Questões Sobre Brasil Colônia - Período Açucareiro - História - 1º ano do ensino médio
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1) (UECE/2014) “Em teoria, as pessoas livres da colônia portuguesa nos trópicos foram enquadradas em uma hierarquia de ordens. A divisão em ordens – nobreza, clero e povo – era uma característica do antigo regime, que as elites desejavam importar para o espaço colonial.”
FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo, Editora da USP, 2009.
Atente para as afirmações a seguir, acerca da aplicabilidade das três ordens mencionadas no excerto acima.
- I. A transplantação do modelo baseado nas três ordens – nobreza, clero e povo –, vigente em Portugal, teve pouco efeito no Brasil.
- II. A sociedade colonial brasileira era composta de senhores e escravos. Os fidalgos eram muitos, embora a gente comum, com pretensão à nobreza, compunha a maioria da população.
- III. Na cúpula da pirâmide social da população livre colonial, estavam os grandes proprietários de terras e escravos, e os comerciantes voltados para o mercado externo.
É correto o que se afirma em
- A) II apenas
- B) I e III apenas
- C) II e III apenas
- D) I, II e III
A alternativa correta é a letra b).
A afirmação I está correta, pois o modelo de sociedade por ordens, baseado na nobreza, no clero e no povo, não se adaptou bem à realidade colonial brasileira, que era marcada pela escravidão, pela mestiçagem, pela mobilidade social e pela diversidade cultural. A afirmação III também está correta, pois a elite colonial era formada pelos grandes senhores de engenho e pelos comerciantes que controlavam o comércio de açúcar, ouro e outros produtos coloniais. A afirmação II está errada, pois os fidalgos eram poucos no Brasil, e a maioria da população era composta de escravos, indígenas e mestiços.
2) (UEFS BA/2012) A primeira estratificação social na colônia brasileira se fundou na cor da pele. Pela cor da pele se distinguiam os senhores dos escravos. A estratificação étnica correspondia exatamente à estratificação social. A população colonial distribuía-se, pois, em duas camadas principais: de um lado a nobreza, os senhores, de outro a massa servil.
(NOVINSKY, 1972, p. 59)
Apesar da estratificação social indicada no texto, havia outra forma de diferenciação social entre os próprios brancos na Bahia colonial, baseada
- A) no nível de riqueza, sendo os brancos pobres comparados aos escravos negros e encarregados de trabalhos braçais nas áreas urbanas e rurais
- B) na nacionalidade, visto que os estrangeiros, mesmo brancos eram impedidos de desembarcar nos portos coloniais, inclusive em situações de emergência
- C) na condição de gênero, que destinava à vida reclusa nos conventos e mosteiros as mulheres brancas que não se casavam
- D) na origem religiosa, que distinguia os cristãos novos de origem judaica dos cristãos antigos, sendo os primeiros impedidos de participar de diversas organizações da sociedade
- E) no nível intelectual, privilegiando os brancos portadores de educação universitária e excluindo da vida pública os brancos que possuíam apenas a educação fundamental
A alternativa correta é a letra d).
Na Bahia colonial, havia uma forma de diferenciação social entre os próprios brancos baseada na origem religiosa, que distinguia os cristãos novos dos cristãos antigos. Os cristãos novos eram os descendentes de judeus que se converteram ao cristianismo, mas que eram suspeitos de manter práticas judaicas em segredo. Os cristãos antigos eram os que não tinham ascendência judaica e que se consideravam mais puros e fiéis à Igreja Católica. Os cristãos novos eram perseguidos pela Inquisição e impedidos de participar de diversas organizações da sociedade, como as irmandades religiosas, as câmaras municipais, as ordens militares, entre outras. Essa discriminação religiosa gerava conflitos e tensões entre os brancos na Bahia colonial.
3) (UECE/2015) Sobre a sociedade brasileira do período colonial, pode-se afirmar corretamente que
- A) buscava afirmar valores nativistas contestando a exploração colonial
- B) era alicerçada em relações sociais que primavam por igualdade e fraternidade
- C) baseava-se em relações sociais de cunho escravista e patriarcal
- D) procurou imprimir uma nova dinâmica social que em nada lembrava a metrópole colonizadora
A alternativa correta é a letra c).
A sociedade brasileira do período colonial era marcada pela exploração econômica da metrópole portuguesa, que se baseava na produção de gêneros tropicais para o mercado europeu. Essa produção dependia do trabalho escravo, principalmente de africanos, que eram submetidos a condições desumanas e violentas. A sociedade colonial também era patriarcal, ou seja, dominada pelos homens brancos, que exerciam o poder político, econômico e social sobre as mulheres, os indígenas, os negros e os mestiços.
4) (ENEM/2015) Em sociedade de origens tão nitidamente personalistas como a nossa, é compreensível que os simples vínculos de pessoa a pessoa, independentes e até exclusivos de qualquer tendência para a cooperação autêntica entre os indivíduos, tenham sido quase sempre os mais decisivos. As agregações e relações pessoais, embora por vezes precárias, e, de outro lado, as lutas entre facções, entre famílias, entre regionalismos, faziam dela um todo incoerente e amorfo. O peculiar da vida brasileira parece ter sido, por essa época, uma acentuação singularmente enérgica do afetivo, do irracional, do passional e uma estagnação ou antes uma atrofia correspondente das qualidades ordenadoras, disciplinadoras, racionalizadoras.
HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.
Um traço formador da vida pública brasileira expressa-se, segundo a análise do historiador, na
- A) rigidez das normas jurídicas
- B) prevalência dos interesses privados
- C) solidez da organização institucional
- D) legitimidade das ações burocráticas
- E) estabilidade das estruturas políticas
A alternativa correta é a letra b).
Segundo o historiador Sérgio Buarque de Holanda, a sociedade brasileira se caracterizou por uma forte tendência ao personalismo, ou seja, a valorização das relações pessoais em detrimento das instituições públicas. Essa tendência favorecia os interesses privados de grupos ou indivíduos que se beneficiavam da exploração colonial, da escravidão, do patriarcalismo e do clientelismo. Por outro lado, dificultava o desenvolvimento de uma cultura cívica, de uma ordem jurídica, de uma organização burocrática e de uma estabilidade política.
5) (UNITAU SP/2015) A sociedade escravista brasileira não foi uma criação do escravismo, mas o resultado da integração da escravidão da grande lavoura – que já existia na península ibérica, mas era marginal à organização da sociedade por ordens que se desenvolve na Europa desde o séc. XI – com princípios sociais preexistentes na Europa. A escravidão dos engenhos transformou e ampliou as categorias tradicionais, transformou em pessoas de qualidade alguns indivíduos que nunca sonhariam em obter esta condição em Portugal e criou um novo estado de plebeus […].
SCHWARTZ, Stuart. Segredos Internos. São Paulo: Companhia das Letras, p. 214.
Sobre o critério que organizava a sociedade colonial brasileira, é CORRETO afirmar que
- A) no Brasil, a sociedade colonial reproduziu a estrutura social europeia, sem lhe acrescentar modificações significativas
- B) na sociedade colonial brasileira, a distinção jurídica essencial que dividia os indivíduos era entre reinóis e brasileiros nascidos na colônia
- C) na sociedade colonial, não valiam os padrões vigentes na metrópole, como pureza de sangue ou distinção entre cristãos-novos e velhos
- D) no Brasil, a sociedade colonial desenvolveu novos princípios de classificação social, com base na raça e na cultura
- E) no Brasil, o novo estado dos plebeus era constituído pelos homens brancos pobres e livres e pelos escravos
A alternativa correta é a letra d).
A sociedade colonial brasileira se diferenciou da sociedade europeia por desenvolver novos critérios de classificação social, baseados na raça e na cultura. Esses critérios geraram uma hierarquia social complexa e diversificada, que incluía diversas categorias de mestiços, como mulatos, mamelucos, cafuzos, etc. Além disso, a sociedade colonial brasileira também foi influenciada pela cultura africana e indígena, que se manifestou na religião, na música, na culinária, na língua, entre outros aspectos.
6) (ENEM/2017) Todos os anos, multidões de portugueses e de estrangeiros saem nas frotas para ir às minas. Das cidades, vilas, plantações e do interior do Brasil vêm brancos, mestiços e negros juntamente com muitos ameríndios contratados pelos paulistas. A mistura é de pessoas de todos os tipos e condições; homens e mulheres; moços e velhos; pobres e ricos; fidalgos e povo; leigos, clérigos e religiosos de diferentes ordens, muitos dos quais não têm casa nem convento no Brasil.
BOXER, C. O império marítimo português: 1435-1825. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.
A qual aspecto da vida no Brasil colonial o autor se refere?
- A) À imposição de um credo exclusivo
- B) À alteração dos fluxos populacionais
- C) À fragilização do poder da Metrópole
- D) Ao desregramento da ordem social
- E) Ao antilusitanismo das camadas populares.
A alternativa correta é letra B.
O texto mostra que a descoberta das minas de ouro e diamantes na região de Minas Gerais, no final do século XVII, provocou uma grande alteração nos fluxos populacionais na América portuguesa. Milhares de pessoas, de diferentes origens, condições e profissões, se deslocaram para a região mineradora, em busca de riqueza e oportunidades. Essa migração interna, somada à chegada de novos colonos e estrangeiros, tornou a sociedade colonial mais diversificada e dinâmica, mas também mais conflituosa e desigual.
As alternativas A, C, D e E estão incorretas porque:
- A imposição de um credo exclusivo não era um aspecto da vida no Brasil colonial relacionado ao texto, mas sim uma característica do Antigo Regime, que estabelecia o catolicismo como a religião oficial da Coroa portuguesa e de seus domínios. Além disso, o texto não se refere à questão religiosa, mas sim à questão econômica e social.
- A fragilização do poder da Metrópole não era um aspecto da vida no Brasil colonial relacionado ao texto, mas sim uma consequência das transformações políticas e econômicas que ocorreram na Europa e na América nos séculos XVIII e XIX. Além disso, o texto não se refere à questão política, mas sim à questão econômica e social.
- O desregramento da ordem social não era um aspecto da vida no Brasil colonial relacionado ao texto, mas sim uma visão preconceituosa e estereotipada que os europeus tinham sobre a sociedade colonial, que era marcada pela miscigenação, pela mobilidade e pela diversidade. Além disso, o texto não se refere à questão moral, mas sim à questão econômica e social.
- O antilusitanismo das camadas populares não era um aspecto da vida no Brasil colonial relacionado ao texto, mas sim uma expressão do sentimento de autonomia e de resistência que emergiu entre os colonos e os nativos contra a dominação portuguesa, especialmente no período das lutas pela independência. Além disso, o texto não se refere à questão nacional, mas sim à questão econômica e social.
7) (IFGO/2018) Leia o texto sobre a vinda dos escravos negros da África para o Brasil:
“[…] Os bantos (angolas, caçanjes e bengalas, etc.) cuja vinda se deu entre fins do século XVI perdurando até XIX, vieram especialmente para as regiões de Minas Gerais e Goiás; […] E os sudaneses (iorubas ou nagôs, jejes, fanti-achanti; haussás e mandigasislamizados, etc.) originários da África Ocidental, tem sua entrada no Brasil, em meados do século XVII, perdurando até a metade do século XIX, se concentraram nas regiões açucareiras, sobretudo, Bahia e Pernambuco”.
NASCIMENTO, Alessandra Amaral Soares. Candomblé e umbanda: práticas religiosas da identidade negra no Brasil. RBSE, n. 9, v. 27, p. 923-944. Dez. 2010. p. 926. Disponível em: http://www.cchla.ufpb.br/rbse/Index.html. Acesso em: 30 abr. 2018.
Marque a alternativa correta, no que se refere às formas de resistência à escravidão negra no Brasil:
- A) Em alguns engenhos brasileiros, os escravos podiam plantar suas roças nos dias santos e nos domingos
- B) A sociedade colonial assentava-se na oposição entre senhores e escravos
- Os demais grupos sociais definiam-se a partir de seu grau de proximidade ou distância desse núcleo fundamental
- C) Os escravos eram propriedades, comprados da mesma forma que se adquire um animal, uma roupa
- Tanto seu trabalho como sua vontade pertenciam ao seu proprietário
- D) Os escravos organizavam fugas coletivas ou individuais para os quilombos
- A preservação da religiosidade, das crenças e ritos africanos era outra forma de resistência à escravidão
- E) Os africanos escravizados eram proibidos de participar de agremiações religiosas, atividades de ganho fora das propriedades dos seus senhores e de contraírem o matrimônio por serem cativos.
A alternativa correta é a letra D.
Os escravos organizavam fugas coletivas ou individuais para os quilombos, que eram comunidades formadas por escravos fugidos e outros grupos marginalizados, que viviam de forma autônoma e resistiam aos ataques das tropas coloniais. A preservação da religiosidade, das crenças e ritos africanos era outra forma de resistência à escravidão, pois os escravos mantinham sua identidade cultural e sua fé, apesar das tentativas de conversão e repressão por parte dos senhores e da Igreja.
As outras alternativas não se aplicam ao caso, pois:
- Em alguns engenhos brasileiros, os escravos podiam plantar suas roças nos dias santos e nos domingos, mas isso não era uma forma de resistência à escravidão, mas sim uma concessão dos senhores, que permitiam que os escravos produzissem sua própria alimentação e complementassem sua renda.
- A sociedade colonial assentava-se na oposição entre senhores e escravos, mas isso não era uma forma de resistência à escravidão, mas sim uma característica da estrutura social da época, que era baseada na exploração e na desigualdade.
- Os escravos eram propriedades, comprados da mesma forma que se adquire um animal, uma roupa, mas isso não era uma forma de resistência à escravidão, mas sim uma consequência da escravidão, que reduzia os seres humanos a mercadorias.
- Os africanos escravizados eram proibidos de participar de agremiações religiosas, atividades de ganho fora das propriedades dos seus senhores e de contraírem o matrimônio por serem cativos, mas isso não era uma forma de resistência à escravidão, mas sim uma forma de controle e opressão dos senhores, que limitavam a autonomia e a mobilidade dos escravos.
8) (FAMEMA/2018) Havia muito capital e muita riqueza entre os lavradores de cana, alguns ligados por laços de sangue ou matrimônio aos senhores de engenho. Havia também um bom número de mulheres, não raro viúvas, participando da economia açucareira. Digno de nota até o fim do século XVIII, contudo, era o fato de os lavradores de cana serem quase invariavelmente brancos. Os negros e mulatos livres simplesmente não dispunham de créditos ou capital para assumir os encargos desse tipo de agricultura.
(Stuart Schwartz. “O Nordeste açucareiro no Brasil Colonial”. In: João Luis R. Fragoso e Maria de Fátima Gouvêa (orgs). O Brasil Colonial, vol 2, 2014.)
O excerto indica que a sociedade colonial açucareira foi
- A) organizada em classes, cuja posição dependia de bens móveis
- B) apoiada no trabalho escravo, principalmente o dos lavradores de cana
- C) baseada na “limpeza de sangue”, portanto se proibia a miscigenação
- D) determinada pelos recursos financeiros, o que impedia a mobilidade
- E) hierarquizada por critérios diversos, tais como a etnia e riqueza.
A alternativa correta é letra E.
O texto mostra que a sociedade colonial açucareira era formada por diferentes grupos sociais, que tinham diferentes graus de poder e prestígio. Entre esses grupos, destacavam-se os senhores de engenho, os lavradores de cana, os escravos e os libertos. Cada um desses grupos tinha uma posição definida na hierarquia social, que era influenciada por fatores como a origem étnica, a riqueza, o parentesco e o acesso ao crédito. Esses fatores dificultavam a mobilidade social, ou seja, a possibilidade de mudar de posição na sociedade.
As alternativas A, B, C e D estão incorretas porque:
- A sociedade colonial açucareira não era organizada apenas em classes, mas também em castas, que eram grupos definidos pela origem étnica e pelo grau de miscigenação. Além disso, a posição social não dependia apenas de bens móveis, mas também de bens imóveis, como as terras e os engenhos.
- A sociedade colonial açucareira era apoiada no trabalho escravo, mas não apenas o dos lavradores de cana. Os escravos também trabalhavam nas casas-grandes, nas senzalas, nos trapiches e nas embarcações. Além disso, havia outros grupos sociais que não eram escravos, como os senhores de engenho, os lavradores de cana, os comerciantes e os libertos.
- A sociedade colonial açucareira não era baseada na “limpeza de sangue”, pois não havia uma lei que proibisse a miscigenação entre brancos, negros e indígenas. Na verdade, a miscigenação era uma realidade na colônia, que gerou uma grande diversidade de tipos humanos, como os mulatos, os mamelucos, os cafuzos e os caboclos.
- A sociedade colonial açucareira não era determinada apenas pelos recursos financeiros, pois havia outros fatores que influenciavam a posição social, como a origem étnica, o parentesco e o prestígio. Além disso, os recursos financeiros não impediam totalmente a mobilidade social, pois havia casos de escravos que conseguiam comprar sua alforria ou de lavradores de cana que se tornavam senhores de engenho.
9) (FGV/2018) Como a sociedade do reino e as dos núcleos mais antigos de povoamento – a de Pernambuco, Bahia ou São Paulo – seguiam, em Minas, os princípios estamentais de estratificação, ou seja, pautavam-se pela honra, pela estima, pela preeminência social, pelo privilégio, pelo nascimento. A grande diferença é que, em Minas, o dinheiro podia comprar tanto quanto o nascimento, ou “corrigi-lo”, bem como a outros “defeitos” (…) Como rezava um ditado na época, “quem dinheiro tiver, fará o que quiser”.
Laura de Mello e Souza. Canalha indômita.
No Brasil colonial, tais “defeitos” referem-se
- A) aos que fossem acusados pelo Tribunal da Santa Inquisição e aos que estivessem na Colônia sem a permissão do soberano português
- B) ao exercício de qualquer prática comercial desvinculada da exportação e à condição de não ser proprietário de terras e escravos
- C) aos que explorassem ilegalmente o trabalho compulsório dos indígenas e aos colonos que não fizessem parte de alguma irmandade religiosa
- D) aos colonos que se casavam com pessoas vindas da Metrópole e aos que afrontassem, por qualquer meio, os chamados “homens bons”
- E) aos de sangue impuro, representados pela ascendência moura, africana ou judaica, e aos praticantes de atividades artesanais ou relacionadas ao pequeno comércio.
A alternativa correta é letra E.
O texto mostra que a sociedade colonial mineira era marcada pela influência do dinheiro, que podia compensar ou atenuar os “defeitos” de origem ou de ocupação de alguns indivíduos. Esses “defeitos” eram aqueles que os afastavam do ideal de pureza de sangue e de nobreza de nascimento, que eram valorizados pela sociedade estamental do Antigo Regime. Assim, os que tinham ascendência moura, africana ou judaica, ou seja, os que não eram considerados cristãos velhos, eram vistos como inferiores e discriminados. Da mesma forma, os que exerciam atividades manuais, artesanais ou comerciais, que eram consideradas vilãs e indignas, também eram desprezados pelos que se julgavam nobres e honrados.
As alternativas A, B, C e D estão incorretas porque:
- Os que fossem acusados pelo Tribunal da Santa Inquisição ou os que estivessem na Colônia sem a permissão do soberano português não eram apenas considerados “defeituosos”, mas também criminosos, que podiam ser punidos com severidade. Além disso, essas situações não eram exclusivas da sociedade colonial mineira, mas de toda a Colônia.
- O exercício de qualquer prática comercial desvinculada da exportação ou a condição de não ser proprietário de terras e escravos não eram necessariamente “defeitos”, mas sim limitações econômicas, que podiam ser superadas com o enriquecimento. Além disso, essas situações não eram exclusivas da sociedade colonial mineira, mas de toda a Colônia.
- Os que explorassem ilegalmente o trabalho compulsório dos indígenas ou os colonos que não fizessem parte de alguma irmandade religiosa não eram considerados “defeituosos”, mas sim transgressores das leis ou das normas sociais, que podiam ser tolerados ou reprimidos, dependendo das circunstâncias. Além disso, essas situações não eram exclusivas da sociedade colonial mineira, mas de toda a Colônia.
- Os colonos que se casavam com pessoas vindas da Metrópole ou os que afrontassem, por qualquer meio, os chamados “homens bons” não eram considerados “defeituosos”, mas sim concorrentes ou adversários dos que detinham o poder e o prestígio na sociedade colonial. Além disso, essas situações não eram exclusivas da sociedade colonial mineira, mas de toda a Colônia.
10) (ENEM/2018) Os próprios senhores de engenho eram uns gulosos de doce e de comidas adocicadas. Houve engenho que ficou com o nome de “Guloso”. E Manuel Tomé de Jesus, no seu Engenho de Noruega, antigo dos Bois, vivia a encomendar doces às doceiras de Santo Antão; vivia a receber presentes de doces de seus compadres. Os bolos feitos em casa pelas negras não chegavam para o gasto. O velho capitão-mor era mesmo que menino por alfenim e cocada. E como estava sempre hospedando frades e padres no seu casarão de Noruega, tinha o cuidado de conservar em casa uma opulência de doces finos.
FREYRE, G. Nordeste: aspectos da influência da cana sobre a vida e a paisagem do Nordeste do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985 (adaptado).
O texto relaciona-se a uma prática do Nordeste oitocentista que está evidenciada em:
- A) Produção familiar de bens para festejar as datas religiosas
- B) Fabricação escrava de alimentos para manter o domínio das elites
- C) Circulação regional de produtos para garantir as trocas metropolitanas
- D) Criação artesanal de iguarias para assegurar as redes de sociabilidade
- E) Comercialização ambulante de quitutes para reproduzir a tradição portuguesa.
A alternativa correta é letra D.
O texto mostra que os senhores de engenho do Nordeste colonial tinham o hábito de consumir e oferecer doces e comidas adocicadas, que eram feitos de forma artesanal pelas doceiras e pelas escravas. Essa prática estava relacionada à cultura da cana-de-açúcar, que era a base da economia da região, e também à formação de redes de sociabilidade entre os senhores de engenho e seus convidados, como frades, padres e compadres. Os doces e as comidas adocicadas eram símbolos de prestígio e de generosidade, que reforçavam os laços sociais entre os membros da elite açucareira.
As alternativas A, B, C e E estão incorretas porque:
- A produção familiar de bens para festejar as datas religiosas não era uma prática exclusiva do Nordeste oitocentista, mas de toda a Colônia. Além disso, o texto não se refere a essa produção, mas sim à encomenda e ao recebimento de doces de fora da casa dos senhores de engenho.
- A fabricação escrava de alimentos para manter o domínio das elites não era uma prática exclusiva do Nordeste oitocentista, mas de toda a Colônia. Além disso, o texto não se refere a essa fabricação, mas sim ao consumo e à oferta de doces pelos senhores de engenho.
- A circulação regional de produtos para garantir as trocas metropolitanas não era uma prática exclusiva do Nordeste oitocentista, mas de toda a Colônia. Além disso, o texto não se refere a essa circulação, mas sim ao consumo e à oferta de doces pelos senhores de engenho.
- A comercialização ambulante de quitutes para reproduzir a tradição portuguesa não era uma prática exclusiva do Nordeste oitocentista, mas de toda a Colônia. Além disso, o texto não se refere a essa comercialização, mas sim ao consumo e à oferta de doces pelos senhores de engenho.