Questões Sobre Suinocultura - Veterinária - concurso

Sobre a ocorrência de listeriose em animais de produção, é correto afirmar que:

• A) Listeria monocytogenes causa encefalite em ovinos, caprinos e bovinos. (CORRETA)
• B) Listeria spp. causa aborto em ovinos, caprinos e bovinos.
• C) Em bovinos de leite, a mastite é causada por Listeria innocua.
• D) A septicemia em bovinos, causada por Listeria spp., ataca frequentemente animais adultos.
• E) Listeria spp. não ocorre em suínos de corte.

A alternativa A está correta, pois Listeria monocytogenes é de fato o agente etiológico responsável por causar encefalite em ruminantes, incluindo ovinos, caprinos e bovinos, caracterizando uma das principais manifestações da listeriose nesses animais.

Considerando a epidemiologia da Doença de Aujeszky, também conhecida como pseudoraiva, é possível realizar uma análise criteriosa dos itens apresentados.

O item I está correto, pois os suínos de fato representam o principal reservatório do vírus Suid herpesvirus 1 (SuHV-1) na natureza. Como hospedeiros naturais, eles mantêm a cadeia de transmissão e servem como fonte primária de infecção para outras espécies susceptíveis, incluindo bovinos, ovinos, caprinos e animais silvestres, nos quais a doença é invariavelmente fatal.

O item II está incorreto. Embora a morbidade possa ser alta em populações susceptíveis, especialmente em surtos agudos, a letalidade não é baixa. A taxa de mortalidade varia significativamente conforme a idade dos animais e o estado imunológico do rebanho. Em leitões jovens, a letalidade pode atingir 100%, enquanto em animais adultos as taxas são geralmente mais baixas, mas ainda significativas.

O item III está correto. A infecção pelos suínos pode manifestar-se de diferentes formas: desde casos assintomáticos, onde os animais se tornam portadores latentes do vírus, até manifestações clínicas graves. A expressão da doença depende de fatores como idade, estado imune, virulência da cepa viral e condições de manejo.

Portanto, estão corretos apenas os itens I e III.

Na suínocultura, o programa básico de vacinação contempla diversas doenças importantes para garantir a saúde dos rebanhos e a produtividade da criação. Entre as opções apresentadas, a parvovirose suína (A) é uma doença reprodutiva significativa, frequentemente incluída nos programas vacinais para prevenir abortos e mumificações fetais. A colibacilose (C), causada por Escherichia coli, é alvo de vacinação, especialmente em leitões, para controlar diarreias neonatais. A rinite atrófica (D), associada à Pasteurella multocida, é comumente prevenida por vacinação para evitar deformações do focinho e prejuízos no crescimento. A pneumonia enzoótica (E), causada por Mycoplasma hyopneumoniae, é uma das doenças respiratórias mais vacinadas na suinocultura mundial. No entanto, a mionecrose infecciosa (B), também conhecida como doença do edema, causada por Escherichia coli produtora de toxinas Shiga, não é tipicamente incluída nos programas básicos de vacinação, pois seu controle baseia-se mais em manejo, nutrição e biossegurança, tornando esta a exceção correta.

O Brucella melitensis é uma bactéria que possui especificidade de hospedeiro, sendo os caprinos e ovinos as principais espécies acometidas. Embora outros animais possam eventualmente ser infectados, a associação clássica e epidemiologicamente mais relevante ocorre com esses pequenos ruminantes. A transmissão para humanos frequentemente acontece através do consumo de produtos lácteos não pasteurizados provenientes de animais infectados, representando um significativo problema de saúde pública em diversas regiões.

As demais opções referem-se a outras espécies de Brucella: bovinos e bubalinos são principalmente afetados por Brucella abortus; suídeos, lebres, renas e roedores por Brucella suis; caninos por Brucella canis; e pinípedes por Brucella pinnipedialis. Portanto, a alternativa correta é efetivamente a letra A, que identifica precisamente os hospedeiros primários do Brucella melitensis.

A doença infecciosa de suínos causada pelo Herpesvírus tipo I, cujos hospedeiros primários são os suínos domésticos e silvestres, embora o vírus possa também infectar outras espécies de mamíferos domésticos, como gatos, cães e bovinos, nos quais produz uma encefalite de curso agudo e fatal, é conhecida como:

• A) Doença de Glässer.
• B) Parvovirose.
• C) Encefalomiopatia.
• D) Artrite encefalite suína.
• E) Doença de Aujeszky.

O gabarito correto é E) Doença de Aujeszky.

A Peste Suína Africana (PSA) representa um dos maiores desafios sanitários para a suinocultura global, com impactos econômicos e produtivos significativos. A doença, causada por um vírus DNA da família Asfarviridae, possui particularidades em sua epidemiologia que exigem atenção especial das autoridades sanitárias e produtores.

A alternativa incorreta é a letra A, que afirma que os carrapatos se infectam através da ingestão de sangue de suínos infectados no ciclo doméstico. Na realidade, os carrapatos do gênero Ornithodoros atuam como vetores biológicos no ciclo silvestre, mas não no ciclo doméstico da doença. A transmissão no ciclo doméstico ocorre principalmente através do contato direto entre animais, secreções, excretas, fômites e ingestão de produtos cárneos contaminados.

As demais alternativas apresentam informações corretas sobre a PSA: a letra B corretamente indica a necessidade dos carrapatos Ornithodoros para a manutenção do ciclo silvestre, salientando que estas espécies não existem no Brasil; a letra C acertadamente relaciona a introdução da doença em novos territórios com a prática de alimentar suínos com restos de comida contaminados provenientes de transportes internacionais; e a letra D corretamente afirma a inexistência de vacinas comerciais eficazes contra a PSA, tornando as medidas de biossegurança e controle sanitário as principais ferramentas de prevenção.

A Doença de Glässer é uma enfermidade bacteriana de grande relevância na suinocultura, causada pela bactéria Haemophilus parasuis. Caracteriza-se por um quadro de poliserosites, com inflamação das membranas serosas da pleura, pericárdio e peritônio, frequentemente associada a meningite, artrite purulenta e pneumonia serofibrinosa. Embora a mortalidade tenda a ser moderada, os maiores prejuízos econômicos estão relacionados às sequelas crônicas nos animais sobreviventes, como deformidades articulares e comprometimento do desenvolvimento, resultando em elevadas taxas de refugo.

Entre as espécies domésticas, a doença é predominantemente observada em suínos, especialmente em leitões desmamados, onde surtos são comuns devido ao estresse, mistura de lotes e falhas na imunidade materna. Embora outras espécies possam apresentar infecções por Haemophilus, a síndrome completa da Doença de Glässer é uma condição distintiva e economicamente significativa especificamente para a produção suinícola.

As doenças causadas por Streptococcus suis representam um desafio significativo para a suinocultura mundial, acometendo animais em uma faixa etária ampla que vai desde leitões com menos de duas semanas até aqueles com 22 semanas de idade. A maior incidência de casos ocorre nas primeiras semanas após o desmame, período crítico marcado por diversos fatores estressantes que comprometem a imunidade dos suínos. Entre esses fatores destacam-se a movimentação dos animais, a separação das mães, as disputas por hierarquia dentro do grupo, a mistura de lotes diferentes, condições de superlotação e sistemas de ventilação inadequados.

Especificamente em leitões entre 10 e 14 dias após o desmame, o Streptococcus suis tipo 2 emerge como o principal agente etiológico envolvido em surtos de meningite. Esta manifestação clínica é particularmente relevante devido à sua gravidade e alto potencial de mortalidade, representando uma das principais consequências das infecções por este patógeno na suinocultura moderna.

O item está correto. Conforme estabelecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), atualmente conhecida como WOAH (World Organisation for Animal Health), tanto a peste suína clássica (PSC) quanto a peste suína africana (PSA) são classificadas como doenças de notificação obrigatória. Essa exigência se deve ao alto potencial de disseminação e ao significativo impacto econômico que essas enfermidades representam para a suinocultura mundial. Portanto, qualquer ocorrência ou suspeita deve ser comunicada imediatamente às autoridades sanitárias.

O desmame constitui uma prática zootécnica fundamental, com implicações diretas na eficiência reprodutiva, no bem-estar animal e na rentabilidade dos sistemas de produção. Em bovinos leiteiros, essa técnica é particularmente distinta, uma vez que o desmame (separação definitiva da cria) e o desaleitamento (cessação da ordenha ou amamentação) são processos realizados em etapas separadas e sequenciais, conforme corretamente indicado na alternativa A. Esta abordagem permite um manejo adequado tanto do bezerro quanto da vaca, minimizando estresses e preparando o sistema produtivo para novos ciclos.

As demais alternativas apresentam incorreções significativas. Em ovinos, o desmame geralmente ocorre entre 60 e 90 dias, e não aos 150 dias como sugerido, pois a manutenção dos cordeiros por período tão prolongado junto às mães poderia agravar desafios sanitários, incluindo a verminose. No caso de suínos, a principal função do desmame é interromper a lactação para permitir o reinício do ciclo reprodutivo da porca, e não apenas preparar sua condição corporal. Para bovinos de corte, vacas em melhor condição corporal suportam melhor a lactação, tornando menos crucial o desmame precoce. Quanto aos equinos, o desmame muito precoce não é recomendado, pois pode causar estresse desnecessário; a égua normalmente retoma sua atividade ovariana de forma natural após o desmame, sem necessidade de excessive antecipação.

Portanto, a compreensão das particularidades do desmame em cada espécie é essencial para um manejo eficiente e ético, reforçando que a alternativa A está correta ao destacar a especificidade do processo em bovinos leiteiros.