Questões Sobre Patologia Clínica Veterinária - Veterinária - concurso

Acerca da classificação dos neoplasmas, a análise dos itens revela que:

I. Osteoma é a denominação do tumor maligno derivado de osteócitos. - Incorreto, pois osteoma refere-se ao tumor benigno de origem óssea, enquanto o maligno é denominado osteossarcoma.

II. Lipossarcoma é a denominação do tumor maligno derivado de células adiposas. - Correto, uma vez que lipossarcoma designa a neoplasia maligna do tecido adiposo, sendo o lipoma sua contraparte benigna.

III. Leiomioma é a denominação do tumor benigno derivado de células da musculatura lisa. - Correto, pois leiomioma é efetivamente o termo para o tumor benigno de músculo liso, com o leiomiossarcoma representando a variante maligna.

Portanto, estão corretos apenas os itens II e III, correspondendo à alternativa D.

Em relação à necropsia em medicina veterinária, assinale a alternativa correta:

• A) A fixação, via de regra, deve ser feita com formalina a 15%, já que é um meio de fixação eficiente, barato e disponível no mercado. É muito importante que se observe a proporção de 10 partes da formalina a 15% para cada parte do tecido a ser fixado.
• B) O material a ser enviado ao laboratório deve ser, de preferência, remetido ao laboratório resfriado para depois ser fixado. Pequenos fragmentos fixam em um ou dois dias, enquanto que, para o hemiencéfalo, são necessários de 4 a 7 dias, de acordo com o seu tamanho. Após a fixação, o material pode ser enviado em vidros ou recipientes plásticos com formalina a 10%, desde que sejam totalmente vedados e bem acondicionados para não quebrarem.
• C) O frasco que acondicionará o material colhido deve ter o tamanho que suporte a proporção fixador/amostra de 1:1.
• D) A autólise post mortem é um sério problema para o diagnóstico, por isso a necropsia deve ser feita o mais breve possível depois da morte do animal. Esse fenômeno mascara lesões ou induz o veterinário a interpretações errôneas. Dessa forma, embebição hemoglobínica é frequentemente descrita como "hemorragias generalizadas" ou "órgãos hemorrágicos".
• E) A depender do tamanho da amostra, o tempo de fixação varia de 30 a 60 minutos.

A alternativa correta é a D.

Diante da suspeita de botulismo como causa mortis da vaca, o médico veterinário deve adotar medidas rigorosas de esterilização para inativar o agente patogênico, Clostridium botulinum, que produz esporos altamente resistentes. Entre as opções apresentadas, a esterilização por calor úmido a 121°C por 15 minutos é a única que garante a destruição eficaz desses esporos, assegurando a descontaminação adequada do material cirúrgico e prevenindo a disseminação da doença.

O material indicado para a confirmação laboratorial da causa da morte de um gato que apresentava a suspeita de estar infectado pelo vírus da raiva é constituído

• A)pelo sangue.
• B)pela urina.
• C)pelo fígado.
• D)pelo cérebro.
• E)pelas fezes.

O gabarito correto é D) pelo cérebro, pois o vírus da raiva tem tropismo pelo sistema nervoso central, sendo o tecido cerebral o material de escolha para o diagnóstico laboratorial através da detecção de corpúsculos de Negri ou por técnicas de imunofluorescência.

O exame post mortem constitui uma ferramenta essencial para o diagnóstico de enfermidades em grandes animais, permitindo orientar adequadamente as medidas de prevenção e tratamento do rebanho. Contudo, diversas alterações observadas durante a necropsia resultam de processos naturais que ocorrem após a morte do animal, podendo ser erroneamente interpretadas como lesões significativas se não forem avaliadas com critério. Entre as alterações listadas, a melanose destaca-se como uma condição genuína, frequentemente associada a processos patológicos, e não como uma modificação post mortem sem relevância clínica. Diferentemente da hipóstase, do colapso pulmonar, da hiperinflação pulmonar e do enfisema intersticial post mortem — que são artefatos decorrentes de fenômenos cadavéricos —, a melanose representa uma alteração pigmentar com significado diagnóstico, sendo, portanto, a exceção entre as opções apresentadas.

• A) É causada pelo Corynebacterium pseudotuberculosis, um bacilo Gram positivo.
• B) No Brasil essa doença se apresenta somente como doença clínica em ovinos e caprinos.
• C) Em ovinos, os principais linfonodos afetados são os poplíteos e femorais.
• D) Na necropsia, observa-se somente linfonodos preenchidos com sangue.

Durante a necropsia animal, a relação ideal entre fixador e amostra para exame histopatológico é um aspecto fundamental da técnica laboratorial. A proporção correta garante a adequada preservação das estruturas teciduais, prevenindo artefatos como autólise, retração ou deformação celular que poderiam comprometer a análise microscópica. O volume de fixador deve ser suficiente para cobrir completamente a amostra e permitir uma penetração uniforme do líquido fixador em todos os fragmentos coletados.

Entre as opções apresentadas, a relação 20:1 (vinte partes de fixador para uma parte de amostra) representa o padrão ouro na histopatologia veterinária. Esta proporção assegura que haja quantidade adequada de fixador para conservar as características morfológicas originais dos tecidos, mantendo a integridade das células e das estruturas extracelulares. Relações menores podem resultar em fixação inadequada, enquanto proporções excessivamente elevadas não trazem benefícios adicionais significativos.

O formaldeído a 10% tamponado permanece como o fixador mais utilizado rotineiramente, e a observância da proporção 20:1 é essencial para obtenção de cortes histológicos de qualidade que permitam um diagnóstico preciso. Esta prática consolidada baseia-se em evidências científicas que demonstram a otimização dos processos de fixação, desidratação, inclusão em parafina e coloração quando se respeita esta relação estabelecida.

A Peste Suína Clássica (PSC) representa uma das enfermidades virais mais significativas na suinocultura mundial, caracterizada por seu alto poder de contágio e diversidade de manifestações clínicas. Causada por um pestivírus, a doença pode apresentar-se nas formas aguda, subaguda, crônica ou mesmo de maneira assintomática, o que amplia seu desafio sanitário. O mecanismo de infecção inicia-se pela via oronasal, com as tonsilas servindo como portal primário de entrada e primeiro sítio de replicação viral. A partir deste ponto, o vírus dissemina-se hematogenicamente, atingindo múltiplos órgãos e tecidos, incluindo linfonodos, baço, rins, íleo distal e sistema nervoso central.

As manifestações anatomopatológicas da PSC são marcadas por alterações vasculares generalizadas. Observa-se congestão sistêmica, infartos multifocais e hemorragias que variam desde petéquias pontuais até extensas equimoses. A esplenomegalia é uma característica frequente, assim como lesões hemorrágicas na epiglote. Nos casos crônicos, destaca-se a presença de amigdalite necrótica purulenta. Uma particularidade anatômica significativa ocorre na região ileocecal, onde se desenvolvem úlceras características que frequentemente resultam de infecções bacterianas secundárias.

No contexto das infecções secundárias que complicam o quadro da PSC, a Salmonella sp. emerge como o agente bacteriano mais comumente associado ao desenvolvimento das úlceras ileocecais. Esta complicação representa um aspecto importante da patogenia da doença, contribuindo para a gravidade do quadro clínico e para as perdas produtivas na suinocultura.

A coleta do líquido cefalorraquidiano (LCR) é um procedimento que exige precisão técnica e cuidados específicos. Entre as alternativas apresentadas, a opção C) destaca-se como correta, pois descreve com exatidão os aspectos fundamentais do procedimento: a obtenção do líquor pode ser realizada tanto pela via da cisterna cerebelomedular quanto pela punção lombar, ambas exigindo que o animal esteja sob anestesia geral e que o local da punção seja devidamente preparado de forma estéril para minimizar riscos de contaminação.

As demais alternativas contêm imprecisões significativas. Na alternativa A), embora a agulha deva atingir o espaço subaracnoide, a menção às leptomeninges é inadequada, uma vez que estas compreendem justamente a aracnoide e a pia-máter, onde o espaço subaracnoide está localizado. A afirmação B) é incorreta porque, embora a herniação cerebral seja um risco real em casos de aumento da pressão intracraniana, o uso de manitol é preventivo e deve ser administrado antes da coleta, não após. Por fim, a alternativa D) está errada, pois a punção na cisterna cerebelomedular é realizada entre o occipital e o atlas (vértebra C1), e não entre a segunda e terceira vértebras cervicais.

Portanto, a técnica correta, conforme explicitado na opção C), envolve anestesia geral, antissepsia rigorosa e a possibilidade de acesso por duas vias distintas, garantindo tanto a segurança do animal quanto a qualidade da amostra para análise laboratorial.

As alterações cadavéricas Livor Mortis e Algor Mortis referem-se, respectivamente, à hipóstase cadavérica e ao arrefecimento corporal. A hipóstase cadavérica, também conhecida como lividez, caracteriza-se pela estagnação do sangue nas regiões mais baixas do corpo devido à ação da gravidade, formando manchas arroxeadas. Já o Algor Mortis, ou frigor mortis, corresponde à diminuição progressiva da temperatura corporal até igualar-se à do ambiente. Portanto, a alternativa correta é a C) hipóstase cadavérica e frigor mortis.