Questões Sobre Doenças Infecciosas - Veterinária - concurso

A relação correta entre doença de notificação obrigatória e espécie animal alvo, conforme estabelecido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, está na alternativa B: Scrapie / ovinos. O Scrapie é uma doença neurodegenerativa fatal que afeta especificamente ovinos e caprinos, sendo de notificação compulsória devido ao seu potencial impacto na saúde animal e nas cadeias produtivas.

As demais alternativas apresentam incorreções:

• A) Gastroenterite transmissível não é doença de notificação obrigatória para bovinos
• C) Colibacilose não consta como doença de notificação obrigatória para suínos
• D) Aerossaculite não é classificada como doença de notificação obrigatória para aves
• E) Encefalomielite por vírus Nipah não tem caprinos como espécie alvo principal

A cinomose é uma doença infecto-contagiosa de distribuição mundial, causada pelo Morbilivirus da família Paramyxoviridae. Conforme descrito, o cão atua como principal reservatório do vírus, sendo a transmissão predominantemente por aerossóis. A enfermidade pode afetar cães de qualquer raça, idade ou sexo, mas apresenta maior incidência em filhotes entre três e seis meses de idade.

Entre as manifestações clínicas, destaca-se a fase neurológica, caracterizada por alterações das reações posturais, mioclonias, paresias, diminuição da secreção lacrimal, conjuntivite, corioretinite e hiperqueratose naso-digital. Essas características são típicas da cinomose, diferenciando-a de outras doenças como erliquiose, babesiose, parvovirose e toxoplasmose.

A tuberculose é uma doença infecciosa granulomatosa que se caracteriza histologicamente pela presença de infiltrado inflamatório com células gigantes. Seu agente etiológico é o Mycobacterium tuberculosis, um bacilo álcool-ácido-resistente que confere a característica marcante na coloração de Ziehl-Neelsen. Embora classicamente descrita como uma enfermidade crônica e debilitante, a tuberculose pode manifestar-se de forma aguda em certos casos, particularmente em indivíduos imunocomprometidos.

Esta patologia possui ampla distribuição entre vertebrados, afetando tanto humanos quanto diversas espécies animais, o que a consolida como uma zoonose de significativa importância em nível global. A transmissão entre animais e humanos representa um desafio constante para a saúde pública e veterinária. As características histopatológicas, a natureza do agente causal e o perfil epidemiológico descritos correspondem precisamente à tuberculose, diferenciando-a das outras opções apresentadas.

A toxina botulínica, produzida pelo Clostridium botulinum, exerce seu efeito patogênico através de um mecanismo neurotóxico específico que explica os sinais clínicos característicos do botulismo. Esta neurotoxina atua predominantemente na região pré-sináptica das junções neuromusculares colinérgicas periféricas, onde interfere diretamente com a liberação de acetilcolina.

O processo ocorre através da clivagem de proteínas SNARE, essenciais para a fusão das vesículas sinápticas com a membrana pré-sináptica. Ao inibir este complexo mecanismo de exocitose, a toxina impede a liberação do neurotransmissor na fenda sináptica, resultando em bloqueio da transmissão neuromuscular. Esta ação específica na terminal pré-sináptica de sinapses colinérgicas periféricas causa o quadro de paralisia flácida ascendente característico da doença, que se manifesta inicialmente por diplopia, disfagia, disartria e progressiva fraqueza muscular.

As demais alternativas apresentam imprecisões quanto ao local de ação (pós-sináptica instead of pré-sináptica), ao tipo de junção (adrenérgica instead of colinérgica) ou à localização (central instead of periférica), não correspondendo ao mecanismo fisiopatológico conhecido da toxina botulínica.

A descrição fornecida refere-se claramente ao carbúnculo hemático, também conhecido como antraz. Esta doença bacteriana causada pelo Bacillus anthracis caracteriza-se pelo seu curso agudo e frequentemente fatal em animais, apresentando os sinais típicos de septicemia com infiltrados sero-hemorrágicos nos tecidos conjuntivos. As outras opções representam enfermidades distintas: o carbúnculo sintomático é causado por Clostridium chauvoei, a septicemia hemorrágica bovina por Pasteurella multocida, a hemoglobinúria bacilar por Clostridium haemolyticum, e o botulismo por Clostridium botulinum. Portanto, a alternativa correta é a letra E) carbúnculo hemático.

A anemia infecciosa equina (AIE) é uma doença viral grave que afeta equídeos, causada por um vírus classificado na família Retroviridae, gênero Lentivirus. Esta classificação é fundamental para compreender a natureza da enfermidade, pois os retrovírus possuem características únicas, como a capacidade de integrar seu material genético ao DNA do hospedeiro, estabelecendo infecções persistentes e crônicas.

Quanto às demais alternativas, é importante destacar as incorreções: a AIE não é exclusiva dos equinos, podendo afetar outros equídeos como mulas e burros; possui prognóstico reservado a desfavorável, sendo uma doença incurável sem tratamento específico eficaz; a transmissão ocorre principalmente por meio de vetores hematófagos (como moscas e mosquitos) e não por via respiratória; e o vírus demonstra notável resistência a condições ambientais, incluindo temperaturas elevadas como a fervura, podendo permanecer viável em materiais contaminados por longos períodos.

Portanto, a afirmação correta é que a AIE é efetivamente causada por um vírus da família Retroviridae, o que explica sua patogenicidade, persistência e os desafios no controle da doença.

A vacinação contra brucelose em bovinos de corte apresenta particularidades importantes quanto à aplicação por gênero. A escolha de vacinar apenas as bezerras fêmeas com a vacina B-19, na faixa etária de três a oito meses, fundamenta-se em razões imunológicas e de saúde animal.

Os machos bovinos não são vacinados porque a vacina viva atenuada B-19 pode causar complicações específicas no sistema reprodutivo masculino. Estudos demonstram que a administração desta vacina em machos pode levar ao desenvolvimento de orquites, que são inflamações testiculares. Estas inflamações podem comprometer a capacidade reprodutiva dos animais, afetando diretamente a produtividade do rebanho.

Além disso, a estratégia de vacinação focada nas fêmeas justifica-se pelo fato de que elas são as principais disseminadoras da doença através de abortos e secreções uterinas. A imunização das fêmeas quebra o ciclo de transmissão da brucelose de forma mais eficiente, enquanto evita os efeitos adversos nos machos.

O teste de tuberculina cervical simples é uma ferramenta essencial no monitoramento da tuberculose bovina, porém pode apresentar resultados falso-positivos que necessitam de confirmação através do teste cervical comparativo. As reações falso-positivas ocorrem principalmente devido à sensibilização cruzada provocada por micobactérias ambientais não tuberculosas, amplamente distribuídas no solo, água e matéria orgânica. Esses microrganismos compartilham antígenos com o Mycobacterium bovis, levando a respostas imunes semelhantes que podem ser interpretadas erroneamente no teste simples.

O teste comparativo, utilizando tuberculinas aviária e bovina, permite diferenciar entre infecções verdadeiras por M. bovis e reações inespecíficas causadas por outras micobactérias. Esta distinção é crucial para evitar sacrifícios desnecessários de animais e manter a precisão do programa sanitário. As demais alternativas, como imunossupressão pós-parto, uso de corticosteroides ou infecção por M. tuberculosis, não representam causas comuns de reações falso-positivas neste contexto específico, assim como a vacina B-19 está relacionada à brucelose, não à tuberculose.

O diagrama de controle para monitoramento da leishmaniose visceral humana estabelece limites endêmicos com base na média histórica e no desvio padrão dos casos mensais. Considerando a média de 0,147 casos por 100.000 habitantes e desvio padrão de 0,063 para janeiro, os limiares de endemia são calculados como média ± 2 desvios padrão, conforme prática usual em vigilância epidemiológica para definir variações esperadas.

O limite superior endêmico é calculado como 0,147 + (2 × 0,063) = 0,273 casos por 100.000 habitantes. Valores acima deste limite indicam situação fora do padrão esperado, sugerindo possível surto ou alteração na dinâmica de transmissão. Entre as opções, apenas 0,273 ultrapassa este limiar, caracterizando uma situação anômala que requer investigação e medidas de controle imediatas pelas autoridades de saúde.

As demais alternativas (0,084; 0,210; 0,222; 0,235) permanecem dentro da variação esperada de ±2 desvios padrão em torno da média, não configurando alerta epidemiológico segundo os parâmetros estabelecidos pelo serviço de saúde municipal.