(ENEM/2018) Os próprios senhores de engenho eram uns gulosos de doce e de comidas adocicadas. Houve engenho que ficou com o nome de “Guloso”. E Manuel Tomé de Jesus, no seu Engenho de Noruega, antigo dos Bois, vivia a encomendar doces às doceiras de Santo Antão; vivia a receber presentes de doces de seus compadres. Os bolos feitos em casa pelas negras não chegavam para o gasto. O velho capitão-mor era mesmo que menino por alfenim e cocada. E como estava sempre hospedando frades e padres no seu casarão de Noruega, tinha o cuidado de conservar em casa uma opulência de doces finos.
FREYRE, G. Nordeste: aspectos da influência da cana sobre a vida e a paisagem do Nordeste do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985 (adaptado).
O texto relaciona-se a uma prática do Nordeste oitocentista que está evidenciada em:
- A) Produção familiar de bens para festejar as datas religiosas
- B) Fabricação escrava de alimentos para manter o domínio das elites
- C) Circulação regional de produtos para garantir as trocas metropolitanas
- D) Criação artesanal de iguarias para assegurar as redes de sociabilidade
- E) Comercialização ambulante de quitutes para reproduzir a tradição portuguesa.
Resposta:
A alternativa correta é letra D.
O texto mostra que os senhores de engenho do Nordeste colonial tinham o hábito de consumir e oferecer doces e comidas adocicadas, que eram feitos de forma artesanal pelas doceiras e pelas escravas. Essa prática estava relacionada à cultura da cana-de-açúcar, que era a base da economia da região, e também à formação de redes de sociabilidade entre os senhores de engenho e seus convidados, como frades, padres e compadres. Os doces e as comidas adocicadas eram símbolos de prestígio e de generosidade, que reforçavam os laços sociais entre os membros da elite açucareira.
As alternativas A, B, C e E estão incorretas porque:
- A produção familiar de bens para festejar as datas religiosas não era uma prática exclusiva do Nordeste oitocentista, mas de toda a Colônia. Além disso, o texto não se refere a essa produção, mas sim à encomenda e ao recebimento de doces de fora da casa dos senhores de engenho.
- A fabricação escrava de alimentos para manter o domínio das elites não era uma prática exclusiva do Nordeste oitocentista, mas de toda a Colônia. Além disso, o texto não se refere a essa fabricação, mas sim ao consumo e à oferta de doces pelos senhores de engenho.
- A circulação regional de produtos para garantir as trocas metropolitanas não era uma prática exclusiva do Nordeste oitocentista, mas de toda a Colônia. Além disso, o texto não se refere a essa circulação, mas sim ao consumo e à oferta de doces pelos senhores de engenho.
- A comercialização ambulante de quitutes para reproduzir a tradição portuguesa não era uma prática exclusiva do Nordeste oitocentista, mas de toda a Colônia. Além disso, o texto não se refere a essa comercialização, mas sim ao consumo e à oferta de doces pelos senhores de engenho.
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