Logo do Site - Banco de Questões
Continua após a publicidade..

As psicoterapias foram questionadas no passado e, atualmente, são amplamente aceitas devido à eficácia em tratamentos de uma grande variedade de condições psicológicas e psiquiátricas. Estudos buscam cada vez mais identificar a forma como as mudanças acontecem e quais os fatores envolvidos nesse processo. Sabe-se que existem fatores comuns conceituados a todas as psicoterapias e os agentes de mudanças que favorecem o processo. Com base nesses fatores comuns de mudanças em psicoterapia, assinale a afirmativa que NÃO configura um deles.

Continua após a publicidade..

Resposta:

A alternativa correta é letra B) Fatores familiares são norteadores de um processo de mudança e estão descritos na literatura como motivadores externos e recursos essenciais para a associação de eventos da vida mental, percepção e análise de situações que possibilitam maior reflexão do paciente frente suas questões.

Gabarito: Letra B

Com base nesses fatores comuns de mudanças em psicoterapia, assinale a afirmativa que NÃO configura um deles.
a)  Fatores do paciente estão relacionados à capacidade que eles possuem para obter mudanças através da psicoterapia e aqueles que apresentam algum tipo de sofrimento psíquico necessário para motivá-lo em busca de tratamento e a capacidade de criar vínculo e aliança com o profissional.

Certo! Sobre os fatores do paciente, relembre:

“Há certo consenso de que o paciente que irá aproveitar ou que irá fazer mudanças em psicoterapia é caracterizado por um sofrimento psíquico suficiente para motivá-lo ao tratamento e pela capacidade de estabelecer um vínculo e uma aliança de trabalho com o terapeuta. O sofrimento psíquico é um dos principais fatores do paciente que está relacionado com os resultados em psicoterapia. É necessário que o paciente apresente algum grau de sofrimento psíquico que cause um prejuízo no seu funcionamento. No entanto, um elevado grau de sofrimento é diretamente associado com a intensidade da psicopatologia, o que pode comprometer a aliança terapêutica (Lambert; Ogles, 2004). Pacientes com diagnóstico de psicose e de transtorno da personalidade borderline apresentam capacidade limitada de lidar com estresses agudos, toleram pouco a confrontação de defesas e apresentam alto risco de tentativa de suicídio em situações de estresse agudo (Lambert; Ogles, 2004). A motivação pode ser caracterizada pelo desejo e pela disposição consciente de fazer mudanças na vida, mediante a solução efetiva de problemas. O paciente motivado apresenta claramente um determinado grau de sofrimento psíquico e/ou de desconforto com as desadaptações que o transtorno lhe acarreta. Busca espontaneamente o tratamento, e não por imposição dos familiares ou recomendações dos amigos, ou, ainda, de outros profissionais de saúde, reconhecendo a sua responsabilidade, e não só a do terapeuta, no desfecho da psicoterapia. A capacidade de estabelecer um vínculo e uma aliança de trabalho com o terapeuta é um outro fator relacionado ao paciente que é fundamental para o bom andamento de uma psicoterapia. A relação que irá se estabelecer ao longo de uma terapia é determinada pelas características pessoais de seus participantes, sendo-lhes exigidas certas condições para que ela seja de boa qualidade. Do paciente, exige-se que tenha interesse em falar com a outra pessoa, em ser ouvido, valorizado e compreendido (Jackson, 1992).”


b)  Fatores familiares são norteadores de um processo de mudança e estão descritos na literatura como motivadores externos e recursos essenciais para a associação de eventos da vida mental, percepção e análise de situações que possibilitam maior reflexão do paciente frente suas questões.
Errado. Fatores familiares não são fatores comuns às psicoterapias.

 

c)  Fatores do terapeuta como empatia, calor humano e autenticidade incluem um dos ingredientes importantes para uma mudança terapêutica e o resultado da psicoterapia capaz de colocar em prática determinado método de tratamento com habilidade e experiência profissional para a formulação de uma aliança colaborativa.

Certo! Sobre os fatores do terapeuta, relembre:

“A empatia pode ser definida como o entendimento do ponto de vista do paciente e a sua visão de mundo. A empatia pode ser expressa de muitas maneiras, como, por exemplo, repetindo o que o paciente disse em palavras diferentes, acrescentando, assim, significado ou profundidade, ou formulando perguntas. Uma metanálise baseada em 47 estudos, que totalizavam 3.026 pacientes, verificou que o tamanho de efeito relacionado à empatia superava os tamanhos de efeito médio dos estudos relacionados à aliança terapêutica (Bohart et al., 2002). O calor humano envolve a atitude de aceitação, respeito, afirmação, apoio, compaixão, carinho e elogios por parte do terapeuta. A autenticidade envolveria tanto uma autoconsciência por parte do terapeuta quanto uma disposição para compartilhar esta consciência. Os conceitos relacionados à autenticidade incluem a coerência, a transparência e a sinceridade, os quais permitem que o paciente exponha suas idéias e sentimentos. A proposta de Rogers (1957) recebeu o apoio de autores que sofreram sua influência (Truax, 1967; Frank, 1971; Hoehn-Saric, 1977; Strupp, 1975). Tal proposta foi reforçada pela dificuldade das pesquisas em encontrarem diferenças quanto aos resultados alcançados por diferentes métodos psicoterapêuticos e pela comprovação de que terapeutas “leigos”, com boa capacidade de relacionamento e empatia, podiam obter resultados semelhantes aos terapeutas mais experientes quando procuravam auxiliar outras pessoas em dificuldades, valendo-se apenas de suas capacidades pessoais e da própria intuição.”


d)  Fatores decorrentes da relação terapeuta-paciente são essenciais para abranger mudanças independente da técnica psicoterápica utilizada. Essa relação confirma sua influência nos processos e resultados psicoterápicos, uma vez que é da natureza humana a necessidade de se vincular a seus semelhantes e, de alguma forma, poder compartilhar sua vida, e o terapeuta deve possuir características pessoais que facilitem esses vínculos.

Certo! Sobre esses fatores, relembre:

“A escola psicanalítica desenvolveu o conceito de aliança terapêutica, referindo-se à colaboração e à aliança que devem ocorrer para o bom desenvolvimento da terapia. Para as psicoterapias de orientação psicanalítica, a observação dos aspectos transferenciais na relação terapêutica é a principal fonte de informações sobre padrões de relacionamento do paciente, na medida em que se repetem com o terapeuta padrões primitivos de relações de objeto. A interpretação sistemática de tais deslocamentos possibilitaria a sua modificação. Zetzel (1956), autora que reintroduziu o conceito de aliança terapêutica, afirmou que no trabalho analítico ocorre uma divisão no ego do paciente. É essa divisão que permite que a parte madura observadora do ego identifique-se com o terapeuta na tarefa de modificar defesas patogênicas mobilizadas contra os impulsos. A psicoterapia dependeria do estabelecimento de uma profunda aliança terapêutica, para a qual é necessário que o paciente tenha previamente um certo grau de maturidade de ego. Posteriormente, Greenson (1965) propôs uma conceituação mais restrita de aliança terapêutica. Separou na relação terapêutica a transferência, a aliança de trabalho e a relação real entre o terapeuta e o paciente. Segundo esse autor, a aliança é a relação racional, e não-neurótica, do paciente com o seu terapeuta. Os elementos básicos da aliança são o desejo racional e consciente, por parte do paciente, de cooperar e sua capacidade de seguir as instruções e as compreensões do terapeuta. Embora as definições de aliança terapêutica tenham origem na psicanálise, ela está presente também em outras abordagens psicoterapêuticas. Recentemente, houve uma valorização do estudo da aliança terapêutica por outros modelos de terapia, como a cognitivocomportamental. Embora os terapeutas cognitivo-comportamentais não se detenham na relação terapêutica, ressaltam a importância dessa relação no processo psicoterápico. O modelo proposto por Beck (1997) enfatiza um estilo colaborativo (empiricismo colaborativo), que inclui empatia e calor humano, além da solicitação freqüente de feedbacks por parte do terapeuta, e da realização de pequenos sumários destacando os pontos mais importantes, o que contribui para a construção de um bom vínculo terapêutico, o qual possibilitaria as mudanças. É fundamental a ênfase no estudo da natureza das interações entre paciente e terapeuta. Luborsky (1976) propôs a distinção dos tipos de aliança de trabalho em “tipo I” e “tipo II”. A aliança de trabalho do tipo I é àquela onde predomina por parte do paciente a crença de que é o terapeuta que irá ajudá-lo e apoiá-lo, cabendo ao paciente receber passivamente essa ajuda. Já na aliança de trabalho do tipo II, predomina a crença por parte do paciente de que ambos estão trabalhando juntos, em um esforço contínuo, sendo ambos responsáveis pela resolução dos problemas. Segundo esse autor, a aliança de trabalho do tipo I é mais importante nas fases iniciais da terapia, ao passo que a do tipo II é mais importante nas fases finais da terapia. Segundo Bordin (1979), a relação terapêutica deve ser composta por três elementos: um acordo sobre os objetivos terapêuticos, um acordo quanto às tarefas e assuntos a serem analisados e um vínculo emocional entre o paciente e o terapeuta”

 

Nosso gabarito é Letra B

Fonte: Psicoterapias : abordagens atuais [recurso eletrônico] / Aristides Volpato Cordioli (organizador) – 4. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed

Continua após a publicidade..
Continua após a publicidade..

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *