Texto para a questão.
Eduardo, de vinte anos de idade, encontra-se internado em um hospital psiquiátrico há uma semana. De acordo com relato de sua mãe, o adolescente teve um “surto” ao saber das relações extraconjugais do pai e da existência de outra família, constituída por este, há mais de dez anos. A mãe relata que ficou “em choque” quando descobriu, passando duas semanas deitada, sem comer ou conseguir trabalhar. Neste período, foi Eduardo, o único filho do casal, quem cuidou de todos os compromissos da casa e da família, além da separação do casal parental. Segundo a mãe, depois que ela conseguiu, minimamente, retomar seus compromissos e afazeres, percebeu Eduardo isolado, calado, inapetente, sem hábitos de higiene, passando boa parte do tempo lendo e escrevendo. Desde então, Eduardo passou a ter dificuldades para dormir, ficando a madrugada lendo e recortando jornais. Nesse momento, ele dizia que precisava pesquisar “sobre novas conspirações contra ele e sua família”. Passou a afirmar que alguém estaria interessado nos bens de sua família e que, por isso, queriam eliminá-lo. De acordo com a mãe, o filho passou a relatar contatos com indivíduos estranhos por ‘comunicação do pensamento’ e a dizer que as reportagens noticiadas no jornal – rádio ou televisão – escondiam mensagens e códigos que seriam úteis na solução da ameaça que estava sofrendo.
Eduardo apresenta como sintomas
- A) alucinações de contato e cinestésicas.
- B) delírios e alucinações psíquicas.
- C) alucinações visuais e agnosias auditivas.
- D) sonorização do pensamento e alucinações auditivas.
- E) delírios e alucinações extracampinas e autoscópica.
Resposta:
A alternativa correta é letra B) delírios e alucinações psíquicas.
De acordo com artigo científico sobre Alucinações:
O único grupo de fenômenos restante que precisamos destacar é aquele que todos os autores desde Baillarger parecem ter concordado em tratar como um caso bastante singular. É uma classe cujos exemplos têm sido observados entre místicos religiosos e pessoas que acreditam estar em comunicação direta com guias espirituais. Estas pessoas descrevem uma voz silenciosa que se expressa pela "linguagem da alma" dentro delas, e que ouvem através de um "sexto sentido", sem nenhuma participação aparente do ouvido. Devido à ausência de uma qualidade sensorial definível, Baillarger distinguiu essa classe como alucinação psíquica, em oposição à psicossensorial.
Análise das alternativas:
a) Incorreta. As alucinações cinestésicas dizem respeito aos órgãos internos ou esquemas corporais. Os pacientes sentem como se tivessem seu fígado revirado, esvaziado seu pulmão, seus intestinos arrancados, o coração rasgado, o cérebro apodrecido e assim por diante. Eduardo não apresenta esses sintomas.
b) Correta. Conforme trecho de artigo acima, concluímos que Eduardo apresenta delírios e alucinações psíquicas.
c) Incorreta. Alucinações visuais são percepções visuais de objetos que não existem, tão claras e intensas que dificilmente são removíveis pela argumentação lógica. Mesmo o paciente referindo ter visto apenas vultos, tais vultos são muito fielmente percebidos, portanto são reais para a pessoa que os percebe.
d) Incorreta. Na maioria das vezes, o conteúdo das vozes na alucinação auditiva é desabonador, acusatório, infame e caluniador. Quando elas ditam antecipadamente as atitudes do paciente falamos em sonorização do pensamento, como se ele pensasse em voz alta ou como se alguma voz estivesse permanentemente comentando todos seus atos: "lá vai ele lavar as mãos", "lá vai ele ligar a televisão" e assim por diante.
e) Incorreta. Nas situações onde o paciente se vê fora de seu próprio corpo falamos em alucinações autoscópicas e, quando ele consegue ver cenas e objetos fora de seu campo sensorial, como enxergar do lado de fora da parede, teremos as alucinações extra-campinas.
Fontes:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-47142013000200008&script=sci_arttext
http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=103
Deixe um comentário