Questões Sobre Patologia Clínica Veterinária - Veterinária - concurso

Nas necropsias em animais, deve-se observar o seguinte procedimento:

• A)colher amostras para histopatologia das áreas normal, de transição e lesada, de todas as vísceras que apresentarem alterações.
• B)posicionar os cadáveres de bovinos em decúbito lateral direito, para evitar que o rúmen prejudique o acesso à cavidade abdominal e dificulte o procedimento.
• C)as tumorações e nódulos anormais devem ser mensurados e pesados, mas a colheita de amostras para histopatologia somente nos casos de serem maiores de 10 cm.
• D)rins, baço e fígado que não apresentarem lesões na superfície externa não precisam ser cortados para exame interno.
• E)a abertura do estômago de mamíferos se dá pela curvatura menor.

O tipo de necrose da tuberculose é:

• A) esteatonecrose.
• B) necrose caseosa.
• C) necrose de coagulação.
• D) necrose de liquefação.
• E) necrose de Zenker.

O gabarito correto é B) necrose caseosa.

A inflamação provocada por Corynebacterium pseudotuberculosis nos linfonodos de ovinos e caprinos caracteriza-se por um processo necrótico específico, conhecido como necrose caseosa. Esta forma de necrose apresenta-se macroscopicamente como uma massa branco-amarelada, friável e com aspecto de queijo, resultante da combinação de tecido necrótico, debris celulares e infiltrado inflamatório.

O processo ocorre devido à ação de fatores de virulência da bactéria, principalmente a toxina fosfolipase D, que lesa endotélio vascular e membranas celulares, promovendo isquemia e morte tissular. A resposta imunológica do hospedeiro tenta conter a infecção através de um intenso infiltrado inflamatório, mas a persistência do agente e sua capacidade de evasão imune levam à formação do característico abcesso caseoso.

As outras opções não se aplicam: necrose gangrenosa envolve putrefação bacteriana secundária; necrose de liquefação ocorre em tecidos nervosos; necrose de coagulação está associada à desnaturação proteica em isquemias; e a combinação de coagulação e liquefação não corresponde ao padrão histopatológico típico da linfadenite caseosa.

Apesar de se saber que a necrose hepática aleatória é um tipo de necrose muito comumente associado à infecção por agentes infecciosos em animais domésticos, existem exceções à regra. Alguns agentes infecciosos, por exemplo, são capazes de causar necrose hepática centrolobular.

Dentre os agentes infecciosos, apresentados abaixo, aquele que exemplifica o texto acima é:

• A) Bartonella spp.
• B) Toxoplasma gondii.
• C) Clostridium piliforme.
• D) Adenovírus canino tipo 1.
• E) Herpesvírus equino tipo 1.

O agente infeccioso que exemplifica a exceção mencionada no texto, sendo capaz de causar necrose hepática centrolobular em vez do padrão aleatório mais comum, é o Adenovírus canino tipo 1.

Referente aos diferentes padrões de distribuição da necrose, observados no fígado dos animais domésticos, o tipo de necrose causado por hipóxia hepática é:

• A) Necrose massiva.
• B) Necrose zonal periportal.
• C) Necrose zonal paracentral.
• D) Necrose zonal mediozonal.
• E) Necrose hepática aleatória.

O gabarito correto é C) Necrose zonal paracentral.

A intoxicação por sal em suínos, também conhecida como encefalopatia por edema ou poliencefalomalacia, manifesta-se clinicamente através de sinais neurológicos como cegueira, pressão da cabeça contra objetos e convulsões. Esses sintomas resultam de alterações patológicas específicas no sistema nervoso central.

As lesões histopatológicas características incluem necrose neuronal laminar no córtex cerebral, que reflete um padrão de dano neuronal estratificado, acompanhada pela presença de infiltrado de eosinófilos nas meninges e nos espaços de Virchow-Robin. Essas alterações são consistentes com a resposta inflamatória e o edema cerebral associados à intoxicação por cloreto de sódio.

As demais alternativas não correspondem ao padrão histopatológico típico desta condição: pseudoinclusões nucleares (A) são mais associadas a infecções virais; necrose restrita às células de Purkinje (B) é incomum nesse contexto; vacuolização citoplasmática (C) pode ocorrer em outras enfermidades, mas não é predominante; e necrose da substância branca com neutrófilos (E) sugere processos diferentes, como infecções bacterianas ou isquêmicas.

A "atrofia castanha do coração" é uma condição patológica caracterizada pela deposição intracelular de pigmentos em células miocárdicas, resultando em uma coloração castanha característica do órgão. Entre as alternativas apresentadas:

• A) Hemossiderina - relacionada ao acúmulo de ferro em processos hemorrágicos
• B) Bilirrubina - pigmento biliar que se acumula em condições de icterícia
• C) Lipofuscina - pigmento de desgaste que se acumula no envelhecimento celular e atrofia
• D) Melanina - pigmento melanótico de origem cutânea
• E) Hialina - material proteico homogêneo observado em diversas degenerações

O acúmulo de lipofuscina (alternativa C) nas fibras musculares cardíacas constitui a alteração histológica fundamental da atrofia castanha, representando um marcador de degeneração celular por autofagia incompleta de organelas danificadas.

Sobre o diagnóstico post-mortem da raiva em animais por método imuno-histoquímico, analisando as proposições:

I. A afirmação de que anticorpos policlonais se encontram em elevadas concentrações no líquido cefalorraquidiano está incorreta, pois o método imuno-histoquímico detecta antígenos virais, não anticorpos.

II. A detecção de antígeno rábico ocorre efetivamente nos tecidos do tálamo, que é uma região cerebral frequentemente afetada pelo vírus da raiva.

III. O antígeno viral está presente em neurônios na medula espinhal, sendo esta uma localização característica da infecção rabica.

IV. A detecção de antígeno rábico também ocorre nos tecidos da ponte cerebelar, outra área do sistema nervoso central onde o vírus se replica.

Portanto, apenas as proposições II, III e IV estão corretas.

Ao analisar os achados da necropsia e o contexto epidemiológico descrito, observa-se um quadro compatível com toxoplasmose. A esplenomegalia com hipertrofia da polpa branca na forma de nódulos esbranquiçados é uma característica marcante da infecção por Toxoplasma gondii em coelhos. As lesões hepáticas necróticas, focos pneumônicos e enterite catarral ou catarral-hemorrágica reforçam esse diagnóstico, uma vez que a toxoplasmose pode causar danos multissistêmicos, especialmente em animais imunossuprimidos ou sob condições de estresse.

O fato de a fonte de água ficar ao ar livre é um dado epidemiológico crucial, pois favorece a contaminação por oocistos eliminados por felídeos, que são os hospedeiros definitivos do parasita. A transmissão ocorre frequentemente por via oral, através da ingestão de água ou alimentos contaminados.

As outras opções podem ser descartadas com base nos sintomas e no cenário apresentado: a nocardiose geralmente cursa com abscessos e não esplenomegalia nodular típica; a durina é uma doença equina; a brucelose raramente causa morte súbita e tem apresentação mais crônica; e a clamidíose, embora possa causar pneumonite e outros sinais, não costuma produzir o padrão esplênico observado.

Portanto, com base na patologia e na situação epidemiológica, o diagnóstico correto é toxoplasmose.

O coronavírus felino (FCoV) é extensamente difundido no intestino dos gatos domésticos; podendo alguns desses animais predispostos desenvolver uma variação desse vírus que causa a peritonite infecciosa felina (PIF), doença altamente letal, que não apresenta um tratamento eficaz. Com relação a esse assunto, julgue o item a seguir.

Na necropsia, achados histopatológicos característicos de um gato com PIF são flebites, granulomas e(ou) piogranulomas perivasculares.

• C) CERTO
• E) ERRADO

O gabarito correto é C).