Questões Sobre Primeira República Brasileira - História - 3º ano do ensino médio
11) (Enem) Completamente analfabeto, ou quase, sem assistência médica, não lendo jornais, nem revistas, nas quais se limita a ver figuras, o trabalhador rural, a não ser em casos esporádicos, tem o patrão na conta de benfeitor. No plano político, ele luta com o “coronel” e pelo“coronel”. Aí estão os votos de cabresto, que resultam, em grande parte, da nossa organização econômica rural.
LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Alfa-Ômega, 1978 (adaptado)
O coronelismo, fenômeno político da Primeira República (1889-1930), tinha como uma de suas principais características o controle do voto, o que limitava, portanto, o exercício da cidadania. Nesse período, esta prática estava vinculada a uma estrutura social:
- A) Igualitária, com um nível satisfatório de distribuição da renda.
- B) Estagnada, com uma relativa harmonia entre as classes.
- C) Tradicional, com a manutenção da escravidão nos engenhos como forma produtiva típica.
- D) Ditatorial, perturbada por um constante clima de opressão mantido pelo exército e polícia.
- E) Agrária, marcada pela concentração da terra e do poder político local e regional.
A alternativa correta é a letra E
O coronelismo foi uma prática política muito comum durante a Primeira República, na qual os coronéis, que eram grandes proprietários rurais, exerciam o poder local por meio da violência e trocas de favores. Eles controlavam o voto dos seus subordinados, que eram os trabalhadores rurais, muitas vezes analfabetos e sem assistência médica. Essa prática limitava o exercício da cidadania e a democracia no país.
Nesse período, o coronelismo estava vinculado a uma estrutura social agrária, marcada pela concentração da terra e do poder político local e regional. Os coronéis mantinham alianças com as oligarquias estaduais e federais, que garantiam a sua influência e a sua impunidade. O Brasil era um país essencialmente rural, com uma economia baseada na exportação de produtos primários, como café, açúcar e borracha.
12) (Fuvest) A revolução de 1924, movimento tenentista, relacionou-se:
- A) Aos desejos de reformas econômicas e sociais de caráter socialista que acarretassem a superação da República oligárquica e elitista.
- B) À violência praticada pelos governos republicanos controlados pelas oligarquias paulista e mineira contra lideranças operárias e camponesas.
- C) Aos anseios por reformas políticas moralizadoras de cunho liberal que não se chocavam com os princípios de ordenação constitucionais da República.
- D) Ao caráter conservador do governo Epitácio Pessoa, cuja política repressiva desencadeou o movimento de intervenção federal nos estados oposicionistas.
- E) À luta pela superação de caráter espoliativo e dependente da economia brasileira, visando obter maior prestígio no concerto internacional.
Alternativa correta letra (C)
A revolução de 1924 foi um movimento tenentista que ocorreu em São Paulo e teve como objetivo derrubar o presidente Artur Bernardes, que era visto como autoritário e oligárquico pelos rebeldes. Os tenentes eram jovens oficiais do Exército que defendiam reformas políticas e sociais no Brasil, como o voto secreto, a educação pública e a justiça social.
A alternativa que melhor se relaciona com a revolução de 1924 é a letra C. Os tenentes tinham um ideal de moralização da política, que não entrava em conflito com os princípios constitucionais da República, mas sim com as práticas corruptas e fraudulentas das oligarquias que dominavam o poder. Eles queriam uma democracia mais ampla e participativa, que representasse os interesses da nação e não de grupos privilegiados.
As outras alternativas não correspondem à realidade histórica da revolução de 1924.
– A letra A está incorreta porque os tenentes não tinham um projeto socialista, mas sim reformista.
– A letra B está errada porque a violência praticada pelos governos republicanos foi uma das causas da revolta, e não uma característica dela.
– A letra D está incorreta porque o governo de Epitácio Pessoa terminou em 1922, antes da revolução, e não foi ele que interveio nos estados oposicionistas, mas sim o governo de Artur Bernardes.
– A letra E está falsa porque os tenentes não lutavam por um prestígio internacional, mas sim por uma transformação nacional.
13) A identificação dos governos da República Velha com os interesses da economia cafeeira pode ser expressa pelo(a):
- A) Financiamento, através do Banco do Brasil, para o plantio de novas lavouras, no Encilhamento.
- B) Estatização das exportações, com o objetivo de garantir os preços, durante a Primeira Guerra Mundial.
- C) Adoção de uma política de valorização, reduzindo a oferta do produto, a partir do Convênio de Taubaté.
- D) Controle da mão-de-obra camponesa e apoio à imigração, com a Lei Adolfo Gordo.
- E) Isenção de tributos assegurada no programa de estabilização de Campos Sales.
A resposta correta é a letra (C)
Os governos da República Velha (1889 – 1930) se identificavam com os interesses da economia cafeeira. Eles adotavam políticas de valorização do café, reduzindo a oferta do produto no mercado internacional, a partir do Convênio de Taubaté, assinado em 19061. Esse acordo previa que os governos dos estados produtores de café (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro) comprariam o excedente da produção e o armazenariam, evitando a queda dos preços. Para isso, eles contavam com o financiamento do governo federal e de bancos estrangeiros.
As outras alternativas estão incorretas porque:
- A) O Encilhamento foi um plano econômico adotado no início da República, entre 1889 e 1891, que visava estimular a industrialização e a modernização do país, através da emissão de papel-moeda e da criação de bancos. No entanto, esse plano gerou uma inflação descontrolada e uma crise financeira.
- B) A estatização das exportações do café ocorreu durante a Era Vargas (1930 – 1945), como uma forma de enfrentar os efeitos da crise de 1929, que reduziu drasticamente a demanda pelo produto no mercado mundial. O governo criou o Instituto Brasileiro do Café (IBC), em 1933, que passou a regular o comércio e os preços do café.
- D) A Lei Adolfo Gordo, de 1907, regulamentou a entrada e a permanência de imigrantes no Brasil, restringindo a imigração de asiáticos e africanos. Essa lei não tinha relação direta com os interesses da economia cafeeira, mas sim com as ideias de branqueamento e eugenia que circulavam na época.
- E) O programa de estabilização de Campos Sales foi um conjunto de medidas adotadas pelo presidente Campos Sales (1898 – 1902) para equilibrar as finanças públicas e renegociar a dívida externa do Brasil. Esse programa envolveu a redução dos gastos públicos, o aumento dos impostos e a concessão de garantias aos credores estrangeiros. Essas medidas desagradaram os cafeicultores, que dependiam do crédito público para manter suas atividades.
14) No governo Rodrigues Alves (1902-1906), ocorreu a revolta da vacina, que estava contextualizada:
- A) Na modernização e no saneamento do Rio de Janeiro.
- B) Na modernização e no saneamento do Brasil como um todo.
- C) No combate às doenças epidêmicas promovido pela ONU.
- D) Na recepção aos imigrantes.
- E) Na oposição entre os setores rural e urbano.
A alternativa correta é a letra (A)
A revolta da vacina foi uma rebelião popular contra a vacinação obrigatória contra a varíola, imposta pelo médico Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, em 1904. Ela ocorreu em um contexto de mudanças urbanas e sanitárias na cidade, que afetaram principalmente as camadas mais pobres da população.
A alternativa correta é a letra A, pois a revolta da vacina estava contextualizada na modernização e no saneamento do Rio de Janeiro. As outras alternativas são incorretas porque:
- A modernização e o saneamento não abrangeram o Brasil como um todo, mas apenas a capital federal.
- O combate às doenças epidêmicas não foi promovido pela ONU, que só foi fundada em 1945, mas pelo governo brasileiro.
- A recepção aos imigrantes não foi um fator determinante para a revolta da vacina, embora eles também fossem afetados pela campanha sanitária.
- A oposição entre os setores rural e urbano não teve relação direta com a revolta da vacina, que foi um movimento urbano e popular.
15) No final do século XIX e início do século XX o Nordeste foi assolado pelos cangaceiros, bandos armados que roubavam, sequestravam e matavam em seu próprio benefício ou a serviço de chefes políticos. Contribuíram para o aparecimento desse grande contingente de marginalizados:
- A) Os movimentos revolucionários republicanos dos fins do Império.
- B) A grande migração de nordestinos para a colheita da borracha na Amazônia.
- C) A propaganda da guerrilha comunista entre os camponeses.
- D) O processo de urbanização e industrialização que expulsou muitos camponeses de suas terras.
- E) A concentração da propriedade, o aumento demográfico e os efeitos da seca.
Alternativa correta letra (E)
O cangaço foi um fenômeno social que ocorreu no Nordeste do Brasil entre o final do século XIX e o começo do século XX. Os cangaceiros eram grupos de nômades armados que viviam em bandos, praticando saques, sequestros, assassinatos e outras violências. Eles eram motivados pelas péssimas condições sociais e econômicas da região, marcada pelo latifúndio, pela seca, pela fome e pela opressão dos coronéis.
A alternativa que melhor explica as causas do surgimento do cangaço é a letra E. A concentração da propriedade, o aumento demográfico e os efeitos da seca. Esses fatores geraram uma situação de miséria e exclusão para a maioria da população sertaneja, que não tinha acesso à terra, ao trabalho e aos direitos básicos. Muitos camponeses se tornaram cangaceiros como forma de resistir e de buscar justiça social.
As outras alternativas estão incorretas, pois:
- Os movimentos revolucionários republicanos dos fins do Império não tiveram relação direta com o cangaço. Eles foram manifestações políticas que contestavam a monarquia e defendiam a república, como a Revolta da Armada e a Revolução Federalista.
- A grande migração de nordestinos para a colheita da borracha na Amazônia não contribuiu para o aparecimento dos cangaceiros. Ela foi um fenômeno que ocorreu entre o final do século XIX e o início do século XX, quando milhares de nordestinos foram atraídos pela demanda mundial pela borracha, extraída das seringueiras na região amazônica.
- A propaganda da guerrilha comunista entre os camponeses não foi uma causa do cangaço. Ela foi uma consequência da Revolução Russa de 1917, que inspirou alguns movimentos sociais no Brasil, como a Coluna Prestes e a Revolta de 1935.
- O processo de urbanização e industrialização que expulsou muitos camponeses de suas terras não foi uma causa do cangaço. Ele foi um resultado da política de substituição de importações, adotada pelo Brasil a partir da década de 1930, que estimulou o desenvolvimento do setor industrial nacional e provocou uma intensa migração do campo para a cidade.
16) (Cesgranrio) A industrialização brasileira no início do século XX é definida como um “processo de substituição de importações”, como pode ser observado na:
- A) Relação entre o crescimento da indústria e o declínio das vendas do café, após o Convênio de Taubaté.
- B) Instalação de empresas multinacionais no Brasil, desde o século XIX, atraídas pelo fim da escravidão.
- C) Adoção de políticas protecionistas, desde o Império, tornando proibitivas as importações.
- D) Transferência maciça de mão-de-obra industrial e capitais norte-americanos para o Brasil.
- E) Expansão industrial, durante a Primeira Guerra Mundial, quando ficaram restritas as importações pelo Brasil.
A alternativa correta é a letra (E)
O processo de substituição de importações foi uma política econômica adotada pelo Brasil a partir da década de 1930, com o objetivo de desenvolver o setor industrial nacional e reduzir a dependência de produtos estrangeiros. Esse processo foi estimulado pela crise de 1929, que afetou as exportações de café, e pela Primeira Guerra Mundial, que dificultou as importações de bens manufaturados da Europa.
A alternativa que melhor descreve esse processo é a letra E. A expansão industrial, durante a Primeira Guerra Mundial, quando ficaram restritas as importações pelo Brasil. Nesse período, o Brasil teve que produzir internamente os produtos que antes eram importados, como tecidos, alimentos, máquinas e equipamentos. Isso favoreceu o surgimento e o crescimento de diversas indústrias no país, principalmente no Sudeste.
As outras alternativas estão incorretas, pois:
- A relação entre o crescimento da indústria e o declínio das vendas do café, após o Convênio de Taubaté, ocorreu no final do século XIX e início do século XX, antes do processo de substituição de importações. O Convênio de Taubaté foi um acordo entre os estados produtores de café para garantir o preço e a demanda do produto no mercado internacional.
- A instalação de empresas multinacionais no Brasil, desde o século XIX, atraídas pelo fim da escravidão, não foi um fator determinante para a industrialização brasileira. As empresas estrangeiras que se instalaram no país nessa época eram poucas e se concentravam em setores como ferrovias, energia elétrica e serviços urbanos.
- A adoção de políticas protecionistas, desde o Império, tornando proibitivas as importações, não corresponde à realidade histórica. O Brasil era um país aberto ao comércio internacional desde a época colonial e não adotou medidas protecionistas significativas até a década de 1930.
- A transferência maciça de mão-de-obra industrial e capitais norte-americanos para o Brasil ocorreu principalmente na década de 1950, durante o governo de Juscelino Kubitschek. Esse período ficou conhecido como a fase da internacionalização da economia brasileira, quando houve um grande influxo de investimentos estrangeiros no país.
17) A República Brasileira, na última década do Século XIX, caminhava para a consolidação da oligarquia dos coronéis-fazendeiros. A crise econômico-financeira agravava as condições de vida na cidade e no campo. A rebelião de Canudos pode ser entendida como movimento de:
- A) Hesitação dos mandatários políticos em desfechar medidas repressivas contra a gente oprimida.
- B) Tensão social agravada pela expulsão dos camponeses que atuavam nas frentes pioneiras catarinenses e paranaenses.
- C) Resistência da população sertaneja contra a estrutura agrário-latifundiária e as medidas repressivas oficiais.
- D) Descontentamento dos fanáticos que buscavam efetivar práticas liberais burguesas.
- E) Rebeldia dos jagunços que se opunham à rede de açudes e às campanhas de combate às secas.
A resposta correta é a alternativa C.
A rebelião de Canudos foi um movimento de resistência da população sertaneja contra a estrutura agrária latifundiária e as medidas repressivas oficiais. Os habitantes de Canudos eram formados por camponeses, ex-escravos, indígenas, cangaceiros e outros grupos marginalizados que viviam em condições de extrema pobreza e opressão no sertão nordestino. Eles se uniram em torno do líder religioso Antônio Conselheiro, que pregava uma mensagem de salvação e justiça social, e fundaram uma comunidade autônoma chamada Belo Monte. Essa comunidade incomodava os interesses das elites locais, da Igreja Católica e do governo republicano, que viam nela uma ameaça à ordem estabelecida. Por isso, o Exército brasileiro foi enviado para destruir Canudos, em uma guerra sangrenta que durou quase um ano e terminou com o massacre dos rebeldes.
As outras alternativas estão incorretas porque:
- A) Os mandatários políticos não hesitaram em desfechar medidas repressivas contra os habitantes de Canudos, mas sim agiram com violência e crueldade para eliminar o movimento.
- B) A tensão social não foi agravada pela expulsão dos camponeses que atuavam nas frentes pioneiras catarinenses e paranaenses, mas sim pela concentração de terras nas mãos dos latifundiários e pela seca que assolava o Nordeste.
- D) Os habitantes de Canudos não eram fanáticos que buscavam efetivar práticas liberais burguesas, mas sim pessoas simples que seguiam um catolicismo popular e viviam em uma comunidade coletivista.
- E) Os jagunços não se opunham à rede de açudes e às campanhas de combate às secas, mas sim eram aliados dos habitantes de Canudos na luta contra o governo republicano.
18) No Brasil, na denominada República Velha, as oligarquias se eternizavam no poder graças ao controle:
- A) Das filiações partidárias através do voto secreto.
- B) Das eleições indiretas para os cargos majoritários.
- C) Da política dos governadores e da máquina do coronelismo.
- D) Do poder moderador que privilegiava o poder regional.
- E) Do voto universal que permitia a participação popular.
A resposta correta é a alternativa C. A política dos governadores foi um acordo político firmado durante o período da República Velha (1889-1930) que unia os interesses dos políticos locais, marcados pelas oligarquias estaduais, ao governo federal. Os governadores apoiavam os candidatos à presidência indicados pelo governo federal e, em troca, tinham autonomia para escolher os representantes estaduais e municipais. Essa escolha era feita através do controle do voto dos eleitores rurais, que eram submetidos à influência dos coronéis, grandes proprietários de terra que exerciam o mandonismo local. Esse sistema ficou conhecido como coronelismo ou voto de cabresto.
As outras alternativas estão incorretas porque:
- A) O voto não era secreto, mas sim aberto e fraudulento.
- B) As eleições eram diretas, mas manipuladas pelos coronéis.
- D) O poder moderador era uma instituição do período imperial, que foi extinta com a proclamação da República.
- E) O voto não era universal, mas sim restrito aos homens maiores de 21 anos, alfabetizados e que não fossem mendigos ou soldados.