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(FUVEST)Do ponto de vista social, pode-se afirmar, sobre a Revolução Francesa, que:
- A) teve resultados efêmeros, pois foi iniciada, dirigida e apropriada por uma só classe social, a burguesia, única beneficiária da nova ordem
- B) fracassou, pois, apesar do terror e da violência, não conseguiu impedir o retorno das forças sócio-políticas do Antigo Regime
- C) nela coexistiram três revoluções sociais distintas: uma revolução burguesa, uma camponesa e uma popular urbana, a dos chamados “sans-culottes”
- D) foi um fracasso, apesar do sucesso político, pois, ao garantir as pequenas propriedades aos camponeses, atrasou, em mais de um século, o progresso econômico da França
- E) abortou, pois a nobreza, sendo uma classe coesa, tanto do ponto de vista da riqueza, quanto do ponto de vista político, impediu que a burguesia a concluísse
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Resposta:
A alternativa correta é a letra C).
A Revolução Francesa foi um processo complexo e multifacetado, que envolveu diferentes classes e grupos sociais, com interesses e demandas distintas. Pode-se dizer que houve, de fato, três revoluções sociais dentro da Revolução Francesa:
- A revolução burguesa, que foi a que iniciou o movimento, em 1789, com a convocação dos Estados Gerais e a formação da Assembleia Nacional Constituinte. A burguesia buscava ampliar seus direitos políticos e econômicos, limitados pelo absolutismo monárquico e pelos privilégios da nobreza e do clero. A burguesia defendia os ideais iluministas de liberdade, igualdade e fraternidade, e promulgou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que consagrava esses princípios. A burguesia também aprovou a Constituição Civil do Clero, que submetia a Igreja ao Estado, e a Constituição de 1791, que estabelecia uma monarquia constitucional e o voto censitário.
- A revolução camponesa, que foi a que mobilizou as massas rurais, que representavam cerca de 80% da população francesa. Os camponeses sofriam com a exploração dos senhores feudais, que cobravam impostos e obrigações servis, e com a fome e a miséria. Os camponeses se rebelaram contra o Antigo Regime, invadindo e destruindo os castelos e as propriedades da nobreza, queimando os títulos de dívida e os registros de direitos senhoriais. Os camponeses também participaram da Tomada da Bastilha, em 14 de julho de 1789, que foi um símbolo da queda do absolutismo. Os camponeses foram beneficiados pela abolição dos direitos feudais, em agosto de 1789, e pela venda dos bens do clero, em novembro de 1789, que possibilitou a formação de uma classe de pequenos proprietários rurais.
- A revolução popular urbana, que foi a que envolveu os trabalhadores urbanos, os artesãos, os comerciantes e os profissionais liberais, que formavam o chamado “Terceiro Estado”. Esses grupos eram conhecidos como “sans-culottes”, pois não usavam as calças justas da nobreza, mas sim as calças largas dos trabalhadores. Os “sans-culottes” eram os mais radicais e exigiam reformas sociais e econômicas, como a distribuição de terras, o controle dos preços, a educação pública, a assistência social, o sufrágio universal e a república. Os “sans-culottes” foram os principais protagonistas da fase mais violenta da Revolução Francesa, a Convenção Nacional (1792-1795), que depôs e guilhotinou o rei Luís XVI, proclamou a Primeira República Francesa, enfrentou as guerras contra as monarquias europeias e implantou o Terror, sob a liderança dos jacobinos e de Robespierre.
As outras alternativas são incorretas, pois:
- A alternativa A) ignora a participação e a influência das outras classes sociais na Revolução Francesa, e nega os efeitos duradouros do movimento, que transformou a França e o mundo.
- A alternativa B) não reconhece as mudanças políticas, sociais e culturais que a Revolução Francesa provocou, e que não foram revertidas pelo retorno da monarquia, em 1815.
- A alternativa D) não considera o papel dos camponeses na Revolução Francesa, e atribui um juízo de valor negativo à garantia das pequenas propriedades, que foi uma conquista social importante.
- A alternativa E) não corresponde à realidade histórica, pois a nobreza não era uma classe coesa, e sim dividida em facções e interesses, e não conseguiu impedir o avanço da burguesia e da revolução.
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