Questões Sobre Patologia Clínica Veterinária - Veterinária - concurso

Durante a necropsia animal, a coleta adequada de amostras é fundamental para a determinação precisa da causa mortis. No que se refere ao tecido ósseo, a afirmação apresentada contém imprecisões técnicas significativas.

Embora os ossos longos sejam efetivamente utilizados para amostragem, o processo de refrigeração imediata após a serragem não representa a prática recomendada. A medula óssea, sendo um tecido particularmente sensível, requer fixação química adequada com formalina a 10% para preservar suas características histológicas. O resfriamento simples não impede a autólise celular, podendo comprometer a análise microscópica e a qualidade diagnóstica da amostra.

O protocolo correto envolve a secção do osso com serra adequada, exposição da medula óssea e imersão imediata em solução fixadora por período suficiente antes do processamento laboratorial. Esta metodologia garante a preservação das estruturas celulares e possibilita uma avaliação histopatológica confiável.

Portanto, a afirmação original está incorreta quanto ao procedimento de conservação da amostra óssea, justificando a classificação como ERRADO.

Durante a necropsia animal, a coleta adequada de amostras é fundamental para a precisão dos diagnósticos. O item em análise aborda dois aspectos cruciais: o tempo ideal para coleta e o método de armazenamento temporário.

Primeiramente, a afirmação de que as amostras devem ser colhidas no menor espaço de tempo após o óbito está correta. Quanto mais rápido for realizado o procedimento, menor será a interferência dos processos de autólise e putrefação, preservando as características originais dos tecidos e fluidos para análise.

Em segundo lugar, a recomendação de refrigeração entre 1°C e 5°C para armazenamento de curto prazo quando há dúvida sobre os exames necessários é tecnicamente adequada. Esta faixa de temperatura retarda significativamente a degradação celular sem causar congelamento que poderia alterar estruturas teciduais, mantendo a amostra viável para a maioria das análises laboratoriais.

Portanto, considerando tanto a urgência na coleta quanto o método de conservação indicado, o item está completamente correto.

O exame citológico é de fato reconhecido pela rapidez do diagnóstico em comparação ao exame histopatológico, pois permite uma avaliação preliminar de células em tempo reduzido, sem a necessidade de processamento complexo de tecidos. No entanto, a afirmação de que essa técnica pode ser utilizada apenas em animais vivos está incorreta. A citologia pode ser aplicada em amostras colhidas post mortem durante a necropsia, como esfregaços de órgãos, fluidos corporais ou lesões, auxiliando na investigação da causa da morte. Assim, embora a rapidez seja uma característica válida, a restrição ao uso exclusivo em animais vivos não procede, tornando o item ERRADO.

Durante a necropsia animal, a coleta adequada de amostras é etapa fundamental para a determinação precisa da causa mortis. A fixação tecidual representa um dos aspectos mais críticos desse processo, pois garante a preservação das estruturas celulares e a qualidade da análise histopatológica subsequente.

O formol tamponado, com pH estabilizado em torno de 7,2-7,4, proporciona significativa vantagem sobre o formol não-tamponado. Esta formulação evita a acidificação da solução fixadora, prevenindo assim a formação de artefatos como a hematina, que se manifesta como depósitos escuros principalmente em vasos sanguíneos e tecidos ricos em hemácias.

A hematina constitui um artefato técnico indesejável que pode mascarar diagnósticos, dificultar a interpretação histológica e comprometer a qualidade das lâminas. O uso do formol tamponado, portanto, representa prática recomendada em patologia veterinária, assegurando fixação adequada e minimizando alterações morfológicas artificiais que poderiam levar a conclusões equivocadas.

Na investigação de casos suspeitos de raiva em animais, a análise post mortem desempenha um papel crucial para a confirmação diagnóstica. O exame histopatológico do tecido encefálico visa identificar a presença dos característicos corpúsculos de Negri, inclusões citoplasmáticas eosinofílicas que representam um marcador patognomônico da infecção rábica. Entre as estruturas encefálicas, o hipocampo emerge como a região de eleição para esta detecção, devido às suas particularidades anatômicas e fisiológicas que favorecem a replicação viral e a formação dessas inclusões. Esta predileção pelo hipocampo é consistentemente demonstrada tanto na literatura especializada quanto nos protocolos de vigilância epidemiológica, sendo amplamente reconhecida como a área com maior sensibilidade para o diagnóstico histopatológico da raiva.

O gabarito correto é: C) hipocampo

As alterações cadavéricas abióticas referem-se às transformações que ocorrem no corpo após a morte, resultantes de processos físicos e químicos, sem envolvimento de atividade biológica. Entre os exemplos clássicos, destacam-se o livor mortis (ou livores cadavéricos), que corresponde à coloração arroxeada da pele devido à estagnação do sangue por ação da gravidade, e a coagulação sanguínea, que ocorre post mortem como consequência da parada circulatória e alterações físico-químicas no sangue.

As demais alternativas apresentam equívocos: a maceração e o algor mortis (alternativa B) envolvem processos distintos (como a ação da água ou resfriamento corporal); a embebição biliar e redução esquelética (C) não são tipicamente classificadas como abióticas; o enfisema cadavérico (D) está mais associado à ação bacteriana; e a pseudomelanose e insensibilidade (E) não se enquadram como alterações abióticas convencionais.

Portanto, a alternativa correta é a A), pois ambas as alterações citadas — livor mortis e coagulação sanguínea — são processos abióticos, resultantes de fenômenos físico-químicos que independem de atividade enzimática ou microbiológica.

A raiva é uma zoonose transmitida ao homem pela inoculação do vírus da raiva, contido na saliva de animais infectados, principalmente por meio de mordeduras. As lesões histopatológicas patognomônicas para a raiva são os corpúsculos de Negri.

O correto diagnóstico da raiva depende da execução adequada de colheita, acondicionamento e envio do material biológico dos animais suspeitos dessa enfermidade. Sobre essa temática, analise as afirmativas abaixo.

I. A colheita das amostras de animais suspeitos de estar acometidos de raiva deverá ser efetuada por médico veterinário ou por profissional habilitado por ele, que tenha recebido treinamento adequado e que esteja devidamente imunizado.

II. A amostra do Sistema Nervoso Central (SNC) coletada deve ser acondicionada em frasco com tampa ou saco plástico duplo, hermeticamente fechado, identificada e colocada dentro de uma caixa isotérmica, que deverá conter gelo reciclável para manter a temperatura entre 2ºC a 4ºC.

III. A amostra deve ser enviada e/ou entregue ao laboratório preferencialmente até 72 horas após a colheita, em caixa isotérmica perfeitamente vedada e com o símbolo de risco biológico.

Assinale a alternativa correta.

• A) As afirmativas I, II e III estão corretas
• B) Apenas as afirmativas II e III estão corretas
• C) Apenas as afirmativas I e III estão corretas
• D) Apenas as afirmativas I e II estão corretas

Sobre os procedimentos de necropsia de animais de laboratório, a afirmação correta é a alternativa C, que estabelece a responsabilidade do médico veterinário na condução do processo, ainda que permita a execução por técnico devidamente capacitado sob supervisão. Esta diretriz reflete a necessidade de rigor técnico e ético no manejo pós-morte de animais utilizados em pesquisa, assegurando que os procedimentos sejam realizados com competência para preservar a integridade das amostras e a validade dos dados obtidos.

As demais alternativas apresentam imprecisões: a inspeção do sistema nervoso central não é necessariamente padrão em todas as necropsias (A); a incisão abdominal inicia-se no esterno, não necessariamente estendendo-se até a sínfise pubiana (B); a abertura das cavidades abdominal e torácica não é feita simultaneamente, mas de forma sequencial (D); e a concentração usual de formalina para fixação é de 10%, sem adição de ácido clorídrico (E).

Portanto, a normatização desses procedimentos prioriza a atuação supervisionada e qualificada, reforçando o compromisso com o bem-estar animal mesmo após a morte e a qualidade da pesquisa científica.

O caso apresentado descreve um quadro clínico-patológico característico da Doença de Aujeszky, também conhecida como pseudoraiva. A análise dos elementos fornecidos permite estabelecer esta correlação diagnóstica com precisão. O cão pertencia a uma granja de suínos Large White, espécie que constitui o principal reservatório do vírus Suid herpesvirus 1, agente etiológico da doença. O histórico de alteração de comportamento, salivação e prurido intenso é altamente sugestivo, sendo o prurido tão severo que frequentemente leva a automutilação, um dos sinais mais emblemáticos da enfermidade.

Os achados laboratoriais corroboram fortemente a suspeita. O resultado negativo para raiva exclui esta importante doença neurológica, enquanto o exame histopatológico revelou encefalite não purulenta e corpúsculos de inclusão intranucleares, alterações histológicas típicas da infecção pelo vírus da Doença de Aujeszky. Esses corpúsculos inclusivos representam aglomerados virais no núcleo de neurônios infectados, sendo um marcador patognomônico da doença. A transmissão ocorre geralmente através do contato com suínos infectados ou ingestão de carcaças, cenário perfeitamente compatível com o ambiente da granja onde o cão vivia.