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Questões Sobre Teorias e Técnicas Psicoterápicas - Psicologia - concurso

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51) O atendimento psicológico em grupo não costuma ser muito reconhecido. No entanto, mostra-se mais eficaz para vários perfis de pessoas, sendo uma modalidade de prática psicológica útil no contexto universitário. A abordagem fenomenológica como fundamentação teórica do atendimento em grupo se propõe a

  • A) conduzir o grupo para as discussões referentes ao contexto universitário, não permitindo a livre expressão dos indivíduos.

  • B) compreender o ser humano de forma isolada, como indivíduo, que posteriormente entra em contato e estabelece relações com outros.

  • C) reconhecer a importância do contexto histórico no modo de ser de cada um.
  • D) estabelecer, a priori, os objetivos e metas a serem desenvolvidos em cada sessão grupal.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra C) reconhecer a importância do contexto histórico no modo de ser de cada um.

 

 

 

O atendimento psicológico em grupo não costuma ser muito reconhecido. No entanto, mostra-se mais eficaz para vários perfis de pessoas, sendo uma modalidade de prática psicológica útil no contexto universitário. A abordagem fenomenológica como fundamentação teórica do atendimento em grupo se propõe a

 

Essa questão pode ser respondida com base no seguinte trecho do artigo "O método fenomenológico na condução de grupos terapêuticos" de Alves:

 

"O atendimento psicológico em grupo costuma ser menosprezado em comparação com o individual. Entretanto, mostra-se mais eficaz para vários perfis de pacientes, sendo uma modalidade de prática psicológica útil no contexto hospitalar. O presente artigo apresenta a abordagem fenomenológica como fundamentação teórica do atendimento a grupos. O que caracteriza essa abordagem é a suspensão de pressupostos que determinem previamente objetivos para o grupo, tornando-se uma metodologia de leitura dos fenômenos grupais. Ademais, esta abordagem compreende a existência como coexistência, reconhecendo a importância das interações sociais na constituição da ‘identidade’ de cada um. Por isso, o atendimento em grupo aparece como modo privilegiado de acesso ao modo de ser de cada participante, possibilitando que disponha mais livremente de si.

(...)

O conceito de aqui-agora é outro que suscita confusões. Em geral ele é associado à abordagem fenomenológica, mas entendido como eliminação de quaisquer acontecimentos passados ou futuros ou exteriores ao que está acontecendo. Não é bem assim. Nós somos seres históricos, o que significa que existimos entre nascimento e morte. Meus modos de ser no mundo são modos constituídos historicamente. (Heidegger, 1927/1998) Exatamente por serem assim constituídos é que existe a possibilidade de descobrir novos modos de ser. Então aqui-agora significa que meus modos históricos de ser estão presentes em cada momento da minha existência, inclusive nas interações com os demais numa situação grupal. 

(...)

O que foi dito até aqui vale como diretriz para a condução de grupos em geral. Resumindo, a abordagem fenomenológica é o cuidado de permitir que os fenômenos se mostrem a partir de si mesmos, e não de pressupostos sobre eles."

 

Com base nisso, encontramos a resposta na Letra C.


a)  conduzir o grupo para as discussões referentes ao contexto universitário, não permitindo a livre expressão dos indivíduos.

b) compreender o ser humano de forma isolada, como indivíduo, que posteriormente entra em contato e estabelece relações com outros.

c) reconhecer a importância do contexto histórico no modo de ser de cada um.
d)  estabelecer, a priori, os objetivos e metas a serem desenvolvidos em cada sessão grupal.

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52) Lapassade apresenta um histórico sobre os grupos, organizações e instituições, descrevendo as fases A, B e C. Alguns fatos são relatados em cada uma destas fases. Um dos fatos da fase B foi o surgimento do(a):

  • A) psicologia das massas de Wundt.
  • B) interpsicologia de Comte.
  • C) psicodrama de Moreno.
  • D) formação não diretiva de Rogers.
  • E) psicossociologia de Fourier.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra C) psicodrama de Moreno.

Gabarito: Letra C

Lapassade apresenta um histórico sobre os grupos, organizações e instituições, descrevendo as fases A, B e C. Alguns fatos são relatados em cada uma destas fases. Um dos fatos da fase B foi o surgimento do(a):
a)  psicologia das massas de Wundt.

Errado. Lapassade não menciona Wundt.


b)  interpsicologia de Comte.

Errado. A interpsicologia está na fase A.


c)  psicodrama de Moreno.

Certo!

“Na fase B, a partir do começo de nosso século, as grandes empresas industriais se burocratizam; as teorias clássicas da organização (Taylor, Fayol .. .) exprimem e justificam essa burocratização , o próprio ato do trabalho, da produção torna-se "burocratizado" polo taylorismo: o movimento dos gestos produtores e calculado, medido, decidido , em outro lugar, nos escritórios de estudos . A alienação é levada a seus limites mais extremes. A separação esta em toda parte. (...)

Por volta do fim da Primeira Guerra Mundial, J. L. Moreno, psiquiatra de origem romena, organizou em Viena uma escola de arte dramatica inspirada, em particular, nas pesquisas de Stanilavsky. Esse empreendimento torna-se rapidamente uma escola de improvisação que escolhe alguns de seus temas e de seus enredos na atualidade a mais quotidiana, na politica, nas noticias de jornal. Um dia, Moreno propôs a uma de suas alunas, Barbara, abandonar os papeis de ingênua que habitualmente representava para desempenhar o papel de uma prostituta vulgar e agressiva implicada numa ocorrência policial. o companheiro da atriz constatou então uma melhoria em seu comportamento privado . Moreno atribuiu essa melhoria a mudança de papeis , o fato de representar esse novo papel teve consequências terapêuticas, ou, como o diz Moreno, catárticas, o termo é tornado de empréstimo a teoria aristotélica do teatro; mas, enquanto o filósofo grego atribuía ao teatro essa função catártica para o publico; Moreno descobre que a catarse pode exercer-se sobre os próprios atores. Efetuou-se assim a passagem do "teatro da espontaneidade" ao psicodrama, da arte dramática a psicoterapia.”


d)  formação não diretiva de Rogers.

Errado. Rogers está na fase C.


e)  psicossociologia de Fourier.

Errado. Fourier está na fase A.

 

Nosso gabarito é Letra C

 

Referência

LAPASSADE, G. Grupos, organizações e instituições. 3 ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1989.

53) A psicoterapia de grupo tem sido um recurso amplamente utilizado nos mais diferentes contextos de atuação do psicólogo. A mudança terapêutica que ocorre a partir da psicoterapia de grupo é um processo complexo, que acontece por uma interação de experiências humanas, que Irving Yalom (2006) denomina “fatores terapêuticos”. Um desses fatores é:

  • A) O controle grupal.
  • B) O bode expiatório.
  • C) O fator comportamental regressivo.
  • D) A recapitulação corretiva do grupo familiar primário.
  • E) O desenvolvimento psicodinâmico.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra D) A recapitulação corretiva do grupo familiar primário.

 

A psicoterapia de grupo tem sido um recurso amplamente utilizado nos mais diferentes contextos de atuação do psicólogo. A mudança terapêutica que ocorre a partir da psicoterapia de grupo é um processo complexo, que acontece por uma interação de experiências humanas, que Irving Yalom (2006) denomina "fatores terapêuticos". Um desses fatores é:

 

Veja um trecho do livro "Psicoterapia de Grupo" de Yalom:

 

"Segundo a minha perspectiva, linhas naturais dividem a experiência terapêutica em 11 fatores primários:

 

1. Instilação de esperança
2. Universalidade
3. Compartilhamento de informações
4. Altruísmo
5. Recapitulação corretiva do grupo familiar primário
6. Desenvolvimento de técnicas de socialização
7. Comportamento imitativo

8. Aprendizagem interpessoal

9. Coesão grupal

10. Catarse
11. Fatores existenciais"

 

Com isso, encontramos a resposta na Letra D.


a)  O controle grupal.
b)  O bode expiatório.
c)  O fator comportamental regressivo.
d)  A recapitulação corretiva do grupo familiar primário.
e)  O desenvolvimento psicodinâmico.

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54) Considere os aspectos teóricos da terapia centrada no cliente e assinale a alternativa incorreta:

  • A) A elaboração da maneira de olhar para as pessoas, que está subjacente à sua terapia, é um processo continuo, estreitamente ligado à própria luta do terapeuta pelo seu desenvolvimento e Integração pessoal.

  • B) A medida que descobre novas formas de concretizar a sua hip6tese centrada no cliente, vão surgindo, através da experiência, novas significações e ai apercebe-se de que a sua profundidade é maior do que aquilo que se supunha no inicio.

  • C) Uma atitude laissez-faire é o centro da abordagem da pessoa. A passividade e a aparente falta de interesse são sentidas pelo cliente como aceitação incondicional de todas as suas particularidades.

  • D) O terapeuta não- diretivo é levado, progressivamente, a julgar que a compreensão e a aceitação são eficazes e concentra todo o seu esforço em conseguir uma compreensão profunda do mundo Intimo do cliente.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra C) Uma atitude laissez-faire é o centro da abordagem da pessoa. A passividade e a aparente falta de interesse são sentidas pelo cliente como aceitação incondicional de todas as suas particularidades.

Gabarito Letra C

Considere os aspectos teóricos da terapia centrada no cliente e assinale a alternativa incorreta:
a)  A elaboração da maneira de olhar para as pessoas, que está subjacente à sua terapia, é um processo continuo, estreitamente ligado à própria luta do terapeuta pelo seu desenvolvimento e Integração pessoal.

Certo! Para essa abordagem, o processo do terapeuta também é importante.

“O terapeuta, que procura utilizar essa abordagem [centrada na pessoa], depressa aprende que a elaboração da maneira de olhar para as pessoas, que está subjacente à sua terapia, é um processo contínuo, estreitamente ligado à própria luta do terapeuta pelo seu desenvolvimento e integração pessoal. Só poderá ser «não-directivo» na medida em que a consideração pelos outros parte da organização da sua própria personalidade.”

 

b)  A medida que descobre novas formas de concretizar a sua hip6tese centrada no cliente, vão surgindo, através da experiência, novas significações e ai apercebe-se de que a sua profundidade é maior do que aquilo que se supunha no inicio.

Certo! Veja o que diz Rogers, autor da teoria:

“O mesmo se passa com o counsellor. À medida que descobre novas formas de concretizar a sua hipótese centrada no cliente, vão surgindo, através da experiência, novas significações e aí apercebe-se de que a sua profundidade é maior do que aquilo que se supunha no início. Tal como confessa um counsellor em formação: «Defendo as mesmas ideias de há um ano, mas elas adquiriram um significado muito maior para mim»”

 

c) Uma atitude laissez-faire é o centro da abordagem da pessoa. A passividade e a aparente falta de interesse são sentidas pelo cliente como aceitação incondicional de todas as suas particularidades.

Errado. Para essa abordagem, é fundamental uma aceitação positiva incondicional do cliente, que não é percebida com uma postura laissez-faire.

“Em primeiro lugar, a passividade e a aparente falta de interesse ou comprometimento são sentidas pelo cliente como uma rejeição, pois a indiferença não é, de modo algum, o mesmo que aceitação. Em segundo lugar, uma atitude de laissez-faire não indica, de maneira nenhuma, ao cliente que ele é considerado como uma pessoa com valor. Por isso o counsellor, que desempenha um papel meramente passivo, um papel de ouvinte, pode ajudar um cliente que necessita urgentemente de uma catarse emocional, mas, em geral os seus resultados obtidos serão mínimos e muitos clientes ficarão decepcionados ao receber este tipo de ajuda e desiludidos, com o counsellor, por este não ter nada para oferecer.”

 

d) O terapeuta não- diretivo é levado, progressivamente, a julgar que a compreensão e a aceitação são eficazes e concentra todo o seu esforço em conseguir uma compreensão profunda do mundo Intimo do cliente.

Certo! Veja:

“Oitenta e cinco por cento das respostas do counsellor são tentativas de transmitir a sua compreensão das atitudes e dos sentimentos do cliente. Tornou-se evidente que os counsellors não-directivos, tendo em conta a experiência terapêutica permanente, acabaram por depender ainda mais da hipótese fundamental desta abordagem do que aquilo que acontecia meia dúzia de anos antes. O terapeuta não-directivo é levado, progressivamente, a julgar que a compreensão e a aceitação são eficazes e concentra todo o seu esforço em conseguir uma compreensão profunda do mundo íntimo do cliente.”

 

Nosso gabarito é Letra C.

 

Fonte: Rogers, Carl Ransom, 1902­ Terapia centrada no cliente - São Paulo: Martins Fontes, 1992

55) Juarez Cruz (1989) afirma que o profissional que pratica a Psicoterapia de Orientação Analítica deve, ao olhar para os casos clínicos que está atendento, trabalhar de forma diferente de quem pratica uma Análise tradicional.

Assinale a alternativa que distingue a prática em Psicoterapia de Orientação Analítica da prática de uma Análise propriamente dita, nos moldes propostos por Freud.

  • A) Foco no conflito

  • B) Foco na relação com o terapeuta

  • C) Foco na ansiedade despertada

  • D) Foco na situação atual

  • E) Foco na relação entre as forças envolvidas no conflito

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra D) Foco na situação atual

Gabarito: Letra D

Juarez Cruz (1989) afirma que o profissional que pratica a Psicoterapia de Orientação Analítica deve, ao olhar para os casos clínicos que está atendendo, trabalhar de forma diferente de quem pratica uma Análise tradicional.

 

a)  Foco no conflito

b)  Foco na relação com o terapeuta

c)  Foco na ansiedade despertada

d)  Foco na situação atual

e)  Foco na relação entre as forças envolvidas no conflito

 

Vamos começar vendo uma distinção entre psicoterapia e psicanálise feita por Zimmerman que, apesar de não ser suficiente para responder a questão, vai nos ajudar a começar a entender:

““A “psicanálise propriamente dita” e a “psicoterapia psicanalítica”, ao final de um espectro, são qualitativamente diferentes uma da outra, se bem que exista um terreno fronteiriço de casos entre elas. Uma comparação análoga pode realizar-se entre o fato de que a consciência é distinta do inconsciente mesmo quando existe um pré-consciente e diferentes graus de consciência. O dia é diferente da noite, mesmo quando existe o crepúsculo; e o preto é diferente do branco, não obstante exista o cinza”. De forma genérica, como uma forma de síntese do que já foi exposto, os seguintes pontos merecem ser ressaltados:

 • A expressão “psicoterapia” é mais abrangente do que “psicanálise”, sendo que esta última é mais restrita e não deixa de ser uma das diversas formas de psicoterapia, se bem que a mais profunda, sofrida, elaborada e pretensiosa dentre todas elas.

• É uma questão difícil, delicada e até presunçosa a tarefa de estabelecer uma nítida delimitação entre ambas, porquanto, se existem evidentes diferenças, também existem as áreas equivalentes as de uma “aurora” ou “crepúsculo”.

 • O problema da distinção entre psicanálise e psicoterapia pode ficar muito facilitada se seguirmos estritamente e ao pé da letra os postulados técnicos recomendados por Freud, relativos ao cumprimento das regras da “livre associação de idéias”, da “neutralidade”, da “abstinência”, do “anonimato do analista” e das regras que presidem as interpretações centradas quase que exclusivamente no “aqui-agora” da neurose transferencial. Ocorre que essa solução não é tão fácil, a começar pelo fato de que a própria conduta técnica de Freud, tal como está expressa em seus historiais clínicos, diferia muito do que ele sustentava em seus clássicos trabalhos sobre a teoria da técnica, quase todos escritos nos anos de 1912 a 1915.

• Por outro lado, podemos questionar-nos se na análise contemporânea existe uma técnica analítica única, embora ela permita variações de táticas, estratégias e estilos, ou se, pelo contrário, existem princípios técnicos básicos (setting, resistência, contra-resistência, transferência, contratransferência, interpretação, elaboração, etc) que se instrumentam de modos distintos, conforme forem as diferentes estruturas e circunstâncias específicas de cada paciente. Em qualquer dos casos, é necessário considerar a influência fundamental dos postulados teóricos nos quais o analista está essencialmente ancorado.

• Assim, os “elementos de psicanálise” (Bion, 1962) são virtualmente os mesmos em todas terapias psicanalíticas. No entanto, as múltiplas combinações entre tais elementos determinam as inúmeras e diferentes formas no campo analítico. Serve a metáfora de que as mesmas notas musicais compõem melodias diferentes, desde as bem simples até as mais sofisticadas e complexas; assim como também as mesmas e poucas letras de um alfabeto, conforme o arranjo delas, compõem infinitas palavras e discursos diferentes.

• Segundo J. MacDougall (1991, p. 73), “embora a distinção seja difícil, quer se trate de psicanálise ou psicoterapia, a finalidade básica de tornar consciente o inconsciente é a mesma nas duas. Às vezes, temos de reduzir os objetivos porque o paciente não pode suportar ir mais longe”.

• Prossegue essa importante autora: “O grande diferenciador entre psicoterapia e psicanálise consistia no fato de que somente o aprofundamento possibilitado pelas peculiaridades dessa última é que permitiria uma reconstrução do passado como explicação para o comportamento do presente do analisando. No entanto, esse aspecto, na atualidade, embora conserve a sua importância, já não é mais considerado um instrumento terapêutico tão mágico e exclusivo como se considerava até há algumas décadas. Muitos outros fatores concorrem, e que estão igualmente presentes na prática das terapias analíticas”.”

 

Esse último ponto é bem relevante para nós. Tanto a análise quanto a psicoterapia de orientação analítica valorizam a relação paciente/terapeuta e analisam o conflito, as forças envolvidas nele e a ansiedade despertada pelo processo terapêutico.

O que varia, principalmente, são elementos do setting, como o uso do divã, presente na análise e ausente na psicoterapia de base analítica, o número de sessões semanais, muito maior na análise, e alguns elementos como a forma de entender e trabalhar com os fenômenos resistenciais/contra-resistenciais; os transferenciais-contratransferenciais; o conteúdo, forma e finalidade da atividade interpretativa.

Como vimos no último ponto levantado por Zimerman, a análise propriamente dita faz um trabalho de reconstrução do passado, enquanto a psicoterapia de base analítica não tem essa pretensão, por que seu foco é a situação atual, e não o passado.

“Parece necessário, portanto, fazer a ressalva de que o objetivo da psicoterapia psicanalítica seria o tratamento focado no conflito atual do paciente. Mesmo considerando que há relação entre o conflito primário e o conflito atual, na psicoterapia psicanalítica os conflitos são tratados com algum grau de independência. Neste caso, o objetivo seria possibilitar ao indivíduo a ampliação do entendimento sobre seu funcionamento, a que, por sua vez, acarretaria o uso de defesas mais maduras e a melhora do padrão das relações objetais; a psicanálise, ao contrário, tem por objetivo a elaboração do conflito primário11. Segundo Kernberg12, o objetivo da psicanálise seriam as alteraçoes da estrutura - a integração dos conflitos inconscientes recalcados ou dissociados no ego consciente -, enquanto o objetivo das psicoterapias psicanalíticas seria a reorganizaçao parcial da estrutura psíquica num contexto de mudanças sintomáticas significativas.”

 

Nosso gabarito é Letra D

 

Fonte: Padoan CS, Gastaud MB, Eizirik CL. Objetivos terapêuticos para psicanálise e psicoterapia psicanalítica: Freud, Klein, Bion, Winnicott, Kohut. Rev. bras. psicoter. 2013;15(3):53-70

Zimerman, David E. Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica : uma abordagem didática. Porto Alegre : Artmed, 2007.

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56) Segundo Schultz e Schultz (2009, p. 340), Kurt Lewin mostrou que “os comportamentos sociais ocorrem em entidades sociais coexistentes, tais como subgrupos, membros de grupo, barreiras e canais de comunicação, e delas resultam. O comportamento coletivo em algum determinado momento é uma função da situação de todo o campo”.

Essa forma holística de pensar que Lewin trouxe para a Psicologia Social e a Psicologia das Organizações em particular, está condensada em um conceito fundamental de sua teoria. Que conceito é esse?

  • A) Psicologia das massas

  • B) Grupos operativos

  • C) Hipótese Gaia

  • D) Tempo lógico

  • E) Espaço vital

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra E) Espaço vital

Gabarito: Letra E

 

a)  Psicologia das massas

Errado. Freud foi um autor que escreveu sobre a psicologia das massas, Lewin não. Outro autor importante do assunto é Lebon.

 

b)  Grupos operativos

Errado. Grupos operativos são de autoria de Pichon-Rivière.

 

c)  Hipótese Gaia

Errado. James Lovelock é autor da hipótese gaia, que sequer é uma teoria da psicologia.

 

d)  Tempo lógico

Errado. Tempo lógico faz parte da teoria de Lacan.

 

e)  Espaço vital

Certo! O espaço vital é conceito importante da teoria de Lewin que condensa essa forma holística de pensar do autor.

“O conhecimento a respeito da teoria de campo da física fez com que ele imaginasse que as atividades psicológicas de um indivíduo também ocorrem em uma espécie de campo psicológico, chamado espaço vital - que compreende todos os acontecimentos do passado, do presente e do futuro que nos afetam. Do ponto de vista psicológico, cada um desses fatos determina algum tipo de comportamento em uma situação específica. Dessa forma, o espaço vital consiste na necessidade de as pessoas interagirem com o ambiente psicológico. O espaço vital exibe diversos graus de desenvolvimento em função da quantidade e do tipo de experiência acumulados. Como o bebê tem pouca experiência, possui poucas regiões diferenciadas no seu espaço vital. Um adulto extremamente culto e sofisticado é dotado de um espaço vital complexo e bem diferenciado, exibindo grande variedade de experiências. Lewin tentou criar um modelo matemático para representar esse conceito teórico de processos psicológicos. Em virtude do interesse em um único indivíduo (um único caso) e não em grupos nem no desempenho médio, a análise estatística não tinha muito valor para esse fim. Ele escolheu a topologia, uma forma de geometria, para criar um diagrama do espaço vital, mostrando os objetivos possíveis de uma pessoa e os caminhos que conduziam a essas metas em qualquer momento determinado. No mapa topológico, usado para criar o diagrama de todas as formas de comportamento e de fenômenos psicológicos, Lewin usava setas (vetores) para representar a direção do movimento do indivíduo em busca da meta. Acrescentou a noção de peso a essas opções (valências) para referir-se ao valor positivo ou negativo dos objetos dentro do espaço vital. Os objetos atraentes ou que satisfizessem às necessidades humanas recebiam valência positiva, enquanto os ameaçadores recebiam valência negativa. Esses diagramas chegaram a ser chamados de "psicologia do quadro-negro".”

 

Nosso gabarito é Letra E

 

Fonte: Schultz, D. P., & Schultz, S. E. (2002). História da Psicologia Moderna. São Paulo: Cultrix.         

57) Pichon Rivière, psiquiatra suíço-argentino, desenvolveu uma nova abordagem derivada de seus estudos dos grupos a qual denominou de grupos operativos. Para ele, não basta que haja um objetivo comum entre os membros do grupo, sendo necessário que os componentes façam parte de uma estrutura dinâmica chamada de:

  • A) Vínculo.
  • B) Pertinência.
  • C) Afiliação.
  • D) Centramento na tarefa.
  • E) Empatia.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra A) Vínculo.

 

Pichon Rivière, psiquiatra suíço-argentino, desenvolveu uma nova abordagem derivada de seus estudos dos grupos a qual denominou de grupos operativos. Para ele, não basta que haja um objetivo comum entre os membros do grupo, sendo necessário que os componentes façam parte de uma estrutura dinâmica chamada de:

 

Essa questão pode ser respondida com o seguinte trecho do livro "Como trabalhamos com grupos" de Zimerman e Osório:

 

"Pichon (1986) considera o indivíduo 'como um resultante dinâmico no interjogo estabelecido entre o sujeito e os objetos internos e externos, e sua interação dialética através de uma estrutura dinâmica que Pichon denomina de vínculo'. Ele define o vínculo 'como uma estrutura complexa que inclui um sujeito, um objeto, e sua mútua inter-relação com processos de comunicação e aprendizagem' (1988): aproximando-se da psiquiatria social, é levado a estudar o indivíduo não como um ser isolado, mas incluído dentro de um grupo, basicamente o familiar". (Fiscmann, 1997, p. 95)

 

Com base nisso, encontramos a resposta na Letra A.


a)  Vínculo.
b)  Pertinência.
c)  Afiliação.
d)  Centramento na tarefa.
e)  Empatia.

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58) Segundo Zimerman (2000), há um fenômeno específico e típico que costuma aparecer no campo grupal e que consiste no fato de que, como um jogo de diapasões acústicos ou de bilhar, a comunicação trazida por um membro do grupo vai ecoar em um outro, o qual, por sua vez, vai transmitir um significado afetivo equivalente, ainda que provavelmente venha embutido numa narrativa de embalagem bem diferente, e assim por diante. De acordo com o autor, esse fenômeno equivale ao da “livre associação de ideias” que acontece nas situações individuais e que, por isso mesmo, exige uma atenção especial por parte do coordenador do grupo. Assinale a opção que apresenta a denominação de tal fenômeno.

  • A) Telefone sem fio.
  • B) Associação livre grupal.
  • C) Ressonância.
  • D) Continente.
  • E) Repercussão afetiva.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra C) Ressonância.

 

Segundo Zimerman (2000), há um fenômeno específico e típico que costuma aparecer no campo grupal e que consiste no fato de que, como um jogo de diapasões acústicos ou de bilhar, a comunicação trazida por um membro do grupo vai ecoar em um outro, o qual, por sua vez, vai transmitir um significado afetivo equivalente, ainda que provavelmente venha embutido numa narrativa de embalagem bem diferente, e assim por diante. De acordo com o autor, esse fenômeno equivale ao da "livre associação de ideias" que acontece nas situações individuais e que, por isso mesmo, exige uma atenção especial por parte do coordenador do grupo. Assinale a opção que apresenta a denominação de tal fenômeno.

 

Essa questão está de acordo com o seguinte trecho do livro "Como Trabalhamos com Grupos" (Zimerman e Osório):

 

"- No campo grupal, costuma aparecer um fenômeno específico e típico: a ressonância, que, como o seu nome sugere, consiste no fato de que, como um jogo de diapasões acústicos ou de bilhar, a comunicação trazida por um membro do grupo vai ressoar em um outro, o qual, por sua vez, vai transmitir um significado afetivo equivalente, ainda que, provavelmente, venha embutido numa narrativa de embalagem bem diferente, e assim por diante. Pode-se dizer que esse fenômeno equivale ao da "livre associação de idéias" que acontece nas situações individuais e que, por isso mesmo, exige uma atenção especial por parte do coordenador do grupo."

 

"Como Trabalhamos com Grupos" (Zimerman e Osório, p. 30)

 

Com base nisso, encontramos a resposta na Letra C.


a)  Telefone sem fio.
b)  Associação livre grupal.
c)  Ressonância.
d)  Continente.
e)  Repercussão afetiva.

59) Zimerman (2000) adota uma classificação de grupo que se baseia no critério das finalidades a que se propõe, dividindo-o em dois grandes grupos: operativos e terapêuticos. Com relação à classificação de grupo adotada por Zimerman, assinale a opção correta.

  • A) Os grupos operativos subdividem-se em grupos de ensino-aprendizagem, de autoajuda e institucionais.
  • B) Os grupos de autoajuda se dão na área médica em geral e na área de psiquiatria, inclusive com pacientes borderline.
  • C) Os grupos terapêuticos subdividem-se em grupos de reflexão e psicoterápicos propriamente ditos.
  • D) Os grupos comunitários estão classificados entre os grupos terapêuticos.
  • E) Os grupos de autoajuda estão classificados entre os grupos operativos.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra B) Os grupos de autoajuda se dão na área médica em geral e na área de psiquiatria, inclusive com pacientes borderline.

Zimerman (2000) adota uma classificação de grupo que se baseia no critério das finalidades a que se propõe, dividindo-o em dois grandes grupos: operativos e terapêuticos. Com relação à classificação de grupo adotada por Zimerman, assinale a opção correta.

 
 

Para a compreensão do assunto que traz a questão dividiu-se a análise em duas partes:

1) Sobre grupos operativos e terapêuticos

2) Análise das alternativas

 
 

1) Sobre grupos operativos e terapêuticos

   

Segundo Zimerman (1997, p. 56):

 

“A classificação que aqui será adotada baseia-se no critério das finalidades a que se propõe o grupo e parte da divisão nos seguintes dois grandes ramos genéricos: Operativos e Terapêuticos.”

 

Complementando o assunto, conforme o autor supracitado, cada um destes ramos, por sua vez, se subdivide em outras ramificações, sendo:

 
  • GRUPOS OPERATIVOS: 1) Ensino-aprendizagem (através da técnica de “Grupos de Reflexão"); 2) Institucionais (empresas; escolas; igreja; exército; associações; etc.); 3) Comunitários (programas de saúde mental).
 
  • GRUPOS TERAPÊUTICOS: 1) De auto-ajuda (na área médica em geral (diabéticos; reumáticos; idosos, etc.) e na área psiquiátrica (alcoolistas anônimos; pacientes borderline, etc.); 2) Psicoterápicos (• base psicanalítica  • psicodrama • teoria sistêmica • cognitivo-comportamental • abordagem múltipla).
 
 

2) Análise das alternativas

 

a)  Os grupos operativos subdividem-se em grupos de ensino-aprendizagem, de autoajuda e institucionais.

INCORRETA. Conforme Zimerman em linhas gerais, os grupos operativos cobrem os seguintes campos: ensino-aprendizagem, institucionais, comunitários.

 

b)  Os grupos de autoajuda se dão na área médica em geral e na área de psiquiatria, inclusive com pacientes borderline.

CORRETA. A afirmação é compatível com o que expressa a literatura supracitada, portanto, opção CERTA.

 

c)  Os grupos terapêuticos subdividem-se em grupos de reflexão e psicoterápicos propriamente ditos.

INCORRETA. Vide tópico explicativo supracitado.

 

d)  Os grupos comunitários estão classificados entre os grupos terapêuticos.

INCORRETA. Corrigindo: os grupos comunitários estão classificados entre os grupos operativos.

 

e)  Os grupos de autoajuda estão classificados entre os grupos operativos.

INCORRETA. Corrigindo: os grupos de autoajuda estão entre os grupos terapêuticos.

   

_______________

Fonte consultada:

Zimerman, David Epelbaum Fundamentos Básicos das Grupoterapias / David Epelbaum Zimerman. Porto Alegre — Artes Médicas Sul. 1993

ZIMERMAN, D. E.; Osório, L. C. Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

Trabalhando com Grupos na Estratégia Saúde da Família [Recurso eletrônico] / Universidade Federal de Santa Catarina; Carmen L. O. O. More, Carla Ribeiro. – Florianópolis, 2010.

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60) As técnicas psicoterápicas hot seat, dramatização, exercício de awareness, interpelação direta e amplificação são utilizadas na abordagem:

  • A) Psicanálise.
  • B) Analítica.
  • C) Abordagem Centrada na pessoa.
  • D) Logoterapia.
  • E) Gestalt-terapia.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra E) Gestalt-terapia.

Gabarito: Letra E

As técnicas psicoterápicas hot seat, dramatização, exercício de awareness, interpelação direta e amplificação são utilizadas na abordagem:
a)  Psicanálise.
b)  Analítica.
c)  Abordagem Centrada na pessoa.
d)  Logoterapia.
e)  Gestalt-terapia.

 

Essas técnicas são características da Gestalt-terapia. Vamos relembrar cada uma delas:

Um exercício de awareness

Trata-se de estar atento ao fluxo permanente de minhas sensações físicas (exteroceptivas e proprioceptivas), de meus sentimentos, de tomar consciência da sucessão ininterrupta de “ figuras” que aparecem no primeiro plano, sobre o “ fundo” constituído pelo conjunto da situação que vivo e da pessoa que sou, no plano corporal, emocional, imaginário, racional ou comportamental. Este exercício clássico costuma ser utilizado como aquecimento, favorecendo, se for o caso, a partir do que sinto no momento, a emergência de uma “ situação inacabada” anterior”

O hot seat e a “ cadeira vazia” Hot seat significa, literalmente, “ cadeira quente” (às vezes também chamada de open seat: cadeira aberta). Era uma técnica particularmente apreciada por Fritz Perls no fim de sua vida, em suas demonstrações. Ele reservava, para isso, uma cadeira perto da sua, sobre um praticável, e o cliente que desejasse “ trabalhar” vinha nela se instalar voluntariamente, dando a entender com isto que estava pronto para se envolver num processo com o terapeuta. Em uma cadeira vazia diante dele, podia, conforme sua vontade, projetar um personagem imaginário com o qual desejasse se relacionar. Nós, na École Parisienne de Gestalt, geralmente trabalhamos mais com grandes almofadas do que com uma cadeira vazia: o grupo fica sentado no chão, num carpete ou em colchões cercados de almofadas de vários formatos, textura variável e cores diversas. Esta disposição favorece uma certa intimidade, permite que cada qual busque seu conforto c mude de posição, favorece o contato, a expressão espontânea dos movimentos do corpo, assim como o eventual desenvolvimento de uma dramatização, seja ela individual ou coletiva.”

“Inicialmente quero salientar que a “ dramatização” (enactment, em inglês) de situações vividas ou fantasiadas — usualmente preconizada em Gestalt — se opõe à “ exteriorização” impulsiva ou defensiva (acting out), denunciada pela psicanálise, e com razão: enquanto a exteriorização é uma evitação que, de certa forma, compromete a conscientização — a ação substitui a análise verbal — a dramatização, bem pelo contrário, é uma ênfase que favorece a conscientização, a awareness, propondo uma ação visível e tangível (“ encarnada” ), que mobiliza o corpo e a emoção, e permite assim que o cliente viva a situação mais intensamente, que a “ re-presente” (no sentido de torná-la presente de novo), experimente e explore sentimentos mal identificados, esquecidos, recalcados, até desconhecidos.”

 

“A interpelação direta (falar com... e não falar de...)

Em Gestalt, evitamos falar de alguém (presente ou ausente): dirigimos a palavra diretamente à pessoa, e isso permite passar de uma reflexão interna, de ordem intelectual, a um contato relacional, de ordem emocional:

 — Acho que Pierre não me ajudou, agora há pouco...

— A quem você está dizendo isso?

— Pierre, estou com raiva de você, porque não me ajudou agora há pouco: sei que você estava me achando ridícula...

 — Você tem vontade de verificar sua impressão?

— Pierre, você me achou ridícula há pouco, quando me desmanchei em soluços? N

essa ocasião, os participantes são convidados a confrontar sua percepção com a dos envolvidos, para tornar evidente o jogo sutil e permanente das projeções das quais nos cercamos inconscientemente. Esse confronto permite que eu compare minhas fantasias com a “realidade” do outro, que eu avalie melhor meus temores e esperanças, evite censurar em meu vizinho minhas próprias projeções nele!”

 

Nosso gabarito é Letra E.

 

Fonte: Ginger, Serge Gestalt : uma terapia do contato / Serge Ginger e Anne Ginger ; [tradução Sonia de Souza Rangel]. — São Paulo : Summus, 1995.

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