Questões Sobre Biossegurança em Veterinária - Veterinária - concurso

No contexto da vigilância epidemiológica da raiva no Brasil, a compreensão das diferentes variantes antigênicas (AgV) do vírus é crucial para a implementação de medidas de controle adequadas. O texto fornecido apresenta quatro alternativas que descrevem abordagens específicas baseadas nas variantes circulantes, sendo a opção C a correta.

A alternativa C afirma que, para áreas onde variantes de morcego (AgV3, AgV4 e/ou AgV6) são detectadas em cães ou gatos, a vacinação deve ser realizada por bloqueio de foco, uma vez que estudos indicam menor disseminação do vírus por essas variantes. Esta afirmação está alinhada com o conhecimento científico atual, que reconhece que as variantes associadas a morcegos, embora perigosas, tendem a ter menor capacidade de transmissão sustentada em populações de animais domésticos quando comparadas a variantes adaptadas a canídeos. Dessa forma, a estratégia de bloqueio de foco — que envolve vacinação em anel ao redor do caso confirmado — é considerada suficiente e eficaz nesses cenários, evitando medidas excessivas como campanhas massivas, que seriam mais indicadas para variantes de maior disseminação, como as de origem canina.

Em contraste, as demais alternativas apresentam imprecisões. A alternativa A recomenda bloqueio de foco para a variante de canídeos silvestres (AgV2*), o que é inadequado devido ao alto potencial de disseminação dessa variante, exigindo medidas mais amplas. A alternativa B, embora correta ao enfatizar o monitoramento viral, não aborda diretamente a ação de vacinação, desviando do foco da pergunta. A alternativa D sugere priorizar vacinação anual ou semestral para AgV1 e AgV2*, o que é desproporcional, já que essas variantes demandam ações imediatas de bloqueio e controle, não apenas vacinação programada.

Portanto, a alternativa C é a única que descreve com precisão a medida de controle apropriada para a situação especificada, baseando-se em evidências de que variantes de morcego possuem menor potencial epidêmico em ambientes urbanos quando detectadas em animais domésticos.

• A)1 - 2 - 4 - 3
• B)4 - 3 - 2 - 1
• C)3 - 2 - 1 - 4
• D)1 — 2 — 3 — 4
• E)2 - 1 - 3 - 4

A questão aborda as medidas de biossegurança relacionadas aos equipamentos de proteção individual (EPI) e coletiva, apresentando cinco alternativas para análise. A opção correta é a letra A, que afirma que equipamentos de proteção individual, sejam de fabricação nacional ou importada, só podem ser comercializados ou utilizados com a indicação do certificado de aprovação expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. Esta afirmação está em conformidade com a Norma Regulamentadora nº 6 (NR-6) do Brasil, que estabelece a obrigatoriedade do Certificado de Aprovação (CA) para todos os EPIs, garantindo que atendam aos requisitos de qualidade e segurança necessários para proteger os trabalhadores.

As demais alternativas contêm incorreções. A letra B inclui itens como capela de exaustão química e fluxo laminar, que são equipamentos de proteção coletiva (EPC), não individual. A letra C classifica chuveiros de emergência, lava-olhos e extintores como EPI, quando na realidade são EPCs. A letra D atribui incorretamente ao trabalhador a responsabilidade financeira pela aquisição da vestimenta adequada, sendo que, pela legislação trabalhista, é dever do empregador fornecer os EPIs necessários sem custo para o empregado. Por fim, a letra E erroneamente transfere a obrigação de aquisição dos EPIs para os funcionários, quando a lei determina que o empregador deve fornecer e manter os equipamentos.

A classificação de risco biológico estabelecida pela Organização Mundial da Saúde é um sistema fundamental para garantir a segurança no manejo de agentes patogênicos, determinando os níveis de contenção necessários conforme o potencial de risco que representam. No contexto dessa categorização, os agentes da classe de risco 2 são definidos como aqueles que apresentam um risco moderado para o indivíduo, mas cujo risco para a comunidade é limitado. Isso significa que, embora possam causar doenças em seres humanos, essas geralmente não são graves e existem medidas terapêuticas e preventivas eficazes disponíveis. Além disso, a disseminação na comunidade é considerada pouco provável, uma vez que a transmissão não ocorre facilmente por via aérea ou outros mecanismos de amplo alcance.

Entre os exemplos característicos dessa classe, encontram-se o Schistosoma mansoni, um parasita que causa esquistossomose, doença com significante impacto individual mas com transmissão restrita a ambientes aquáticos específicos, e o vírus da rubéola, que, apesar de seu potencial teratogênico quando infecta grávidas, possui baixa transmissibilidade generalizada e é controlável por vacinação. Ambos se enquadram perfeitamente na descrição de risco moderado para o indivíduo e limitado para a comunidade, diferindo-se claramente de agentes de classes superiores, como os da classe 3 (alto risco individual) ou 4 (alto risco individual e comunitário).

Portanto, com base na definição da OMS e nos exemplos citados, a alternativa correta é a B, que identifica precisamente o perfil de risco associado a essa categoria.

A respeito de risco em biossegurança, assinale a opção correta.

• A)Em um laboratório de pesquisa e diagnóstico em medicina veterinária, os únicos riscos encontrados são os biológicos, os químicos e os físicos.
• B)O descarte de material perfurocortante deve ser feito de acordo com o risco e realizado em coletores rígidos e padronizados ou em sacos resistentes à autoclavação.
• C)Por não apresentarem risco biológico, não há necessidade de tratamento prévio ao descarte de carcaças de animais e ao descarte de resíduos biológicos como forração de gaiolas e ração.
• D)Nos ambientes hospitalares veterinários, os resíduos oriundos de áreas administrativas, restos alimentares, papel de uso sanitário, peças descartáveis de vestuário e resíduos de varrição são classificados como potencialmente infectantes.
• E)Em biossegurança, os riscos são classificados como físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes.

Na tentativa de associar a biossegurança à ética animal, humana e ambiental, Muller e Almeida (2009) ressaltaram que os direitos dos animais são cada vez mais observados. No entanto, há discussões inquietantes sobre o bem-estar animal em prol do homem ou o benefício humano a bem dos direitos dos animais. Neste sentido a abordagem sobre biossegurança e ética pode ser interpretada como a busca dos riscos e como atuar para preveni-los na proteção do indivíduo, da sociedade e do ambiente, além de ponderar se é justificável assumir estes riscos.

As barreiras primárias de biossegurança em laboratórios referem-se aos equipamentos de proteção individual (EPIs) e dispositivos de contenção física que atuam como primeira linha de defesa contra agentes biológicos. Entre as opções apresentadas, a alternativa correta é a B, que inclui luvas, óculos protetores e cabine de segurança biológica.

As luvas e os óculos protetores constituem equipamentos de proteção individual essenciais, impedindo o contato direto com materiais contaminados e protegendo mucosas contra respingos. Já a cabine de segurança biológica representa um equipamento de contenção primária que oferece barreira física entre o operador e o material manipulado, filtrando partículas e aerossóis potencialmente perigosos.

Embora outros itens mencionados nas demais alternativas—como jalecos, sistemas de ventilação ou instalações físicas—sejam componentes importantes de um programa de biossegurança, eles não se classificam como barreiras primárias. Itens como pias, lava-olhos ou bancadas resistentes integram as barreiras secundárias ou terciárias, que atuam em níveis subsequentes de proteção.

Portanto, a combinação de EPIs e equipamentos de contenção direta, como apresentado na opção B, caracteriza corretamente exemplos de barreiras primárias em ambientes laboratoriais.

A respeito das noções de biossegurança em laboratórios de zoologia, julgue o item seguinte.

A cabine de segurança biológica é considerada uma barreira de segurança primária.

• C) CERTO
• E) ERRADO

O gabarito correto é C).

O item afirma que "Boas práticas de laboratório tratam de regras informais implementadas pelo coordenador do laboratório", o que está incorreto. As Boas Práticas de Laboratório (BPL) constituem um conjunto formal de princípios e diretrizes padronizadas internacionalmente, regulamentadas por órgãos como a ANVISA no Brasil e a OECD internacionalmente. Estas normas estabelecem requisitos obrigatórios para a organização, condições, equipamentos, documentação e execução de estudos laboratoriais, visando garantir a qualidade, confiabilidade e integridade dos dados produzidos.

Diferentemente do que sugere o item, as BPL não são regras informais ou de caráter discretionary do coordenador, mas sim um sistema formalizado que envolve protocolos validados, auditorias independentes e controle de qualidade institucional. Em laboratórios de zoologia, onde se manipulam materiais biológicos potencialmente perigosos, a adoção dessas práticas formais é essencial para a biossegurança, protegendo tanto os pesquisadores quanto o ambiente.

Portanto, a afirmação contida no item está ERRADA.

O item está ERRADO, pois a classificação dos níveis de biossegurança em laboratórios não se divide em apenas dois níveis. De acordo com as diretrizes internacionais e nacionais de biossegurança, existem quatro níveis de contenção, designados como NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4, que correspondem ao aumento progressivo das medidas de segurança conforme o risco associado aos agentes biológicos manipulados. Portanto, a afirmação de que a classificação se divide em dois níveis é incorreta.