“Quando o sono faz cessar o delírio é um bom sinal.”
(Hipócrates de Cós, 460-380 a. C.)
Sobre as principais características do delirium descritas por Trzepac, Meagher e Wise (2008), é correto afirmar:
- A) Ele pode ser causado por distúrbios do próprio cérebro e por distúrbios com origem fora do cérebro, mas com envolvimento sistêmico, que provoca repercussões sobre o funcionamento cerebral.
- B) O doente apresenta uma certeza subjetiva na ideia delirante.
- C) É impossível a modificação do delírio pela experiência, pois ele é irremovível.
- D) Sua principal característica é a justificativa equivocada para a crença que o delirante apresenta.
Resposta:
A alternativa correta é letra A) Ele pode ser causado por distúrbios do próprio cérebro e por distúrbios com origem fora do cérebro, mas com envolvimento sistêmico, que provoca repercussões sobre o funcionamento cerebral.
Gabarito Letra A
Sobre as principais características do delirium descritas por Trzepac, Meagher e Wise (2008), é correto afirmar:
a) Ele pode ser causado por distúrbios do próprio cérebro e por distúrbios com origem fora do cérebro, mas com envolvimento sistêmico, que provoca repercussões sobre o funcionamento cerebral.
b) O doente apresenta uma certeza subjetiva na ideia delirante.
c) É impossível a modificação do delírio pela experiência, pois ele é irremovível.
d) Sua principal característica é a justificativa equivocada para a crença que o delirante apresenta.
A questão é sobre Delirium e não sobre Delírio, e busca te confundir nesse aspecto. O Delirium tem como sintomas o rebaixamento do nível da consciência e da atenção, alterações na sensopercepção, orientação, psicomotricidade, entre outros. A única alternativa que aborda o delirium é a Letra A, todas as outras se referem ao delírio.
“Características principais do delirium (Trzepacz; Meagher; Wise, 2006)
1. Pode ser causado tanto por distúrbios próprios do cérebro como por distúrbios com origem fora do cérebro, mas com envolvimento sistêmico, que acarreta repercussões significativas sobre o funcionamento cerebral.
2. Instalação geralmente aguda ou subaguda (horas a dias).
3. Existem evidências de disfunção difusa do tecido cerebral, normalmente envolvendo os hemisférios cerebrais (sobretudo o córtex préfrontal, o parietal não-dominante e o fusiforme anterior), o sistema reticular ativador ascendente e o sistema nervoso autônomo. Há no delirium, de modo geral, a hipoatividade das vias colinérgicas e a hiperatividade das vias dopaminérgicas.
4. A disfunção do tecido cerebral é potencialmente reversível se a causa for tratada com sucesso.
5. As manifestações clínicas variam muito de paciente para paciente e de um episódio para outro.
6. No delirium, o traçado do eletrencefalograma (EEG) está tipicamente lentificado, com exceção do delirium tremens (forma grave de abstinência alcoólica), em que se apresenta acelerado.”
“Jaspers (1979) descreveu três características ou indícios externos (äussere Merkmale) que, do ponto de vista prático, são muito importantes para a identificação clínica do delírio:
1. O doente apresenta uma convicção extraordinária (ausserge wöhnlinche Überzeugung), uma certeza subjetiva praticamente absoluta (subjektive Gewissheit). A sua crença é total; a seu ver, não se pode colocar em dúvida a veracidade de seu delírio.
2. É impossível a modificação do delírio pela experiência objetiva, por provas explícitas da realidade, por argumentos lógicos, plausíveis e aparentemente convincentes. Assim, diz-se que o delírio é irremovível, mesmo pela prova de realidade mais cabal, ele não é passível de ser influenciado externamente (Unbeeinflussbarkeit) por pessoas que queiram demover o delirante de suas crenças.
3. O delírio é, quase sempre, um juízo falso; o seu conteúdo é impossível (Unmöglichkeit des Inhalts). Embora este seja o aspecto mais evidente do delírio, mais fácil de caracterizar, é, também, o aspecto, do ponto de vista psicopatológico, mais frágil. Sabe-se que alguns doentes podem eventualmente delirar e seu delírio ser verídico.”
Nosso gabarito é Letra A.
Referência
Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais – 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
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