Questões Sobre Medicina Veterinária Laboratorial - Veterinária - concurso

As enzimas hepáticas são fundamentais na avaliação da saúde do fígado de cães e gatos, sendo componentes essenciais dos exames bioquímicos de rotina. Entre as opções apresentadas, a alternativa correta é a E, que identifica a alanina aminotransferase (ALT) e a aspartato aminotransferase (AST) como as duas enzimas hepatocelulares de maior relevância diagnóstica nestes animais.

A ALT é considerada altamente específica para dano hepatocelular, especialmente em gatos, enquanto a AST, embora menos específica, também é um marcador sensível de lesão hepática. Sua elevação sérica indica necrose ou dano às membranas dos hepatócitos, liberando essas enzimas na corrente sanguínea. Em contraste, outras opções listam enzimas como amilase (relacionada ao pâncreas), creatina quinase (associada a músculos) ou fosfatase alcalina (mais ligada a colestase e ossos), que não possuem a mesma especificidade hepática direta.

Portanto, a combinação da ALT e AST representa o padrão-ouro para triagem inicial de doenças hepáticas em medicina veterinária, permitindo detectar precocemente condições como hepatite, lipidose hepática ou toxicidades, essencial para um diagnóstico e tratamento adequados.

A anemia pode ser classificada em três grupos principais de acordo com sua causa: (A) anemia por perda de sangue, (B) anemia por destruição prematura dos eritrócitos e (C) anemia por distúrbios na produção dos eritrócitos. A seguir, enumera-se cada situação à sua causa mais provável:

(B) Sarcoma histiocítico hemofagocítico no baço de um cão: a infiltração neoplásica no baço pode levar à destruição prematura de eritrócitos.

(A) Hemoperitônio por trauma em um cão: a perda aguda de sangue devido ao trauma resulta em anemia hemorrágica.

(B) Infecção por Babesia bovis em um bovino: o parasita causa hemólise direta dos eritrócitos.

(C) Mieloptise em um gato com leucemia: a infiltração da medula óssea por células neoplásicas compromete a produção de eritrócitos.

(C) Hipoplasia eritroide na medula óssea de um cão com insuficiência renal crônica: a deficiência de eritropoietina leva à redução na produção de eritrócitos.

(B) Intoxicação por cebola em gato: os compostos da cebola causam hemólise oxidativa dos eritrócitos.

A sequência correta é B, A, B, C, C e B, correspondente à alternativa D.

O mastocitoma cutâneo canino (MCC) representa um dos principais neoplasmas malignos observados na pele de cães no Brasil. Tradicionalmente, utilizava-se o sistema de graduação histológica de Patnaik, que classificava esses tumores em três grupos distintos com base em sua aparência histológica. No entanto, recentemente foi desenvolvido um novo sistema de graduação, mantendo o mesmo propósito de categorização, porém com uma abordagem simplificada.

Este novo sistema classifica os mastocitomas em apenas duas categorias: alto grau e baixo grau, empregando um número reduzido de critérios histológicos em comparação ao método anterior. Dentre as opções apresentadas para identificar dois dos três critérios utilizados nessa nova graduação, a alternativa correta é a D), que inclui a contagem de mitoses em 10 campos de grande aumento e a contagem de células multinucleadas (com 3 ou mais núcleos) em 10 campos de grande aumento.

A síndrome nefrótica é uma das possíveis consequências de uma lesão glomerular em animais domésticos. Analise as afirmativas abaixo e marque (V) para verdadeiro ou (F) para falso.

(V) É citada como um exemplo de causa de edema por redução da pressão osmótica intravascular.

(F) Cães com essa síndrome desenvolvem deficiência de antitrombina III, o que causa um déficit no processo de coagulação e aumenta a predisposição a hemorragias.

(V) Um dos achados laboratoriais dos cães com síndrome nefrótica é a hipercolesterolemia.

(V) Um exemplo de lesão que pode causar a síndrome são as glomerulonefrites, independente da causa.

A sequência correta é

• B) V, F, V, V.

Entre os métodos diretos para diagnóstico de brucelose apresentados, o isolamento e identificação da Brucella abortus através de imunohistoquímica constitui a alternativa correta por representar a confirmação definitiva da doença. Esta técnica permite não apenas a identificação precisa do agente etiológico em material de aborto fixado em formol, mas também possibilita a avaliação histopatológica do tecido, correlacionando a presença bacteriana com as alterações morfológicas.

Embora os outros métodos citados possuam valor diagnóstico relevante, eles se caracterizam como testes sorológicos indiretos que detectam anticorpos contra a bactéria, e não o microrganismo em si. O teste de soroaglutinação com antígeno acidificado tamponado (AAT), o teste do 2-mercaptoetanol (2-ME), a fixação de complemento (FC) e o teste do anel em leite (TAL) são valiosos para triagem e monitoramento, mas estão sujeitos a resultados falso-positivos e não fornecem a comprovação inequívoca da infecção ativa.

Portanto, a identificação direta do agente através de métodos microbiológicos e imuno-histoquímicos permanece como padrão-ouro para o diagnóstico definitivo de brucelose, sendo fundamental para a confirmação laboratorial em casos suspeitos e para a implementação de medidas sanitárias adequadas.

O processo de fecundação in vitro (FIV) na produção de embriões bovinos exige que o ovócito atinja um estágio específico de maturação nuclear para ser competente à fecundação. Durante a maturação dos ovócitos, ocorre a progressão da meiose, que é interrompida em diferentes fases. Para que a fecundação seja bem-sucedida, o ovócito deve estar no estágio de Metáfase-II, pois é nessa fase que ele completa a primeira divisão meiótica e se prepara para a segunda, tornando-se susceptível à penetração do espermatozoide e à subsequent formação do zigoto.

As demais opções não correspondem ao estágio adequado: a Profase-I e a Vesícula germinativa referem-se a fases imaturas; a Telófase-I e a Metáfase-I são etapas intermediárias que não conferem ao ovócito a competência necessária para a fecundação. Portanto, a alternativa correta é a Metáfase-II.

A urolitíase em ruminantes é uma condição patológica caracterizada pela formação de cálculos no trato urinário, resultante da precipitação de minerais ou substâncias orgânicas na urina. Embora múltiplos fatores possam contribuir para o desenvolvimento desta enfermidade, incluindo predisposição genética, desidratação, infecções bacterianas e alterações no pH urinário, a causa principal está intrinsecamente relacionada a aspectos nutricionais.

Desequilíbrios na dieta, como excesso de fósforo, deficiência de cálcio, alta ingestão de oxalatos ou concentrações inadequadas de sal, alteram a composição da urina e favorecem a cristalização de minerais. Esses distúrbios nutricionais são considerados os fatores determinantes mais significativos na etiologia da urolitíase, justificando a seleção da alternativa A como correta.

Considera-se como "teste ouro", diagnóstico para leishmaniose visceral em cães, o exame parasitológico direto de medula óssea. Este método é reconhecido como padrão de referência por permitir a visualização direta do parasita Leishmania infantum em amostras de medula óssea, oferecendo assim confirmação definitiva da infecção.

Embora outros métodos sejam utilizados na prática clínica e epidemiológica:

• Testes rápidos imunocromatográficos (A) são valiosos para triagem, mas apresentam limitações em sensibilidade e especificidade
• A reação de imunofluorescência indireta (B) e o ELISA (E) são testes sorológicos que detectam anticorpos, podendo apresentar reações cruzadas
• A PCR (C) é um método molecular de alta sensibilidade, mas não é considerado o padrão ouro pela possibilidade de detectar DNA de parasitos não viáveis

O exame parasitológico mantém sua posição como método definitivo, uma vez que a demonstração direta do parasito confirma inequivocamente o diagnóstico, servindo como parâmetro para validação de todos os outros métodos diagnósticos.

O estadiamento da doença renal crônica em cães e gatos, conforme estabelecido pela International Renal Interest Society (IRIS), baseia-se em três parâmetros fundamentais: os níveis de creatinina sérica, que avaliam a função de filtração glomerular; a mensuração da pressão arterial sistêmica, que identifica a presença de hipertensão renal; e a relação proteína/creatinina urinária, que quantifica a proteinúria e indica lesão glomerular. Esses critérios permitem uma classificação precisa do estágio da doença, orientando o prognóstico e as estratégias terapêuticas.

Assim, a alternativa correta é: C) creatinina, pressão arterial e relação proteína/creatinina urinária.

As principais alterações bioquímicas no paciente com síndrome de Addison são decorrentes da deficiência de cortisol e aldosterona, hormônios produzidos pelo córtex adrenal. A aldosterona é fundamental para a regulação do equilíbrio eletrolítico, promovendo a reabsorção de sódio e a excreção de potássio nos rins.

Na ausência adequada de aldosterona, ocorre perda renal excessiva de sódio (hiponatremia) e retenção de potássio (hipercalemia). Essas alterações são características marcantes da doença e estão diretamente relacionadas aos sintomas de fraqueza, hipotensão e distúrbios hidroeletrolíticos presentes nesses pacientes.

Portanto, a alternativa correta é a B) hiponatremia e hipercalemia, que reflete com precisão o desequilíbrio eletrolítico típico da insuficiência adrenal primária.