(UNITAU SP/2016) “A execução ritual podia tardar vários meses. Nesse intervalo, o cativo vivia na casa de seu captor, que lhe cedia irmã ou filha como esposa; sua condição só se alterava às vésperas da execução, quando era reinimizado e submetido a um rito de captura. Por fim, era morto e devorado. A execução era um momento privilegiado de articulação das aldeias em nexos sociais maiores e estava ligada a concepções sobre prestígio, à reprodução humana e ao destino póstumo”.
FAUSTO, Carlos. Os índios antes do Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2010, p. 79.
O texto acima se refere à guerra e ao ritual antropofágico realizados pelos índios Tupinambá. Sobre isso, está CORRETO afirmar:
- A) Eram mecanismos políticos de acomodação, capazes de articular povos de diferentes línguas e culturas em um mesmo sistema de interdependência regional.
- B) Eram praticados por aldeias aliadas, que formavam conjuntos multicomunitários e étnicos, com o objetivo de reforçar os laços de consanguinidade entre os aliados.
- C) Eram dispositivos cruciais na organização das comunidades Tupinambá, ocupando uma posição simbólica que, em outros sistemas, caberia à circulação de bens de prestígio.
- D) Eram formas de subjugar, escravizar e extrair tributos por uma elite indígena que se encontrava, às vésperas do contato com os europeus, cada vez mais poderosa.
- E) Eram os meios que os Tupinambá, que eram canibais, encontraram para comercializar escravos e alimentar as comunidades indígenas, cuja escala populacional era superior a 10 mil pessoas.
Resposta:
A resposta correta é a C). O texto afirma que a guerra e o ritual antropofágico eram dispositivos cruciais na organização das comunidades Tupinambá, ocupando uma posição simbólica que, em outros sistemas, caberia à circulação de bens de prestígio.
O ritual antropofágico dos Tupinambá era um evento complexo que envolvia uma série de significados simbólicos. Ele era visto como uma forma de incorporar as qualidades do inimigo, tanto físicas quanto espirituais. Também era uma forma de fortalecer os laços de solidariedade entre os membros da comunidade, pois todos participavam da festa que celebrava a morte do inimigo.
A guerra, por sua vez, era uma forma de obter prisioneiros para o ritual antropofágico. Também era uma forma de reafirmar a supremacia da própria comunidade sobre as outras.
Assim, a guerra e o ritual antropofágico eram elementos essenciais da cultura Tupinambá. Eles não eram apenas formas de violência ou de subjugação, mas também tinham um significado simbólico importante para a organização social e cultural desse povo.
As demais alternativas são incorretas por seguintes razões:
(A) Os Tupinambá não eram uma sociedade pacífica. A guerra era uma parte importante de sua cultura.
(B) A guerra não era praticada apenas por aldeias aliadas. Os Tupinambá guerreavam contra todos os grupos que consideravam inimigos, inclusive aldeias aliadas.
(D) A guerra e o ritual antropofágico não eram formas de subjugar, escravizar e extrair tributos. Eles eram práticas culturais que tinham um significado simbólico importante para os Tupinambá.
(E) A escala populacional dos Tupinambá era inferior a 10 mil pessoas.
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