 

A. Um padrão difuso de déficits sociais e interpessoais marcado por desconforto agudo e capacidade reduzida para relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas ou perceptivas e comportamento excêntrico, que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:

 

1. Ideias de referência (excluindo delírios de referência).

 

2. Crenças estranhas ou pensamento mágico que influenciam o comportamento e são inconsistentes com as normas subculturais (p. ex., superstições, crença em clarividência, telepatia ou "sexto sentido"; em crianças e adolescentes, fantasias ou preocupações bizarras).

 

3. Experiências perceptivas incomuns, incluindo ilusões corporais.

 

4. Pensamento e discurso estranhos (p. ex., vago, circunstancial, metafórico, excessivamente elaborado ou estereotipado).

 

5. Desconfiança ou ideação paranoide.

 

6. Afeto inadequado ou constrito.

 

7. Comportamento ou aparência estranha, excêntrica ou peculiar.

 

8. Ausência de amigos próximos ou confidentes que não sejam parentes de primeiro grau.

 

9. Ansiedade social excessiva que não diminui com o convívio e que tende a estar associada mais a temores paranoides do que a julgamentos negativos sobre si mesmo."

 

Fonte: DSM-V

 


b)  de personalidade evitativa.

 

Incorreto. Apesar da banca considerar essa afirmativa incorreta, segundo o DSM-V muitas características do Transtorno de Personalidade Evitativa e do Transtorno de Ansiedade Social se sobrepõem. Portanto, é possível abrir recurso.

 

"Transtorno da Personalidade Evitativa
Critérios Diagnósticos

 

Um padrão difuso de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a avaliação negativa que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes:

 

1. Evita atividades profissionais que envolvam contato interpessoal significativo por medo de crítica, desaprovação ou rejeição.

 

2. Não se dispõe a envolver-se com pessoas, a menos que tenha certeza de que será recebido de forma positiva.

 

3. Mostra-se reservado em relacionamentos íntimos devido a medo de passar vergonha ou de ser ridicularizado.

 

4. Preocupa-se com críticas ou rejeição em situações sociais.

 

5. Inibe-se em situações interpessoais novas em razão de sentimentos de inadequação.

 

6. Vê a si mesmo como socialmente incapaz, sem atrativos pessoais ou inferior aos outros.

 

7. Reluta de forma incomum em assumir riscos pessoais ou se envolver em quaisquer novas atividades, pois estas podem ser constrangedoras.

(...)

Diagnóstico Diferencial


Transtornos de ansiedade. Parece existir grande sobreposição entre transtorno da personalidade
evitativa e transtorno de ansiedade social (fobia social)
, tanto que eles podem representar conceitos alternativos das mesmas condições ou de condições similares. A evitação também caracteriza tanto o transtorno da personalidade evitativa quanto a agorafobia, sendo que eles são frequentemente concomitantes."

 

Fonte: "DSM-V"

 


c)  de ansiedade social.

 

Correto. Essa é a afirmativa que a banca considera correta. Veja os critérios diagnósticos:

 

"Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social)
Critérios Diagnósticos

 

A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais situações sociais em que o indivíduo é exposto a possível avaliação por outras pessoas. Exemplos incluem interações sociais (p. ex., manter uma conversa, encontrar pessoas que não são familiares), ser observado (p. ex., comendo ou bebendo) e situações de desempenho diante de outros (p. ex., proferir palestras).

 

B. O indivíduo teme agir de forma a demonstrar sintomas de ansiedade que serão avaliados negativamente (i.e., será humilhante ou constrangedor; provocará a rejeição ou ofenderá a outros). 

 

C. As situações sociais quase sempre provocam medo ou ansiedade.

 

D. As situações sociais são evitadas ou suportadas com intenso medo ou ansiedade.

 

E. O medo ou ansiedade é desproporcional à ameaça real apresentada pela situação social e contexto sociocultural.

 

F. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente durando mais de seis meses.

 

G. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

 

H. O medo, ansiedade ou esquiva não é conseqüência dos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou de outra condição médica.

 

I. O medo, ansiedade ou esquiva não é mais bem explicado pelos sintomas de outro transtorno mental, como transtorno de pânico, transtorno dismórfico corporal ou transtorno do espectro autista.


J. Se outra condição médica (p. ex., doença de Parkinson, obesidade, desfiguração por queimaduras ou ferimentos) está presente, o medo, ansiedade ou esquiva é claramente não relacionado ou é excessivo.

(...)

 

Diagnóstico Diferencial

(...)

Transtornos da personalidade. Dado seu freqüente início na infância e sua persistência durante a idade adulta, o transtorno de ansiedade social pode se parecer com um transtorno da personalidade. A sobreposição mais evidente é com o transtorno da personalidade evitativa. Os indivíduos com esse transtorno têm um padrão mais amplo de esquiva do que aqueles com transtorno de ansiedade social."

 

Fonte: DSM-V

 


d)  de personalidade antissocial.

 

Incorreto. Observe os critérios desse transtorno:

 

"Transtorno da Personalidade Antissocial
Critérios Diagnósticos

 

A. Um padrão difuso de desconsideração e violação dos direitos das outras pessoas que ocorre desde os 15 anos de idade, conforme indicado por três (ou mais) dos seguintes:

 

1. Fracasso em ajustar-se às normas sociais relativas a comportamentos legais, conforme indicado pela repetição de atos que constituem motivos de detenção.

 

2. Tendência à falsidade, conforme indicado por mentiras repetidas, uso de nomes falsos ou de trapaça para ganho ou prazer pessoal.

 

3. Impulsividade ou fracasso em fazer planos para 0 futuro.

 

4. Irritabilidade e agressividade, conforme indicado por repetidas lutas corporais ou agressões físicas.

 

5. Descaso pela segurança de si ou de outros.

 

6. Irresponsabilidade reiterada, conforme indicado por falha repetida em manter uma conduta consistente no trabalho ou honrar obrigações financeiras.

 

7. Ausência de remorso, conforme indicado pela indiferença ou racionalização em relação a ter ferido, maltratado ou roubado outras pessoas.

 

B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade.

 

C. Há evidências de transtorno da conduta com surgimento anterior aos 15 anos de idade.

 

D. A ocorrência de comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou transtorno bipolar."

 


e)  de pânico sem agorafobia.

 

Incorreto. A questão não citou sintomas típicos de pânico.

 

"Transtorno de Pânico

Critérios Diagnósticos

 

A. Ataques de pânico recorrentes e inesperados. Um ataque de pânico é um surto abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas:

1. Palpitações, coração acelerado, taquicardia.
2. Sudorese.
3. Tremores ou abalos.
4. Sensações de falta de ar ou sufocamento.
5. Sensações de asfixia.
6. Dor ou desconforto torácico.
7. Náusea ou desconforto abdominal.
8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio.
9. Calafrios ou ondas de calor.
10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento).
11. Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo).
12. Medo de perder o controle ou "enlouquecer".
13. Medo de morrer."

 

Fonte: "DSM-V"

 

Portanto, segundo a banca, a alternativa correta é a Letra C.

 
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2330) A partir da perspectiva da reforma psiquiátrica, assinale a alternativa CORRETA a respeito do conceito de doença mental, conforme descrito por Franco Baságlia.

  • A) A objetivação do homem em síndromes, operada pela psiquiatria positivista, traz consequências relevantes e terapêuticas para o doente.
  • B) A epoché da doença mental surge da necessidade de classificação, de poder voltar as vistas para a codificação das formas, da classificação dos sintomas, o saber psiquiátrico.
  • C) A doença mental “entre parênteses”, conforme descreve Baságlia, reflete a negação da existência da doença mental e do saber psiquiátrico.
  • D) A análise da doença mental representa a pesquisa do fundamento de um fenômeno, a partir do isolamento de suas superestruturas.
  • E) A individualidade no contexto da doença mental tem lugar fundamental, no sentido de um ocupar-se daquilo que se construiu em torno da doença e não de sua classificação.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra E) A individualidade no contexto da doença mental tem lugar fundamental, no sentido de um ocupar-se daquilo que se construiu em torno da doença e não de sua classificação.

  

A partir da perspectiva da reforma psiquiátrica, assinale a alternativa CORRETA a respeito do conceito de doença mental, conforme descrito por Franco Baságlia.

 
 

Base teórica para análise da questão

 

As proposições trazidas por esta questão têm por base as contribuições de Amarante (1996). Tendo por fundamento a literatura destacada, vamos à análise dos itens apresentados.

 
 

Análise das alternativas

 

a)  A objetivação do homem em síndromes, operada pela psiquiatria positivista, traz consequências relevantes e terapêuticas para o doente.

Incorreta. Citando Basaglia, Amarante (1996, p.77) contraria o que traz a alternativa mencionando o seguinte:

“...esta objetivação do homem em síndromes, operada pela psiquiatria positivista, tem tido conseqüências extremamente irreversíveis no doente que - originariamente objetivado e restrito nos limites da doença - foi confirmado como categoria fora do humano por uma ciência que devia distanciar-se e excluir aquilo que não estava em grau de compreender.”

 

b)  A epoché da doença mental surge da necessidade de classificação, de poder voltar as vistas para a codificação das formas, da classificação dos sintomas, o saber psiquiátrico.

Incorreta. Divergindo da colocação, Amarante (1996, p.78) pondera:

“A époche da doença mental surge da necessidade, precedente a qualquer classificação, de poder voltar as vistas para o doente. Essa operação epistemológica reporta a uma inversão dialética da questão psiquiátrica, na qual "o doente foi isolado e colocado entre parênteses pela psiquiatria para que se pudesse ocupar de definições abstratas de uma doença, da codificação das formas, da classificação dos sintomas ...””

 

c)  A doença mental “entre parênteses”, conforme descreve Baságlia, reflete a negação da existência da doença mental e do saber psiquiátrico.

Incorreta. Na realidade, Amarante (1996, p.80) refletindo através de Baságlia, denota:

“Em outras palavras, o colocar entre parênteses 'não significa a negação da doença mental', mas uma recusa à aceitação da positividade do saber psiquiátrico em explicar e compreender a loucura! sofrimento psíquico.”

 

d)  A análise da doença mental representa a pesquisa do fundamento de um fenômeno, a partir do isolamento de suas superestruturas.

Incorreta. Para consulta do gabarito da questão, vide LETRA “E”.

 

e)  A individualidade no contexto da doença mental tem lugar fundamental, no sentido de um ocupar-se daquilo que se construiu em torno da doença e não de sua classificação.

Correta. A assertiva encontra respaldo no que traz a literatura de Amarante (1996), confira:

“O princípio de colocar a doença mental entre parênteses diz respeito à individuação da pessoa doente, isto é, a um ocupar-se, não da doença mental como conceito psiquiátrico - que tem sido questionado tanto no aspecto mais propriamente científico, quanto na sua função ideológica -, e sim, pelo contrário, a um ocupar-se de tudo aquilo que se construiu em torno da doença.”

   

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Fonte consultada:

AMARANTE, P. O Homem e a Serpente: outras histórias para a loucura e a psiquiatria. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 1996.

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