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“O que o canavial sim aprende do mar: O avançar em linha rasteira da onda; o espraiar-se minucioso, de líquido, alagando cova a cova onde se alonga. O que o canavial não aprende do mar: o desmedido do derramar-se da cana; o comedimento do latifúndio do mar, que menos lastradamente se derrama.”
João Cabral de Melo Neto, “O mar e o canavial”, in A educação pela pedra. Antologia poética. Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1989, p. 9.
João Cabral, recifense, relacionou, no fragmento de poema acima, mar e canavial. A associação considera semelhanças e diferenças entre eles e pode ser compreendido se considerarmos que:
- A) “o avançar em linha rasteira” do canavial é uma menção à expansão da produção açucareira na região Nordeste e especialmente no Estado de Pernambuco iniciada no período colonial e encerrada no Império.
- B) o mar e as praias de Pernambuco sempre foram, ao lado da cana, as únicas fontes de riqueza da região Nordeste, desde o período colonial até os dias de hoje.
- C) “o desmedido do derramar-se da cana” é uma referência crítica à organização da produção açucareira em latifúndios, unidades produtoras de grande porte.
- D) as lavouras de cana sempre estiveram localizadas no interior de Pernambuco, distantes do litoral, e a relação com o mar é para mostrar a totalidade geográfica do Estado.
- E) “alagando cova a cova onde se alonga” é uma sugestão de que o plantio da cana, assim como o mar, provocou, ao longo de sua história, muitas mortes.
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Resposta:
A alternativa correta é letra C
Como a alternativa C revela, o trecho faz uma crítica ao molde adotado pela elite agricultora para a produção e exportação da cana-de-açúcar, consistindo em um grandes territórios dedicados quase que exclusivamente ao cultivo do gênero, tomando grandes porções territoriais brasileiras.
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