O acompanhamento psicológico por meio de psicoterapia de grupo é um recurso amplamente utilizado nos diferentes contextos de atuação do psicólogo em serviços públicos. A mudança terapêutica, que pode ocorrer a partir dos grupos, acontece por uma interação de experiências humanas, que Irving Yalom (2006) denomina “fatores terapêuticos”. Sobre os fatores terapêuticos, analise as afirmativas abaixo e identifique as corretas:
I– A instilação de esperança é um fator terapêutico que só pode ser trabalhado individualmente, antes do grupo iniciar.
II– A coesão é um fator terapêutico considerado uma precondição para que outros fatores terapêuticos funcionem no grupo.
III– Na aprendizagem interpessoal, os membros do grupo, por meio do feedback dos outros, ficam impossibilitados de se conscientizarem de aspectos do seu comportamento interpessoal.
IV– Quanto mais real e menos emocional uma experiência no grupo for, mais potente será o seu impacto, entretanto, quanto mais distante e intelectualizada a experiência, mais efetiva a aprendizagem.
É correto o que se afirma em:
- A) II, apenas.
- B) II e III, apenas.
- C) III e IV, apenas.
- D) I, apenas.
- E) I e II, apenas.
Resposta:
A alternativa correta é letra A) II, apenas.
Gabarito: Letra A
Errado. Um fator terapêutico que não pode ser trabalhado em grupo não pode ser considerado um fator terapêutico grupal. Esse fator começa antes do grupo iniciar, mas continua agindo depois.
“Os terapeutas de grupo podem capitalizar esse fator, fazendo o que podem para aumentar a crença e a confiança dos pacientes na eficácia do modelo de grupo. Essa tarefa inicia antes do grupo começar, na orientação pré-grupo, na qual o terapeuta reforça expectativas positivas, corrige preconceitos negativos e apresenta uma explicação lúcida e poderosa das propriedades curativas do grupo. A terapia de grupo não apenas se baseia nos efeitos gerais das expectativas positivas sobre a melhora, como também se beneficia como uma fonte de esperança que é única do formato de grupo. Os grupos de terapia invariavelmente contêm indivíduos que estão em pontos diferentes ao longo de um continuum de enfrentamento e colapso. Assim, cada membro tem um contato considerável com outros – muitas vezes indivíduos com problemas semelhantes – que melhoraram como resultado da terapia. Muitas vezes, ouvi pacientes comentarem ao final de sua terapia de grupo o quanto foi importante para eles observar a melhora dos outros. Notavelmente, a esperança pode ser uma força poderosa, mesmo em grupos de indivíduos que combatem um câncer avançado e que perdem membros estimados do grupo para a doença. A esperança é flexível – ela se redefine para se encaixar em parâmetros imediatos, tornando-se esperança de conforto, de dignidade, de conexão com outros membros ou de redução do desconforto físico”
Certo! Veja:
“Antes de deixarmos a questão da definição, devo dizer que a coesão do grupo não é uma força terapêutica potente por si só. Ela é uma precondição para que outros fatores terapêuticos funcionem de maneira ótima. Quando, na terapia individual, dizemos que o relacionamento é o que cura, não queremos dizer que o amor ou a aceitação sejam suficientes, mas que um relacionamento ideal entre o paciente e o terapeuta cria condições nas quais os riscos, a catarse e a exploração intrapessoal e interpessoal necessários possam ocorrer. O mesmo serve para a terapia de grupo: a coesão é necessária para que outros fatores terapêuticos operem no grupo”
Errado. O feedback apropriado possibilita essa conscientização, e não impossibilita.
Errado. Quanto mais distante e intelectualizada a experiência, menos efetiva a aprendizagem é. Também é mais potente o impacto da experiência quando ela é mais emocional.
“A profundidade e o significado desses entendimentos são diretamente proporcionais à quantidade de afeto associado à seqüência. Quanto mais real e mais emocional uma experiência for, mais potente será o seu impacto. Quanto mais distante e intelectualizada a experiência, menos efetiva a aprendizagem”
Assim, apenas II está correta.
Nosso gabarito é Letra A.
Referência
Psicoterapia de grupo: teoria e prática – Irvin D. Yalon e Molyn Leszcz. Editora Artmed, Porto Alegre, 2006
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